segunda-feira, junho 28, 2021

O som e a fúria, William Faulkner

 


O som e a fúria é considerada uma das obras-primas da literatura norte-americana. Escrita em 1929, pelo Nobel Prize William Faulkner, trata-se de uma leitura que possui uma linguagem bastante particular, que o torna um livro denso e complexo. 

Dividido em 4 capítulos, acompanhamos a trajetória de uma família oriunda do Mississippi, que se encontra em fase de decadência, e através do estilo fluxo de consciência, temos a narrativa vista pela perspectiva de três irmãos, sendo que o primeiro deles, o "bobo" que possui problemas mentais, nos entrega um capítulo sem sentido e mentalmente confuso, assim como ele mesmo. Benjamin faz uma alusão à obra Shakesperiana; 'o som e a fúria' de sua narrativa se faz presente no decorrer da primeira parte do romance. Indo ao passado e retomando o presente, sabemos por meio da mente confusa de Benji que sua irmã Caddy se encontra foragida, após dar a luz uma criança bastarda e que sofreu rejeição por parte da família.



Quentin dá voz à segunda parte da narrativa, igualmente complexa, em que notamos aspectos de sua condição incestuosa e suicida. Jason é a mente rancorosa que dá vida ao capítulo três da história e por último, a parte faltante do engenhoso quebra-cabeça do enredo que se configura em elucidar o romance. Em paralelo a  situação familiar, há a questão econômica como plano de fundo, que deixa notória a situação de falência dos Compson, devido a crise econômica que se instaura a partir dos meses seguintes. 

Embora Benji se sinta 'feliz' por ver o mundo tal como é, sua mente difere da situação real em que sua família se encontra, bem distante das abominações provocadas por seu clã, bem como da sociedade em si, envolta em decrepitude, num cenário devastador. 

Em suma, O som e a fúria entrega muito da genialidade de Faulkner como escritor, e se revela uma leitura desafiadora aos leitores que optam por desvendar sua narrativa. 


Para comprar O som e a fúria, acesse o link abaixo e contribua com o funcionamento do Blog.
Viele Danke!

segunda-feira, junho 21, 2021

Naturaleza Muerta / Homero Icaza Sánchez #PoesiaRotaMundo

  


Natureza-morta


Sobre a mesa:
uma faca,
duas maçãs
e duas pêras,
um pato degolado
e um feixe de cebolas.

E tu ao pé da mesa.
- Natureza-morta?

Naturaleza muerta

Sobre la mesa:
un cuchillo,
dos manzanas
y dos peraas,
un pato degollado
y un mazo de cebollas.

Y tú junto a la mesa.
- ¿Naturaleza muerta?


A poesia do mês é de autoria de Homero Icaza Sánchez, natural do Panamá. Era conhecido pela alcunha de El Brujo e chegou a trabalhar para a Emissora Globo da TV brasileira, como executivo de televisão.  Faleceu em 2011, na cidade do Rio de Janeiro. 

O Panamá é um país da América Central que se localiza ao sul da região, sendo a nação a fazer fronteira com a América do Sul. Famoso pelo canal construído pelo governo americano a fim de servir como atalho na travessia entre os oceanos Pacífico e Atlântico, dividindo o país em duas partes. Trata-se da parte mais estreita de todo o continente americano. 

San Blas



O istmo foi um os primeiros locais a  serem colonizados pelos espanhóis. Os grupos étnicos que viviam no território naquele período eram formados de caribes, cholos, chocóes e chibchas. Os panamenhos tem como língua oficial o espanhol, embora o inglês seja cada vez mais falado, além da língua nativa ngäbere.







A poesia selecionada faz parte do Projeto RotaMundo, em parceria com o blog Poesia na Alma. Neste mês de junho teremos poesias dos países que compõem a América Central: Panamá, Cuba e Jamaica. Para encontrar as demais obras, visite nossas redes [Instagram e Youtube]. Para saber quais os poemas escolhidos por Lilian Farias, visite o blog Poesia na Alma e suas redes sociais.

quinta-feira, junho 17, 2021

O planalto e a estepe - Pepetela

 Na obra O planalto e a estepe, do escritor angolano Pepetela, conhecemos a história de Júlio, desde seus primeiros anos em seus país de origem, acompanhando sua jornada rumo a Europa, onde vai estudar Medicina. Desiludido, ainda mais pelo fato de que outros estudantes africanos tendem a não levá-lo em conta por ter olhos claros e pele branca, acaba abandonando o curso e parte para o Marrocos. Lá, ele se envolve com jovens revolucionários, mas os que tem a pele mais escura partem para o combate de fato. Os de pele mais clara são enviados para estudar em Moscou. E lá, ele opta pelo curso de Economia.


