quinta-feira, abril 26, 2018

Garfield, o Rei da preguiça

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A L&PM Editores possui em seu catálogo de quadrinhos pocket a série Garfield, do quadrinista Jim Davis, e nos últimos dias adquiri a edição 10 destas tirinhas... Garfield - o rei da preguiça tem pouco mais de cem páginas trazendo nosso gatinho laranja gordo e viciado em lasanha em situações pra lá de engraçadas. Com um traço leve e personagens coadjuvantes que enriquecem ainda mais as mini-estórias, Garfield se envolve em aventuras ao lado de seu dono e de seu companheiro cão Odie, em algumas [des]venturas amorosas com a gata Arlene e sua implicância com as segundas [e terças] feiras...

Garfield consegue embarcar num avião para uma viagem de férias, mas algo parece sair do normal durante o voo... Nesse volume também temos a honra de conhecer o lado [não-tão-] artista do gato, um show de piadas em que a platéia parece não se convencer do talento do bichano... hehe...


As tiras de Garfield são publicadas desde o seu surgimento em 1978, diariamente em mais de dois mil jornais espalhados mundo afora, é uma figura popularizada e que faz sucesso entre vários públicos, de crianças a idosos... Ele também é representado no Cinema e animações.

Odie é o cachorro bobo que sempre topa tudo que o gato inventa. Ele parece não se importar ou perceber as enrascadas em que Garfield o coloca. O resultado disso é mais riso por parte dos leitores...


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Garfield - o rei da preguiça é indicado para aqueles que estão saindo de uma ressaca literária, pra quem procura uma leitura despretensiosa e alguns minutos de descanso no dia-a-dia... Mais que recomendado...

terça-feira, abril 24, 2018

A condessa Sangrenta, uma novela de Alejandra Pizarnik



"Houve duas metamorfoses: seu vestido branco agora é vermelho e onde houve uma moça há um cadáver."














Publicado numa edição primorosa pela Editora Tordesilhas, A Condessa Sangrenta é uma novela escrita pela argentina Alejandra Pizarnik, contando um pouco do mito que envolve a figura da condessa húngara Erzsébet Báthory.

Erzsébet, ou Elisabeth - é uma figura conhecida na história da Hungria, por ter sido condenada a viver presa em um aposento de seu castelo até a morte, após ser acusada do assassinato de mais de seiscentas jovens. Atribui-se à condessa torturas sangrentas praticadas com tais vítimas, a fim de tomar banho no sangue derramado por elas para que ela rejuvenescesse.

Existem muitas lendas em torno de seu nome, principalmente pelas atrocidades cometidas em seu calabouço, sua obsessão pela beleza e a luxúria que permeava sua vida. Elisabeth se tornou a própria Morte, tal o seu medo de envelhecer e morrer...

Ricamente ilustrada por Santiago Caruso, a edição da Tordesilhas possui apenas 60 páginas, com um posfácio de João Silvério Trevisan. As imagens possuem tons de cinza e um vermelho-ferrugem que denota o sangue que foi derramado durante seu 'reinado de terror'... Suas vítimas preferidas eram camponesas, costureiras, em geral de origem humilde que prestavam pequenos serviços ao castelo, mas posteriormente garotas de 'sangue azul' teriam sido mortas pelos seus instrumentos sádicos e grotescos, bem como por seus métodos cruéis e perversos de tortura.


Trata-se de uma leitura rápida, fluída tal como sangue vertendo de uma artéria exposta. O visual da edição contribui para um maior fascínio do leitor pela história em torno da condessa e pelos seus atos perversos. Sem sombra de dúvidas, uma leitura envolvente e perturbadora...


sábado, abril 21, 2018

...entrelace...









Há um calor no meio das minhas pernas que só a ti pertence...



quarta-feira, abril 18, 2018

...Uma ode ao Livro Infantil...

Em homenagem ao aniversário de moNtEIRO Lobato, 18 de abril foi o dia escolhido para se celebrar o Dia do Livro Infantil. Sem enveredar pelo caráter racista encontrado em suas obras, pretendo com esta postagem trazer um sabor de nostalgia a quem venha a ler... Não estou aqui para uma análise apurada da obra de Lobato, mas falar sobre minha própria experiência de infância com os livros, bem como de alguns amigos com quem tive o prazer de 'trocar figurinhas' a respeito...

