Em homenagem ao aniversário de moNtEIRO Lobato, 18 de abril foi o dia escolhido para se celebrar o Dia do Livro Infantil. Sem enveredar pelo caráter racista encontrado em suas obras, pretendo com esta postagem trazer um sabor de nostalgia a quem venha a ler... Não estou aqui para uma análise apurada da obra de Lobato, mas falar sobre minha própria experiência de infância com os livros, bem como de alguns amigos com quem tive o prazer de 'trocar figurinhas' a respeito...
Lembro que comecei a tomar gosto pelas letras à partir dos gibis da Turma da Mônica e Disney que meus pais compravam para mim e em seguida para minha irmã. Não recordo tanto quanto gostaria dessa época, mas minha mãe conta que eu imitava as vozes dos personagens e por vezes ela me flagrou no quarto 'interpretando' Cascão, Magali, Marina, Chico Bento, Tina, Tio Patinhas, Zezinho e Luizinho e afins...
Posteriormente tive contato com os livros infantis da biblioteca da escola, e para fugir do já praticado 'bullying' eu me refugiava nas estantes e prateleiras e adentrava no mundo dos índios na Amazônia, do sítio do Pica Pau amarelo [olha Lobato dando o ar da graça por aqui...], nas mitologias romana, egípcia e grega, na poesia de Cecília Meireles e nos romances e aventuras dos personagens dos livros de Ganymedes José... Ah, que saudades de tantos paradidáticos que até hoje busco para acrescentar no acervo... nostalgia, meus caros... nostalgia...

Dentre as obras que mais me marcaram certamente estão A ladeira da saudade, Goiabinha e os doze profetas de pedra, Gisela e o vizinho mal-informado, A casa sonolenta, Contos de Andersen e Grimm, História de Trancoso, O enigma da casa de vidro, O joelho juvenal, Dona Baratinha da Silva só, Flicts, A marca de uma lágrima, Monitor - a nave secreta, entre vários outros... Alguns deles eram de minha coleção particular montada pelos meus pais, que mesmo sem muita 'instrução', sempre alimentavam em mim a sede por leitura... Mas a maioria vinha da biblioteca...

Cheguei a trabalhar como voluntária aos 13 anos no bairro que eu vivia, numa espécie de creche que possuía biblioteca, e lá conheci O velho e o mar, Dom Casmurro, Menino de engenho e As mil e uma noites... Conheci os gibis do Fantasma, de Tex e Mandrake. Entrei em contato com os quadrinhos da Marvel... De lá pra cá, fui aumentando as leituras, me aventurando por terras antes desconhecidas e hoje posso dizer que possuo um nicho seguro de leituras a chamar de favoritas... Como leitora, ainda tenho muito a conhecer mas tenho imenso orgulho de todas as obras que me trouxeram até aqui... Em suma, o universo da literatura foi uma das mais belas viagens que pude fazer ainda nos primeiros anos de infância... enorme gratidão aos meus pais que contribuíram para minha formação...
Abaixo, deixo alguns depoimentos de amigos de minha geração [e um pouco antes dela] e suas descobertas como leitores... Espero que apreciem...
Márcio é formado em Letras, desenhista, amante dos quadrinhos e me disse que
O dom supremo foi uma leitura na adolescência que marcou bastante sua vida.
A morte do capitão Marvel e a saga
Crise nas infinitas terras o impressionaram porque super heróis morriam, e ele achava que esses personagens jamais poderiam morrer... Algo que retratava que a morte também se estendia ao universo fantástico das HQs. Márcio tem um canal no youtube, o
Nerdezaria, e você pode conferir um pouco do seu trabalho por lá...
Tiago Calado é professor de inglês e diz que a leitura que marcou sua infância foram os gibis da
Turma da Mônica. Alem dele,
Alberon Lemos, também professor [História], teve em
O livro de ouro da Mitologia um marco para sua vida como leitor...
Jaci, do blog
Uma Pandora e sua caixa teve como leitura marcante da infância o livro
O sino, de Hans Christian Andersen.
Antônio, professor de Geografia e amante das leituras sobre Segunda Guerra teve o contato inicial com o livro
O menino do dedo verde e
A ilha perdida, da famosa
coleção Vagalume, e à partir daí foi um caminho sem volta em sua vida...
Ireno Siqueira certa vez me falou que os gibis da
Turma da Mônica tiveram uma grande importância em sua jornada de amor aos livros. Hoje, assim como eu, ele tem uma relação de eterno amor pelos escritores latinos...
Lucien, professor e produtor de conteúdo literário teve já na fase final da adolescência uma maior interação com os livros. A partir dos quadrinhos da
Vertigo indicados por um amigo, mas seu contato inicial veio a partir da leitura de
A droga da obediência, de Pedro Bandeira. Para quem não tinha hábito de ler absolutamente nada, esse livro abriu algumas portas para nosso amigo e de lá pra cá, se tornou um apaixonado por livros... Conheçam um pouco do trabalho do Lucien no
Leitor Cabuloso.
Lilian Farias, formada em Letras, autora e
blogueira também me contou um pouco de seu início com o mundo dos livros.
"Quando eu era pequena, eu fazia ‘LeituraS’ dos livros didáticos com suas charges e fábulas, até as revistas de meu pai de violão, com letras de música, que lia como se fosse poesia, assim poetizei as palavras de Raul Seixas com oito anos. Mas os poucos livros que passaram em minhas mãos, deixaram em mim uma marca rasgada, quase cicatriz, sobre um desejo inacabável, insaciável... era assim, quando criança, que lia as poesias de Quintana e em meu desejo de que não acabasse aquelas poucas e amareladas páginas, eu lia o mundo e depois, relia a poesia e depois, lia músicas em capas de LP e lia, e lia, e lia... assim eu conheci Mafalda, Turma do Mônica, Calvin e Haroldo e parti nas aventuras da Coleção Vagalume, voltei para poesia de Mário Quintana. E então, me deparei com um livro que não entendi muito, dada minha pouca idade, mas deixou marcas profundas, Éramos Seis, precisou mais de vinte anos para eu entendê-lo e, vez ou outra, vou e retorno nessa leitura ou então leio Quintana e depois o mundo..."
Borges disse certa vez que imaginava o paraíso como uma espécie de livraria, e não duvido disso... já em vida conheci um pedaço desse lugar... e quando morrer, é para ele que eu quero partir...