segunda-feira, junho 29, 2015

Maratona Literária de Inverno 2015 - Participando!!!

Olá, leitores queridos. Hoje venho falar pra vocês sobre a Maratona Literária de Inverno, que vai acontecer entre os dias 06 de julho a 03 de agosto de 2015. A maratona é organizada pelo canal Geek Freak. Se você quiser participar, é só preencher o formulário. Dúvidas? Veja o evento no Facebook, pois lá tem o FAQ explicando detalhadamente o que deve ser feito... Lembrando que as inscrições vão até o dia 03/07, então corra para não perder a chance de participação...



Assim que montar a pilha de livros a ser lida [TBR - to-be-read], você pode escolher se deseja participar das semanas temáticas, que serão divididas em:


• Semana 1: Fantasias, Distopias e/ou Ficção Científica;
• Semana 2: Thriller, Suspense e/ou Terror;
• Semana 3: YA Contemporâneo, Romance e/ou Drama;
• Semana 4: Livros Nacionais.


Além das semanas temáticas, haverão desafios valendo pontos para os sorteios que serão realizados ao longo da maratona. São eles: 


• Um livro com figuras ou ilustrações [pode ser uma HQ];
• Começar e/ou terminar uma série, trilogia ou duologia; 
• Um livro que alguém escolher pra você;
• Um livro que já virou ou vai virar uma adaptação cinematográfica;
• Um livro com a capa azul; 
• Um livro do gênero que você menos leu ano passado;
• Um livro que você ganhou;
• Um livro com mais de 400 páginas.

Minha lista ficou assim:

Semana 1: 2001: Uma odisseia no espaço - Arthur C. Clarke

Semana 2: The Walking Dead - a queda do Governador Parte 2 - Robert Kirkman

Semana 3: Lolita - Vladimir Nabokov

Semana 4: Fugitivos - Carlos H. Barros


Desafios:

A saga do monstro do pântano livro 2 - Alan Moore

As brumas de Avalon - o prisioneiro da árvore - Marion Zimmer Bradley.


Planeta dos macacos - Pierre  Boulle [Mow que escolheu pra mim]

Carol - Patricia Highsmith

As aventuras de Huckleberry Finn - Mark Twain

Teresa filosofa [erótico] - Anônimo do século XVIII

A professora de piano - Janice Y. K. Lee

Anna Karênina - Tolstói




Sempre lembrar ao postar suas ações, de incluir a Hahstag #MLI2015. Fiquem ligados também no twitter do Victor Almeida para melhor interação com os participantes e poder concorrer aos prêmios.

5 editoras vão apoiar a Maratona: DarkSide Books, Companhia das Letras, Editora Aleph, V&R Editoras e Galera Record. 

Então é isso, fiquem de olho na maratona. Vou fazendo uns posts por aqui pra mostrar a vocês o meu progresso...
Beijos e até a próxima...

sábado, junho 27, 2015

Projeto Miranda de Incentivo à leitura - Um livro de aniversário

Ano passado tive uma ideia a ser trabalhada com alguns alunos sobre uma maneira de incentivá-los a ler mais, e sem ser por obrigação da escola. Não sou milionária, então não poderia dar um livro para cada um deles, e resolvi juntar os que queriam participar da brincadeira para escolherem um título que tinham vontade de ler como presente de aniversário, e os demais participantes, junto comigo, fariam um vaquinha para comprar o tal livro e dar ao aluno em seu aniversário...

Comecei timidamente com a turma do 9º ano, que super aprovou a ideia. Fiz também com o 8º ano, o que foi uma surpresa. Muitos dessa turma não gostavam de ler, mas pra não ficar de fora, ingressaram. Se empolgaram tanto com isso que hoje em dia sempre tão com um livro diferente na mão, LENDO. 

Eu deveria ter feito esse post desde o ano passado, mas por N' motivos [entre eles preguiça *risos*] não fiz. Mas cá estou eu, remediando a situação... Havia pedido a alguns que tirassem photos com os livros que ganharam, mas o 9º ano 2014 não tirou. Foram 8 alunos participando do Projeto. O 8º ano 2014 teve 8 participantes também, mas apenas uma tirou foto do livro, e eu acabei perdendo a imagem. 

Dos livros pedidos ano passado tinha Percy Jackson, The walking Dead, A menina que roubava livros, Eu me chamo Antônio, Destrua esse diário, teve título de Nicholas Sparks... Quando havia mais de um aniversariante no mês, colocávamos um no mês seguinte... Mesmo os que completam ano em janeiro ou em julho, período de férias, recebiam seu livro 'fora de época'... 

Esse ano, a turma 8º 2014 virou 9º 2015 e já tivemos dois alunos presenteados. Uma pediu o livro O menino do pijama listrado e a outra um título de Jojo Moyes. A turma nova do 8º ano foi inserida no projeto 2015. Trabalho com esse projeto apenas com turmas do 8º e 9º por questões de responsabilidade e compromisso com dinheiro para fazer as 'vaquinhas' e tal... 

presente de Larissa...

Depois disso, percebi um maior interesse dos meus alunos pela leitura, mesmo que não seja a pedido da escola. Muitos só leem por causa dos trabalhos escolares, mas adquirir o gosto pra ler por prazer e vontade própria não é tão fácil quando não se tem o apoio dos pais, de um irmão ou tia, ainda mais nessa era tablet/celular/ipod/computador. Por esse motivo, resolvi criar esse projeto a fim de fazer com que eles passem a gostar de livros, e daí sigam o próprio caminho literário... Nunca forço ninguém a escolher um livro, dou sugestões quando pedem, mas a escolha é sempre deles...

Como professora, não fico de fora da 'vaquinha' e eles também se juntam pra me presentear em meu aniversário. Adquiri os títulos Na Natureza Selvagem e Peter Pan ano passado. Agora em 2015, pedi nas duas salas os títulos A história de O [quadrinho] e Só garotos, de Patti Smith...



Bem, por último mas não menos importante, o nome que dei a essa ideia de incentivar os alunos à leitura, é em homenagem a minha amiga Eni Miranda, que nos deixou ano passado, em fins de março, de maneira triste e trágica... Eni era o tipo de pessoa que amava ver as pessoas lendo, e nem que tivesse que tirar um livro querido da estante pra isso, ela fazia com prazer. Ver pessoas lendo. Ver crianças lendo. É uma forma que criei para que o desejo dela nunca morra... e de sempre lembrar dela...

Então é isso... Vocês já pensaram em criar projetos de leitura ou algo do tipo para trabalhar com iniciação à literatura? Alguém já fez isso por vocês na escola e afins? Conhecem locais/bibliotecas/eventos que trabalhem com essa temática? Me falem nos comentários...

Ps.: Não faço isso recebendo dinheiro em troca, nem com o objetivo de me promover em nada, também é algo totalmente independente da escola em que trabalho. Como o projeto da Roda de Leitura na cidade, apenas utilizo como público-alvo os meus alunos [alguns, porque não forço quem não quer participar]. Tento mostrar de forma mais sutil aos não-interessados para que eles despertem pela curiosidade/vontade própria e nunca por imposição...