Lembro que comecei a tomar gosto pelas letras à partir dos gibis da Turma da Mônica e Disney que meus pais compravam para mim e em seguida para minha irmã. Não recordo tanto quanto gostaria dessa época, mas minha mãe conta que eu imitava as vozes dos personagens e por vezes ela me flagrou no quarto 'interpretando' Cascão, Magali, Marina, Chico Bento, Tina, Tio Patinhas, Zezinho e Luizinho e afins... 

Posteriormente tive contato com os livros infantis da biblioteca da escola, e para fugir do já praticado 'bullying' eu me refugiava nas estantes e prateleiras e adentrava no mundo dos índios na Amazônia, do sítio do Pica Pau amarelo [olha Lobato dando o ar da graça por aqui...], nas mitologias romana, egípcia e grega, na poesia de Cecília Meireles e nos romances e aventuras dos personagens dos livros de Ganymedes José... Ah, que saudades de tantos paradidáticos que até hoje busco para acrescentar no acervo... nostalgia, meus caros... nostalgia... 



Dentre as obras que mais me marcaram certamente estão A ladeira da saudade, Goiabinha e os doze profetas de pedra, Gisela e o vizinho mal-informado, A casa sonolenta, Contos de Andersen e Grimm, História de Trancoso, O enigma da casa de vidro, O joelho juvenal, Dona Baratinha da Silva só, Flicts, A marca de uma lágrima, Monitor - a nave secreta, entre vários outros... Alguns deles eram de minha coleção particular montada pelos meus pais, que mesmo sem muita 'instrução', sempre alimentavam em mim a sede por leitura... Mas a maioria vinha da biblioteca... 



Cheguei a trabalhar como voluntária aos 13 anos no bairro que eu vivia, numa espécie de creche que possuía biblioteca, e lá conheci O velho e o mar, Dom Casmurro, Menino de engenho e As mil e uma noites... Conheci os gibis do Fantasma, de Tex e Mandrake. Entrei em contato com os quadrinhos da Marvel... De lá pra cá, fui aumentando as leituras, me aventurando por terras antes desconhecidas e hoje posso dizer que possuo um nicho seguro de leituras a chamar de favoritas... Como leitora, ainda tenho muito a conhecer mas tenho imenso orgulho de todas as obras que me trouxeram até aqui... Em suma, o universo da literatura foi uma das mais belas viagens que pude fazer ainda nos primeiros anos de infância... enorme gratidão aos meus pais que contribuíram para minha formação... 

Abaixo, deixo alguns depoimentos de amigos de minha geração [e um pouco antes dela] e suas descobertas como leitores... Espero que apreciem... 

Márcio é formado em Letras, desenhista, amante dos quadrinhos e me disse que O dom supremo foi uma leitura na adolescência que marcou bastante sua vida. A morte do capitão Marvel e a saga Crise nas infinitas terras o impressionaram porque super heróis morriam, e ele achava que esses personagens jamais poderiam morrer... Algo que retratava que a morte também se estendia ao universo fantástico das HQs. Márcio tem um canal no youtube, o Nerdezaria, e você pode conferir um pouco do seu trabalho por lá...

Tiago Calado é professor de inglês e diz que a leitura que marcou sua infância foram os gibis da Turma da Mônica. Alem dele, Alberon Lemos, também professor [História], teve em O livro de ouro da Mitologia um marco para sua vida como leitor... Jaci, do blog Uma Pandora e sua caixa teve como leitura marcante da infância o livro O sino, de Hans Christian AndersenAntônio, professor de Geografia e amante das leituras sobre Segunda Guerra teve o contato inicial com o livro O menino do dedo verde e A ilha perdida, da famosa coleção Vagalume, e à partir daí foi um caminho sem volta em sua vida... Ireno Siqueira certa vez me falou que os gibis da Turma da Mônica tiveram uma grande importância em sua jornada de amor aos livros. Hoje, assim como eu, ele tem uma relação de eterno amor pelos escritores latinos... 

