terça-feira, agosto 20, 2019

[Arte Selvagem] Bosch

Trazendo aqui para o blog mais uma leitura sobre artistas, o pintor da vez é Hieronymus Bosch, nascido no século XV. De origem holandesa, sua obra é repleta de simbolismos, conceitos místicos e alquímicos. 
O juízo final é um tema sempre recorrente em suas telas. A luta entre o Bem e o Mal trazem à tona o sentimento religioso, representadas por práticas de feitiçaria versus o clero inquisidor. Certamente, sua obra trata de uma das mais fantásticas criações do século XV. Pertencem a Bosch pinturas como A tentação de Santo Antão, com direito a missa negra, incêndios e monstros, mesclados às cenas da Bíblia; O jardim das Delícias, onde temas como sedução são retratados e A epifania, que aparentemente retrata a calmaria de uma paisagem suave, mas que carrega inquietação crescente ao observador mais atento. 


Aos apaixonados pela arte repleta de magia, religiosidade e fantasia surreal, Bosch certamente é o mestre em sua melhor representação. 


(1475-1480] Museu do Prado, Madri.


O juízo Final - A tentação Satânica. Academia de Belas Artes, Viena.


segunda-feira, agosto 19, 2019

Paris é uma festa, de Ernest Hemingway

 Publicado postumamente, Paris é uma festa nos mostra um Ernest Hemingway escritor vivendo na década de 1920, ainda jovem, pobre, mas com uma singularidade para descrever o cenário ao seu redor numa escrita limpa, mas com sutil subjetividade. A obra parece ir na contramão do que já foi escrito até então pelo escritor, onde é mais comum encontrarmos romances e contos sem preâmbulos, numa escrita crua, rígida e desprovida de sentimentalismos.





Em Paris..., nos deparamos com um Hemingway bem-humorado, humano, mordaz e ao mesmo tempo, sentimental. Sua prosa retrata com requinte os cafés parisienses. Contrastando com o ambiente, figuras peculiares como Gertrude Stern, Ezra Pound e F. Scott Fitzgerald, que são descritos de maneira singular e, por que não dizer - honesta? Pela ótica de Hemingway, Pound era uma agradável companhia, um artista modesto e que se preocupava com o sofrimento alheio, era solidário e leal. Fitzgerald é tido como um tipo esquisito, cheio de manias enfadonhas e inconvenientes e Zelda, como uma mulher entregue à insanidade. 

Tendo se suicidado quando revia o texto de Paris é uma festa, Ernest revisitou seus anos de juventude, evocando memórias e aventuras, bem como as dificuldades financeiras que passou ao lado de sua companheira. Havia no escritor da década de 1920 um frescor há tempos perdido, e que nessa revisita ao passado, pudemos conhecer. 

Paris é uma festa é uma obra sensível e melancólica, de encantos e ironias, amores e desafios. É um Hemingway em estado bruto, e trazendo aqui um paradoxo delicado, apaixonante e sem falsos idealismos.



quarta-feira, agosto 14, 2019

Resenha: Dentro de um mês, dentro de um ano, minha estreia na obra de Françoise Sagan

 Dentro de um mês, dentro de um ano é um romance escrito por Françoise Sagan, que conta a história de Bernard em uma viagem rumo ao exterior. Preso a um casamento insípido, ele não consegue esquecer um antigo amor, e eis que Josée ressurge em sua vida, mas esse reencontro não se dá como Bernard gostaria... 





Josée vem lhe comunicar sobre a doença de sua esposa Nicole. Porém, ela resolve poupá-lo de dar-lhe a notícia de imediato, mas ele precisa retornar com urgência a Paris. São inseridos na trama outros personagens, que possuem trajetórias igualmente fatalistas, vazias e de paixões doentias. 

A escrita de Sagan é leve e desperta no leitor reflexões sobre o vazio do 'ser', numa aura existencialista de como as relações podem ser efêmeras. A obra fala de amores que vêm e vão em espaços de tempo que podem ter a duração de alguns meses ou menos, dias e semanas...

É um romance que desnuda as relações/interações sociais, mesclando sentimentos como tristeza, luxúria, solidão e apatia. Françoise Sagan nasceu em 1935, e lançou seu primeiro romance em 1954, intitulado Bom dia, tristeza.