segunda-feira, fevereiro 29, 2016

12 Meses de Poe: O demônio da Perversidade






"Não há na natureza paixão mais diabolicamente impaciente como a daquele que, tremendo à beira de um precipício, pensa dessa forma em nele se lançar. Deter-se, um instante que seja, em qualquer concessão a essa ideia é estar inevitavelmente perdido, pois a reflexão nos ordena que fujamos sem demora e, portanto digo-o, é isto mesmo que não podemos fazer. Se não houver um amigo que nos detenha, ou se não conseguirmos, com súbito esforço recuar da beira do abismo, nele nos atiraremos e destruídos estaremos."





 Publicado pela primeira vez em 1845 na Revista Graham, O demônio da Perversidade começa como um ensaio do autor, falando sobre certos impulsos humanos a quem ele caracteriza como sendo uma espécie de 'demônio', que compele o indivíduo a fazer coisas que não devia, um imp a tentar o Homem, cheio de sentimentos autodestrutivos... 

Ele prossegue em seu estudo afirmando que todo ser humano está sujeito a ação de tal 'demônio', e que todos estão propensos a por em prática as ações de autodestruição 'sopradas' em nossa consciência por pensamentos perturbadores...

"O impulso converte-se em desejo, o desejo em vontade, a vontade numa ânsia incontrolável, e a ânsia (para profundo remorso e mortificação de quem fala e num desafio a todas as consequências) é satisfeita."

Os elementos sobrenaturais tão comuns aos contos de Edgar Allan Poe dão espaço a um teor psicológico nessa 'short story' de apenas quatro páginas. Com a maestria familiar de prender o leitor em suas obras, Poe desvela um assassino que confessa - em leito de morte - seu crime, com certo orgulho, embora até aquele momento, ninguém sequer imaginasse que ele tinha sido o algoz... 

Através do personagem, a perversidade que o Homem traz consigo é facilmente mascarada sob o pretexto de que todos podem nutrir tais sentimentos e que 'do pensar' ao 'pô-los em prática', a linha é bastante tênue... O assassino sente certo deleite em confessar seu crime, como se afrontasse o pensamento comum de que tais perversidades devem ser mantidas na mente daqueles que o sentem, ao invés de escancarados, por medo de julgamentos sociais. Com isso, ele acaba por afrontar a moral. 

A [re]leitura deste conto se deu por conta do Desafio 12 meses de Poe. Para mais detalhes a respeito, visite os links abaixo...


domingo, fevereiro 28, 2016

Pssica


Pssica, escrito por Edyr Augusto e publicado pela Boitempo Editorial é um daqueles livros que eu nunca teria chance de ler se não fosse por indicação de um grande amigo. E não por não ter - a primeira vista - encontrado algo de instigante em sua proposta - mas sim por não ver uma divulgação ampla sobre a obra... Mas eis que tive a chance de ler e o que pude sentir além de um soco no estômago, foi uma sensação de impotência pela incapacidade de conhecer de perto e/ou fazer algo que soasse como significativo a respeito da situação abordada. 

Romance contemporâneo paraense, Pssica é uma história dramática, de narrativa visceral e possui um ritmo alucinante, que fala sobre rapto e prostituição de garotas na região norte do país... Uma adolescente que acabou expulsa de casa, condenada a humilhação pública em seu meio por um vídeo que vazou na internet em que ela faz sexo com seu namorado. O próprio havia distribuído o vídeo para que todos pudessem ver, e ao saber disso, seu pai a envia para morar com uma tia, em outra cidade, pois se sente envergonhado pela exposição sexual da filha, Janalice.




Lá chegando, logo Janalice conhece uma realidade bem cruel. É abusada pelo namorado da tia e não aguentando essa situação, acaba procurando a rua. Menor, encontra uma garota problemática que mora nas redondezas mas não parece ser 'boa companhia', pois vive metida com drogas e pessoas perigosas... E eis que num dia comum, Janalice se vê empurrada para dentro de uma van e sua vida muda completamente a partir daí. Se achava que estava vivendo num inferno, certamente era numa camada menos profunda de lá... 

Nesse ínterim, após descobrir seu desaparecimento, os pais se desesperam e conhecendo um amigo aposentado, que era policial, acaba tendo ajuda dele para encontrar sua filha. As pistas levam Amadeu a ambientes urbanos carregados de violência, verdadeiras 'terra-sem-lei' onde quem impera é quem detém o capital... Políticos influentes que compram liberdade, silenciam testemunhas, entre outras bárbaries - e que apesar de soarem absurdas numa história ficcional, se fazem presentes na nossa dura realidade...

Em paralelo ao horror vivido por Janalice, conhecemos um angolano que perdeu sua mulher de forma cruel para um grupo de bandidos,e  contando com a ajuda de um colega, parte numa busca desenfreada de vingança e mortes brutais. Manoel Tourinhos cruza sua vida com a de Pitico, autor da morte de Rosinha, e logo Janalice também se vê envolta com estes personagens. O autor consegue contar Pssica em três ângulos diferentes que logo se moldam de maneira incrível como num quebra-cabeças... 

Um garoto assume o controle de roubos de carga nos rios do Pará. Eis o elo que faltava para completar a tríade descrita por Edyr Augusto. E posso afirmar que ele o faz com extrema habilidade, juntando algo de poético ao seu texto. Se você é do tipo de leitor que não suporta violência, passe longe desse livro. O estômago embrulha com as mortes, com os estupros e violência perpetrada contra as personagens mulheres. Os finais são abruptos, e você não se dá conta de quem faz o papel de bandido ou de vítima, ou ambas as coisas... Eu ouso dizer que é possível até se sentir empático pelo mais cruel dos personagens, dadas as condições que os tornaram algozes ao longo da narrativa..

A leitura causa desconforto, daqueles que um leitor curioso não hesita em sentir... A escrita de Edyr explora a urbanidade problemática que se vive nessas regiões - beirando a selvageria. Desvela cenas de um cotidiano não muito distante do nosso, com seus paredões de brega e eletrônica, com suas boates cheias de cocaína, seguranças aptos para matar e pedófilos ricos que não sentem escrúpulos em comprar mulheres como se fossem mercadorias e após usá-las, se desfazer delas como se não fossem mais que um pedaço de carne apodrecida... É um processo de desumanização do indivíduo mulher, do jovem que se torna bandido, uma ausência de justiça que beira o caos...

Em suma, Pssica é uma leitura curta, alucinante e sobre-humana. Para poucos... 

sábado, fevereiro 27, 2016

News [Parcerias]

Venho através deste post anunciar algumas parcerias que o Torpor Niilista conquistou esse mês. A primeira delas foi com o autor Alexandre Apolca, que gentilmente cedeu dois exemplares de seu livro Rockfeller, e que será em breve resenhado. Um dos exemplares será sorteado entre vocês, leitores, em breve. Aguardem mais novidades. Fiquei muito feliz quando o autor me ofereceu a proposta de parceria e espero que seja bacana para ambos os lados... Estou bem ansiosa pela leitura de Rockfeller. 

Conheça um pouco sobre o autor e obra:


Nascido em 1985, mora em Tatuí, tendo vivido boa parte de sua vida em Campinas. É formado em Química Industrial pela Universidade Metodista de Piracicaba [UNIMEP]. Já trabalhou na Coca-Cola Brasil e Santista Têxtil. Já foi corretor de imóveis e feirante. Rockfeller é seu segundo romance publicado. Suas paixões literárias são Stephen King, Alexandre Dumas, Jorge Amado e Patrick Sünskind. 