Lucien, professor e produtor de conteúdo literário teve já na fase final da adolescência uma maior interação com os livros. A partir dos quadrinhos da Vertigo indicados por um amigo, mas seu contato inicial veio a partir da leitura de A droga da obediência, de Pedro Bandeira. Para quem não tinha hábito de ler absolutamente nada, esse livro abriu algumas portas para nosso amigo e de lá pra cá, se tornou um apaixonado por livros... Conheçam um pouco do trabalho do Lucien no Leitor Cabuloso

Lilian Farias, formada em Letras, autora e blogueira também me contou um pouco de seu início com o mundo dos livros. 

"Quando eu era pequena, eu fazia ‘LeituraS’ dos livros didáticos com suas charges e fábulas, até as revistas de meu pai de violão, com letras de música, que lia como se fosse poesia, assim poetizei as palavras de Raul Seixas com oito anos. Mas os poucos livros que passaram em minhas mãos, deixaram em mim uma marca rasgada, quase cicatriz, sobre um desejo inacabável, insaciável... era assim, quando criança, que lia as poesias de Quintana e em meu desejo de que não acabasse aquelas poucas e amareladas páginas, eu lia o mundo e depois, relia a poesia e depois, lia músicas em capas de LP e lia, e lia, e lia... assim eu conheci Mafalda, Turma do Mônica, Calvin e Haroldo e parti nas aventuras da Coleção Vagalume, voltei para poesia de Mário Quintana. E então, me deparei com um livro que não entendi muito, dada minha pouca idade, mas deixou marcas profundas, Éramos Seis, precisou mais de vinte anos para eu entendê-lo e, vez ou outra, vou e retorno nessa leitura ou então leio Quintana e depois o mundo..."

Borges disse certa vez que imaginava o paraíso como uma espécie de livraria, e não duvido disso... já em vida conheci um pedaço desse lugar... e quando morrer, é para ele que eu quero partir...


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terça-feira, abril 17, 2018

O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio - Charles Bukowski

Quatro anos após sua morte, foi publicado nos EUA O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio, do escritor Charles Bukowski. Neste livro, acompanhamos os escritos do diário do Velho Buk, que já se despedia da vida, com textos vigorosos englobando a fase final de sua vida, com registros que cobrem os anos de 1991 a 1993, um ano antes de morrer de pneumonia, decorrente de um tratamento para leucemia...


Os trechos do livro possuem uma carga dramática ainda mais forte do que em seus livros anteriores. É algo mais íntimo, de caráter pessoal, como se fosse uma espécie de testamento filosófico-literário do autor para os seus leitores... Há aqui um Bukowski ainda mais sincero, cru, direto em suas perspectivas. Tais relatos foram selecionados pelo próprio autor para compor a obra, dias antes de deixar o mundo... ou como ele diria, dias antes da Morte acertar o seu traseiro...

"Sei que vou morrer logo e isso me parece estranho. Sou egoísta, gostaria d continuar a escrever mais palavras. Isso me dá um brilho, me joga no ar dourado. Mas, na verdade, por quanto tempo posso continuar ainda? Não é certo continuar. Diabos, de qualquer forma, a morte é a gasolina no tanque. Nós precisamos dela. Eu preciso. Você precisa. Nós emporcalhamos o lugar se demorarmos demais."

Bukowski relata acontecimentos divertidos, por vezes patéticos, que lhe ocorreram já na fase final da vida... encontros odiosos com fãs mais 'ousados', que mentiam descaradamente para tentar uma entrevista ou encontro com o autor. Falava sobre as personalidades que observava no hipódromo, seres decadentes como ele, dores que acometem pessoas de 70 e poucos anos no geral, a maneira como parecia brincar com a morte e o período que antecedia sua chegada, naquela expectativa de quem sabe que o fim da linha está próximo, mas sem perder o [bom]humor...

"Uma coisa que a morte não suporta é que você ria dela."

O livro foi publicado aqui no Brasil pela L&PM Pocket, e trás belíssimas ilustrações de Robert Crumb, artista já conhecido pelos fãs de Bukowski, devido ao seu trabalho como ilustrador em outras obras dele. A filosofia bukowskiana aqui se desvela ainda mais fatalista, com toques de ironia característicos de sua produção poético-literária. 