Sem mais... Até a próxima... 


sexta-feira, junho 26, 2015

A galinha degolada e outros contos, seguido de Heroísmos [Biografias exemplares]

Tive uma grata surpresa ao me deparar com o livro A galinha degolada, do escritor uruguaio Horacio Quiroga -  em mãos... Só pela capa o livro já me atraiu e após o flerte inicial, pausei três leituras para conhecer Quiroga. Bem como a pessoa que me emprestou o livro falou, o livro tinha todos os requisitos para ser um dos meus preferidos da vida. E foi...


A escrita de Horacio Quiroga contém elementos de horror psicológico, narrados de maneira a deixar o leitor prendendo a respiração até as últimas linhas. A cada trecho de alguns contos, eu arregalava os olhos, tal a surpresa que os desfechos das histórias me proporcionavam... Ao findar o conto que dá nome ao livro, senti um misto de perplexidade absurda, como se o mundo ao meu redor houvesse parado de respirar junto comigo... Trata-se de um casal apaixonado que tem 4 filhos 'defeituosos' e ao nascer uma linda menina, após o medo dela se tornar igual aos irmãos, passa a ser mimada e cercada de cuidados. Os irmãos são descritos como verdadeiros retardados, e a narrativa conduz o leitor para uma seqüência de fatos fora do comum, beirando o bizarro... Não posso soltar tudo pois o leitor precisa desvendar as linhas do autor por si mesmo, mas garanto que a história acaba de forma violenta e cruel... Finalizando o conto, entende-se o título dado a ele...

Para abrir o livro, temos o conto O travesseiro de penas, que foi o contado inicial que desencadeou a paixão pelo escritor uruguaio. Achei que se tratava de um conto vampírico ou algo do tipo, mas ele me deixou com ar de confusão, sem saber o que esperar depois daquilo, no restante da obra... Curto e denso...

O solitário mostra a vida de um marido que se sacrifica ao máximo para satisfazer os desejos de sua esposa, mulher interesseira e egoísta, que não reconhece o esforço do marido em sempre lhe agradar. A história vai se desenrolando até culminar num ato de vingança...

O espectro também foi outro conto que me deixou absorta, pois fala de um casal pouco conveniente, que se encontra unido pelos laços da morte, e o homem narra o episódio que os deixou naquele estado de fantasmas... 

O mel silvestre fala sobre um homem que encontra um triste fim na doçura do mel e para finalizar, o conto que menos me agradou da compilação: A câmara escura. Não por ser ruim, mas por ter gostado mais dos anteriores... Fala sobre um homem que se encontra com o olhar de um morto, e precisa encará-lo novamente, mesmo sabendo que ele já está enterrado... 

Não há como me aprofundar nos contos sem deixar transparecer o elemento surpresa deles. É necessário ler para entendê-los e sentir o quanto Quiroga fazia bom uso das palavras. Ele não utiliza cenários prontos típicos de livros nessa linha de horror gótico sobrenatural, mas consegue trazer o medo por meio de cenários pouco convencionais para esses propósitos e mexe mais com a psique humana dos personagens para trazer medo e assombro ao leitor...

Na segunda parte do livro, estão escritos textos biográficos de algumas figuras importantes para Quiroga, tais como Louis Pasteur, Lope de Aguirre, Thomas de Quincey, Richard Wagner, Condorcet e até Edgar Allan Poe.

A vida de Horacio Quiroga foi envolta em tragédias, pois perdeu seu pai ainda na tenra infância,  seu padrasto se suicidou, a primeira esposa e seus três filhos também ceifaram as próprias vidas... O próprio, ao descobrir que era acometido de câncer, veio a se matar, tomando uma dose fatal de cianureto, no ano de 1937... Ele nasceu em 1879, na cidade de Salto, no Uruguai, vindo a falecer em Buenos Aires. Escreveu dezenas de contos, e seu livro mais famoso é intitulado Cuentos de amor de locura y de muerte. 



Em suma, Horacio Quiroga já garantiu um lugar mais que especial em meu coração, e espero que logo possa ocupar um espaço em minha estante de livros, de preferência com tudo que foi publicado dele aqui no Brasil... Espero que tenham curtido a resenha... Conheciam o autor? Já leram algo ou pretendem ler? Me falem nos comentários... ^.~

quinta-feira, junho 25, 2015

Uma Biblioteca dentro de uma maçã parte #12

Bem, estou chegando ao final desse desafio literário, de desencalhar um livro da estante todo mês. O último livro sorteado foi A salamandra, de Morris West, que deveria ter sido lido em todo o mês de abril e só agora em fins de junho é que posso dizer que conclui a leitura... Além da falta de tempo, e de ter intercalado a obra com outras leituras, posso dizer que não foi uma experiência agradável, e fui arrastando a história por quase dois meses, foi um livro extremamente exaustivo...

Creio que o problema inicial foi a falta de divisão de capítulos. Detesto obras assim, pois se tornam muito cansativas. Outro fator negativo foi a história mesmo, que não me prendeu, a narrativa também não ajudou... Sendo assim, doarei o livro para sorteio na Roda de Leitura, porque pode agradar a outra pessoa, e é melhor do que voltar para minha estante. Me atrevo a ler outra obra de Morris West e se ainda assim ele não me surpreender, vou desistir do autor...



Bem, sorteando o último título desse desafio, o livro que saiu foi Anna Karênina, de Tolstói. São mais de 600 páginas,  e espero concluí-lo até o final de julho. Já li outras obras do autor [e gostei] mas nada tão longo... Espero que a experiência seja bem melhor do que a do sorteado anteriormente...

Assim que concluir o livro, volto aqui pra encerrar o 'Desafio da Maçã'. Até o próximo post... ^.~

terça-feira, junho 23, 2015

Domínio Público - literatura em quadrinhos

Ganhei de uma pessoa querida [Kalina] a HQ Domínio Público - literatura em quadrinhos, um compilado de contos de terror adaptados para quadrinhos por alguns desenhistas e organizadores. Na própria orelha da obra diz [e achei válido transcrever aqui] "Histórias curtas de seis grandes expoentes da literatura universal transformadas em quadrinhos que estimulam a imaginação através do rico apelo visual de suas obras."




Pois bem, nomes como Guy de Maupassant, Esopo, Isaac Babel, Bram Stocker e alguns menos conhecidos como Richard Middleton e Heinrich von Kleist tem nos traços de vários desenhistas alguns de seus contos menos conhecidos dos leitores. Não pense em ver Dracula nessa edição. O que você vai encontrar em Domínio Público é o conto A casa do Juiz. Provavelmente você pode achar que a obra de Stocker se resume apenas ao vampiro mítico, e seria injusto de minha parte desmerecer tal personagem cultuado no mundo literário de horror, mas devo fazer justiça em afirmar que o conto escrito por Stocker e adaptado na versão de Domínio Público é extremamente aterrador, e no traço de Gabriel Góes, a aura de inquietação que se instala no leitor no momento da apreciação da leitura não é de ficar atrás do 'carro-chefe' do grande Bram...

