Trago a resenha de mais um grande clássico de Ficção Científica, publicado pelo Selo Suma de Letras... Trata-se da obra A guerra dos mundos, do autor H. G. Wells, e esse título faz parte dos 1001 livros para ler antes de morrer...
O narrador nos conta a invasão do planeta Terra por criaturas marcianas, e de como conseguiu sobreviver para nos contar o que passou... O pânico se instaurou em toda a Londres, e sua população ensandecida tentava em vão se ver longe da ameaça que cruzava os céus...
Dividido em duas partes, de início nos é apresentada a primeira aparição de um estranho disco em Horsell Common, Surrey. Com um raio de calor, os seres que saem desse disco acabam matando várias pessoas, que - ao se aproximarem curiosas - acabaram por fugir apavoradas quando descobrem o que aquele disco abrigava... Com uma narrativa ágil e de fácil compreensão, o leitor adentra na fuga junto com o protagonista e outros personagens que surgem em seu caminho...
O livro ficou famoso graças a uma transmissão de rádio feita por Orson Welles em 1938. Muitas pessoas, inclusive, acharam se tratar de uma verdadeira invasão alienígena, embora ele tenha deixado claro que descrevia uma obra fictícia. A linda edição da Suma traz ao final uma entrevista com Welles e o autor, além de nos introduzir ao cenário descrito por Wells com reflexões acerca da temática, fazendo uma alusão à fragilidade humana perante o desconhecido. Os terrores do ser Humano podem vir do espaço....
Outro ponto interessante é o fato do livro ser dividido pela narrativa do próprio protagonista, nos contando sobre os acontecimentos na zona rural e relatar o que houve com seu irmão, na perspectiva urbana. E o foco é sempre o mesmo, não há quebra de ritmo ao longo dos capítulos por essa modificação de ambiente...
Ainda no prefácio há uma referência aos Deuses antigos do universo criado por H. P. Lovecraft, entidades extraterrestres que enxergam na Humanidade apenas amebas a serem destruídas... O mesmo caso se aplica aos marcianos de H. G. Wells, que enxergam nos terráqueos meros insetos... Há certo teor provincial na escrita do autor, ao narrar os acontecimentos num campo já familiar seu - Londres e seus arredores, mas a impressão que nos dá é que a invasão ocorre naquele mesmo momento em outras partes do planeta...
A Ficção de Wells é de renovação. Há que se derrubar/destruir um mundo para outro melhor surgir dali. Há uma dissolução social, de espaço, perspectivas de novos mundos enquanto os antigos são forçados a se adaptar...
A edição é em capa dura, tem uma ótima diagramação e traz algumas ilustrações ao longo dos capítulos, que são curtos, dando mais agilidade à narrativa. Em suma, é uma leitura riquíssima e que mantém quem a lê preso até o seu desfecho, que - diga-se de passagem - foi orquestrado de forma coerente e sem espaço para falhas de enredo...