"Às vezes, me sinto como se estivéssemos todos presos num filme. Sabemos nossas falas, onde caminhar, como atuar, só que não há uma câmera. No entanto, não conseguimos sair do filme. E é um filme ruim."

O capitão Bukowski saiu para o almoço com a Morte em 9 de março de 1994. É triste pensar num mundo em que sua existência se faz ausente. Mas me conformo em poder ter tido a chance de conhecer sua imortalidade através da literatura. E tenho 'esperanças' que um dia eu ainda tomo um porre com esse Velho Safado do 'outro lado', na proa de algum navio... 


domingo, abril 15, 2018

Dicas de romances epistolares

Dá-se o nome de Romance Epistolar aos livros que possuem narrativa desenvolvida através de cartas. É comum utilizar como texto trechos de diários ou notícias jornalísticas. Usando-se este artifício, a impressão que se passa ao leitor é que há maior veracidade dos fatos ocorridos na trama/história. 

Esse gênero literário esteve em seu auge durante o século XVIII vindo a entrar em decadência no século seguinte, embora na literatura moderna e contemporânea, ainda hajam títulos que sejam construídos dessa maneira. Através desta postagem, venho listar cinco obras que certamente são indispensáveis para quem tem interesse no gênero... São elas:

Dracula 

Obra prima do irlandês Bram Stoker, sua construção narrativa é baseada em cartas escritas por Jonathan Harker, o capitão do navio Deméter e Mina Murray. O livro inclui ainda recortes de jornal referentes a casos ocorridos no período em que se passa a história, que possuem certa relação com a trama principal.


Frankenstein

Considerado o pioneiro da ficção científica, misturando-se elementos de horror, a obra clássica que surgiu de uma noite chuvosa pela mente de Mary Shelley é contada através de cartas que o capitão Robert Walton escreve à sua irmã enquanto está no comando de uma expedição náutica que procura um caminho para o Pólo Norte. Seu navio fica preso quando o mar congela e ele e sua tripulação se deparam com uma 'perseguição' inusitada. Tendo o homem chamado Viktor Frankenstein à bordo, ele conhece sua trajetória tentando fugir da Criatura... Mais sobre o livro, clique aqui...
 


Os sofrimentos do jovem Werther

De Johan Wolfgang Goethe, Os sofrimentos do jovem Werther é um romance alemão de 1774, em que o personagem Werther escreve cartas para um narrador. De caráter autobiográfico acrescido de fatos ficcionais, a obra causou um furor na época em que foi lançado devido a temática do suicídio abordada na trama, e tido como responsável por uma onda de suicídios que foi atribuída à obra, por causa do protagonista... É uma história trágica de amor correspondido não-consumado, considerada das mais importantes na literatura clássica mundial...




As ligações perigosas

Publicado em 1782, Ligações perigosas é um romance de Choderlos de Laclos retratando um grupo da nobreza aristocrática que trocava cartas entre seus membros, numa época ambientada antes da Revolução francesa. Traições, amores proibidos e jogos de sedução através de intrigas da corte são elementos que caracterizam a obra... 


A cor púrpura

Romance escrito por Alice Walker nos anos 1980, trata de temas como discriminação racial e sexual. A protagonista escreve cartas para Deus a fim de aliviar suas dores, causadas pelos anos de maus-tratos dentro de um núcleo patriarcal abusivo, de carência educacional para mulheres e marginalizados socialmente. Celie sofreu abusos do próprio pai, semianalfabeta e desde cedo precisa lidar com as dificuldades de ser mulher, pobre e negra num ambiente hostil agrário do sul dos Estados Unidos... Já falei desse livro por aqui e você pode conferir clicando neste link...



E então, conhecem mais livros que fazem parte do gênero romance epistolar? me falem nos comentários... Beijos e até breve... ;)

quinta-feira, abril 12, 2018

[Vídeo] Leituras sobre o Recife Assombrado

Olá, pessoas! Eis que publiquei mais um vídeo no canal e venho através deste post disponibilizar para vocês esse conteúdo... é só dar play no vídeo abaixo...



