terça-feira, fevereiro 27, 2018

A poesia de Bolso de Mário Quintana...

Mário Quintana possuía o dom de criar versos líricos que traziam uma boa dose de sarcasmo e ironia, acerca das reflexões cotidianas. Publicado pela L&PM Pocket, Quintana de bolso traz alguns desses versos carregados de emoções que espelham o nosso dia-a-dia. 

"Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!"

Nascido em Alegrete, esse escritor gaúcho trouxe uma grande contribuição para a poesia brasileira modernista. Além de escritor, foi tradutor e jornalista, escreveu diversas obras voltadas para o público juvenil, mas sua grande obra poética é o ponto central de sua produção. 


Quintana de Bolso reúne textos de obras como A rua dos cataventos, Baú de espantos, Esconderijos do tempo e A cor do invisível. É notável em seus versos uma perfeição técnica que em momento algum mecaniza seus poemas, mas trazem clareza e toques de profundidade e enlevo em suas palavras... 

"Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti..."

Visitar a obra de Mário Quintana é como ir ao céu sem voar, é sonhar no próprio acordar, amar sem saber o que, nem a quem...



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domingo, fevereiro 25, 2018

A inquietude nos contos de Clarice em O primeiro beijo e outros contos



Publicado pela Editora Ática, o livro O primeiro beijo e outros contos traz algumas das histórias mais conhecidas de Clarice Lispector, reunidas em menos de cem páginas, mas que dão uma ideia do quão interessante é a obra da autora. Histórias como Feliz aniversário, O grande passeio e A fuga beiram o cruel contados de maneira subjetiva... Clarice aborda temas do cotidiano de maneira profunda e visceral, desvelando a engrenagem de como funcionam as interações humanas...


"Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante."

O primeiro beijo e outros contos entrega rotinas de desconhecidos que poderiam facilmente espelhar nosso próprio dia-a-dia. Trata de personagens comuns, em situações comuns, tornando o leitor uma espécie de voyeur que enxerga tudo por um plano desfocado, desbotado. E seus desfechos são socos no estômago, pegando o leitor num momento desprevenido, enquanto seus sentidos foram aguçados por uma curiosidade ansiosa de descobrir oque vem além daquelas páginas...

"Nascer foi a minha pior desgraça. Tendo já pagado esse maldito acontecimento, sinto-me com direito a tudo."

Nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira, Clarice Lispector é um dos grandes nomes da nossa literatura. Publicou A hora da estrela, Felicidade Clandestina, A paixão Segundo GH e Perto do coração selvagem, entre outros. Faleceu em 1977, no Rio de Janeiro. 



sexta-feira, fevereiro 23, 2018

Alive, de Tsutomu Takahashi

Em minhas idas periódicas à banca de revistas da cidade me deparo com um mangá de título e traço curiosos, que logo despertam meu interesse e com satisfação acabei trazendo para casa e devorando suas mais de 250 páginas em pouco tempo...

Alive traz a história de um assassino condenado à morte, que no último minuto consegue escapar da pena graças a intervenção de uma organização. Tenshu Yashiro assina um contrato com os agentes a fim de escapar da morte certa, na teoria, pois qualquer outra coisa seria mais válida que o enforcamento, mas com o decorrer da trama, Tenshu percebe que a coisa não é tão fácil assim..

A Panini comics publicou em volume único esse compilado de dez volumes publicados originalmente no Japão, e seu autor é bem conhecido  devido aos trabalhos anteriores, como Blue Heaven, Jiraishin e Skyhigh. Alive ganhou inclusive uma adaptação para os cinemas e é considerado um dos grandes ícones da indústria de quadrinhos japoneses. 


Tenshu se vê envolvo numa estranha experiência, onde é colocado numa sala com outro homem, que chegou até ali em circunstâncias semelhantes ao protagonista. Ambos estão completamente isolados do mundo, sem ter noção de tempo, sem poder ter contato com outras pessoas, a não ser por rápidas conversas' com as autoridades do local, que se mostram dispostos a testar experimentos inimagináveis nos dois ex-condenados... 

