Em 30 de novembro de 1900 morria Oscar Wilde, polêmico escritor do século XIX, que teve um conturbado relacionamento homoafetivo em plena era vitoriana e com seus escritos desafiou a aristocracia inglesa com suas críticas mordazes contra as falsas e moralistas convenções sociais da época...
Oscar é um de meus autores preferidos, e a primeira obra que li dele chama-se O Fantasma de Canterville, seguido de O príncipe Feliz. A Editora Paz e Terra lançou uma pequena edição com as duas histórias e são elas que trago hoje a vocês, numa pequena ode ao grande e refinado escritor que ele foi...
A soberba de Wilde é inerente à seus escritos. Sua obra mais famosa é O retrato de Dorian Gray. Escreveu peças como Salomé - baseada na história do João Batista bíblico, entre outros contos magistrais... Mas em outra ocasião propícia falarei sobre estas outras obras. Vamos nos atentar à Canterville...
O ministro americano Sr. Hiram B. Otis comprou a Canterville Chase, não imaginaria que iria herdar junto com a propriedade um ilustre fantasma da família Canterville, que assombrava a propriedade há pelo menos 300 anos. Porém, sua racionalidade impedia-o de acreditar em alguma presença fantasmagórica e se mudou com sua família assim mesmo. Logo o fantasma se faz presente, e é recebido com desdém por parte de alguns membros da família em algumas situações inusitadas...
"Meu querido senhor - disse o sr. Otis - , devo realmente insistir em que lubrifique essas correntes e para isso lhe trouxe um vidrinho do Lubrificante Sol Levante de Tammany. Dizem que é muito eficaz logo na primeira aplicação. [...] Com essas palavras, o ministro dos Estados Unidos colocou a garrafinha em uma mesa de mármore e, fechando a porta, voltou para a cama.
Por um instante, o fantasma de Canterville ficou imóvel de natural indignação, [...] disparou corredor afora, lançando gemidos cavernosos e emitindo uma sinistra luz verde. Porém, no instante em que chegou ao topo da grande escada de carvalho, uma porta abriu-se de repente, surgiram duas pequenas figuras vestidas de branco e um enorme travesseiro passou zuindo pela sua cabeça! [...] adotando às pressas a Quarta Dimensão do Espaço como meio de fuga, desapareceu por entre os lambris e a tranquilidade voltou a reinar na casa."
O Príncipe Feliz é a triste estória de uma andorinha que faz amizade com a estátua de um príncipe, que ornamenta o centro de uma cidade. A andorinha deveria migrar com as de sua espécie ao Egito, mas acaba ficando na cidade, ajudando pessoas pobres que ali vivem, a pedido do menino-estátua... Mas o inverno se aproxima, e com o vento enregelante, a morte pode tomar a vida da pobre ave... À medida em que a estátua se desnuda de seus ornamentos a fim de tirar da pobreza os habitantes que a andorinha visita, vai ficando 'feia' aos olhos dos ilustres políticos da cidade, perdendo seu 'valor', restando apenas a iminência de acabar numa fornalha...
O conto tem um desfecho poético, embora infeliz. E serve como crítica a uma sociedade vazia e ambiciosa, onde os poderosos se banqueteiam ao mesmo tempo em que nas sacadas de suas janelas gemem crianças a passar fome... A andorinha se sacrifica pela amizade do menino-estátua, e este, apesar de sua bondade, não resiste à futilidade humana... Logo ele, que humano já foi um dia...
Oscar Wilde é possuidor de uma escrita pungente e mordaz, ao mesmo tempo que traz leveza e profundidade à suas obras - um paradoxo a se analisar, refletir, saborear...
Espero que tenham gostado da resenha... Até o próximo post...
Oscar Wilde é possuidor de uma escrita pungente e mordaz, ao mesmo tempo que traz leveza e profundidade à suas obras - um paradoxo a se analisar, refletir, saborear...
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