Sinopse retirada do Skoob.


Beto Rockfeller, que possui uma leve versão da síndrome da mão alheia, sonha em fazer sucesso com sua banda de rock. Após ser preso injustamente em um protesto na Avenida Paulista, é liberado e orientado a deixar São Paulo. Ele e sua desconhecida banda — cujos integrantes são: Yakult, Gringo e Santiago dos Santos — decidem se mudar para a mística São Thomé das Letras, a Machu Picchu brasileira. É exatamente nessa aconchegante cidadezinha mineira que começa uma trama estonteante e dinâmica — repleta de aventuras, romances, crimes e mistérios. 
Rockfeller se envolve com Anita Andrade, a namorada de um dos seus amigos. Esse triângulo amoroso é surpreendido com a súbita aparição de uma terrível enfermidade. Ele, desconcertado, se vê diante de uma difícil decisão, que mexe brutalmente com seus princípios morais e o pior, Rock pagará caro por sua indigesta decisão, seja ela qual for. Além disso, é obrigado a conviver com seus fantasmas, desilusões e psicoses e ainda tem de se acostumar com um enigmático corvo que o persegue. 
No entanto, após muito tempo, Rockfeller consegue uma segunda chance de ser feliz no Rio de Janeiro, as suas desventuras e psicoses ressurgem, e isso pode levá-lo a uma irreparável situação em que nem tudo que se vê pode ser real...


Outra novidade é a parceria que o blog conseguiu com a Editora Hyria. Em seu catálogo estão presentes vários livros acadêmicos mas a editora vem expandindo suas opções a fim de conquistar um novo público leitor. Logo trarei resenha para vocês do livro Floris e BrancaFlor. Aguardem novidades sobre a editora por aqui...


Por último e não menos importante: a autora parceira Lilian Farias está selecionando novos blogs para parceria. A fim de mais informações, envie um e-mail para ela. :D


Então, curtiram as novidades? Até o próximo post... ^.~

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Semana Especial Claudio Duffrayer - Entrevista Parte III + Sorteio

E hoje eu trago para vocês a parte final da entrevista com Claudio Duffrayer. 

TN – Conte-nos um pouco sobre seu processo de escrever, motivação, conceitos, processo.


Primeiro eu gostaria de lembrar alguns versos do poema “O Sonho da Argila”,do livro “Narciso Cego”,de Thiago de Mello.São esses: “Que a palavra da boca é sempre inútil/se o sopro não lhe vem do coração.” Tendo essas palavras em mente, vejamos o que diz Ted Hughes sobre o processo criativo de Plath(uma das poetisas a quem dedico meu livro): “Ela nunca em sua vida havia improvisado. As forças que a compeliam a escrever tão lentamente haviam sido sempre mais fortes que ela. Mas de súbito ela se encontrou livre para deixar-se cair,ao invés de engatinhar sobre pontes de conceitos.(...)[Plath]foi capaz de tirar vantagem de todas as forças de uma educação altamente intelectual,altamente disciplinada que haviam,até aquele momento,basicamente funcionado contra ela.[Ela]agora escrevia rapidamente,como alguém escreve uma carta urgente.A partir de então,todos os seus poemas foram escritos dessa maneira.”

Gosto especialmente desse trecho(e talvez o cite com mais frequência do que deveria) porque me identifico com esse processo. Plath rompeu as rédeas. Isso é o que importa.Tornou-se livre.Como mulher.Como artista.Como poetisa.Não podemos esperar mais do que isso.Não é à toa que ela é reconhecida como uma das maiores poetisas do século XX. E as críticas de Hugh Kenner a esse
pensamento são realmente deprimentes. Diz ele:

“O que havia, segundo Ted Hughes,‘funcionado basicamente contra ela’ era uma série de hábitos que,se entendo bem,manteve-a produtiva e viva.” São palavras frias. Distantes. Típicas de um intelectual que aborda o “objeto” de sua análise não só com luvas mas através de um microscópio.Alguém sem um pingo sequer de criatividade-e criatividade e sensibilidade é o que se espera,também,de um crítico literário.

Não,Sylvia Plath não pagou com sua própria vida por entregar-se.Ela viveu ao entregar-se.Ao deixar-se cair.Sem agradar nem comportar-se- causando verdadeiros ultrajes com poemas como “Papai” e o famoso(infame?)“Lady Lazarus”.De qualquer forma,as palavras de Kenner(que de certa forma
convergem com as de Harold Bloom- a quem não me darei ao trabalho de citar) levam-me às palavras de outro autor que admiro. 

“Isso me faz lembrar um conto húngaro, em que um ferreiro fazia operações de catarata com um instrumento rústico, mas sempre com muito êxito. Sua fama trouxe até ele os sábios da medicina, já viu! Deitaram tanto conhecimento em cima do pobre ferreiro que acabaram por inibi-lo,a ponto de ele nunca mais conseguir levar a cabo uma cirurgia. Aqueles sábios procuraram provavelmente compensar sua falta de talento para fazer com um suposto conhecimento de como fazer.”(Nassar,Raduan,in Cadernos de Literatura Brasileira,Instituto Moreira Salles,São Paulo;p.28-grifos meus).

Nunca permiti que qualquer “educação” me impedisse de escrever ou contivesse minha criatividade. Até porque, enquanto tive acesso a essa suposta educação(formal,competitiva,intelectualmente castrante)eu não escrevia poesia.Sequer pensava nisso.Eu não era exatamente um aluno exemplar na 
escola.Aprendi a escrever lendo(romances de mistério e espionagem,gibis da D.C-antes que suas páginas mais parecessem páginas de revistas masculinas),e por isso me saia razoavelmente bem nas matérias relativas às ciências humanas(ainda assim,não suportava o ensino da gramática normativa).

Pois bem:quando comecei a escrever poesia,ou melhor,quando descobri a poesia,eu escrevia porque precisava,como já expliquei.E assim continua sendo.Trabalho sempre em cima de uma imagem.Uma figura.Ou mesmo a melodia de uma música- por isso minha poesia é tão imagética.Não sigo rotinas,escrevo quando sinto o ímpeto(não gosto daquela outra palavra com “i”).E escrevo quando não me sinto bem,em um processo catártico.Escrevo porque preciso.Talvez por isso meus poemas pareçam tão sombrios para alguns.Nunca participei de oficinas pois não acredito nisso.Sinto que o 
poeta,como todo o artista,deve ter liberdade para cometer seus próprios erros. 

Talento leva, necessariamente, à espontaneidade. Não se pode domá-lo, mas lapidá-lo(como a um diamante),e isso é algo que o artista deve fazer com suas próprias mãos,da maneira que considerar melhor.Não existem rédeas a ser puxadas,existe entrega (insisto nessa palavra).E através de entrega,trabalho e muito sofrimento(o trabalho não é fácil,afinal- os poemas não caem no nosso
colo,ao contrário do muitos possam vir a pensar)chegamos à nossa própria voz,atingimos nosso próprio estilo sem ser sufocados por “escolas” já existentes.Não devemos nos violar para encaixar nesse ou naquele lugar pré-estabelecido. O conhecimento teórico, lógico, é uma busca, e tenho um pouco de pena de um poeta incapaz de teorizar sobre sua própria obra- por mais paradoxal que possa parecer.O conhecimento é uma ferramenta a ser usada como achamos melhor,não uma coleira para nos domesticar.Conhecer é saber.E saber é saborear.Aproximar-se.Queimar-se, se preciso. Reconstruir-se. Renascer das cinzas. De novo e de novo. Sem medo das feridas que inevitavelmente virão.