Apresento algumas dicas de leitura sobre o universo do Recife Assombrado, e para quem aprecia o folclore pernambucano, certamente pode encontrar alguma recomendação que valha a pena ser lida...



Links relacionados:


Lembrando que sugestões sempre são bem-vindas. Meu intuito com o canal é compartilhar através de outro tipo de plataforma as minhas leituras, a fim de alcançar um público diferenciado que não visita frequentemente blogs literários, e que dá preferência a conteúdos em vídeo...

Grata a todos pela curtida, comentário, play, inscrição... 

Logo trarei mais vídeos... Beijos...

domingo, abril 08, 2018

[HQ] Pateta faz História



Desde criança sempre tive apreço pelas histórias em quadrinhos da Disney, em especial os personagens de Patópolis - Pato Donald, disparado meu preferido; Tio Patinhas, Mickey, Pluto e afins... Com os anos perdi o hábito de ler com frequência mas me permito ver algum desenho pela internet para matar a saudade, e vezemquando me deparo com alguma edição especial em HQ.

Recentemente encontrei na banca de revistas a Edição Definitiva volume 4 de Pateta faz História, onde o simpático e atrapalhado amigo do esperto ratinho incorpora personagens ilustres de nossa História em contos pra lá de divertidos. Entre eles, Pateta é Don Quijote, Isaac Newton e até mesmo o músico Johann Strauss...


Publicado pela Abril, Pateta faz História tem um cuidado gráfico primoroso, em capa dura e recheado de cores para os apreciadores de quadrinhos em colorido vivo. Os capítulos são histórias fechadas, em que - em cada uma delas - Pateta se mete em confusões ao lado do Mickey, que dessa vez assume o posto de coadjuvante das tramas...

Os roteiros são assinados por nomes como Carl Fallberg e Tom Yakutis e traz desenhos e cores de artistas/quadrinistas como Hector Adolfo de Urtiága, Rubén Torreiro e Anibal Uzál. As histórias foram produzidas originalmente nos Estados Unidos na década de 1980 e chegaram aqui ao Brasil por volta de 2011, exceto O gênio de Aladim, que teve a publicação realizada por aqui simultaneamente com os EUA, em 1986.

Em suma, Pateta faz História é uma opção divertida para quem deseja inserir os novos leitores no universo histórico e literário desde as guerras sangrentas da Antiguidade à Viena do século XIX. Com pitadas de comicidade, emoção e entretenimento...


sexta-feira, abril 06, 2018

[Série] La casa de Papel


La Casa de Papel virou a nova sensação do momento depois de ter sido anunciada pela plataforma Netflix. Trata-se de uma série espanhola criada por Álex Pina para a rede de TV espanhola Antena 3 [a mesma de Apaches], e traz atores como Úrsula Corberó, Álvaro Morte e Paco Tous - entre outros - no elenco...

O enredo consiste num assalto idealizado por um homem de identidade desconhecida que se apresenta como Professor. Ele 'escala' um grupo de pessoas que tem ou já tiveram problemas com a justiça para fazer parte do grande plano: assaltar a Casa da Moeda em Madri. Cada um deles recebe um codinome: Denver, Nairóbi, Oslo, Helsinqui, Moscou , Berlin, Tóquio e Rio. Nenhum sabe do passado do outro, exceto Denver e Moscou [pai e filho], e eles precisam conviver um tempo juntos num local montado pelo Professor para estes fins, para que adquiram confiança um no outro e tenham todos os passos calculados caso ocorra algum imprevisto durante a operação. 

Somos apresentados a personagens de personalidade forte, distinta, mas que mostram ter habilidades específicas que podem auxiliar de maneira primordial no assalto. A figura do Professor é bastante respeitada pelo bando, e ele é um líder que pensa em absolutamente tudo.

Mas as pessoas costumam ser imprevisíveis e logo quando o plano é realizado, reféns estão sendo controlados no prédio e a polícia aparece sob a liderança da inspetora Raquel, algumas coisas começam a 'sair dos eixos' aparentemente. E é com esse quadro que o Professor precisa lidar ao negociar com Raquel e dar andamento ao plano...