O grupo de Júlio acaba sendo monitorado por uma mulher chamada Olga. Estudando a língua russa, Júlio tem progressos e acaba ganhando a afeição da mulher. Mas os próprios estudantes europeus tratam o rapaz com desconfiança, não sabendo quais as suas intenções em estar naquele espaço. Logo, ele faz amizade com outros africanos: um congolês, um tanzaniano e um senegalês [Jean-Michel, Salim e Moussa, respectivamente]. 

A medida em que a amizade entre os rapazes vai se intensificando, o angolano Júlio começa a se questionar sobre a importância de estar ali, sobre a revolução em si, entre outros pensamentos que permeiam suas conjecturas. Posteriormente, uma moça mongol ingressa no curso de Júlio e a partir desse ponto, a vida dele vai ganhar um novo significado. Mas a cultura de Sarangerel é muito distinta e reservada. O amor que surge dali vai passar por desafios gigantescos. 

A relação entre os dois amantes pode trazer consequências graves para o plano político, explicando-se o porquê de amigos e pessoas pertencentes aos grupos políticos recusarem interceder pelo casal, por medo de um rompimento nas relações amigáveis entre as nações envolvidas, gerando um conflito internacional.

O pano de fundo do romance é a luta pela independência de Angola. Mesclando ideologias políticas, romance e questões sociais como o racismo, um dos pontos mais interessantes do livro de Pepetela é a maneira como ele trata da construção de identidade do indivíduo, levando em conta os aspectos que abordam também o colonialismo. 

O planalto e a estepe é uma viagem pela história de Angola, passando por países como a Mongólia, Argélia, Rússia e Cuba. Não se baseia unicamente em um amor impossível, e o autor soube conduzir o fio com maestria, entremeando as temáticas com uma boa construção de personagens e vivências. 

Certamente uma das leituras mais impactantes que fiz nos últimos anos. Artur Carlos Murício Pestana dos Santos foi uma verdadeira descoberta nas letras Angolanas... 

Para comprar um exemplar do livro, clique no link

sexta-feira, junho 11, 2021

╬† Repique Macabro e Os Fungos de Yuggoth ╬†

 



O Sebo Clepsidra está com duas campanhas de financiamento coletivo pela plataforma Catarse e venho através dessa postagem falar a respeito de ambas. A mais recente é um projeto para publicação de Os fungos de Yuggoth. Trata-se de uma obra contendo sonetos de H. P. Lovecraft, conhecido por seus contos de horror cósmico, num universo criado pelo autor e que referenciou diversos artistas a partir de então, seja no cinema ou na literatura.


Poucos conhecem a faceta poética do escritor de Providence. Os sonetos foram escritos entre 1929 e 1930. A campanha conta com alguns extras e de acordo com as metas estendidas, mais novidades vão sendo acrescentadas à edição, que conta com o trabalho de tradução de Douglas Cordare e ilustrações de Jason C. Eckhardt, já conhecido pelos trabalhos com o universo lovecraftiano.


Para mais detalhes acerca do projeto e caso queira apoiar esse financiamento, visite a página Os Fungos de Yuggoth.


Outro financiamento coletivo da Clepsidra que está em andamento é o Repique Macabro, do escritor Robert Aickman, em parceria com a Editora Ex Machina. O britânico é conhecido por sua obra voltada para o horror Weird Fiction. Nunca traduzido para o Brasil, a proposta das editoras é ousada em trazer ao público brasileiro um escritor até então desconhecido mas que possui grandes chances de se tornar aclamado por leitores que apreciam a ficção de horror, contos fantásticos e literatura gótica. 

Inspiração para Neil Gaiman e Peter Straub, Aickman é mestre em inserir uma aura de horror através de uma escrita perspicaz, autêntica e brilhantemente imersiva. O sobrenatural e o psicológico se mesclam, associadas a devaneios insanos. 

Para saber mais sobre esse projeto e caso queira apoiá-lo, acesse a página do Repique Macabro no Catarse. Além da obra, contamos com itens extras que variam de acordo com as recompensas e também possui metas estendidas. 