Resolvi falar um pouco sobre cada conto, pois não poderia falar da obra como um todo, sem me ater a cada história em particular. O primeiro conto adaptado é A casa do Juiz, escrito por Bram Stocker, adaptado por Mário Hélio e desenhado por Gabriel Góes. Um rapaz chamado M. decide viver num local longínquo, afastado de todo alvoroço da civilização. Na primeira noite em que chega a seu destino se instala numa hospedaria, e já no dia seguinte, parte em busca de uma residência que atenda seus interesses. Ao encontrá-la, retorna a hospedaria e fala para a senhora W. sobre sua escolha. A mulher fica apavorada mas não explica o porquê. Ele afirma que é cético e não se deixa levar por superstições ou algo do gênero. Mas já na primeira noite, ele nota que não vai ter a tranquilidade tão almejada em seu novo lar...



O segundo conto se chama A estrada de Brighton, do autor inglês Richard Middleton, adaptado também por Mário Hélio, mas dessa vez no traço de Samuel Casal. Um vagabundo surge debaixo de um monte de neve na estrada, parecia estar perdido e caído por horas naquela estrada inóspita. De repente, surge um rapaz lhe oferecendo companhia. O andarilho aceita. Ele conta que saiu de casa há seis anos e com o espanto do andarilho, ele afirma já ter morrido várias vezes nesse meio tempo... Diante da incredulidade do homem, o rapaz começa a lhe contar detalhes de sua nova condição, e como seria 'o outro lado' quando se passa a aceitar a própria morte...



O terceiro conto na verdade se divide em três mini-contos, pois se trata de adaptações de fábulas de Esopo. A primeira delas é a história do lobo e e garça, depois temos a dos dois inimigos e fechando o clico - o leão, o lobo e a raposa. Os desenhos foram feitos por Mascaro, e cada uma das fábulas traz uma lição de moral ao fim...



O horla possui um traço mais rebuscado, e tons terrosos e escuros. João Lin desenha o personagem que faz 'n perguntas para si mesmo, em que não há resposta para elas. Suas dúvidas e medos o levam a cometer a loucura de botar fogo na própria casa. Um navio que chegou do Brasil é o motivo para o personagem acreditar que um duplo o possuiu. A história é adaptada de um conto de Guy de Maupassant. O fim do personagem é trágico...

"Quando olho para a noite e vejo tantas estrelas e planetas desconhecidos, pergunto-me quem viverá ali? Que formas, que seres viventes, animais ou plantas, ali existirão? Que seres pensantes haverão nesses universos?"



O pecado de Jesus é desenhado por Fernando Lopes, e trata-se de um conto de Isaac Babel; a história é um misto do sagrado com o profano, onde uma simples criada engravida do marido e precisa cuidar das asas de um anjo, enquanto o marido a abandona e vai para a guerra. Sozinha, outros homens a cobiçam, sem pudor ou respeito. Ela não os ouve. Grávida e ébria, ela sucumbe aos pensamentos luxuriosos com o anjo a quem dá abrigo e comida...

Guazzelli ilustra o conto O terremoto no Chile, que fecha a edição. É uma adaptação da história escrita por Heinrick von Kleist. Mais uma vez o tema religioso se destaca, dessa vez contando sobre um amor proibido, fadado à morte.

São notáveis nos contos dessa HQ o pessimismo e [des]esperança humanos. A melancolia e solidão, bem como o desfecho trágico dos protagonistas. também emprestam seu papel à obra. Nos primeiros contos o leitor se sente aterrorizado, com uma espécie de medo do desconhecido. Com o passar de páginas, esse terror psicológico e claustrofóbico dá lugar à loucura e desalento, como nos contos O pecado de Jesus e O terremoto no Chile. Fatalismo é a peça-chave para a conjunção desses contos criados por mentes perturbadas, que tiveram - assim como seus personagens, fins trágicos e tristes.

Altamente recomendado para leitores que tenham fascínio por histórias mórbidas, ao estilo de Edgar Allan Poe e pessimistas, como Arthur Rimbaud e Franz Kafka. Os traços são um espetáculo à parte, que - combinados aos contos melancólicos, faz de Domínio Público - literatura em quadrinhos, uma ótima aquisição para se ter na estante...

quinta-feira, junho 18, 2015

CulturAção - Livros para ler no Inverno

Olá, gente. vi esse post no Estante da Rob e achei bacana a ideia, então resolvi fazer esse desafio pra mim também... Trata-se de um projeto de leitura onde você precisa escolher alguns livros que tenham cara de inverno e se propor a lê-los. simples, não? Como o mês de junho já tem algumas leituras pré-determinadas, resolvi adiar um pouco o início de realização do projeto, onde tentarei ler em julho alguns livros da minha estante. Estipulei apenas quatro, que estão em minha meta de leitura 2015 no Skoob, pois pretendo ler no recesso da escola, junto com um livro de parceria que estou devendo leitura há um tempinho... Por isso achei melhor não exagerar e escolhi os seguintes livros:


  1. Na natureza selvagem - Jon Krakauer
  2. As brumas de Avalon - O prisioneiro da árvore - Marion Zimmer Bradley
  3. A guerra dos tronos - George R. R. Martin
  4. A menina que roubava livros - Markus Zusac 



Eis a proposta do Projeto:

Alternativa Literária: A alternativa literária para esta data é criar uma lista dos melhores livros para serem lidos no inverno, debaixo do edredom e acompanhado de um delicioso chocolate quente. Pode ser indicações ou uma lista dos livros que você tem e vai ler no inverno. Não esqueça de falar um pouco sobre suas escolhas.



Pra mim, os livros escolhidos tem cara de inverno, lembra neve, frio e por aí vai... 

quarta-feira, junho 17, 2015

A obra-prima ignorada e Um episódio durante o terror - Honoré de Balzac

O grande Honoré de Balzac foi aniversariante mês passado e eu não queria deixar o momento passar em branco aqui no blog, por isso trago para vocês a resenha de um livro curtinho publicado ela Coleção 64 páginas, da L&PM Editores, trazendo dois contos desse autor que foi um grande representante da literatura francesa e mundial. 




A obra-prima ignorada trata da história de Nicolas Poussin, um jovem pintor parisiense que, ao visitar o atelier de seu mestre, se depara com um grande pintor discursando sobre a obra perfeita. Tanto Nicolas quanto seu mestre acabam extasiados com as belas palavras do misterioso pintor, bebendo da fonte de seus ensinamentos.

Ele esboça seus conhecimentos de maneira soberba, em como o artista pode conseguir pintar uma obra perfeita sem o uso das linhas e contornos. Engraçado que - à medida que eu lia, me sentia visualizando uma pintura sendo feita...