Afinal,a arte não é segura.Nem deve ser.Como a própria vida.

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Para fechar a Semana Especial, tem sorteio. O vencedor irá ganhar um exemplar do livro Noturna e outros poemas, que será enviado pelo autor num prazo de 30 dias. Confira as regras para participação:



Regulamento

Preencher o Formulário Rafflecopter de maneira correta.
Ser residente em território nacional.
Não é de responsabilidade do blog qualquer extravio dos correios.
O sorteio inicia hoje, 26/02/16 e vai até 26/03/16.
O vencedor tem até dois dias para responder o e-mail com os dados para envio. Se passar do prazo, outro sorteio será realizado.
Perfis fakes ou usados apenas para promoção serão desclassificados.
O envio do livro é de inteira responsabilidade do autor Claudio Duffrayer. O blog se isenta de qualquer problema que ocorrer com o envio.
Boa sorte a todos que participarem!!!

a Rafflecopter giveaway

quinta-feira, fevereiro 25, 2016

Sim, sou gay... e daí?

Sim, sou Gay... e daí? Desabafos do gay Alice no País das Maravilhas, escrito por Valdeck Almeida de Jesus e publicado pela Chiado Editora poderia ser considerada qualquer coisa, menos uma leitura entediante... O narrador André desvela sua trajetória amorosa, desde os primeiros anos, quando descobre a sua [homo]ssexualidade, até o desfecho que se dá de maneira surpreendente, brindando o leitor com uma narrativa fluída cheia de irreverência e bom-humor, mesmo para falar sobre as partes difíceis de sua existência e inúmeras desilusões no campo sexual-afetivo... E o melhor de tudo: como se ele estivesse conversando com você num café ou bar em uma tarde qualquer...

André teve que lidar com o preconceito desde muito cedo, e isso fez com que ele demorasse mais tempo para 'sair do armário.' Desde seus colegas de escola até vizinhos viviam de brincadeiras e amolações pelo fato dele não gostar de futebol e ser delicado... Logo, vê na literatura um refúgio e um prazer, enquanto ainda estava às escuras acerca de sua sexualidade... 



No prefácio nos é explicado o jargão "Alice" no mundo gay, que seria uma gíria para designar os homossexuais que são facilmente enganados por pessoas de má fé. No decorrer da história, é com frequencia que vemos pessoas se aproveitando da bondade e inocência de nosso narrador... A Rainha de Copas da obra seria a sociedade que impõe valores morais que rejeitam gays. A Alice em que André se tornou luta contra essa Rainha de Copas...

O livro possui poucas páginas e poucos capítulos, que podem ser lidos em poucas horas, e trazem o leitor para dentro de sua trama... As experiências sexuais de André tem um ar cômico, embora no fundo traduzam as dificuldades de ser gay num mundo tão opressivo e conservador... O falso moralismo e a hipocrisia estão por toda a parte, mas é com muita vivência que André se desvencilha desses dissabores e passa a aceitar-se como é, sem se importar em manter falsas aparências ou com a opinião dos outros...

"Cansei de ser procurado por homens casados que insistem em dizer "vamos fazer sexo, mas eu sou ativo, não sou homossexual"."

De Luza a Celso, passando por Isaías, Eduardo e inúmeros outros parceiros, ele finalmente parece encontrar-se consigo nessa busca desenfreada e [des]iludida pelo amor. Quando passa a amar-se e ser confiante de suas ações, as coisas parecem melhorar para ele, mas não sem antes passar por alguns apuros e despedidas... 

Há partes engraçadas, sofridas, de tensão e desabafo. Com uma linguagem por vezes suja, André conquista o leitor, cativando-o como a um amigo. Certamente posso afirmar que tenho alguns 'Andrés' em minha vida, pois é possível identificar algumas de suas nuances em vários gays que conheço. Acima dos estereótipos, André, gay, é um ser humano que só quer ser amado e ter próximo a si pessoas que o respeitem e o aceitem como ele é...

Com relação ao desfecho, confesso que achei tratar-se de alguma biografia ou coisa do tipo, mas a parte final da história pula para um campo ficcional que não sei se me agradou, mas certamente me pegou de surpresa... E ainda assim, conseguiu amarrar as pontas soltas da trama... Sim, sou gay... e daí? é um livro para ser lido livre de preconceitos, e sem muita pretensão, mas que pode fazer você enxergar os homossexuais com melhores olhos [se não for o caso até este momento...]... 

Vale a pedida...


quarta-feira, fevereiro 24, 2016

Semana Especial Claudio Duffrayer Parte II

Estou dando continuidade à entrevista feita ao autor parceiro Claudio Duffrayer, e que faz parte das postagens Semana Especial [sobe o autor]... Espero que apreciem esta parte da entrevista...


TN – Quais são a vozes, ou inspirações, que ecoam em sua poesia?


“Essa inquietude crucifica meu peito;sem anestésico/ela corta através da carne cancerosa/Essa inquietude tira meu fôlego”

Esse é um trecho da música “This Unrest”,parte do disco “Tinderbox” da banda Siouxsie and the Banshees. Pouquíssimas vezes me senti tão contemplado pelas palavras de alguém. “Tinderbox” é um dos meus discos preferidos da banda, além de “Joinhands”, “A Kiss in the Dreamhouse” e “The
Rapture”.Conheci-os através do show “Nocturne” exibido em algum canal fechado no fim dos anos noventa.Cada disco que eu ouvia,cada letra parecia descrever minha vida não só como ela se encontrava naquela época,mas,de certa forma,como ela sempre fora. Siouxsie Sioux levou-me às lágrimas não só com a música “The Rapture”,mas cantando “Disconnected” com seu projeto
paralelo,The Creatures. Perguntei-me: “Como alguém que nunca vi pode saber tanto a meu respeito?”

Só o Depeche Mode, que conheci antes com seus discos “ULTRA”(uma obra prima),“Music for the Masses”, “Violator” e “Songs of Faith and Devotion” teve o mesmo efeito,ou quase- sou tentado a pender para o lado dos Banshees por alguma razão.Também conheci Bauhaus a partir daí(eu acabei adquirindo a coletânea “Crackle” e a ouvia várias e várias vezes) e The Cure. Pet Shop Boys
eu já conhecia desde o disco “Very”, que adquiri logo quando foi lançado(considero a coletânea “Alternative” muito melhor,curiosamente.)  Esses artistas não só me ensinaram a escrever, mas me ajudaram a sobreviver. Eu recorria a cada um deles nas minhas piores horas.O débito que tenho para com essas pessoas é,de fato,impagável.Enquanto eu os ouvia,especialmente o pós-punk(Joy Division eu viria a conhecer um pouco mais tarde,pesquisando sobre as raízes do Punk em uma época em que não havia internet)redescobria a nossa geração de 22(estava começando a escrever meus próprios poemas)e conhecia a Geração de 45(com a qual me identifiquei muito mais).

Que fique claro uma coisa:eu tive muita sorte por ter em casa Garcia Lorca e não só seu “Poeta em Nova York” mas também seu “Romancero Gitano” ,além das obras completas de João Cabral de Melo Neto(ou não tão  completas- a edição que tínhamos era de 69/70,se não me engano)e a primeira
edição do “Poema Sujo” de Ferreira Gullar. Fazer essas leituras, bem como o “Paranoia” de Roberto Piva e “Faz Escuro mas eu Canto” ,de Thiago de Mello , mudou tudo.Não o que eu achava
que sabia,mas o que eu sentia em relação à literatura.Ela era ainda mais vasta e rica do que eu jamais sonhara. É o que os grandes nomes fazem conosco. Mudam nossas vidas.


