O amor é descrito de forma sensível e crua pelo olhar de Caio f. Abreu em Os dragões não conhecem o paraíso. O amor em várias nuances, que vão do cinza aos dias pálidos que refletem ausência, abandono e dor aos coloridos cheios de expectativas.
A antologia possui 13 contos e é uma publicação da Editora Nova Fronteira. Neles, Caio desvela um estilo visceral e que ao mesmo tempo possui um sutil toque minimalista. Vencedor do Prêmio Jabuti no ano seguinte à sua publicação, foi escrito numa época em que o contexto político e social se faz notar em nossa contemporaneidade. São contos atemporais, que transbordam de lirismo em sua casualidade.
Seus personagens se refugiam em simulacros, parecem inertes à dor, como almas perdidas imersas em um mar de desalento, descritos numa narrativa poética e poderosa, vultos anônimos embalados pelos bastidores do lugar-comum. Caio possui uma escrita que mescla o grotesco ao selvagem, um oco desagradável. E que nos enleva. Um paradoxo sustentado pelo existencialismo que culmina no vazio...
Seus contos se agarram em ilusões na efemeridade, a fim de nos manter sãos, enquanto perigosamente estamos às margens... de qualquer coisa palpável, que nos faça sentir o frescor da vida na pele. O brusco de seus desfechos soa como um líquido amargo na garganta, que acabamos por sorver em goles generosos...