Liríope foi uma ninfa, mãe de Narciso. Quando o menino nasceu, ela ficou encantada com sua beleza. Aliada ao encantamento, o medo dos deuses do Olimpo de se sentirem desafiados pela sua perfeição e sabia que seu bebê poderia ser punido. Então, ela resolve ir em busca de ajuda, pedindo conselhos de Tirésias, um adivinho cego, que foi enigmático em sua resposta: "Narciso pode ter vida longa, desde que não veja a si mesmo."
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Eis umas das lendas mais conhecidas da Mitologia Grega. A lenda de Narciso ganha uma versão simplificada através da narrativa de Luiz Guasco, fazendo parte de uma série da Editora Scipione, intitulada Re-Encontro Literatura. O autor nasceu em São Paulo e é bacharel em Língua e Literatura Grega pela USP.
Narciso é filho de Liríope e do deus-rio Céfiso. Apesar do fascínio que exerce em todo ser que o conhece, ele é alheio aos apelos de seus admiradores. Mas como as Tragédias gregas sempre tem seus motivos, Narciso vê seu reflexo nas águas e se apaixona por sua própria face, aproximando-se do reflexo, cai na água, vindo a afogar-se, abreviando sua vida...
A Grécia é considerada o berço da civilização ocidental. Surgiu por volta de 2.000 a.C. Suas pólis tinham organização próprias. Mas compartilhavam sua ancestralidade, hábitos e costumes religiosos. Artes, Filosofia e Ciências são os alicerces da cultura helênica e atravessaram gerações, incutindo nas sociedades seguintes um modelo social-democrático que se embasava na oralidade de seus mitos, a fim de explicar a sua origem.
A mitologia grega é intrínseca ao politeísmo. Os deuses gregos tinham características humanas, se envolviam com humanos e dessas uniões poderiam surgir frutos: os chamados semi-deuses, os ditos Heróis de diversas narrativas. Haviam outras figuras mitológicas, tais como as ninfas, sátiros e centauros. Liríope temeu por seu filho, pois sabia que sua beleza exagerada poderia atrair a fúria das divindades, que iam se sentir ameaçadas por Narciso. Egocêntricos, almejavam todas as atenções para si mesmos.
Narciso originou um termo na psicanálise freudiana: narcisismo. A fixação afetiva de um indivíduo por ele mesmo. Contemplar a própria imagem, tal como o rapaz que se afogara nas águas ao admirar o próprio reflexo. É interessante o uso do mito de Narciso para se levantar reflexões importantes sobre a sociedade atual, que se alimenta do consumismo e da busca por uma imagem perfeita, inalcançável.
Em suma, é uma obra que levanta questionamentos. Mitos Antigos que retratam tão bem um contexto de pós-modernidade...
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Narciso, de Caravaggio. |
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