O conto Morella data de 1835. É mais um cultuado conto de horror gótico do grande mestre Edgar Allan Poe, e o quarto lido no desafio 12 meses de Poe. O narrador fala sobre a mulher com quem se casou, embora não nutrisse por ela um amor profundo. Eles eram amigos, mas acabaram casando...
Morella tinha paixão em estudar fenômenos inexplicáveis, filosofia e ocultismo, e afim de acompanhar-lhe, o narrador se rende a estas manias da mulher... Mas em dado momento, ele percebe certo desconforto com o olhar enigmático de sua esposa, e uma aura de medo se instaura no protagonista, a ponto de se sentir aterrorizado com a morbidez de Morella. Eis que ela cai doente, e ao invés de torcer pela sua recuperação, o homem se sente inclinado a rezar para que ela parta mais cedo para o mundo além-vida...
Grávida, Morella acaba falecendo no dia em que dá a luz uma menina. Sob seu leito de morte, ela faz uma revelação fatalista sobre o destino do homem e daquela criança. E de alguma forma, ela vai encontrar uma maneira de permanecer entre eles... Logo ele percebe semelhanças físicas entre mãe e filha, seu receio com a menina é tanto que sequer lhe deu um nome...
"E na fonte batismal hesitei na escolha de um nome. E numerosas denominações de sabedoria e de beleza, de tempos antigos e modernos, de minha e de terras estrangeiras, vieram amontoar-se nos meus com outras tantas lindas denominações, de nobreza, de ventura, de bondade. Quem me impeliu então a perturbar a memória da sepultada? Que demônio me incitou a suspirar aquele som e simples lembrança sempre fazia fluir, em torrentes, o sangue das fontes do coração? Que espírito maligno falou dos recessos da minha alma quando, entre aquelas sombrias naves e no silêncio da noite, eu sussurrei aos ouvidos do santo homem as sílabas "Morella"?"
Poe explora a ideia de eternidade mesmo com a morte física. Como se os resquícios da mãe na filha fossem a essência de Morella, que permanece viva através da existência da criança... Morella voltaria naquele corpo? Seria Morella uma espécie de feiticeira que despertou pavor ao marido ou tudo não passou de fruto de sua imaginação psicologicamente enferma? O desfecho fica em aberto, dando margem ao leitor para interpretar como melhor lhe aprouver...