TN – Se você pudesse escolher um leitor (a) especial e dedicar uma das poesias do livro, quem seria, qual a poesia e o motivo de sua escolha?


       
A leitora seria Mayara Ribeiro Guimarães,e o poema seria “A Esfinge”.Tivemos um debate longo sobre ele.E não foi à toa.Sensível e empática como é,Guimarães percebeu no poema uma ruptura com o que eu escrevera até então.Minha poesia estava mudando...e nenhum de nós sabia como e que direção exatamente ela tomaria.Bem,eu tinha um plano e algumas estratégias,mas ela,à sua própria maneira,alertou-me de que a poesia pode nos surpreender(por mais absurdo que pareça, eu não me dera conta disso até então). 
De qualquer forma,a crisálide foi rompida e o livro terminado.Cá estamos...


TN – Se você pudesse ser devorado por uma de suas poesias, qual seria? Motivo?
     
SOU devorado pela minha poesia. E a devoro de volta. Não se escreve poesia sem entregar-se,e essa entrega precisa ser,forçosa e logicamente,absoluta, em um processo urobórico. Entrega é a palavra adequada.É uma das formas que temos de fazer as pazes com a poesia,com nosso próprio íntimo,em um mundo que exige tudo de nós menos verdadeira criatividade(cobrando obediência cega),adequação a qualquer preço(mesmo que isso signifique abdicar de quem se é). Nós, portadores de uma sensibilidade aguçada.Os tortos.Os esquisitos.Os outros. Artistas. Poetas no sentido formal ou não.Nós,que trazemos conosco a bala no corpo,a lâmina sem cabo,o relógio;as chamas lazarentas.

TN – Qual de suas poesias você dedicaria ao Brasil e por quê?.
       “Sorvo”.

A intensidade de nossas emoções é mundialmente conhecida. A intensidade dos brasileiros.Nesse sentido,somos muito parecidos com os irlandeses,por exemplo.E esse poema fala sobre isso.Sobre não lutar contra essa intensidade,ao contrário,abraçá-la como parte de nós,pois ela é parte de nós.Aprendemos a reprimi-la,o que é triste.Evidentemente falo dos brasileiros que não se escondem
atrás de grades em condomínios fechados,pouco se importando com o que se passa fora de seus muros,com suas mentes tacanhas e eurocentristas.Falo dos brasileiros que não tem vergonha de suas raízes e lutam todos os dias.


TN – Quando o leitor diz não gostar de poesia ou poemas, pois não compreende nada, que análise você faz desse relato?

     
Cabe ao professor,ao invés de impor conceitos abstratos em mentes juvenis,fazer a ponte entre a obra e o leitor.Esse argumento (“não entendi nada”)costuma vir de pessoas mais jovens e desacostumadas a leituras minimamente complexas.Isso vale até hoje.Ponho a culpa na forma como ela (a poesia e a literatura em geral) é ensinada. É preciso que o professor permita que a obra toque o leitor,ao invés de esfriá-la com um conceitualismo empobrecedor.A propósito,não é por acaso que tantos alunos,oriundos das “melhores” e mais tradicionais escolas se perdem na graduação.Formam-se sem a menor ponta de senso crítico.Aprenderam,desde cedo,a não pensar. Somado a isso o bombardeio
de livros destinados a um público que não tem como se defender , pois já teve sua capacidade questionadora esmagada,o desastre é inevitável. Curiosamente, isso nunca me aconteceu. A experiência de não ser entendido, quero dizer. “Por isso é tão bom, você não precisa explicar” disse
uma colega minha sobre meu livro.Uma colega maior de idade.Fiquei muito feliz,sentindo que cumprira minha missão- pois penso que o trabalho de um poeta deve falar por si.É claro,poesia não se entende nem se explica,mas sente-se.É com o coração que lemos.De qualquer forma,volto à Lispector: “Não se preocupe em ‘entender’. Viver ultrapassa qualquer entendimento.” E o que é poesia senão vida?



Então é isso, logo haverão as últimas postagens... Se quiserem acompanhar a Semana Especial desde o início, só clicar neste link... Lembrando que ao fim da semana, haverá sorteio de um exempalr como o da imagem abaixo... Beijos...


terça-feira, fevereiro 23, 2016

Agatha Christie - Morte na Praia

  Um lindo hotel paradisíaco na costa inglesa. Uma mulher estonteante, uma enteada que detesta a madrasta, um casal em crise porque o marido está de olho na mulher estonteante, um marido carrancudo, um padre maluco, uma velha mexeriqueira. Eis alguns dos elementos que compõem Morte na Praia, mais um dos bons títulos de Agatha Christie que tive o prazer de ler... E lógico, ocorre um crime. Quem matou 'tal vítima' desta vez? E claro que o mais famoso detetive das histórias da Rainha do Crime está no local certo para desvendar mais um assassinato...

Rodeado de pessoas e suas conversas insípidas [sou daquelas que não consegue simpatizar com nenhum personagem das tramas de Agatha], Hercule Poirot mais uma vez usa de sua habilidade para desvendar um crime, ocorrido em plena luz do dia, numa praia próxima ao hotel Jolly Roger. Ele está tentando curtir suas férias, num merecido descanso mas logo precisa investigar quem matou uma pessoa, e existem várias outras com motivos suficientes para terem cometido o ato... Mas como chegar ao assassino sem culpar alguém inocente? As peças do quebra-cabeça não estão se encaixando... O fator Tempo é primordial para desmanchar esse enigma...

Mais uma vez Agatha consegue prender o leitor ao longo de pouco mais de 200 páginas, e é preciso estar atento às pistas que ela lança ao longo da narrativa... Confesso que novamente cheguei perto de uma coisa que tinha tudo pra ser, mas não foi. E só então percebo as minúcias que entregavam o[a] criminoso[a] no decorrer dos capítulos. Eis uma prova do talento da autora em conduzir o leitor para um caminho que na verdade surpreende por ser o oposto...



Os diálogos dos personagens, suas características e ações fazem parte de uma colcha de retalhos que parece não ter harmonia alguma. Mas então o detetive belga de bigode peculiar pensa o que ninguém mais consegue, e chega a um desfecho de surpreender e empolgar... Minha edição é da antiga Editora Nova Fronteira, publicada aqui no Brasil na década de 1970. Foi um belo deleite, e sem dúvida mais uma das histórias bem intricadas que me permitiram adentrar profundamente em suas folhas... Aos fãs e aos marinheiros de primeira viagem nas tramas da Rainha do Crime, eis uma ótima pedida... 


segunda-feira, fevereiro 22, 2016

Semana Especial Claudio Duffrayer - Entrevista Parte I

Olá, queridos leitores. A semana começou de forma bem corrida pra mim, mas estou aqui novamente trazendo mais novidades acerca do autor parceiro Claudio Duffrayer. Para quem está acompanhando os posts divulguei um pouco de seu trabalho e logo haverá sorteio de um exemplar de seu livro Noturna e outros poemas. Mas enquanto o sorteio não sai, confira a primeira parte de uma entrevista com o autor...


Torpor Niilista - O que é a poesia de Claudio Duffrayer?