O clima de tensão vai aumentando - normal para uma situação do gênero - e tanto os reféns, quanto a polícia e mídia e o próprio grupo afloram suas emoções no mais alto grau. Surgem 'romances', brigas, desafetos, atos desesperados, tudo orquestrado com um clima de tensão que deixa o telespectador numa angústia sem limites. E é raro encontrar alguém que acabe não 'torcendo' para os 'vilões' da série... 

Isso se atribui em muito ao carisma dos personagens. À medida em que vamos acompanhando a trajetória deles e fatos de seus passados vêm à tona, começamos a simpatizar com eles. E logo nos vêm a reflexão sobre todo o contexto: quem são os verdadeiros 'bad guys' na história? Professor acaba se envolvendo com Raquel sem que ela suspeite de seu verdadeiro papel na operação. Denver se envolve com uma refém - grávida do amante igualmente refém -  então imaginem a loucura que isso vai acarretar...

Outro ponto que acho importante ressaltar é o papel ativo das mulheres dentro de um contexto machista de liderança e tomadas de decisão. Raquel sofre com isso em seu papel dentro da polícia, a todo tempo sendo interpelada em suas ações dentro do caso. Mônica no papel de amante de seu chefe começa a sair de sua passividade no relacionamento. Nairóbi - mais extrovertida e afrontosa [hahah] começa a tomar as rédeas dentro do prédio quando Berlin aparentemente faz besteira, e temos também Tóquio, a personagem de Corberó [a série é toda narrada sob o ponto de vista dela], e seu gênio impetuoso que parece botar tudo a perder, devido aos seus atos impensados mas que ao mesmo tempo parece questionar tudo com sua ousadia... O recado é sutil, mas válido: as mulheres estão encurraladas socialmente e a partir de certo ponto, estão tocando o 'foda-se' pra isso, elas 'quebram' o patriarcado a todo momento, à sua maneira...




A série tem 19 episódios, que foram divididos em duas temporadas na Netflix. Hoje é a estreia da segunda temporada [mas eu não resisti e vi tudo antes pela internet, sou dessas]... É uma série com qualidade esmerada e trama envolvente, que levanta questionamentos importantes, e possui em seus prováveis 'clichês' críticas inteligentes ao sistema...

Bella Ciao, Bella ciao, bella ciao...




domingo, abril 01, 2018

O livro do riso e do esquecimento, de Milan Kundera

O livro do riso e do esquecimento foi o primeiro livro de Milan Kundera a ser publicado na França, em 1978. Ambientado na Tchecoslováquia durante a invasão russa, em 1968, o autor esmiúça cotidianos com uma pitada de amargura e intensidade, beirando o erotismo e o onírico. Dividido em sete partes aparentemente distintas, ao longo da leitura percebemos os enlaces de tais dramas se desvelando ao leitor.

As histórias passam pela juventude desiludida, intelectuais desorientados, líderes políticos envoltos numa aura de pura soberba. O livro com ares de Realismo fantástico faz uma análise sobre a natureza do esquecimento na história, na política, e no 'correr' da vida...

"a luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento."
Temos o próprio Kundera como condutor da narrativa, ao contrário de obras como A insustentável leveza do ser ou A brincadeira. A liberdade do indivíduo durante aquele período no país era ditada por uma coletividade que nada tinha de coletiva ou representativa. 

É possível notar em sua escrita um sentimento de dor pelo abandono de sua pátria. Quando ele fala do esquecimento, ele faz alusão à perda de identidade ocorrida no país devido ao governo ditatorial que se instaurou no episódio que ficou conhecido como Primavera de Praga. 

Ele insere personagens angustiados, que possuem em suas existências feridas algo que beira o incurável. Tamina tenta recuperar as cartas que seu marido - agora morto - lhe escreveu. Mirek busca resgatar na memória um amor pouco atraente. Karel tenta visualizar na figura da amante uma mulher que ele viu despida quando era uma criança.


As sete partes do livro une os destinos individuais dos personagens com os destinos coletivos de todo o povo tcheco. Kundera se utiliza de ironia, fantasia, romance, erotismo e emoção para compor o cenário de Praga durante a 'Primavera'...