Alive possui uma narrativa elétrica e alucinante. A cada página somos inseridos ainda mais profundamente na trama, além de possuir também um traço marcante que causa maior impacto à história. Trata-se de uma publicação de 1999 mas que chegou ao Brasil recentemente, e promete agradar aos leitores aficionados do terror japonês...





quarta-feira, fevereiro 21, 2018

[Séries] Apaches


Apaches é uma série da Netflix, de apenas uma temporada, baseada no livro homônimo do escritor Miguel Sáez Carral. Estreou na plataforma em setembro de 2017 e conta com nomes de peso no elenco como Alberto Ammann [nArcos], Paco Tous [La casa de Papel] e Eloy Azorín [Todo sobre mi madre]. 


Alfredo 'El Chatarrero' e Carol [shippo muito]

A história se passa no bairro de Tetuán em Madri, em meados da década de 1990, com alguns flashbacks nos anos 1970, a fim de explicar algumas questões sobre a infância dos personagens Miguel e Sastre, amigos de infância que se separaram devido aos caminhos que tomaram na vida adulta, mas que de repente se vêem juntos novamente...

A família de Miguel está arruinada porque o seu pai foi roubado pelo sócio na empresa que eles tinham. Jornalista, ele se vê obrigado a entrar para o mundo do crime, roubando joalherias com os seus amigos a fim de salvar o pai, saldando suas dívidas. 

Sastre, Miguel, Dela y Boris

A série aborda temas como lealdade, tanto dos amigos do bando como do próprio bairro de Tetuán, onde existe uma lei que nenhum morador entrega o outro. Fala sobre amor, perdas, crimes, violência, maus-tratos na infância, traição, falta de perspectivas, acertos de contas... Além dos planos para assaltos,  a história mescla com perfeição vários aspectos sociais e nos brinda com um triângulo amoroso, quando uma mulher do passado de Miguel e Sastre volta a se envolver com eles, sendo amante atualmente de Alfredo 'El Chatarrero', homem de negócios escusos que possui um armazém que serve de fachada para seus contrabandos com mercadoria roubada.

investigador 

Carol possui uma 'dívida' de gratidão com Alfredo, pois ele a salvou num momento infeliz de sua vida. Mas a volta de Miguel para o bairro desencadeia uma paixão avassaladora que pode pôr em risco a vida do jornalista, além de fazer ir por água abaixo o pagamento das dívidas de seu pai... 

Outro ponto interessante a salientar é que em momento algum a trama se torna piegas devido ao romance - pelo contrário - as cenas entre Miguel e Carol deixam o espectador ainda mais angustiado por receio de El Chatarrero flagrar ambos, ou a polícia encontrar o bando de assaltantes, já que o novo investigador designado para o caso está 'na cola' do grupo. A série tem um ritmo alucinante, possui uma trilha sonora envolvente e personagens pra lá de humanos e reais. Em dado momento, você compreende os motivos de alguns, chega a sentir empatia por outros e torce até por quem é 'vilão'... Na verdade, não há mocinhos e vilões - todos tem um pouco de ambos em suas personalidades e trajetórias. 

Apaches é uma série completa, fechada em sua estrutura, e que promete ao espectador doses de drama e ação na medida ajustada, sem exageros ou 'lugares-comuns'. Cumpre ao que se propõe e traz um desfecho surpreendente. Fiquei muito interessada em ler o livro no qual a série foi baseada e espero que alguma editora publique aqui no Brasil... 

Miguel, Carol, Sastre y Miranda

quinta-feira, fevereiro 15, 2018

Trevisan, O vampiro de Curitiba

Com um título que carrega sua alcunha, Dalton Trevisan nos entrega uma obra repleta de experimentalismo na literatura contemporânea brasileira. O vampiro de Curitiba foi publicado pela Ed. Record e nos mostra mais uma faceta do autor, em que cada conto é carregado de fina ironia, perversidade imagística e simboliza a desesperança humana.

Há um quê de erótico em suas narrativas. Toques de absurdismo mesclados à melancolia e decadência. Utilizando-se de poucas linhas, ele nos deixa com a sensação de baque surdo, engolir em seco e mente em suspenso ao finalizar cada conto. 

