domingo, abril 28, 2013

Livros infantis, gibis e minha base literária: O alicerce da minha paixão por livros...



- Adoro livros infantis, infanto-juvenis... fizeram parte da minha formação literária, são base pra toda a vida... aliados aos gibis da turma da Mônica, Disney entre outros, foram eles que despertaram meu gosto para leitura, e sempre por incentivo [positivo e saudável] dos meus pais. Devo isso a eles...
Hoje, com folhas caídas e amareladas de 27 outonos no jardim, releio umas obras que marcaram minha infância... e acabo lendo outras que não me vieram às mãos no melhor da minha idade... e vejo que, apesar de parecerem bobinhos, os textos super curtos são capazes de fazer minha cabeça parar e refletir sobre vários aspectos da condição humana... lições de vida, textos com 'moral da história'
que alertam sobre problemas que podem alcançar até a vida adulta crianças com pouca idade, dentre outras possibilidades... são curtos, cheios de ilustrações, mas trazem verdadeiras contextualizações a serem expostas no dia-a-dia...

Se com quase 3 décadas de existência, ainda me impressiono com um livro como 'Agora não, Bernardo', imaginem um livro desses na cabeça de uma criança de 5, 6 anos de idade? [partindo do pressuposto, é claro, de que as crianças de 5 ou 6 anos de HOJE, tenham os mesmos 'valores' fincados em sua formação, das crianças de mesma idade da MINHA época...] mas, de qualquer forma, todo tipo de leitura é válido, e se um dia, eu puder ter as minhas próprias crianças, aos 4, 5, 6 anos de idade, elas terão um mundo de possibilidades literárias e livre-arbítrio pra escolherem suas preferências...






Algumas das obras que marcaram minha infância [exceto O pote vazio, que li recentemente]...


segunda-feira, abril 22, 2013

Tag: Alfabeto Literário

Vi num dos blogs que visito e achei interessante postar por aqui...

Vamos às regras:

- Escolher 5 letras do alfabeto, de forma aleatória ou seguida e mandar para cada blog que você escolher, uma sequência de letras diferente das que você fizer em seu meme.

- O blog que receber a TAG tem que escolher 5 livros que comecem com as letras que você indicou como seqüência. Artigos não contam. Ex: " O mundo acabou". O artigo "O" não conta como letra "O", ou seja, o que vale são as letras da palavra secundária, nesse caso, a letra "M".

- O número de blogs e letras depende de quanto você quiser indicar. Mas 5 seria um número ideal...

Não recebi uma seqüência de letras pra fazer a tag, então resolvi pegar de forma aleatória a seguinte sequencia de letras: B.L.A.C.K.  [uma música de Pearl Jam que estou ouvindo no momento e por isso a escolha, coincidentemente a palavra tem 5 letras...]

E os livros que indico são:



A Brincadeira  - Milan Kundera
    Laranja Mecânica - Anthony Burgess 
    Além do ponto e outros contos - Caio Fernando Abreu
    Cem anos de solidão - Gabriel García Márquez
    Kalevala - Elias Lönnrot


Faz quem quiser... o critério pra escolher a seqüência de letras fica da mesma forma como escolhi a minha: um nome de música que você goste...

segunda-feira, abril 15, 2013

Rumble Fish - O selvagem da motocicleta...

Conheci Rumble Fish através do filme de Francis F. Coppola, de 1983, com Matt Dillon e Mickey Rourke no elenco. O filme é incrível, bem como a obra escrita por Susan E. Hinton. Considero que foi uma excelente adaptação. Já tive contato com a autora quando li Outsiders - vidas sem rumo, e pretendo ver o filme [também sob a direção de Coppola].


Rumble Fish fala sobre a juventude dos anos 80, no estilo brilhantina, gangues, bad guys, couro e motocicletas. A autora, nascida em 1948, tem apenas 3 títulos publicados. Deles, ainda não li Passou, já era.


Maas... voltando a Rumble Fish, a história fala sobre o líder de uma gangue, já em decadência, que vive na sombra de seu irmão mais velho, conhecido na cidade como 'o motoqueiro'. Sua mãe saiu de casa deixando-o aos cuidados de um pai bêbado e ausente. A escola não é um refúgio para sua solidão e suas amizades não são lá muito profundas... Rusty James é o personagem principal do livro, e mais uma vez não segue o conselho de sua namorada, e acaba se metendo em mais uma briga de gangues. Os acontecimentos depois disso dão um rumo totalmente inesperado à sua vida. A relação com seu irmão também sofre uma reviravolta.


- "De tempos em tempos, aparece uma pessoa que tem uma visão de mundo diferente das pessoas comuns. Uma percepção apurada não faz de você um louco. No entanto, às vezes, uma percepção apurada pode deixar você louco."

O filme é poético, de linguagem simples mas com um toque delicado sob tema forte: a solidão existencial e as dificuldades de um adolescente em ser aceito em seu meio, em plenos anos 80... Nota-se a crise existencial não apenas de Rusty James, mas também dos demais membros da gangue, refletidos numa espécie de retrato da época ...