Lembrando que os links para apoiar projetos da Clepsidra no Catarse se encontram na coluna lateral aqui do Blog. Caso queira conhecer sobre o Raridades do Conto Gótico, assista o vídeo abaixo em que eu apresento o projeto lá no canal do Youtube.


Para adquirir outras publicações do Sebo e Editora Clepsidra, visite o link abaixo






quinta-feira, junho 10, 2021

Balada dos enforcados e outros poemas - Villon

 


François Villon nasceu em Paris no século XV, é considerado um dos maiores poetas de seu tempo, que compreendia o período da Baixa Idade Média. Foi órfão de pai ainda nos primeiros anos de vida, tendo sido criado por Guillaume de Villon, e adotado o sobrenome deste. Chegou à condição de clérigo, mas por causa de uma briga, teve que fugir da capital francesa. Foi membro da corte de Charles D'Orleans, em Blois, e seus escritos poéticos acabaram por ser compilados. 

Foi preso, mas a pedido de Luis XI logo estava em liberdade. Envolve-se em outro conflito em seu retorno à Paris e condenado à morte. Segundo alguns biógrafos de sua vida, foi nesse período que escreveu Balada dos enforcados e outros poemas, em alusão ao destino nefasto que o aguardava dali em diante. Por sorte, teve sua pena modificada para um exílio. Já em 1463 não se tem mais registros de sua vida em lugar algum. 

Na obra Balada dos enforcados e outros poemas há uma compilação de versos escritos presentes em outras publicações, que remontam à sua mocidade. Angústia, morte, tristeza, desespero mesclados a um humor por vezes subjetivo, fazem parte dessa composição poética. Balada dos enforcados - que dá nome ao livro - é considerado um dos poemas mais célebres da poesia francesa. Trata-se de uma canção em que os mortos pedem compaixão aos viventes, suplicando pela caridade tão comum atrelada ao Cristianismo.

O texto foi traduzido por Péricles Eugênio da Silva Ramos. Alguns dos outros poemas encontrados no livro são Balada dos senhores dos tempos idos, Ao tempo em que Alexandre e Lamentações da bela vendedora de elmos. A edição da Hedra Editora conta com várias notas de rodapé, um texto introdutório sobre vida e obra do poeta e alguns termos sobre o processo de tradução. É uma edição bilíngue, dando ao leitor a oportunidade de ler os versos em seu idioma original. 

Em suma, Balada dos enforcados é uma ótima leitura para aqueles que apreciam poemas clássicos, bem como estudiosos das letras francesas do período medievo.

Aqui nos vedes pendurados, cinco, seis:
Quanto à carne, por nós demais alimentada,
Temo-la há muito apodrecida e devorada,
E nós, os ossos, cinza e pó vamos virar.

Vous nous voyez cy attachez cinq, six:
Quant de la chair, que trop avons nourrie,
Elle est pieça devorée et pourrie,
Et nous les os, devenons cendre et pouldre.

quinta-feira, junho 03, 2021

Projeto Leitura Feminista

 Com muita empolgação venho anunciar através dessa postagem o Projeto Leitura Feminista, que foi criado em 2019 pelas amigas Leticia - Paac - Rodrigues, do blog Barda Literária e Lilian Farias, do blog Poesia na Alma. Quero deixar meus agradecimentos por me convidarem a participar de tão importante projeto. Além de mim, integram a organização dos encontros e leituras o Pedro, do blog De cara nas Letras. 






O intuito do Projeto é ler algumas obras de autoras escolhidas por nós, com debates abertos ao público. Também nos propomos resenhar as obras discutidas e usaremos  nossas redes sociais para compartilhar nossas opiniões e fazer com que essas obras tenham maior alcance entre leitores de variados nichos e faixas etárias.

As obras a serem discutidas serão:


  • Sobre-viventes, de Cidinha da Silva.
  • Complexo de Cinderela, de Colette Dowling
  • Gênero, patriarcado, violência, de Heleieth Saffioti
  • Objeto Sexual por, Jessica Valenti
  • Persepolis, por Marjane Satrapi.
  • Garotas Mortas, de Selva Almada.
O início das leituras será nesse mês de junho e a primeira discussão logo terá data definida. Fiquem de olho em nossas redes a fim de não perder o cronograma. Me contem o que acharam da novidade, se também querem participar e afins. Até a próxima postagem! Bis Bald!