"Ouça o risco da unha na meia de seda. Que me arranhasse o corpo inteiro, vertendo sangue do peito."

Conhecido como umas das grandes vozes da literatura latino-americana, representa bem um Brasil de esquecidos, marginalizados, lugares-comuns na sociedade. Mas com o esmero de fazer do simples algo pungente. 

"beijava-a raivoso, lábio inchado de mordida."

O amor ou 'fazer amor' transborda como um lampejo, sem ares de exibicionismo. Deixa o leitor à espreita, como um voyeur sedento por vivenciar tudo aquilo, colocando o desejo acima de qualquer moral ou convenção social...

"a bela enterrou-lhe a unha no pescoço:
-Me beije. Ai, meu amor - e rilhando com fúria os dentes. - Ai, me beije.".

Trevisan nos brinda com personagens crus, reais, que revelam-se verdadeiros paradoxos: chavões interessantes; ordinários peculiares, em situações de caos, miséria existencialista e desfechos secos, impactantes. Que permitem ao leitor horas de reflexão profunda sobre o que foi lido... 

Sua narrativa beira o soberbo. Sem intenções disso. 

Dalton Trevisan, o 'vampiro de Curitiba'.

terça-feira, fevereiro 13, 2018

Personagens Literários encontrados no Carnaval

Tem pessoas que aproveitam o feriado de Carnaval para se divertir, outros preferem viajar e muitos leitores aproveitam para colocar as leituras em dia... Já pertenci às três categorias, e do ano passado pra cá, resolvi me aventurar nos blocos e frevar um pouco...

E eis que surgiu uma ideia de postagem... em meio à multidão de foliões me deparo com a criatividade de alguns em se fantasiar, inclusive de personagens que encontramos na literatura... Resolvi compilar por aqui algumas dessas figuras indicando os títulos que tais fantasias remetem...


Não há carnaval que se preze sem uma Arlequina. Muita gente se inspira no figurino da personagem vilã de Batman para se vestir durante a festividade. A própria é inspirada no Arlequim, figura da Commedia dell’Arte, originária na Itália do século XVI. Juntamente com a Colombina e o Pierrot formam um triângulo amoroso numa sátira social do teatro da época. Dentre algumas de suas características, o Arlequim é famoso por sua roupa de losangos, seu deboche e arte de pregar peças.

Arlequim [Paul Cézanne - 888/1890]

Outro personagem que pode ser facilmente encontrado num baile de máscaras ou desfile é o Zorro. Criado em 1919, seria o alter-ego de Don Diego de la Vega, que defende os fracos e oprimidos utilizando-se de um disfarce. Foi adaptado para o cinema e até em histórias em quadrinhos. Na literatura, indico o romance Zorro, de Isabel Allende e A marca do Zorro, de Johnston McCulley


Sempre tem alguém pra sair fantasiado de Cigano, outra figura emblemática do carnaval. Um dos personagens ciganos mais famosos da literatura pode ser encontrado na obra de Victor Hugo, O corcunda de Notre Dame. Esmeralda é uma cigana imortalizada na animação da Disney, mas que na obra clássica tem um desfecho mais denso do que na versão do filme, mais voltado para o público infantil...

 

Além de Esmeralda, outra personagem cigana na literatura é Carmen, do romance homônimo de Prosper Mérimée, retratada como uma mulher diabólica e sensual. Há, inclusive, uma ópera baseada na obra.


 Temos também Heathcliff, do romance gótico O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë. Ele é apresentado na história como uma espécie de cigano. Houveram várias adaptações do livro para o cinema... 

Ralph Fiennes, como Heathcliff, versão de 1992.

Outro personagem emblemático do carnaval é o pirata. Piratas podem ser encontrados em diversas obras literárias como A ilha do tesouro, de Robert Louis Stevenson, O Capitão Gancho de Peter Pan, Bêlit, criação de Robert E. Howard para a sua obra-prima dos quadrinhos Conan, entre outros. Trata-se de um personagem famoso e que inspira muitos foliões a saírem vestidos em troças, clubes e blocos carnavalescos...