"O Motoqueiro sentou encostado na parede. O rosto dele não expressava nada. Ficou olhando fixo para Steve até que o coitado do garoto começou a se agitar. Mas o Motoqueiro não estava enxergando o Steve. Ele via coisas que as outras pessoas não viam, e ria quando não havia nada de engraçado. Ele tinha uns olhos estranhos - lembravam esses espelhos que têm dois lados. Você sentia que do outro lado tinha alguém te olhando, mas o único reflexo que você via era o teu mesmo."







segunda-feira, abril 01, 2013

Quadrinhos - Kiki de Montparnasse

Minha edição, comprada na Bienal do Livro em Pernambuco, em 2011.


Talvez você nunca tenha ouvido falar em Alice Ernestine Prin, nascida em 1901, em Châtillon-sur-Seine, mas se eu falar Kiki de Montparnasse talvez a personagem desse quadrinho lhe soe familiar... Escrito e desenhado por José-Louis Bocquet e Catel Muller, Kiki de Montparnasse é uma biografia em quadrinhos de uma das mais famosas personagens femininas do século XX: Alice Prin, conhecida por seu pseudônimo Kiki. Foi companheira/amiga de figuras célebres do período entre guerras, tais como Man Ray, Pablo Picasso, Jean Cocteau, Amadeo Modigliani, entre outros... Viveu na Paris boêmia dos anos 20,  eternizada em quadros, curtas e fotografias... Além de musa daquela geração, Kiki foi uma das primeiras figuras femininas emancipadas do século. 

A biografia em quadrinhos retrata desde seu nascimento, o período em que passou fome, ao auge de sua existência e carreira, além dos escândalos, decadência em drogas e seu final triste e solitário... Foi modelo, cantora, pintora, amante do fotógrafo Man Ray, frequentou os cabarés parisienses do pós-guerra. Sua vida repleta de altos e baixos é ricamente trabalhada na Graphic Novel, publicada em 2010, pela Editora Record. São mais de 400 páginas contando sua história, incluindo uma Cronologia, dados biográficos e minibiografias de alguns artistas com quem conviveu. Confesso que comprei e no mesmo dia eu li. Minha edição custou R$ 32,00 mas custava R$60,00 [uma promoção na Bienal 2011]. Não é muito fácil de se encontrar, e seu preço é bem salgado [média de R$60,00 a R$80,00 em livrarias]. Assim que vi, não deixei passar, e só tinha um exemplar no estande [parecia estar me esperando pra levá-lo pra casa]. O fato é que cheguei muito cansada, à noite, e comecei a ler... só terminei depois das 2 horas da madrugada, depois de ter devorado o quadrinho. A leitura me envolveu de forma voraz. 

O traço é realmente encantador. Simples mas bem feito, a narrativa é bem limpa, e ao mesmo tempo, os balões parecem pesar em alguns trechos, de tão intensos e realistas. Fala sobre suas dificuldades na infância, a difícil relação com sua mãe, o afeto de sua avó, por quem foi criada, o período em que foi posta pra fora de casa por ter ganhado uns tostões posando nua para um artista... Se vendo sozinha no mundo, a única maneira de conseguir o que comer e um teto onde dormir era posando nua. Na época, vários artistas procuravam moças de curvas sinuosas e nenhum pudor, a fim de criarem seus quadros.  Kiki foi uma delas. E não foi apenas 'mais uma delas', ela conseguiu se sobressair às demais graças a sua esperteza, e aos locais que frequentava, juntando-se a pessoas influentes na ala artística da época. 
Sua parceria/romance com Man Ray lhe proporcionou alguns trabalhos experimentais em película [alguns estão no youtube, links no fim do post], e seu retrato mais famoso virou ícone das artes até os dias atuais. Trata-se de O Violino de Ingres, fotografia com montagem, obra que consagrou Kiki e Man Ray. 

O violino de Ingres, 1924 [Man Ray]. Kiki de Montparnasse, 1926 [Man Ray]
Blanche et Noir, 1926. O beijo, 1930  [Man Ray]
Seu apelido Kiki veio através de um pintor polonês chamado Maurice Medjisky, com quem viveu de 1918 até 1922. Ela foi modelo de inúmeros quadros desse pintor. De todos os amigos com quem viveu seus anos boêmios, os únicos que permaneceram até o fim foram André Salmon, Fujita Tsuguharu e 'Treize' [Thérèse Maure], alguns já haviam falecido e outros foram se afastando com o passar do tempo... 


Musa inspiradora, mulher independente, símbolo artístico dos anos 20, pintora, amante e Rainha de Montparnasse. Eis Kiki, um mito do século XX


"Bela, quão sensível, como uma flor de vidro...
Bela, quão formosa, como uma flor de carne...
Bela, quão cruel, como uma flor de fogo...
Bela como quem parte, bela como quem fica, bela como quem te dá uma estrela-do-mar, bela como um sonho, bela como um pesadelo, você não está sonhando.
E se você encontrar nesta terra uma mulher de amor sincero... Quão belo seria, quão belo ela era."


Links de algumas películas [curtas] de Man Ray e Kiki...



Espero que tenham curtido o post...