quinta-feira, agosto 20, 2020

As pessoas parecem flores finalmente - Charles Bukowski

enquanto a maioria das pessoas 

joga toda a conversa fora 

eu 

anoto. 


Publicado pela L&PM Editores, As pessoas parecem flores finalmente é o quinto volume póstumo de poesias de Charles Bukowski, que traz poemas inéditos ao longo de 295 páginas. Originalmente publicado nos Estados Unidos em 2007, divide-se em quatro partes, a primeira delas com material escrito na década de 1960. A segunda parte compreende poemas que falam sobre mulheres. A terceira parte reúne seus textos que falam de loucura e a parte final aborda a sabedoria presente em seus escritos. 

 

 É curioso perceber que apesar da temática já recorrente em suas composições poéticas, Bukowski se reinventa, pois em cada experiência narrada, parece ser o que representa: uma nova [des]ventura, seja ela amorosa, financeira ou existencialista.

Em alguns dos escritos encontrados no livro, vemos menção à filha, e aos cuidados que precisou ter com ela ainda nos primeiros meses de vida. As pessoas parecem flores é pungente, sincero, honesto; sem preâmbulos ou lugares-comuns, mesmo quando ele fala de situações que aparentemente soam corriqueiras. 


Nascido na Alemanha, veio aos 3 anos para os Estados Unidos e sua infância foi difícil. Muito dela se reflete em seus escritos, bem como a vida adulta e a velhice. Poemas e contos com forte teor autobiográfico são a essência de sua composição literária. Considerado um dos grandes nomes da literatura americana marginal, Charles Bukowski faleceu de leucemia em 1994. 



quinta-feira, agosto 13, 2020

Charles Bukowski - Quotes

Em comemoração ao centenário de nascimento do escritor Charles Bukowski, resolvi mostrar algumas citações que dizem muito sobre a obra do autor. São trechos de seus contos, poemas e romances que grifei durante minhas leituras. Espero que apreciem minhas escolhas...



"Éramos abortos da natureza. eu não fugia à regra. não fugia mesmo." 

A mulher mais linda da cidade e outras histórias.


 "A vida é para quem se arriscava." Pulp.


"Estou acabado. Em algum lugar tomei uma trajetória errada. Em algum momento, morri durante a noite." Ao sul de lugar nenhum - histórias da vida subterrânea.

"eu te amo mas você é um louco, um caso perdido." O amor é um cão dos diabos


"Eu era um homem que se fortalecia na solidão; ela era para mim a comida e a água de outros homens. Cada dia sem solidão me enfraquecida. Não que me orgulhasse dela, mas dela eu dependia. A escuridão do quarto era como um dia ensolarado para mim. Tomei um gole de vinho." Factotum.


"Cada um de nós está, no final, sozinho." Textos autobiograficos.

"Esse é o problema com a bebida, pensava, enquanto enchia o copo. Se acontece alguma coisa ruim, você bebe para esquecer; se acontece uma coisa boa, você bebe para comemorar; se não acontece nada, você bebe pra que aconteça alguma coisa." 

Mulheres

quinta-feira, agosto 06, 2020

Sobre o Amor, Charles Bukowski



Publicada pela L&PM Editores, Sobre o amor é mais uma coletânea de poemas de Charles Bukowski, mas que possuem como elo em comum a temática do amor. Aquele amor ácido, amargo, mordaz e desventuroso, tipicamente familiar a leitores de seus escritos. 

Bukowski vivenciou o amor ao longo de sua vida a partir de diversos prismas, e deliciosamente soube expressar suas vivências através de versos crus, viscerais e detentores de uma rudeza que ao mesmo tempo soa sensível a quem os lê. 

Abel Debritto foi o responsável por compilar esses poemas, já tendo trabalhado em edição de outras duas obras do escritor, Escrever para não enlouquecer e Sobre gatos [deste último eu já falei aqui no blog]. 

Há espaço aqui para o amor paterno e sua relação afetuosa com Marina.. o livro não fala apenas de suas paixões carnais e ferozes. 
Se pudesse definir Sobre o Amor em apenas uma palavra seria Avassalador. Como tudo que Bukowski 'experienciou' e registrou em sua obra...


Escala

Fazendo amor sob o sol, sob o sol matinal. 

num quarto de hotel
acima do beco
onde homens pobres catam garrafas; 
fazendo amor sob o sol
fazendo amor junto a um tapete
mais vermelho que nosso sangue,
fazendo amor enquanto meninos 
vendem manchetes 
e Cadillacs,
fazendo amor junto a uma foto de 
Paris
e um maço aberto de Chesterfields, 
fazendo amor enquanto outros homens - pobres
 coitados - 
trabalham. 
Daquele momento - a este...
 podem ser anos do jeito como são medidos,
mas é só uma frase atrás na minha mente - 
são inúmeros os dias
nos quais a vida para e estaciona e fica
e espera como um trem nos trilhos.
Eu passo pelo hotel às 8 
e às 5; vejo gatos nos becos 
e garrafas e vagabundos,
e olho a janela no alto e penso:
não sei mais onde você está,
e sigo caminhando e me pergunto 
para onde
a vida vai
quando para.