E então, conhecem outros personagens literários que inspiram foliões? Me falem nos comentários... Beijos e até mais... ^.~


sábado, fevereiro 10, 2018

Projeto de Leitura #LendoOQueBowieLeu

Olá, pessoas. Venho através deste post falar sobre a ideia que tive outro dia de começar mais um Projeto literário, mas dessa vez, sem data-limite determinada. Deixando em aberto, quem sabe eu dê conta das leituras de maneira mais satisfatória? Resolvi montar minha TBR a partir da lista de livros preferidos do cantor David Bowie, do qual eu sou grande admiradora. Bowie faleceu em 2016 deixando uma leva de fãs que apreciavam seu trabalho como músico, que influenciou toda uma geração de artistas mundiais.


Bowie era um grande apreciador das letras, recentemente seu filho publicou no twitter uma espécie de projeto para ler as obras que seu pai mais amava, e não é que várias pessoas aderiram ao projeto, criando até uma corrente de # pelas redes sociais? Inspirada nisso, listei obras que foram publicadas em português e que eu já possuo em meu acervo.  Algumas eu já tinha lido e vou reler novamente a fim de trazer postagens relacionadas a elas por aqui...

Para facilitar a interação de quem quiser participar dessa empreitada, é só utilizar a #LendoOQueBowieLeu nas redes sociais, a fim de interagirmos... Eis a lista...

  1. Laranja Mecânica -  Anthony Burgess
  2. Madame Bovary - Gustave Flaubert
  3. Ilíada - Homero
  4. Enquanto agonizo - William Faulkner
  5. O estrangeiro - Albert Camus
  6. Lolita - Vladimir Nabokov 
  7. O grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald
  8. O marinheiro que perdeu as graças do mar - Yukio Mishima
  9. A terra desolada [poema] - T.S. Elliot
  10. 1984 - George Orwell
  11. A sangue frio - Truman Capote
  12. O amante de Lady Chatterlay -  D.H. Lawrence
  13. On The Road - Jack Kerouac
  14. O Leopardo - Giuseppe Di Lampedusa
  15. Inferno - Dante Alighieri


Lolita já foi lido e resenhado mas  pretendo trazer algum post sobre a obra, por isso ele permanece na lista. A terra desolada trata-se de um poema de Elliot e Inferno de Dante ainda penso se farei a postagem em formato de resenha ou de outra maneira, em virtude de se tratar da primeira de três partes da obra A divina Comédia.

Então é isso. Espero que todos apreciem o Projeto, participem e chamem os amigos para lermos juntos. Será um prazer discutir essas leituras com vocês... Beijos e até mais...


Postagens relacionadas:

sexta-feira, fevereiro 09, 2018

O massacre da Granja São Bento, um episódio nefasto dos Anos de Chumbo...



Por indicação de um amigo, conheci o livro que retrata o massacre ocorrido em meados da década de 1970, que vitimou seis pessoas integrantes da Vanguarda Popular Revolucionária [VPR], emboscados numa granja no município de Abreu e Lima, na região metropolitana do Recife. O massacre da Granja São Bento é um livro-reportagem que mescla elementos de pesquisa documental com jornalismo literário, com uma narração frenética, de autoria de Luiz Felipe Campos.

local de execução dos militantes da VPR


Publicado pela CEPE Editora em 2017, o leitor tem acesso à história de um homem que se uniu a um importante torturador do período militar, chegando a enviar sua própria companheira para a morte, num caso que entrou para o rol de crimes mais brutais cometidos no período da Ditadura Militar no Brasil. A mídia da época, inclusive, chegou a noticiar o caso como sendo uma troca de tiros com os 'terroristas'. Só muitos anos depois é que a história veio à tona sem o corte da censura, em que se revelou não ter ocorrido um tiroteio e sim um massacre, pois os membros da VPR se encontravam desarmados na casa da granja. E as cenas do crime foram forjadas para parecer que houve um confronto armado.

