sexta-feira, abril 30, 2021

Uma poesia social em Carlos Pena Filho - Luiz Otávio Cavalcanti

 Carlos Pena transportou, na sua obra, esperada transcendência nordestina. E fundo apego pernambucano. Viajou agrestes e sertões. Visitou morros e planícies. Mediu palmeiras e orou em igrejas olindenses. Caminhou sobre pedras seculares em Igarassu. 



Carlos Souto Pena Filho foi um advogado formado pela Faculdade de Direito do Recife, jornalista e poeta. Ao longo de sua curta vida, abreviada aos 31 anos por causa de um acidente automobilístico, foi próximo a grandes nomes da literatura nordestina, como João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Jorge Amado e Gilberto Freyre, contribuindo com o Movimento pós-modernista também conhecido como Geração de 45

Sua poética é carregada de lirismo e musicalidade. Grande mestre do pensar/sentir coletivo. Através da poesia, a crítica social ressoa em seus versos. Há certo inconformismo permeando a obra, tornando-se uma de suas principais características. 

Uma poesia social em Carlos Pena Filho, de Luiz Otávio Cavalcanti [Recife/PE], desvela alguns aspectos da poesia daquele período, dando ênfase ao trabalho literário de Pena Filho, embora mencione alguns outros escritores que marcaram a Geração 45, num interessante quadro comparativo. Discorre sobre as características de Regionalismo, num panorama cronológico do movimento literário desde sua primeira fase. 

O grupo, cada um a seu modo, é plural. Mas submetido à mesma contingência social. Interpretando a angústia de  um povo que se fragmenta na globalização. Numa uniformidade vã.

Luiz Otávio aborda no capítulo Palmeiras Pernambucanas sobre a Recife contemporânea a Carlos Pena. Bucólica, arborizada, sem engarrafamentos. Recife essa que não se excetuava com relação à pobreza e desigualdade, criticada no poema do escritor. Sua poesia tocava a ferida política e no mau uso da natureza. Sem perder o lirismo nos versos. 


quarta-feira, abril 21, 2021

Baby You Are / Ion "Butch" Cacho #PoesiaRotaMundo



I met you one day
I can't say how and
I can't say where
Now looking at you, so beautiful, so true
I'm glad I took the chance and said hello to you

You invited me into a conversation
One which I may never remember
I was so captivated it was if I was in a trance
We talked about lie, love, politics, religion
You name it we dissected it just to be with each other
It is a courtship that still has not ended

We became one, sharing in each others dreams
Motivating and standing strong for each other side by side
Sometimes we had a little time apart
But when we go together you could have seen the sparks

We are a team, yes you and me 
It's as if we share one soul, one heart, one mind
Always in our own world just you and me

So for me Valentine's is everyday
For it's everyday you care
Everyday you inspire
Everyday you bring joy
Everyday you make me feel so LOVED (even when you're mad)
I aprecciate you for finding me
I  aprecciate you for just being you
I do.



Infelizmente não consegui encontrar uma tradução do texto para o português. A poesia, de autoria de Ion Cacho, poeta nascido em Belize, foi retirada do livro Poetic Narcotics. A obra é uma compilação publicada pela Spokenword 501 Compilation - Series 2.

 Belize é um país latino-americano, localizado na América Central, e preserva em sua cultura aspectos da civilização maia, que vivia na região quando o europeu aportou em suas terras. 




A poesia selecionada faz parte do Projeto RotaMundo, em parceria com o blog Poesia na Alma. Neste mês de abril teremos poesias dos países que compõem a América Central: Belize, Guatemala e El Salvador. Para encontrar as demais obras, visite nossas redes [Instagram e Youtube]. Para saber quais os poemas escolhidos por Lilian Farias, visite o blog Poesia na Alma e suas redes sociais.


sexta-feira, abril 16, 2021

Bagageiro - Marcelino Freire

 Marcelino Freire é um escritor pernambucano, nascido em Sertânia, no ano de 1967. Bagageiro foi seu último trabalho publicado até o momento, e o primeiro que tive em mãos a fim de conhecer sua escrita. 




