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Cá estou nessa terceira parte do desafio anual 12 meses de Poe. O conto do mês é Hop-Frog, publicado pela primeira vez em 1849. Hop-Frog é um bobo da corte do rei, de andar desajeitado que mais parece uma rã saltitando, como o próprio nome já diz. Sua origem até chegar ao castelo é desconhecida. Com ele, vive uma anã jeitosa e que assim como ele, também não se sabe de onde veio... Ela usa a favor deles esse jeito encantador que desperta a admiração de seus espectadores.
A fim de fazer pilhéria, pois o rei é dado a essas coisas, ele embebeda o anão durante um baile de máscaras. Vendo que seu amigo passa dos limites, tenta interceder ao rei mas este a repele, e acaba sendo humilhada na frente de todos. Ao ver Tripetta naquele estado, hop-frog põe em ação um plano de vingança...
O rei e seus ministros logo aderem a 'brincadeira' do bobo da corte e se vestem como orangotangos. Tal brincadeira assume proporções assombrosas quando o anão prende os 'orangotangos', içando-os numa altura considerável, 'iluminando' o baile de máscaras com aquele 'lustre' macabro...
Apesar de não ser necessariamente um conto de terror, é interessante a crítica feita por Poe nesse conto. A nata representada pelo monarca e seus ministros, que se divertem ridicularizando Tripetta e Hop-frog por causa de sua aparência física e a maneira como eles ainda se encantam' com a anã, por ela ser bonitinha, condicionando a posição da mulher como mero entretenimento visual para eles, retirando sua humanidade e dando-lhe um aspecto de objeto...
O conto me remete ao filme Freaks, em que os possuidores de beleza física simbolizam os vilões e as aberrações tem um coração puro e ingênuo, apesar da aparência grotesca. No contexto de Hop-frog, a nobreza possui atributos físicos considerados perfeitos, mas são desprovidos de inteligência, tanto que caem como patos na artimanha vingativa do bobo da corte... E do lado inverso, a 'aberração' deformada possui astúcia para vingar-se de quem ri dele, da forma mais cruel possível... Só lendo o conto para descobrir o desfecho, pois spoiler eu não vou dar...
Os 'orangotangos' foram representados como selvagens na estória. As vestimentas simbolizam sua condição animalesca e desumana ao desrespeitar os anões por suas condições físicas limitadas...
"balançavam-se nas correntes, massa fétida, enegrecida, horripilante, indistinguível..."