Resultado da minha necessidade de sobreviver. Resultado da minha busca por vivência, no sentido não ortodoxo do termo(foram muitas noites passadas em claro descobrindo-me na escrita) mesmo que à época (no fim da minha adolescência) eu não soubesse disso. Fruto da minha descoberta de algo que só posso chamar,hoje,após tantos anos,de angústia.Mas também de alegria. Uma sublime alegria. Muitos anos depois de ter passado por um processo de fragmentação (que, por sua vez, levou à nadificação) e depois de deixar de ser intimidado pela obra mais conhecida de Sartre(eu lera um pouco antes “O Existencialismo é um Humanismo”, que não me deu as respostas pelas quais eu 
tanto ansiava, muito pelo contrário) pude não entender,mas interpretar e sentir, de fato, sua palavras.Cito um trecho de sua obra que, hoje, tanto me marca:

 
“O Ser pelo qual o Nada vem ao mundo deve nadificar o Nada em seu Ser, e, assim mesmo, correndo o risco de estabelecer o Nada como transcendente no bojo da imanência,caso não nadifique o Nada em seu ser a propósito de seu ser.O Ser pelo qual o Nada vem ao mundo é um ser para o qual, em seu Ser,está em questão o Nada de seu ser:o ser pelo qual o Nada vem ao mundo deve ser seu próprio Nada.E por isso deve-se entender não um ato nadificador,que requisesse por sua vez um fundamento no Ser, e sim uma característica ontológica do Ser requerido.”


É importante que fique claro uma coisa: não finjo entender sua obra nem conheço alguém que a entenda e é exatamente essa a questão.Li-a e leio-a como poeta.Não sou filósofo. De qualquer forma,o processo de nadificação a que Sartre se refere interpreto como o início do processo de derrocada descrito por Fitzgerald em seu “A Derrocada e outros textos autobiográficos” 


 Discordando respeitosamente de Álvaro Cabral, usarei o termo também usado por Alberto Pucheu em suas aulas de Teoria Literária (que assisti quando era ainda calouro na UFRJ). O termo em questão é fissura,aquilo a que estamos(nós,artistas)especial e perigosamente sujeitos quando não conseguimos lidar com a angústia que descobrimos em nosso íntimo- muitas vezes estreitamente ligada ao nosso talento. Claro que isso não vale somente para o poeta, mas também para o leitor. O talento, a sensibilidade aguçada é, de fato, uma faca de dois gumes. Uma faca sem cabo. Uma faca só lâmina, como diz o poema de João Cabral de Melo Neto (o poema “Uma Faca só Lâmina” foi por muito tempo, para mim, uma verdadeira obsessão). E a fissura é só o primeiro passo de uma longa jornada até o Nada. E de lá não há retorno. Pode-se apenas continuar a caminhada, apesar das feridas- ou mesmo por causa delas.
Sim, é possível, ou melhor, necessário atravessar o Nada. Por isso considero tão importante a mensagem “A possíveis leitores” que abre o romance de Clarice Lispector, A Paixão Segundo G.H:

“Este livro é como um livro qualquer. Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada. Aquelas que sabem que a aproximação, do que quer que seja, se faz gradualmente e penosamente- atravessando inclusive o oposto daquilo que se vai aproximar. Aquelas pessoas que, só elas, entenderão bem devagar que este livro nada tira de ninguém. A mim, por exemplo, o personagem G.H foi dando pouco a pouco uma alegria difícil; mas chama-se alegria.”

Essas palavras resumem muito bem minha relação com a poesia - especialmente quando eu comecei a descobri-la (e não, eu ainda não estava com a alma já formada, o que foi, de certa forma, um problema, mas não um desastre - e é mais do que óbvio que eu não me comparo à Clarice Lispector em qualquer sentido nem minha obra à sua).
O que quero dizer é que só percebendo a força do Nada percebemos a força do Ser, e só atravessando o Nada é que pude chegar ao Ser. Sempre digo que poesia é angústia, mas uma angústia redentora. A 
redenção (afasto-me agora de Sartre) acontece a partir do contato com o leitor. Através desse contato, a partir desse diálogo, há empatia, comoção; assim a redoma se quebra e percebemos (autores e leitores) que não estamos sós. Minha poesia é, portanto, uma travessia. Um chamado. Uma jornada para o âmago do ser imanente em todos nós,e a partir daí,a possibilidade de redenção.
Uma jornada penosa , que faço com muita alegria.
                 

 TN – Há na sua obra uma relação mítica e mística. Em sua opinião, como elas dialogam e o grau de abstração?

 Não vejo algo de místico,  mas mítico, fruto dos contos greco-romanos que meu pai lia para nós (eu e meu irmão) quando nos colocava para dormir (eu gostava especialmente da história da Guerra de Tróia e ainda mais da história de Teseu e o labirinto, morrendo de medo do Minotauro).
Lembro-me que um dos primeiros autores que li foi Monteiro Lobato. E uma de minhas histórias preferidas do autor é a que Pedrinho encontra o Saci Pererê. Em dado momento, ambos sobem em uma árvore e veem todas as criaturas sobrenaturais do nosso folclore passando, uma por uma. Desde o lobisomem até a mula sem cabeça (pelo menos é disso que lembro, já se vão muitos anos). 

Aquilo só aumentou meu fascínio pelo sobrenatural, o que não era visto com bons olhos pelos meus pais, que me fizeram ler “A Metamorfose” de Kafka para ver se eu “tomava jeito”. Obviamente, o tiro saiu pela culatra. Terminando Kafka, que li não como uma crítica ao capitalismo ou qualquer coisa assim, mas como uma triste história de horror com final mais do que infeliz, parti para “Drácula” de Bram Stoker e “Entrevista com o Vampiro” de Anne Rice (houve uma verdadeira guerra lá em casa para que eu conseguisse acesso a esses livros, mas como eu tinha feito minha parte, meus pais se viram obrigados a ceder; ganhei o romance de Rice como presente de aniversário aos treze anos, e depois li todos os outros- que não chegaram aos pés do primeiro pois não traziam seu pathos, lembrando que isso foi pouco antes do filme ser lançado-ainda hoje rio da polêmica em relação à escolha do elenco). Em algum momento, a autora estadunidense obviamente passou a escrever por questões financeiras; eu fiquei especialmente ofendido muito tempo depois como leitor ao terminar “O Vampiro Armand” (bom, pelo menos o romance em questão curou minha insônia).

Todas essas leituras dialogam comigo hoje não por nostalgia, mas porque por muito tempo foi só o que conheci além do mundo dos gibis e filmes/romances de ficção científica. Houve, após a fissura a que me referi antes, uma sublimação através dessas leituras, o que possibilitou que eu fizesse meu caminho.


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Logo vocês terão acesso a mais um trecho dessa entrevista... Espero que tenham gostado... Até o próximo post...


domingo, fevereiro 21, 2016

Tiro de Misericórdia, um compilado metafórico de Ensaios...



Recebi de cortesia da Editora NVersos o livro Tiro de Misericórdia, de Flávio Ricardo Vassoler e a princípio achei tratar-se de uma coletânea de contos e aforismos de cunho existencial... Não deixa de ser, mas a proposta do autor vai além do imaginado por mim...

Tiro de Misericórdia traz inúmeros textos, alguns curtos outros mais longos sobre a política de Capitalismo vs Socialismo, sobre o consumismo, sobre o totalitarismo, sobre o fato de ser humano num mundo consumista e egoísta... Usando de referências de livros e filmes, o autor vai construindo uma teia perturbadora que vai causar um impacto de reflexão no leitor, numa linguagem densa e ao mesmo tempo fluída...