"Então retomei a minha obra e, usando semitons e glacis cuja transparência eu ia reduzindo mais e mais, reproduzi até as sombras mais intensas e os negros mais trabalhados, pois as sombras dos pintores comuns são de natureza diferente dos seus tons aclarados; são madeira, são bronze, seja lá o que for, tudo menos carne na sombra. Sente-se que, se a figura deles mudasse de posição, os lugares sombreados não se limpariam nem ficariam luminosos. Evitei esse defeito em que muitos dos mais ilustres caíram, e o meu branco se revela sob a opacidade da sombra mais pronunciada! Como uma porção de ignorantes, que acham que desenham direito só porque traçam linhas cuidadosamente precisas, não marquei rispidamente as bordas externas da minha figura, acentuando cada detalhe da anatomia, pois o corpo humano não acaba com linhas. Nisso, os escultores se aproximam melhor da verdade que nós.  [...] Rigorosamente falando, o desenho não existe! [...] A linha é o meio pelo qual o homem percebe o efeito da luz sobre os objetos, mas não existem linhas na natureza, na qual tudo é cheio: é modelando que se desenha, ou seja, quando se separa as coisas do meio em que elas se encontram, a distribuição a luz é que cria a aparência do corpo! De modo que não fixei os lineamentos, espalhei pelos contornos uma névoa de meias-tintas louras e quentes que fazem com que não se consiga apontar precisamente o lugar onde os contornos se encontram com os fundos."

Fascinado com a experiência do velho pintor misterioso, Poussin volta para casa com a cabeça envolta em conjecturas. Se encontra com sua amada e lhe questiona se ela posaria para outro, ela afirma que não, pois caso o fizesse, seria como atraiçoar-lhe, e mesmo quando ele argumenta que não, e ela muda de ideia, já sai da casa de seu amado com dúvidas quanto ao amor que sente por ele...

"Já estava se arrependendo de sua decisão. Contudo, em seguida, foi tomada por um pavor mais cruel do que o seu arrependimento; lutou para expulsar um pensamento terrível que se erguia em seu peito. Julgava já estar amando menos o pintor por desconfiar que ele era menos estimável."

À partir daí,  a história se adianta em três meses, com a visita de Porbus com o velho pintor Frenhofer. Esqueci de citar que apesar de descrever como criou sua obra perfeita, nunca a mostra a ninguém. Ele sente pela pintura uma paixão como se ela fosse ganhar vida. Sua musa Catherine jamais poderia se r contemplada em toda sua perfeição a outros olhos que não os seus. Quando Porbus, mestre de Poussin, insinua que ambos querem ver a pintura, em troca de Poussin oferecer sua amada para que Frenhofer a retrate, ele se recusa veementemente, com uma fúria arrebatadora...

"A minha pintura não é uma pintura, é um sentimento, uma paixão! Nasceu no meu ateliê, e nele tem de permanecer virgem, dele só pode sari vestida. A poesia e as mulheres que possuímos só se entregam nuas aos seus amantes!"
Porém, ao avistar a beleza de Gillette, ele muda de ideia e deixa que Poussin contemple a pintura Catherine...  Em seu íntimo, se animava em acreditar que sua pintura era mais bela que uma mulher de carne e osso. Chegando ao quarto onde estava a pintura tão venerada, é que os amigos percebem a que ponto vai a loucura de um pintor extasiado...

O segundo conto desse livro é intitulado Um episódio durante o terror. Um homem misterioso bate à porta de uma casa com duas freiras que estão escondidas junto com um padre, a fim de lhe pedir uma missa fúnebre, e mesmo desconfiadas, deixam o homem entrar e marcam a missa. Depois de um tempo ela é realizada e o homem promete voltar dentro de um ano. A história se passa durante a Revolução francesa, quando o rei Luis XVI foi guilhotinado... Com o passar dos dias começam a chegar provisões para o trio de religiosos, e eles atribuem esses benefícios ao homem que os visitou tempos atrás... Quando finalmente eles podem sair do esconderijo, depois de um tempo, sem o risco de serem presos, está ocorrendo um movimento estranho na cidade e então é revelada ao padre a identidade do homem que os ajudou... O desfecho dessa história surpreende o leitor, e por ser um conto curto, a tensão em saber o que acontece é ainda maior... Como eu disse, o final surpreende...

Recomendo a leitura de A obra-prima ignorada seguido de Um episódio durante o terror aqueles que nunca leram nada de Honoré De Balzac, pois seria uma proposta interessante aos iniciantes em sua literatura... ainda mais por se tratar de um livrinho tão curto, que pode ser lido em pouco mais de uma hora...

espero que tenham gostado da resenha, e até o próximo post... ^.~

domingo, junho 14, 2015

Resenha: Encontro fatal, de Milo Manara

Encontro Fatal é a primeira HQ de Milo Manara em minha estante. Mas já conhecia o artista de outros quadrinhos, lidos em pdf. Mais conhecido por suas obras Bórgia, O clic e Gullivera, Manara nos traz em Encontro Fatal a história de Valeria [minha xará], socialite casada com um homem atolado em dívidas. A fim de sustentar o luxo da mulher, o marido contraiu empréstimos e não conseguiu impedir o barco de afundar, causando aí um enorme problema [sexual] para sua esposa...



O cruel credor está disposto a recuperar seu dinheiro e vai usar de todos os artifícios para atingir o marido de Valeria, inclusive submetendo-a a humilhações sexuais com um de seus empregados, até a dívida do marido ser paga. Então, todos os dias, às 18:00 horas, Valeria é submetida a relações sexuais contra sua vontade com o funcionário do credor, até que seu marido quite a dívida que tem com ele. Ela vira literalmente um brinquedo sexual na mão do homem, que não tem escrúpulos de caçá-la até os confins da terra para cumprir sua meta diária de sexo...


Interessante o fato do marido de Valeria ser um político em ascensão que só pensa na carreira, e na hora de ajudar a mulher a sair da situação que ele mesmo criou, ele 'tira o corpo fora', se mostrando um verdadeiro covarde e incapaz. A personagem Valeria, por sua vez, desde o início da história se mostra lasciva e mimada. Não via problemas em ver o marido se endividar, desde que seu luxo não fosse prejudicado ou interrompido. 

Não vou me ater a fazer uma análise profunda sobre o papel da mulher violada ou algo relacionado a apologia ao estupro, mas para quem conhece as histórias em quadrinhos de Manara, percebe que em várias delas a mulher é representada dessa maneira, tentando despistar/escapar das artimanhas sexuais dos personagens masculinos. As hq's dele são sádicas. Em algumas outras, elas é que 'atacam' os protagonistas... Acredito eu que não é um quadrinho que vá agradar às mais feministas e afins... O desfecho de Encontro Fatal me deixou completamente absorta, pois nunca imaginaria que a trama fosse acabar da maneira que acabou... Foi realmente um final inusitado...