Dividido em capítulos/ensaios, os contos que compõem o livro discorrem sobre várias temáticas, que se mesclam entre si e fazem alusão ao próprio título - Bagageiro - onde carregamos coisas sem critério específico. Assim é o Bagageiro de Freire: onde ele derrama uma prosa despretensiosa, mas que ao mesmo tempo nos coloca em reflexão sobre as vivências humanas.
Eu já fiquei de pau duro lendo a Bíblia.

Convidativo, ousado, arrojado e com uma linguagem repleta de maneirismos que em nada atrapalham o fluxo, a leitura se desdobra em referências a outros escritores e personagens icônicos. Textos ficcionais narrados com ares de autoexperiências. Bagageiro soa como uma projeção de Marcelino, ou de quem esteve próximo a ele. Talvez isso explique o intimismo de seus relatos...

voar

é

o

que

me

põe

de


Marcelino Freire é um vencedor do Prêmio Jabuti e além de escritor, também trabalha com editoração. Mora em São Paulo desde 1991.

Para comprar um exemplar de Bagageiro, clique no link abaixo. Dessa forma, você contribui com o meu trabalho como divulgadora de conteúdo literário na internet.


domingo, abril 04, 2021

Vozes do Brasil - Cazuza

Ser marginal foi uma decisão poética.

Agenor de Miranda Araújo Neto foi um carioca que representou bem a musicalidade de seu berço. Nasceu numa família envolta com artistas e a música. Filho único, mimado desde os primeiros anos, demonstrou cedo sua veia poética para composição, embora tenha perpassado por hobbies que nada tinham a ver - aparentemente - com o que veio a se tornar: Cazuza - um rebelde impetuoso, com ares de brega romântico que teve seu destino atrelado à fama graças ao talento e originalidade. 


Um dos maiores artistas da música popular brasileira, foi membro da banda Barão Vermelho no início da década de 1980. Apadrinhado por Caetano Veloso e Ney Matogrosso, logo se viu em carreira solo. Polêmico, trazia a rebeldia dos poetas beats e dos atores hollywoodianos degenerados - à la James Dean - mesclada ao visual que grandes músicos do rock dos anos 1970 ostentavam, como Mick Jagger ou John Lennon. Logo deu um toque abrasileirado ao seu estilo, tornando-o uma figura única no cenário musical carioca pós-anos-de-chumbo. 

Na edição ilustrada da coleção Vozes do Brasil, publicada pela Editora Martin Claret na década de 1990, essa biografia sobre Cazuza apresenta facetas do cantor que até então não eram de conhecimento do público em geral - a salvo os aficionados por sua obra. Com dados discográficos, depoimentos de pessoas que conviveram com Cazuza e que viram o triste fim que ele teve devido à complicações decorrentes da AIDS, doença que acometeu o cantor em meados de 1985 e que o levaram à morte em julho de 1990, deixando uma nação entristecida por ver silenciar uma voz poderosa, revolucionária e doce-agressiva.. 

Depois que eu vi a cara da morte eu mudei muito em coisas assim palpáveis, como perder o medo de andar de avião, mas no básico continuo o mesmo. Não é que eu não tenha mais medo de morrer, é que eu gosto tanto de viver que acho que vai ser um desperdício morrer. [TV Bandeirantes, dez. 88]

De muitos amigos, sorriso largo e enfeitiçador, agarrava-se às causas em que acreditava dando o melhor de si nelas. O avançar da doença não interferiu em sua garra de produzir. Cazuza soube viver intensamente, aproveitando cada momento de seu trabalho. O corpo seguiu n'um trem para as estrelas, mas a alma de um menor abandonado, Exagerado, imortalizou, vagando na lua deserta das pedras do Arpoador...