Ao longo de suas pouco mais de 250 páginas, o leitor vai identificando poesia dando voz à críticas sociais. Como dito no prefácio da obra, Tiro de Misericórdia é um sol de agonias: aflora sentimentos dúbios num leitor por vezes habituado a certezas inalteráveis. Prepare-se para ter suas convicções alteradas ou - no mínimo - reavaliadas...

Flávio Ricardo discorre sobre como o consumismo pode ser motivo de status para a aceitação do indivíduo no meio em que vive. Funciona como uma válvula de escape para uma possível depressão ou descontentamento com o mundo, quando na verdade por até agravar o fato... O consumismo seria uma espécie de simulacro, danoso a longo prazo com uma falsa promessa de solução...

O autor ainda critica a falsa solidariedade, a lei do mais forte, imposta ao Homem desde cedo, quando na mamadeira de sua existência o egoísmo e individualismo são reforçados. A violência é banalizada, Somos alheios ao sofrimento do 'outro', matamos de forma indireta. Vivemos numa guerra de valores e aceitação, onde o materialismo separa o mais forte do mais fraco, numa selva cinzenta de altos arranha-céus...

"Estamos em Londres. Não há guerra na City londrina - ao menos declaradamente. O capitalismo veste os soldados com armas civis. Os batalhões são arregimentados pelos vagões de metrô. Na guerra do capital, as mulheres também lutam."

Tiro de Misericórdia faz despontar no horizonte do raciocínio uma fagulha de incerteza, faz [re]pensar... 

sábado, fevereiro 20, 2016

[Semana Especial] Claudio Duffrayer - Poema ~ Ex Inferis

Dando continuidade a mais uma postagem da Semana Especial Claudio Duffrayer, nosso autor parceiro, desta vez trago mais um de seus poemas, escritos de maneira pungente e visceral...


Ex Inferis


Uivam para a Lua mesmo sem vê-la, pois estamos muito abaixo do solo; 
uivam para a Lua quando deito-me pela última vez.
O instrumento cortante não se cala enquanto caminho, e nada mais faço 
para embainhá-lo, atravessando o vale de sombras, atravessando o vale de morte; o 
instrumento não se cala, ecoando afiado o canto em minhas veias ocas.

Uivam para a Lua mesmo sem vê-la, pois sabem que nada mais tenho a 
oferecer; suas vozes, um canto de boas-vindas, ressoam a escuridão absoluta com a 
qual me deparo, a escuridão na qual mergulho sem hesitar ao abandonar toda a esperança.

Não me vejo engolfado por fogo ou enxofre, mas pelos vultos que me 
cercam e aos quais dou forma com minha dor; a dor cujo cessar não mais anseio.
Canta o instrumento como canta o Vazio?
Canta o Vazio como canta a escuridão.
Canta a escuridão através do instrumento?
Cantam os vultos com as mais belas vozes...
Canta a escuridão através do Vazio, canta o Vazio através do instrumento, 
cantam os vultos através de mim.


Não me vejo engolfado por fogo ou enxofre, mas pelos vultos cujas carícias 
são as únicas que jamais conheci, os vultos cujos abraços são meu flagelo, os vultos 
cujos abraços são meu conforto.


Vultos esguios.

Vultos alados.

Vultos sem rosto.

Vultos sem rosto.

Canta a escuridão que sempre guardei em meu íntimo, finalmente liberta e 
completa pela escuridão ao meu redor; uma só Treva que não mais tenta ou sufoca 
mas sacia, e cantamos em uníssono, pois agora somos um.



Não criei meu próprio Inferno.
Sou meu próprio Inferno.

E o sorvo.

E o degusto.

E o devoro.

Dele ascendo.

Para nele tornar a cair.

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A escrita dele é primorosa, não é? Espero que tenham curtido a postagem. Até a próxima, meus queridos leitores... ^.~

sexta-feira, fevereiro 19, 2016

TAG - Criaturas Noturnas

Bem, hoje resolvi trazer uma tag que vi no blog Amiga da leitora, em que Thais e Ana responderam juntas as perguntas da tag. Achei tão legal que resolvi responder por aqui também...

Caso queira assistir a postagem delas, clique nesse link...




Preciso falar um livro que tenha esses tipos de criaturas...


  • Vampiro

Entrevista com o vampiro, de Anne Rice. Não tinha como indicar outro hehe


Lestat
  • Lobisomem

A hora do lobisomem, de Stephen King. Livro rápido de ler, mas não menos alucinante... Logo terá resenha dele aqui...


  • Zumbi

The Walking dead, de Robert Kirkman. Tem zumbi de sobra, então é super válido...

  • Bruxo ou Feiticeiro

Arkanum, de Marcelo Del Debbio... Li a segunda edição nos tempos em que jogava RPG... Tem bruxas e várias outras criaturas nesse livro...


  • Fantasma

O morro dos ventos uivantes, de Emilie Bronte. Não pense que a obra é sobre um grande amor. É de fantasma, Heathcliff vive assombrado mesmo, ao longo de anos... 'Amor' que beira o doentio...

  • Fada

Tentei encontrar alguma personagem fada mas acho que nunca li nenhum livro com uma... Etão esse tópico vai ficar faltando... sorry, people...

  • Demônio

O exorcista, de William Peter Blatty. Clichê mais batido que esse, impossível. Mas não queria perder a chance de botar essa carinha linda do gif ilustrando o post...


  • Anjo

Anjos - a cidade de Prata, Marcelo Del Debbio. Outro livro dos tempos do RPG... Pelo nome você deduz que fala de anjos...

  • Humano com Super Poder 

O médico e o monstro, de Robert Luis Stevenson...
Não sei se cabe aqui, mas foi o único que me veio a mente...


  • Aliens

Alien, de Alan Dean Foster. Meu lindo encerrando o post. [sim, meu personagem preferido da história, além do gato e da nave Nostromo, é o Alien. ]


Bem, espero que tenham curtido... Até a próxima, pessoal... Quem quiser responder a TAG, fica à vontade, ok? 

quinta-feira, fevereiro 18, 2016

[Semana Especial Claudio Duffrayer] Poema - Queda

Olá, pessoal! Dando continuidade a Semana Especial Claudio Duffrayer, trago para vocês mais um texto inédito escrito pelo autor... Espero que apreciem...


Queda

É preciso um único passo para que retornem aqueles que conheço tão 
intimamente; não os ardentes lábios do inferno, mas os frios braços do limbo.
É preciso um único passo para que elas retornem, ardilosas, mutáveis e 
pacientes; ondas paralisadas em seu ápice, as cristas afiadas como guilhotinas cuja 
descida é inevitável.

O passo é dado sem dor, e quando tragam-me as ondas, quando as lâminas 
descendem, encontro aqueles que não podem ser meus semelhantes, escarnecendo 
de mim com suas asas, cascos e chifres.
Filhos de Ahriman.
Filhos de Baphomet.
Filhos de Alastor.
Trazidos à tona pelo meu sopro hesitante.
A queda é lenta, fazendo-me ver as ondas como elas sempre foram, 
campânula não vítrea ou aquosa, mas sangrenta; esquife onde aprisionei-me... para 
sempre?

A queda é lenta, e quando alcança-me o sangue ainda quente, memória 
saudosa do que poderia ter sido, pergunto-me se recebo um batismo ou uma extrema-
unção.
Talvez nenhum dos dois.
Só os mortos podem saber.