Valeria

Apesar do teor violento, é importante frisar o trabalho artístico de Manara, que possui um traço bem característico. As mulheres de Milo Manara são verdadeiros espetáculos aos olhos do leitor/apreciador. Nascido em 1945, na Itália, Milo é um dos mais importantes nomes do quadrinho erótico da Europa. Sua obra é um verdadeiro clássico do gênero e tem admiradores em todo o mundo. Não apenas pelo traço, mas pela maneira como conduz suas histórias... 

Desnecessário avisar que o quadrinho é uma obra para maiores de 18 anos, por causa do teor violento e sexual nele apresentado. Com apenas 48 páginas e publicado pela Conrad Editora, Encontro Fatal não foi a melhor obra de Milo Manara que já tive a oportunidade de ler, mas ainda assim, acho válida conhecer... 

sábado, junho 13, 2015

Cartas de Oscar Wilde para seu amado Bosie

"Ele também arruinou minha vida, mas que posso fazer? Não posso parar de amá-lo – é a única coisa que posso fazer.”

Ontem eu havia postado algumas cartas que escritores enviaram às pessoas amadas, mas quando fui 'catar' na net o que poderia ser utilizado no post, encontrei as cartas de Oscar Wilde para seu amante Bosie, mas por serem muitos trechos que gostaria de mostrar a vocês, resolvi fazer um post único apenas para esse casal... Espero que gostem da postagem...

Wilde se envolveu com Bosie numa sociedade vitoriana extremamente julgadora da homossexualidade. Chegou a ser ameaçado, preso, a família lhe deus as costas, sua mulher levou seus filhos embora, mudou de sobrenome. Wilde era conhecido pela acidez de seus textos, que criticavam a sociedade preconceituosa e cheia de 'falsas convenções'. Dentre suas obras mais conhecidas, temos O retrato de Dorian Gray e O príncipe feliz. Escreveu Salomé, uma peça famosa baseada na história bíblica de João Batista. Publicou vários contos e inclusive uma carta para Bosie, enquanto esteve na prisão, intitulada De Profundis

Ele conheceu Alfred Douglas em 1891. O lorde tinha na época 21 anos. O responsável de ter enviado Oscar para a prisão foi o pai de Alfred, John Douglas, o 9º Marquês de Queensberry, que não queria que seu filho se envolvesse num escândalo. De qualquer forma, o romance foi à tona e até hoje Bosie - como ficou conhecido - é lembrado acima de qualquer coisa, como o amante de Oscar Wilde. 

Após sair da prisão, em 1897, Wilde mudou de nome e passou a viver de forma simples, escrevendo pouco, a maioria de seus amigos o haviam lhe dado as costas... Em novembro de 1900, veio a falecer, devido a uma meningite, agravada pelos problemas com bebida e sífilis. Seu único amigo, Robert Ross, que tinha esperado por ele na porta da prisão, cuidou dos detalhes finais de sua vida, do enterro e tudo mais... 

Oscar Wilde é um de meus autores preferidos, e este post é uma forma de corrigir minha heresia de nunca ter falado sobre ele aqui antes... Logo pretendo fazer umas [re]leituras de alguns livros para resenhá-los para vocês... Mas por enquanto, fiquem com os trechos escritos para Bosie [o maldito Bosie], que virou as costas para o homem que lhe devotou tanto amor, que enfrentou toda uma época para ficar ao seu lado, e que foi retribuído com desprezo e abandono...




“Meu mais amado de todos – Sua carta foi deliciosa – como vinho da melhor safra pra mim – Mas ando meio triste – Bosie – Você precisa parar de fazer cenas comigo – elas me matam – elas destroem o meu prazer de viver – Eu simplesmente não posso lidar com a ideia que você, tão belo e disforme pela paixão; abra seus lábios para dizer coisas horrendas sobre mim – não faça isso – você destrói o meu coração – eu preferiria ser “alugado” o dia inteiro a tê-lo ao meu lado de modo tão amargo, injusto e horrendo – horrendo!”

*alugado era um termo que significava 'prostituído'.


“Eu preciso ver você logo – você é a coisa divina que eu mais quero – uma coisa feita de graça e genialidade – Mas, mas eu não sei como fazer isso – Devo ir ver você em Salisbury - ? – São muitas dificuldades – minha conta aqui é de 49 libras por semana! Eu tenho ainda as despesas de um apartamento perto do Tamisa – mas você, porque você não está aqui, meu querido, meu rapaz maravilhoso - ? – Temo ter de partir; sem dinheiro, sem crédito, e com um coração de chumbo.
Todo seu,
Oscar”

Carta escrita em 1893:
“Meu querido garoto,

Estou sendo pressionado pelas asas dos abutres credores voando sobre minha cabeça, e fora essa falta de sorte, estou feliz em saber que somos amigos de novo, e que o nosso amor passou pela sombra e pela a luz do estranhamento e da tristeza e saiu disso radiante como antigamente. Sejamos sempre, infinitamente querido um para o outro, como, aliás, sempre fomos.

Penso em você todos os dias, e serei sempre dedicado a sua pessoa.

Oscar”

As cartas escritas por Wilde eram melancólicas e percebia-se nas entrelinhas a dor que ele sentia por ser abandonado por Bosie, em vários momentos do relacionamento, principalmente quando Oscar se encontrava em dificuldades. Bosie não passava de um arrogante mimado e insensível. Ingrato e frio. 


“Meu querido garoto,
Espero que os cigarros tenham chegado bem. Almocei com Gladys de Grey, Reggie e Aleck York hoje. Eles querem que eu vá para Paris com eles na quinta-feira e me dizem para vestir um casaco de flanela e por um chapéu de palha para jantar no Bois, mas, é claro, eu não tenho dinheiro, como de costume, e não poderei ir. E além disso, eu quero ver você. É realmente um absurdo. Eu não posso viver sem você. Você é tão querido, tão maravilhoso. Eu penso em você o dia todo e perder a sua graça, sua beleza juvenil, sua sagacidade afiada, a fantasia delicada de seu gênio, sempre tão surpreendente em seus debates profundos e repentinos sobre o norte e sul, o sol e lua - e, acima de tudo, sobre si mesmo. Isso me corrói. A única coisa que me consola agora é o que uma cartomante da Rua Mortimer disse para mim. Se eu pudesse não acreditaria nas palavras dessa mulher, mas não posso, não consigo, e prefiro acreditar que no início de janeiro eu e você vamos embora juntos para uma longa viagem, e que a sua linda vida irá sempre de mãos dadas com a minha. Meu caro rapaz maravilhoso, eu espero que você seja brilhantemente feliz.”

Trecho escrito em 1892:

“Querido Bosie… eu gostaria enormemente de partir com você para qualquer lugar, um lugar onde haja calor e cor”.


Então é isso... espero que tenham gostado do post...
Encontrei muitas das informações e trechos traduzidos aqui.

sexta-feira, junho 12, 2015

Escritores e poetas e suas cartas de amor...