Capítulo por capítulo, o leitor vai tendo conhecimento do caso desde o início, quando o grupo se formou, de como eles foram atraídos para o sítio em que foram assassinados; o autor também narra a trajetória de cada uma das vítimas, bem como o envolvimento de cada uma delas na história político-social do país naqueles anos de chumbo... Ele faz um adendo com relação as notícias que foram divulgadas na época, a fim de esclarecer a versão oficialmente apresentada no período do crime.

Utilizando-se de uma biografia respeitável, Luiz Felipe traça um panorama sobre os acontecimentos naqueles anos até a noite do crime, em janeiro de 1973. A obra é bem detalhada, desdobra o 'depois' da chacina e de como ela afetou a vida dos parentes de Jarbas Marques, José Manoel da Silva, Eudaldo Gomes da Silva, Evaldo Luiz Ferreira de Sousa, e as mulheres que compunham o grupo: uma tcheca de nome Pauline Reichstul e a paraguaia Soledad Barrett Viedma, esta última companheira do Cabo Anselmo, que foi o responsável pela captura, tortura e assassinato dos militantes. 

  

O delegado Sérgio Fleury foi o grande responsável pela execução da chacina, aliado ao Cabo Anselmo, que agia como agente duplo até o desfecho da operação. De um lado, eles lutavam a fim de aniquilar a 'subversão' daqueles que se opunham ao movimento militar e de outro, os militantes assassinados se aliavam a grupos clandestinos revolucionários a fim de colocar um ponto final na ditadura instaurada no país desde o golpe em 1964.

O massacre da Granja São Bento é o livro de estreia do autor, formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco, fruto de um estudo investigativo que durou pelo menos cinco anos de apuração de fatos, documentos e entrevistas. O livro conta ainda com algumas fotografias de época, que ajudam a elucidar a narrativa...

A leitura dessa obra é essencial para se entender um pouco o contexto da Ditadura Militar no Brasil e de como certos acontecimentos em nossa atualidade são reflexos daqueles anos. Uma boa recomendação para sair do limbo da ignorância que boa parte da população se encontra hoje em dia, por causa de uma mídia manipuladora, políticos 'messiânicos' e descontentamento social que levam tais indivíduos a acreditarem em promessas extremas desprovidas de reais soluções... 

Aos aficionados pela temática, aos leigos que sentem curiosidade, a estudantes, acadêmicos e afins... eis uma proposta atrativa, informativa e sem preâmbulos...


quinta-feira, fevereiro 08, 2018

A oralidade africana em Toques do Griô

Griô é uma figura importante da cultura africana e é bastante conhecida aqui no Brasil como sendo um contador de histórias. Toques do Griô - Memórias sobre contadores de histórias africanos é um livro ricamente ilustrado por Kaneaki Tada e escrito por Heloísa Pires Lima e Leila Leite Hernandez, publicado pela Ed. Melhoramentos.

Toques de Griô possui vinte e um capítulos e aborda essa figura histórica através dos tempos, desvelando sua importância para a preservação da oralidade da cultura africana. Os capítulos vão desde a epopeia de Sundiata Keita e seu império no século XIII, até os aprendizes de Griô que vivem em Mali em nosso século. 


Há também a origem da palavra griô e relatos sobre pirogas malinqués, aproximando o leitor da sonoridade africana e sua valorização em nosso cotidiano. Trata-se de uma obra rica e que insere o leitor num universo [ainda] pouco familiar mas que possui grande importância em nossa própria construção de identidade multicultural como povo que possui raízes no continente negro. 

Toques do Griô é uma leitura para qualquer faixa etária, apesar do foco no público juvenil. A escrita das autoras possui certa musicalidade assim como a Kora, harpa do noroeste africano, simbolizada no livro pelo número de capítulos da obra, que remete ao seu número de cordas, dando maior riqueza a estrutura do texto.

Toques do Griô é uma leitura sensível, encantadora e educativa. Uma bela viagem à África por meio de suas páginas...


terça-feira, fevereiro 06, 2018

O outro, poesia portuguesa de Luís Serguilha



Em minhas andanças pelo Sebo, sou surpreendida por uma edição com ares de antigo, que mais parecia um caderno de ilustrações em rascunho... Tocada pela beleza da edição, folheei suas páginas e me deparei com a maravilhosa e poética escrita do escritor português Luís Serguilha.

