Hoje eu venho falar sobre erotismo, aquele escrito por Anais Nïn nos anos 20,30... [não essas autoras de quinta e seus inúmeros tons sem graça de alguma coisa...]
Nascida em 21 de fevereiro de 1903, há 110 anos, nos arredores de Paris. A veia artística foi de berço: seu pai era pianista e compositor, e sua mãe, dançarina. Quando seus pais se separaram, mudou-se com a mãe para Nova York. Ela tinha 11 anos de idade, e começou a escrever em um diário, que lhe renderia inúmeros volumes, e é considerado hoje um documento de grande importância literária.
Aos 20 anos, volta a viver na Europa e passa a escrever ensaios e críticas. Fez amizade com vários escritores famosos da época, entre eles Henry Miller, que veio a ser seu melhor amigo [e amante]. Graças a ele, o mundo tomou conhecimento de seus escritos.
Escreveu grandes obras literárias eróticas, desafiando a sociedade de sua época. Uma mulher falando de sexo ardente, sensual e cheio de fetiches... decerto uma mulher a frente de seu tempo. Considerada uma grande precursora das idéias de liberdade ao sexo feminino, Anais é uma escritora fantástica. Sua obra é composta de contos ousados, que levam o leitor ao delírio. Ler Anais Nïn, é realmente ter um orgasmo literário...
Conheci a autora por um amigo que me falou dela a primeira vez e me apresentou Delta de Vênus - Histórias eróticas. Até então nunca tinha ouvido falar dela, e ao ler uns trechos, extasiei... Na primeira oportunidade comprei minha edição e devorei os contos, recheados de cenários luxuriosos, personagens famintos por toques e fluídos, e uma atmosfera ricamente orgástica...
Entre seus contos, me delicio com Pierre, Elena, Marcel e A fugitiva.
Além do Delta de Vênus, possuo a edição Pequenos Pássaros, ambos comprados pela L&PM editores. Pretendo comprar A fugitiva [mesmo tendo lido 2 de seus 3 contos], Incesto, Henry e June e Fogo, dentre outros...
Alguns dos trechos mais extasiantes de Delta de Vênus:
"Ele gostava de se encontrar com ela no escuro, de modo que, antes de poderem ver o rosto um do outro, suas mãos tomavam consciência da presença um do outro. Sentiam o corpo um do outro como cegos, demorando-se nas curvas mais sensíveis, fazendo a mesma trajetória de cada vez; sabendo pelo toque os locais onde a pele era mais suave e macia e onde era mais grossa e exposta ao sol; onde o batimento cardíaco ecoava no pescoço; onde os nervos tremiam quando a mão se aproximava do centro, no meio das pernas."
"Como ele amava aquela covinha, que fazia com que seus dedos e língua seguissem a curva descendente e desaparecessem entre os dois amplos montes de carne."
"Sempre sinto vontade de fazer amor onde existem cortinados, cortinas e artefatos nas paredes, onde é como um útero. Sempre sinto vontade de fazer amor onde há muito vermelho. E também onde há espelhos."
"Ele dava a sensação que o mundo inteiro estava fechado naquele momento e de que só existia aquele festim sensual, de que não haveria amanhã - nem encontros com mais ninguém, de que só havia aquele quarto, aquela tarde, aquela cama."
"O laço entre eles era tão forte que ficava difícil fingirem o contrário durante o dia. Se Martha olhava para Pierre, era como se ele a tivesse tocado no meio das pernas."
"O laço entre eles era tão forte que ficava difícil fingirem o contrário durante o dia. Se Martha olhava para Pierre, era como se ele a tivesse tocado no meio das pernas."
Bom, se eu for escrever meus trechos preferidos, será o livro todo. Leiam e escolham os seus...
Infelizmente, todos morremos e com nossa querida Anais não haveria exceção... Em 1977 ela falecia nos Estados Unidos, mas sua obra perdurou como um dos grandes nomes do século XX até os dias atuais...
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