Hoje é dia dos namorados, data comemorada aqui no Brasil em 12 de junho, então resolvi fazer um post temático a respeito. Trata-se de um compilado que fiz de cartas que alguns autores enviaram às pessoas amadas. Então, vamos lá... Escolhi alguns autores que mais gosto. 

Fiódor Dostoievski para sua amada Anna Grigórievna Snítkina [1867].

"Bom dia, anjo querido, beijo-te muito. Pensei em ti durante todo o caminho. Acabo de chegar. Sinto-me cansado e instalei-me para te escrever. Acabam de trazer-me chá, e água para me lavar, mas no intervalo escrevo-te umas linhas. (…) Na sala de espera da estação andei de lá para cá a pensar em ti e dizia comigo: mas porque deixei eu a minha Anuska?
Recordava tudo, até ao mais ínfimo escaninho da tua alma e do teu coração. Desde que casámos que descobri não ser digno de um anjo tão doce, tão belo, tão puro como tu – e que crê em mim. Como pude eu deixar-te? Para onde vou? Porquê? Deus confiou-te a mim para que nenhuma das riquezas da tua alma se perdesse – pelo contrário, para que tudo se desenvolva e floresça rica e esplendorosamente. Deus entregou-te a mim para que, por ti, eu resgate os meus enormes pecados, ao apresentar-te a Ele amadurecida, conservada, salva de tudo o que é baixo e ofende o espírito. E eu (…) eu o que faço é perturbar-te com coisas tão estúpidas como a minha viagem a este lugar."


Machado de Assis, para sua amada Carolina de Novais [1869].

"Diz a Madame de Stael que os primeiros amores não são os mais fortes porque nascem simplesmente da necessidade de amar. Assim é comigo; mas, além dessa, há uma razão capital, e é que tu não te pareces nada com as mulheres vulgares que tenho conhecido. Espírito e coração como o teu são prendas raras; alma tão boa e tão elevada, sensibilidade tão melindrosa, razão tão recta não são bens que a natureza espalhasse às mãos cheias (…). Tu pertences ao pequeno número de mulheres que ainda sabem amar, sentir, e pensar. Como te não amaria eu? Além disso tens para mim um dote que realça os mais: sofreste. É minha ambição dizer à tua grande alma desanimada: «levanta-te, crê e ama: aqui está uma alma que te compreende e te ama também».
A responsabilidade de fazer-te feliz é decerto melindrosa; mas eu aceito-a com alegria, e estou certo que saberei desempenhar este agradável encargo. Olha, querida; também eu tenho pressentimento acerca da minha felicidade; mas que é isto senão o justo receio de quem não foi ainda completamente feliz?
Obrigado pela flor que mandaste; dei-lhe dois beijos como se fosse a ti mesma, pois que apesar de seca e sem perfume, trouxe-me ela um pouco de tua alma. Sábado é o dia da minha ida; faltam poucos dias e está tão longe! Mas que fazer? A resignação é necessária para quem está à porta do paraíso; não afrontemos o destino que é tão bom connosco. (…) Depois… depois querida, queimaremos o Mundo, porque só é verdadeiramente senhor do Mundo quem está acima das suas glórias fofas e das suas ambições estéreis. Estamos ambos neste caso; amamo-nos; e eu vivo e morro por ti."


Carta de Fernando Pessoa a Ofélia Queiroz [1920].


"Meu Bebé pequeno e rabino:


Cá estou em casa, sozinho, salvo o intelectual que está pondo o papel nas paredes (pudera! havia de ser no tecto ou no chão!); e esse não conta. E, conforme prometi, vou escrever ao meu Bebezinho para lhe dizer, pelo menos, que ela é muito má, excepto numa coisa, que é na arte de fingir, em que vejo que é mestra.
Sabes? Estou-te escrevendo mas não estou pensando em ti . Estou pensando nas saudades que tenho do meu tempo da caça aos pombos ; e isto é uma coisa, como tu sabes, com que tu não tens nada...
Foi agradável hoje o nosso passeio — não foi? Tu estavas bem disposta, e eu estava bem disposto, e o dia estava bem disposto também (O meu amigo, não. A. A. Crosse: está de saúde — uma libra de saúde por enquanto, o bastante para não estar constipado).
Não te admires de a minha letra ser um pouco esquisita. Há para isso duas razões. A primeira é a de este papel (o único acessível agora) ser muito corredio, e a pena passar por ele muito depressa; a segunda é a de eu ter descoberto aqui em casa um vinho do Porto esplêndido, de que abri uma garrafa, de que já bebi metade. A terceira razão é haver só duas razões, e portanto não haver terceira razão nenhuma. (Álvaro de Campos, engenheiro).
Quando nos poderemos nós encontrar a sós em qualquer parte, meu amor? Sinto a boca estranha, sabes, por não ter beijinhos há tanto tempo... Meu Bebé para sentar ao colo! Meu Bebé para dar dentadas! Meu Bebé para...
(e depois o Bebé é mau e bate-me...) «Corpinho de tentação» te chamei eu; e assim continuarás sendo, mas longe de mim.
Bebé, vem cá; vem para o pé do Nininho; vem para os braços do Nininho; põe a tua boquinha contra a boca do Nininho... Vem... Estou tão só, tão só de beijinhos ...
Quem me dera ter a certeza de tu teres saudades de mim a valer . Ao menos isso era uma consolação... Mas tu, se calhar, pensas menos em mim que no rapaz do gargarejo, e no D. A. F. e no guarda-livros da C. D. & C.! Má, má, má, má, má...!!!!!
Açoites é que tu precisas.
Adeus; vou-me deitar dentro de um balde de cabeça para baixo para descansar o espírito. Assim fazem todos os grandes homens — pelo menos quando têm — 1º espírito, 2º cabeça, 3º balde onde meter a cabeça.
Um beijo só durando todo o tempo que ainda o mundo tem que durar, do teu, sempre e muito teu
Fernando (Nininho)."

Carta de Virginia Woolf para o marido, Leonard [1941]



“Meu Muito Querido:
Tenho a certeza de que estou novamente enlouquecendo: sinto que não posso suportar outro desses terríveis períodos. E desta vez não me restabelecerei. Estou começando a ouvir vozes e não consigo me concentrar. Por isso vou fazer o que me parece ser o melhor.
Deste-me a maior felicidade possível. Fostes em todos os sentidos tudo o que qualquer pessoa podia ser. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes até surgir esta terrível doença. Não consigo lutar mais contra ela, sei que estou destruindo a tua vida, que sem mim poderias trabalhar. E trabalharás, eu sei. Como vês, nem isto consigo escrever como deve ser. Não consigo ler.
O que quero dizer é que te devo toda a felicidade da minha vida. Fostes inteiramente paciente comigo e incrivelmente bom.
Quero dizer isso — toda a gente o sabe. Se alguém me pudesse ter salvo, esse alguém terias sido tu. Perdi tudo menos a certeza da tua bondade. Não posso continuar a estragar a tua vida.
Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes do que nós fomos.
V.”
Decerto essa foi uma das mais tristes, por se tratar de uma carta de despedida, pois Virgínia se suicidou logo após...