Quisera eu poder ignorar os espectros que me acompanham, mas eles 
meramente ecoam meu desespero.
Quisera eu poder não enxerga-los, mas minas pálpebras foram arrancadas.

A queda é lenta.
Não me importa.
A queda é lenta.
Não infinita.
Atinjo o solo.
Ileso?
Levanto-me.
Ergo as mãos.
Sei onde estou.
Ouço os uivos...

Fito o escuro.
Toco o escuro.
Sinto o escuro.
Ouço os uivos.
Redescubro a dor.


Aguardem que logo tem mais novidades sobre o autor... Beijos ;)



quarta-feira, fevereiro 17, 2016

Escritores e seus felinos

Nessa data, 17 de fevereiro, comemoramos o Dia Mundial do Gato. Como alguns sabem, sou apaixonada por essas bolas de pelo [os pelados também] e resolvi fazer este post mostrando que alguns autores também amavam a companhia dessas criaturas encantadoras... Quem resiste ao charme de um gatinho?


Confiram os autores que selecionei...


Jack Kerouac


Charles Bukowski

Doris Lessing

Haruki Murakami

William Burroughs

Neil Gaiman
Patricia Highsmith


Espero que tenham gostado da postagem, não poderia deixar de homenagear meus amores por aqui, e nada melhor que unir gatos e literatura...

segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Semana Especial - Claudio Duffrayer

Bem, trago para você a Semana Especial Cláudio Duffrayer, autor parceiro aqui do blog... Já li e resenhei sua obra Noturna e outros poemas, e em breve farei um sorteio de um exemplar aqui para vocês... Mas por enquanto, quero mostrar a vocês o trabalho do autor, postado aqui em primeira mão... Espero que gostem.. ;)




Os suplicantes 

Caio de joelhos, o manto rasgado não pelos recém-nascidos que agora me cercam,já tendo consumido aquela que o tecera e guardara, mas pelo silêncio que precede o canto.

Caio de joelhos,sem mais forças para percorrer as paredes labirínticas que só por vezes permitem vislumbrar-se, mas cuja intensidade não pode ser ignorada; são paredes de fogo,um fogo branco, um fogo frio.

As paredes eles atravessam,imunes às chamas como sua genitora,e como ela famintos pelo que as mantêm;com as chamas suas peles se confundem,não alvas,mas marmóreas e venosas, contrastando com seus abdômens de ônix, negros como o que eu trouxe comigo por tanto tempo.

As paredes eles atravessam,dançarinos macabros, dançarinos graciosos cujos muitos membros mal tocam o solo; eles não trazem em seus ventres a marca vermelha, mas órgãos que não enrijecem,pois seu desejo não é carnal. 
Sua dança é um pedido,sua dança é uma oração,sua dança é uma súplica. 

De mim eles se aproximam,fitando-me com seus olhos compostos,fitando-me com seus olhos amendoados;de mim eles se aproximam, fitando-me com seus inúmeros e mesmerizantes omatídeos;eles veem o verde,eles veem o azul,eles veem o fel e o absinto,mas não veem o vermelho.
Eles não veem o vermelho.

A mim eles tocam sem violar-me com suas presas,pois não as herdaram de sua genitora,nem me aninham em seus seios pois são seios púberes,não fartos;eles beijam-me com cautela,beijam-me com reverência e me penetram com suas trombas,o Dom que lhes foi concedido pela Esfinge.

Mas suas trombas não podem alcançar meu âmago,nem nunca poderiam;foi-se a cólera e o vermelho há muito calou-se;não há agora sequer um punhado de cinzas,não há ardor;há o vazio e nada mais.

É quando ouço o canto.
É quando as chamas tornam a arder,não mais frias.
As chamas tornam a arder,não mais alvas mas rubras.
As chamas tornam a arder.
Dentro de mim. 
E dançam enquanto pulsa uma vez mais o vermelho...
...arauto do escuro.

Finalmente percebo que é minha a voz que se levanta,é meu o canto,não da alada retalhadora.

Os Suplicantes tem suas preces atendidas,mas sua fome não saciada,e convulsos são reduzidos a cinzas;das cinzas eles não retornam,esse Dom lhes foi negado;das cinzas eles não renascem, pois nunca foram íntimos do escuro.

Levanto-me, sigo meu caminho seja ele qual for; o vermelho pulsa e o vazio se cala.

Levanto-me,sigo meu caminho,mesmo com a essência do fogo dentro de mim,o fogo negro que eu tanto temera,e agora abraço como parte de mim.

Sigo meu caminho.
Não há retorno.


Sobre o autor:


Cláudio Duffrayer é fluminense, aluno de Curso de Letras da UFRJ e dedica-se a Literatura, com ênfase na escrita da Poesia. Seu livro “Noturna” é composto principalmente de poemas que utilizam o recurso da prosa poética e seu arco temático abrange por vezes aspectos soturnos – ou noturnos - da natureza humana, seja em sua abordagem dos sofrimentos da alma, seja por uma visada crítica da melancolia da solidão do mundo contemporâneo. Avesso as redes sociais, sua produção poética deste autor é lenta, porém densa e o eu lírico que exprime os enunciados contidos no poema, muitas vezes reflete uma voz de nossa sociedade, aquela faceta que nem todos tem coragem de mostrar.


Espero que tenham gostado... Essa semana tem mais post sobre Claudio... Beijos ;)

sábado, fevereiro 13, 2016

Joyland - Stephen King



Mesmo entre aqueles que não possuem o hábito de leitura, o nome Stephen King não costuma passar despercebido. E todos logo assimilam seu nome ao gênero "Terror". "É o cara que escreveu Carrie, o 'autor do filme que Nicholson faz um maníaco com um machado'. 'Aquele gato preto do cemitério indígena', 'A dança da morte', e por aí vai... Entre os leitores, ele pode não ser apreciado por todos, mas até o momento, jamais ouvi alguém falar que sequer tenha ouvido falar de sua fama... 

Pois bem... Joyland não se trata de um livro pavoroso de terror, embora possua elementos do gênero. E - pasmem! - a leitura dele me deixou aos prantos com seu desfecho. E isso é certamente algo incomum, pra não dizer surpreendente...

Juntem um parque de diversões com uma famosa roda-gigante [Carolina Spin], um rapaz que levou um pé na bunda ao ser trocado por outro e uma temporada de férias de verão. Não esquecer outro detalhe: o fantasma de uma garota degolada no trem-fantasma desse parque por um assassino desconhecido. Muitos pensariam tratar-se de mais um livro de fantasmas assombrando o local e seus frequentadores, mas essa linha de raciocínio vai muito além disso...

Devin Jones tem apenas 21 anos e vai trabalhar no parque Joyland, e lá conhece pessoas interessantes. Rapidamente faz amizades e consegue cativar a admiração de seus empregadores, exceto de um funcionário que na realidade não gosta de ninguém... Erin é uma ruiva que não desgruda de Dev, e começa a namorar com outro rapaz que trabalha por lá, Tom... Temos a vidente Fortuna, a senhora Emmalina Shoplaw, que o recebe como inquilino no período em que vai morar próximo ao parque, e uma mãe com seu filho morando numa mansão antiga, nas imediações... A mulher é bastante enigmática e parece não gostar quando Dev passa por Mike e seu cão Milo e cumprimenta o garoto, que vive numa cadeira de rodas...