Livro lindo que eu trouxe do sebo esses dias... #OOutro #PoesiaPortuguesa #LuísSerguilha 
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O outro foi publicado em 1999 e contém pouco mais de cem páginas de puro delírio romântico e de entrega. Conta ainda com ilustrações feitas por Cristina Cunha e Marta Ângela Baptista, que por si apenas já valeriam a compra do livro. São imagens de cunho sensual que - ligadas aos versos do poeta - mergulham o leitor numa experiência que beira o sensorial erótico, de ruptura de convenções e pudores, a um verdadeiro gozo literário.

"está na hora de beber a primavera no teu cálice de canela
sentir a festa do mar entre dois riachos." 
"Vejo em ti a área enevoada de linguagem muda e de fogo."

O autor nasceu em 1966, na Vila Nova de Famalicão. Além de poeta, é também crítico literário. Alguns de seus textos podem ser encontrados em publicações de literatura e arte. Chegou a ser entrevistado no Provocações, programa de TV de Antônio Abujamra, da TV Cultura. 






domingo, fevereiro 04, 2018

[Quotes] Dos Cuerpos - Dois corpos [Octavio Paz]

Dos cuerpos

Dos cuerpos frente a frente
son a veces dos olas
y la noche és oceano.

Dos cuerpos frente a frente
son a veces dos piedras
y la noche desierto.

Dos cuerpos frente a frente
son a veces raíces
en la noche enlazadas.

Dos cuerpos frente a frente
son a veces navajas
y la noche relámpago.

Dos cuerpos frente a frente
son dos astros que caen
en un cielo vacío.


Dois Corpos 

Dois corpos frente a frente
às vezes duas ondas
são, e a noite é oceano.

Dois corpos frente a frente
às vezes duas pedras
são, e a noite deserto.

Dois corpos frente a frente
são às vezes raízes
na noite entrelaçadas.

Dois corpos frente a frente
são às vezes navalhas,
e é relâmpago a noite.

Dois corpos frente a frente
são dois astros que caem
num céu ermo e vazio.


Octavio Paz - Poesia de todos os tempos. Grandes Vozes Líricas hispano-americanas.

sábado, fevereiro 03, 2018

Caixa de Correio Especial Férias de Janeiro...

Olá, pessoas... Havia falado no post anterior dessa coluna que a partir desse ano eu tentaria trazer esse conteúdo em formato de vídeo lá no canal, com todos os recebidos do mês... Só que a balzaquiana aqui acabou se empolgando e fez muitas - MUITAS - trocas no sebo e o resultado foi uma pilha ENORME que renderia um média-metragem. Então, pra ser mais sensata, resolvi postar por aqui os quadrinhos e revistas que adquiri em janeiro, e acho que separando as 'categorias' a coisa fica toda mais organizada e não tão cansativa...

Pois bem... Foram 4 quadrinhos esse mês: Tex [foi doado], o mangá Alive, de Tsutomu Takahashi, um volume único que provavelmente vai ganhar novo dono, apesar de eu ter gostado da história... mas ultimamente venho desapegando e segundo um amigo querido meu 'conhecimento parado é conhecimento perdido'
Além dele, recebi da minha amiga Tamara um gibi da Magali, e consegui o volume 25 do mangá Vagabond no Sebo do Dedê...
Nesse querido sebo, consegui comprar uma gramática de francês, além do livro do estudante... será muito útil para reforçar o idioma, já que sei um pouco - bem pouco - da língua...



Na banca de revistas aqui da cidade não resisti àqueles pacotes de promoções de 'tantas revistas por um preço x' e trouxe as benditas pra casa, por se tratarem de títulos de minha área acadêmica [História]. Tem revista de guerra, ditadura militar e civilizações da antiguidade..


Bem, por hoje é só[???] - não resisto ao sarcasmo. hehe

Já ouviram falar desses quadrinhos? Que tipo de revistas vocês consomem?

Beijos e até a próxima[???]