Carta de Lord Byron a sua amada Teresa de Guiccioli [1819].

"Meu amor adorado: a tua querida cartinha ao chegar-me hoje às mãos veio dar-me o primeiro momento de alegria desde que partiste. O que eu sinto corresponde exactamente – ai de mim – aos sentimentos que expressas, mas é-me muito difícil responder na tua bela língua a essas doces expressões, que merecem uma resposta mais em actos do que em palavras. Espero, no entanto, que o teu coração seja capaz de sugerir tudo o que o meu gostaria de te dizer. Talvez que se te amasse menos não me custasse tanto exprimir o meu pensamento, pois tenho de vencer a dupla dificuldade de expor um sofrimento insuportável numa língua estranha. Desculpa os meus erros. Quanto mais bárbaro for o meu estilo, mais se assemelhará ao meu Destino longe de ti. Tu, o meu único e derradeiro amor – tu, minha única esperança – tu, que já me habituara a considerar só minha – partiste e eu fiquei sozinho e desesperado. Eis a nossa história em poucas palavras. É esta uma provação que suportaremos como outras suportámos, porque o amor nunca é feliz, mas devemos, tu e eu, sofrer mais ainda, pois tanto a tua situação como a minha são igualmente extraordinárias.
(…) Quando o Amor não é o Senhor de um coração, quando não cede tudo perante ele, quando não se lhe sacrifica tudo, então trata-se de Amizade, – de estima – de tudo o que tu quiseres, mas de Amor é que não.
(…) Antes de te conhecer estava sempre interessado em muitas mulheres, nunca numa só. Agora, que te amo, não existe nenhuma outra mulher no Mundo. Falas de lágrimas e da nossa desdita; o meu sofrimento é interior, não choro.
(…) Meu tesouro adorado – tremo enquanto te escrevo, como treme o mesmo doce bater de coração. Tenho milhares de coisas para te dizer e não sei como dizer-tas – um milhão de beijos para te dar, e, ai de mim, quantos suspiros! Ama-me – não como eu te amo, pois te sentirias muito infeliz; não me ames como eu mereço, pois não seria o bastante – ama-me como te ordena o coração. Não duvides de mim. Sou e serei sempre o teu mais terno amante." 

Henry Miller, em carta a Anais Nïn [1932]


"Tudo o que posso dizer é que estou louco por ti. Tentei escrever uma carta e não consegui. Estou constantemente a escrever-te... Na minha cabeça, e os dias passam, e eu imagino o que pensarás. Espero impacientemente por te ver. Falta tanto para terça-feira! E não só terça-feira... Imagino quando poderás ficar uma noite... Quando te poderei ter durante mais tempo... Atormenta-me ver-te só por algumas horas e, depois, ter de abdicar de ti. Quando te vejo, tudo o que queria dizer desaparece... O tempo é tão precioso e as palavras supérfluas... Mas fazes-me tão feliz... porque eu consigo falar contigo. Adoro o teu brilhantismo, as tuas preparações para o voo, as tuas pernas como um torno, o calor no meio das tuas pernas. Sim, Anais, quero desmascarar-te. Sou demasiado galante contigo. Quero olhar para ti longa e ardentemente, pegar no teu vestido, acariciar-te, examinar-te. Sabes que tenho olhado escassamente para ti? Ainda há demasiado sagrado agarrado a ti. "


Gostaria de acrescentar as cartas de Oscar Wilde a seu amante Bosie, mas o post ficaria deveras extenso... então, resolvi postar amanhã apenas sobre os dois, aguardem... ;) 
espero que tenham curtido o post e a pequena homenagem aos enamorados...

quinta-feira, junho 11, 2015

Mochilão Record e Exposição do Museu egípcio itinerante

Rafa, Geise, Carol, eu e Tailany

Olá, leitores queridos. Hoje venho falar sobre dois eventos que participei esses dias. O primeiro deles foi O Mochilão da Record, realizado no dia 30 de maio, no Teatro Eva Herz, dentro da Livraria Cultura do Shopping RioMar... Me encontrei com umas amigas e logo o evento se mostrou super divertido. 


Cah, Tai e eu

 Logo na entrada, ganhamos um kit de ecobag com uns mimos lindos dentro. Houveram vários sorteios mas eu não ganhei nenhum, infelizmente... Mas, isso não foi motivo pra não ter curtido o evento, muito pelo contrário. Ele foi o melhor encontro literário que já fui até hoje...


Graças a Guilherme Filippone, que me fez rir do início ao fim com suas brincadeiras e jeito irreverente de ser... Virei fã do cara [*risos*]. Ele e Shirley apresentaram os lançamentos do segundo semestre de 2015, e anotei alguns títulos que mais me chamaram a atenção, entre eles Memória da água, Red Hill,  A garota no trem e o Manual do Império Star Wars. 

Kit que eu ganhei


O evento acabou e já fiquei desejando o próximo. espero que ano que vem eles possam vir novamente. Vou adorar rever o Guilherme. Ele é muito fofo, gente. Nunca mais verei uma roleta e o nome Elena da mesma forma que antes. [entendedores entenderão...]

Filippone e eu



No dia seguinte, 31 de maio, Minho me leva para a exposição do Museu Egípcio Itinerante, que está no Shopping Guararapes desde abril e vai até o dia 14 de junho. Depois eles vão para outra cidade... ao lado tem uma loja com produtos egípcios e Mow me deu uma Bastet linda de presente... A exposição traz peças feitas pelo artista plástico Essam El Batai, que são mais de 250 réplicas de grandes e importantes obras que estão espalhadas por museus no mundo inteiro, bem fiéis às originais. O ingresso custou 20 reais [meia entrada 10.00], e lá dentro pudemos admirar todo o trabalho do artista, numa tarde mais que agradável... 





Próximo às esculturas, havia uma breve explicação de cada peça, a história delas e seus significados, facilitando a vida de quem foi conhecer o trabalho do artista e não sabia muita coisa a respeito das obras...




Enquanto eu admirava a exposição, Minho foi tirando fotos, registrando tudo, claro... Ele também se empolgou com as peças... Abaixo, mais alguns registros do dia...








Ontem eu estive na loja novamente, mas nem tirei fotos de lá [erro meu >.<]. Comprei mais algumas peças para minha coleção, incluindo um sarcófago dourado muito lindo. Logo eu faço um post falando sobre o meu amor pelo Egito... hehe... Bem, espero que tenham gostado do post... Como falei, meu fim de semana foi divertidíssimo... Até o próximo post, pessoal...

terça-feira, junho 09, 2015

A mão esquerda de Dex... ops! de Deus...