Narrado em primeira pessoa pelo próprio Devin, ele narra os acontecimentos daquele longínquo ano de 1973, em que acabou tendo uma experiência única e diferente de tudo o que havia vivido até então. E sobre a narrativa, não cansa. Em nenhum momento. Embora o leitor queira 'ação', não vai desgrudar do livro enquanto não conseguir descobrir o que houve com esses personagens... E até que a 'ação' chegue, muito terá sido revelado...

Depois que seu amigo Tom vê Linda Gray e de tanto pavor, não deseja nunca mais pôr s pés no parque, Dev se despede dele e Erin, mas logo a garota aparece deixando o rapaz intrigado com algumas pesquisas feitas sobre a morte da garota, alguns anos antes... Eles descobrem que houveram mais garotas mortas e que o assassino tem alguma ligação com parques de diversão... Adentrando cada vez mais nesse mistério, a solução do caso se mostra aterradora e perigosa...

King ousa e entrega ao leitor personagens completamente envolventes que nos fazem conectar profundamente com a história. Seu emocional é abalado, a tensão é quase palpável a cada virar de páginas e nos faz refletir sobre as pessoas que entram e saem de nossa vida todo o tempo, e no quanto podemos nos enganar - positiva ou negativamente - com elas... Nada é o que parece ser, e Joyland cumpre a proposta - com ares pulp - de deixar o leitor de queixo caído... O desfecho soou poético e inusitado... nunca pensei que iria chorar com o rei do terror...

A qualidade gráfica e de diagramação do livro estão impecáveis e pretendo adquirir mais livros da Suma de Letras... Não poderia ter estreia mais maravilhosa que essa com seu catálogo... 

Espero que tenham gostado da resenha. E até a próxima postagem ;)


sexta-feira, fevereiro 12, 2016

O 14º Dalai Lama - Uma biografia em mangá


"Porque a violência só pode ensejar mais violência e sofrimento, nossa luta deve manter-se não violenta e livre de ódio."




Trago a resenha de mais um quadrinho da Case Editorial, de autoria de Tetsu Saiwai e que conta a história de Llhamo Döndru, o 14º Dalai Lama, autoridade religiosa de grande importância na cultura tibetana... 

A biografia em estilo mangá aborda desde a morte do 13º Dalai Lama e de quando encontraram seu sucessor, até a invasão do governo de Mao Tse-Tung no Tibete, fazendo com que a cultura dos tibetanos fosse substituida pela cultura chinesa, não sem ocorrerem muitas mortes durante o processo... 

É necessário entender um pouco do contexto a fim de apreciar melhor a obra, apesar dela possuir uma linguagem de simples compreensão e um traço limpo e bonito... A tradição budista tibetana afirma que quando um Lama morre, outro é colocado em seu lugar, porém é o mesmo, reencarnado em algum menino. Quando o encontram, ele é treinado por anos até assumir as responsabilidades de seu povo. Os Dalai seriam emanações de Boddhisattva Chenrezing, uma santidade budista, que para chegar a um estado de iluminação suprema, faz um voto de só alcança-la quando todos os seres viventes também o fizerem.

Somos levados ao Tibete do século XX, ao ano de 1933, quando um novo sucessor deveria ser encontrado... Durante o processo para se transformar num dirigente religioso e político, o 14º na linha sucessória passou por várias provações e obstáculos, quase sendo assassinado em determinado período de sua vida...

A invasão militar chinesa e anexação territorial do Tibete à China se deu durante seu período de atividades'. Lama teve que tomar várias decisões que não trouxessem a extinção dos costumes de seu povo, bem como fugir do país a fim de não ser morto, sendo acolhido na Índia... O princípio de não-violência é pregado até hoje, pois apenas com a paz pode haver a iluminação de todas as criaturas... 

A filosofia budista tem inúmeros adeptos, e tem na figura do 14º Dalai Lama um exemplo a ser seguido em busca do conhecimento, não-violência e iluminação espiritual... Os primeiros anos dele foram de compreensão de sua real condição perante o futuro do Tibete. Mas como qualquer criança em sua idade, ele queria brincar e trazia a inocência peralta de um menino de 5, 7 anos... A medida em que os anos passam, amadurece e toma real noção de sua importância e causa no mundo...

É interessante ao leitor observar essa evolução no indivíduo. O mangá se torna uma leitura essencial a quem deseja conhecer um pouco sobre a situação em que vivem os tibetanos hoje, e as causas que os colocaram nessa situação, devido aos conflitos com os chineses ainda na época do comunismo de Tung. Além da insatisfação que havia entre seu povo, Llhamo teve que lidar com um grande fardo, de conduzir o Tibete a um estado de paz, negociando com quem se mostrava disposto a assassinar quem se opusesse às suas normas. Paz essa que até hoje não existe por aquelas bandas... 

Em suma, um quadrinho que cumpre seu papel de fazer o leitor conhecer uma das personalidades religiosas mais importantes do mundo e que de forma simples emociona aquele que ousar adentrar em sua narrativa...

Postagem relacionada

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Experimentos Literários 2016 e resultado da Carnatona

Cá estou novamente para mais um "Experimentos Literários", que consiste em ler alguns autores que nunca li antes, seja por indicação, curiosidade ou escolha completamente aleatória. O fato é que ano passado não consegui ler todos os 'novos' autores da minha lista, e encaixo os mesmos na lista 2016, fora alguns que pretendo ler pois já tenho edições deles aqui no Acervo... 



Eis a lista:

Sándor Márai
Nick Hornby
John Steinberg
José Saramago
Hermann Hesse
Isaac Asimov*
Mario Vargas Llosa
William Faulkner
Diderot
Ian McEwan
Henry Miller
Ray Bradbury
Juan Rulfo
Bernardo Carvalho
John Fante
George R. R. Martin
Tennessee Williams
Walt Whitman
Sigmund Freud
Philip K. Dick*

A medida em que eu for lendo, vou resenhando e riscando o nome da lista... Dois já estão riscados porque concluí a leitura antes do post ir ao ar... Os autores que estão marcados com * já foram lidos, mas por dois contos, e como pretendo resenhar obras maiores, deixei ainda pendentes na lista, mas assim que ler dois livros que possuo aqui, serão riscados acima...

Consegui ler em 2015 apenas sete dos 21 autores que pretendia, o equivalente a um terço do Desafio. Sinto que poderia ter lido mais, mas não foi possível... Tentarei zerar a meta esse ano... Para conferir as resenhas, é só clicar nos nomes dos autores. E todos se revelaram apaixonantes pra mim...

Entrevista com o vampiro - Anne Rice
As aventuras de Huckleberry Finn - Mark Twain
Na natureza selvagem - Jon Krakauer
Psicose - Robert Bloch 
A estrada - Cormac McCarthy


Então é isso, espero que tenham curtido mais esse desafio que estou 'me impondo' em 2016... Já leram alguns desses autores? De quais gostaram mais?


P.s: Só um 'adendo'. Sobre o meu desempenho na Maratona de Carnaval, posso dizer que foi concluído com sucesso. Além das 6 obras escolhidas de minha TBR, ainda li sete hq's de The Walking Dead, que não estavam originalmente na lista...


Você pode encontrar a resenha de um dos livros aqui:
Contos brasileiros contemporâneos

Ao longo desse mês vocês terão ainda a resenha de Joyland e O 14º Dalai Lama. Em março sai a de Esperando por Doggo. Os quadrinhos O lobo solitário e O homem-aranha eu não resenhei.

Beijinhos. ;)