É necessário compreender a lógica de funcionamento das práticas e costumes que configuram a cultura e suas variantes dentro de um contexto social. À partir da compreensão desses eventos, novas perspectivas surgem a fim de combater a intolerância e preconceitos que advém das ideias limitantes que tratam de classificar e hierarquizar as diferentes culturas existentes, partindo de uma visão - em sua maioria - eurocêntrica, e superioridade civilizatória.
Ainda, segundo o autor,
a discussão sobre cultura pode nos ajudar a pensar sobre nossa própria realidade social.
A obra dá exemplos do período em que o nomadismo dá espaço à prática da agricultura e domesticação de animais, onde houveram tendências dominantes, à partir da organização social e conflitos de interesse gerados nesse processo.
Ela só se tornou viável porque os grupos humanos envolvidos conseguiram reorganizar sua vida social de modo satisfatório, criando novas possibilidades de desenvolvimento, e ao fazer isso conseguiram inclusive alterar as condições dos recursos naturais, como a domesticação de animais e plantas o prova.
As relações entre culturas também são um fator importante para entender cada história e suas particularidades. Hierarquizando duas ou mais civilizações, o pesquisador pode usar algum critério comparativo, como por exemplo a tecnologia como parâmetro para afirmar que uma cultura é superior a outra. OU pode-se levar em conta que cada cultura possui maneiras diferentes de organização, não havendo necessidade de subjugar uma cultura em relação a outra. A segunda opção se mostra mais acertada.
Durante o século XIX vários estudos foram feitos utilizando-se o critério de hierarquização das culturas existentes, partindo da ideia de evolução humana para justificar tal pensamento.
Todas as sociedades humanas fariam necessariamente parte dessa escala evolutiva, dessa evolução em linha única. Assim, a diversidade de sociedades existentes no século XIX representaria estágios diferentes da evolução humana: sociedades indígenas da Amazônia poderiam ser classificadas no estágio da selvageria, reinos africanos, no estágio da barbárie. Quanto à Europa classificada no estágio da civilização, considerava-se que ela já teria passado por aqueles outros estágios.
Estes estudos revelam uma visão de superioridade europeia em detrimento das culturas do "Novo Mundo" e do continente africano, numa tentativa de validar a exploração a que foram submetidas por parte do capitalismo comercial no período das Grandes Navegações, iniciadas no século XIV, por parte das potências europeias. Além da questão do domínio econômico, embasavam também ideias racistas, que defendiam a inferiorização dos povos não-europeus, a fim de justificar seu domínio.
No que tange ao relativismo, a observação de outras culturas distintas da cultura de quem observa tem por base sua própria perspectiva, a nível comparativo, embora não haja leis naturais ou de verdade absoluta que faça essa distinção hierárquica per si.
O conceito de cultura geralmente é associado à erudição. Em alguns casos, como manifestação artística, mas é notável a assimilação que é feita com meios de comunicação. Outra "definição" de cultura se refere a costumes tradicionais, como festas representativas, idiomas e maneiras de vestir. Entre tantas variações, é curioso pensar que existam tantas delas.
De origem latina, a palavra cultura significa atividade agrícola, do verbo latino Colere. em Roma, esse sentido foi ampliado. Ao longo do livro temos uma importante inserção nos aspectos culturais que formam o cerne da cultura brasileira, bem como a distinção dos conceitos de cultura popular e cultura erudita. Em suma, José Luiz conclui sua obra mostrando a importância da cultura em seus diferentes aspectos e deixando em evidência o quanto a Cultura é um bem comum para a Humanidade.