Bem, trago para você as impressões de um livro que me envolveu nos últimos dias: Dexter - a mão esquerda de Deus, do autor Jeff Lindsay. Alguns já sabem, mas não custa informar que sou apaixonada pela série, e apesar de ter visto recentemente as temporadas que faltavam, com exceção da última [que falaram que é uma porcaria] eu resolvi pausar a série pra iniciar os livros, pois não quero me despedir de uma vez do mais maravilhosos serial killer da literatura atual já criado... Enfim...



Confesso que comecei a leitura esperando ser uma cópia exata do que tinha visto na série, e afora algumas coisas idênticas, o livro segue uma linha diferente... A essência da história é a mesma da primeira temporada mas o rumo que a história toma é diferente quanto ao desfecho do livro... A meu ver, foi algo bastante inusitado e me surpreendeu de forma positiva... Mas vamos voltar ao livro...

A mão esquerda de Deus começa nos apresentando Dexter, um analista de sangue em cenas de crime, que trabalha na polícia de Miami, se veste como um nerd de laboratório, e passa em branco em várias situações. Mora sozinho, tem uma namorada que já foi casada, mãe de dois filhos [IrRita - sim, a detesto] e é irmão de criação de Debora Morgan, que almeja uma posição maior no departamento, mas está envolta numa série de crimes onde prostitutas aparecem mortas, esquartejadas e sem uma gota sequer de sangue no corpo... A única coisa que ninguém sabe sobre o quieto e simpático rapaz que trabalha no laboratório é que ele é um assassino que mata outros assassinos, após investigar e reunir provas suficientes para justificar seus escolhidos para a morte. 

Dex passa a imagem de um bom rapaz, mas na verdade é tudo fingimento. Não que ele seja alguém de má índole - ele só mata pessoas ruins - mas ser uma espécie deturpada de 'justiceiro' não o livraria de uma cadeira elétrica no estado da Flórida... Então, ele guarda segredo desse seu lado sombrio e ninguém na delegacia desconfia de suas ações... Ninguém exceto o sargento Doakes... Para Doakes, algo em Dexter 'fede', e ele pretende descobrir o que é. A cara de bom moço que oferece rosquinhas aos seus companheiros de trabalho não engana o sargento valentão...



Doakes faz a linha tira durão e correto, temos também o latino Angel, o 'tarado' Masuoka [responsável pelas melhores tiradas de humor na série e nos livros], Deb, irmã de Dex, LaGuerta, a ambiciosa detetive que passa por cima de tudo e de todos para subir de cargo, mesmo que tenha que pisar em algumas cabeças pra isso, o Capitão Mathews, que vive pressionando LaGuerta a solucionar os casos, e Harry, o pai morto de Dexter que o ensinou a canalizar sua 'voz interior' [ou Passageiro sombrio, como Dexter o chama], em matar apenas assassinos, pois Harry percebeu desde cedo o que Dexter era...

A namorada de Dexter, Rita, é uma mulher que teme um aprofundamento na relação com Dexter devido ao histórico violento com o ex-marido. Para ele, ela é perfeita para camuflar sua vida 'secreta' e mostrar à sociedade o quanto é um cara normal. Apesar de tudo, ele gosta muito dos filhos de Rita, na maneira de gostar de um psicopata'... Ele também nutre um carinho especial por sua irmã Deb, e faz o que pode para ajuda-la a raciocinar e solucionar o crime do assassino esquartejador de mulheres, pois isso seria uma oportunidade de fazer com que ela seja promovida... 

A história é toda contada pelo ponto de vista de Dexter, como se ele conversasse com o leitor, embora faça alguns monólogos em boa parte do livro... A leitura flui de maneira suave, e ao mesmo tempo instiga o leitor a querer saber o que vai se passar no capítulo seguinte. Os capítulos são curtos, tornando a leitura prazerosa e não cansativa... Ao todo, são 272 páginas com uma história que vai deixar os fãs do protagonista mais que satisfeitos... 

Dexter é puro charme...


A série de livros conta com oito volumes. Deu origem a série que teve oito temporadas. Os livros estão em minha Wishhlist e graças a uma professora minha da faculdade, tive a chance de riscar dois itens da lista, pois ela me deu os dois primeiros volumes... Em breve lerei o segundo e volto aqui pra comentar com vocês o que eu achei...

Não pretendo me estender muito na história pois tiraria o brilho da leitura, mas adianto que o desfecho é totalmente inovador, principalmente para aqueles que esperam algo parecido com o fim da primeira temporada. Mudaram alguns pontos na série, mas isso não compromete a leitura do livro... 

Dexter -  a mão esquerda de Deus é uma publicação da Editora Planeta do Brasil. Espero que tenham curtido. Me contem nos comentários se vocês gostam da obra/série ou se tem vontade de conhecer... 


domingo, junho 07, 2015

Poeminha em língua de brincar, de Manoel de Barros



Li alguns livros interessantes no mês de maio, mas a maior surpresa para mim foi uma leitura em pdf de um livro infantil de Manoel de Barros, um de meus autores/poetas brasileiros preferidos. Corrigindo a heresia de ter lido vários títulos dele e ainda não ter compartilhado as impressões de alguns deles aqui no blog, venho por meio desta [mini] resenha apresentar Poeminha em língua de brincar, publicado pela Editora Record. Apesar de ser uma história infantil, não deixa de encantar adultos [como eu] que amam sentir o gostinho da infância ao folhear as páginas de um bom livro... Vamos lá...

Poeminha em forma de brincar tem apenas 16 páginas. Isso mesmo. Poucas páginas com o poder de fazer o leitor viajar pela leitura de forma leve e divertida. O poeta brinca com as palavras formando versos que trazem o leitor à reflexão de como seria o mundo se não fosse o faz-de-conta. Imaginem um mundo sério, reto, sem regras a serem quebradas e sem fantasia. No mínimo enfastioso, não? Pois Manoel faz com que um menino, que tinha 'sonho de ave' falasse na língua das aves e crianças, desafiando a própria razão. Para ele, as palavras eram mais interessantes quando floreadas, e não para [apenas] pensar. 



Pensar dava muito trabalho, não havia graça em pensar. Usar as palavras com criatividade para descrever sensações abstratas era mais interessante...

"Mas o garoto que tinha no rosto um sonho de ave extraviada
Também tinha por sestro jogar pedrinhas no bom senso.
E jogava pedrinhas:
Disse que ainda hoje vira a nossa Tarde sentada sobre uma lata ao modo que um bentevi sentado na telha.
Logo entrou a Dona Lógica da Razão e bosteou:
Mas lata não aguenta uma Tarde em cima dela, e ademais a lata não tem espaço para caber uma Tarde nela!
Isso é língua de brincar
É coisa-nada.
O menino sentenciou:
Se o Nada desaparecer a poesia acaba."




Há que se fazer poesia com as palavras para que a vida tenha um pouco mais de graça e suavidade... O livro conta com lindas ilustrações, feitas por Martha Barros. A primeira edição é de 2007... Em suma, é um livro para todas as idades, para aqueles que buscam beleza e poesia na simplicidade das coisas e das palavras...