segunda-feira, dezembro 27, 2021

a poesia do Malawi na obra eu destilo melanina e mel, de Upile Chisala

Você é a resposta a uma prece que eu era

muito orgulhosa para fazer.

 Publicado pela Ed. Leya, eu destilo melanina e mel é um livro de poesias da escritora malawuiana Upile Chisala, formada pela Universidade de Oxford. Além de poemas, a obra traz também alguns textos de prosa poética, que desvelam as cores e ancestralidade da escritora por meio de versos singelos e encantadores. 



Agora que conheço 

a magia suave da sua risada

e como o seu corpo se move como arte,

por que eu voltaria atrás?

 O que havia antes de você?

É interessante conhecer a cultura do Malawi por meio dos versos de Upile. Ela põe em pata temas relacionados ao amor, a fronteiras longínquas, ao orgulho e aceitação que a mulher deve ter de suas origens, Exalta a força feminina de maneira sutil, soando ao mesmo tempo vigorosa.


Upile Chisala


O livro se divide em algumas partes, sendo uma leitura breve mas que sucinta uma gama de sentimentos no leitor. Esse misto de emoções deixa a leitura ainda mais envolvente. Decerto um livro para ser apreciado em vários momentos, sob meia-luz e calmaria, despertando memórias e conjecturas...


Conte-me todas as histórias que começam

[no seu sorriso

e terminam nos seus olhos.


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Viele Danke! 

terça-feira, dezembro 21, 2021

Promessa do rio Guayas / Jorge Carrera Andrade #PoesiaRotaMundo






Interminable, estás al mar saliendo,
Río Guayas, cargado de horizontes
y de naves sin prisa descendiendo
tus ¡ibas de cristal, líquidos montes.

Hasta el tiempo en tu curso se disuelve
y corre con tus aguas confundido.
El día tropical que nunca vuelve
sobre tus lomos rueda hacia el olvido.

Los años que se extinguen gradualmente,
las migraciones lentas, las edades
has mirado pasar indiferente,
¡oh pastor de riberas y ciudades!

La nave del comercio o de la guerra,
la de la expedición o la aventura
has llevado mil veces hasta tierra
o has hundido en tu móvil sepultura.

Sólo turba el sosiego de tu vida
algún grito de ti petrificado
o tus sueños: la planta sumergida
y el pez ligero y a la vez pesado.

Mirando sin cesar tus propiedades
cuentas bueyes, haciendas, grutas verdes.
Paseante de tus hondas soledades,
entre los juncos húmedos te pierdes.

¡Oh río agricultor que el lodo amasas
para hacerlo fecundo en tu ribera
que los árboles pueblan y las casas
montadas en sus zancos de madera!

¡Oh corazón fluvial, que tu latido
das a todas las cosas igualmente:
a la caña de azúcar y al dormido
lagarto, de otra edad sobreviviente!

En tu orilla, de noche, deja huellas
la sombra del difunto bucanero,
y una canoa azul pescando estrellas
boga de contrabando en el estero.

¡Memoria, oh río, o soledad fluyente!
Pasas, mas permaneces siempre, urgido,
igual y sin embargo diferente
y corres de ti mismo perseguido.

A tus perros de espuma y agua arrojo
mi falsa y forastera vestidura
y a tu promesa líquida me acojo,
y creo en tu palabra de frescura.

¡Oh, río, capitán de grandes ríos!
Es igual tu fluír ancho, incesante,
al de mi sangre llena de navíos
que vienen y se van a cada instante.


Infindável, pro mar estás correndo,
Rio Guayas, pejado de horizontes
e de ronceiras naus que vão descendo
tuas gibas de cristal, líquidos montes.

Até o tempo em teu curso se dissolve
e corre com tuas águas confundido.
O dia tropical, que nunca volve,
sobre o teu dorso rola para o olvido.

Os anos que se extinguem gradualmente,
as migrações morosas, as idades,
tudo viste passar indiferente,
ó pastor de ribeiras e cidades!

O navio mercante, a nau de guerra,
a nau de expedição, a de aventura,
conduziste mil vezes para terra
ou fundiste em tua móvel sepultura.

Só perturba o sossego de tua vida
algum grito de ti, petrificado,
ou teus sonhos: a planta submergida,
e o peixe, a um tempo lépido e pesado.

Olhando sem cessar tuas propriedades,
contas reses, fazendas, grutas verdes.
Passeante de tuas fundas soledades,
em meio aos juncos úmidos te perdes.

Ó rio agricultor que o lobo amassas
por fazê-lo fecundo em tua ribeira
povoada pelas árvores e as casas
trepadas em seus socos de madeira!

Ó coração fluvial, que o teu batido
dás a todas as coisas igualmente:
dá-lo à cana-de-açúcar e ao dormido
lagarto, de outra idade ultravivente!

Em tua margem, de noite, deixa rastros
a sombra do defunto bucaneiro,
e uma canoa azul, pescando astros,
voga de contrabando pelo esteiro.

Memória, ó rio ou solidão fluente!
Passas, mas permaneces sempre, urgido, 
igual e, sem embargo, diferente,
e corres, de ti mesmo perseguido.

A teus cães de água e espuma lanço, amigo,
minha falsa e forânea vestidura,
e à tua promessa líquida me abrigo,
e creio em tua palavra de frescura.

Ó rio, capitão de grandes rios!
Igual é o teu fluir largo, incessante,
ao do meu sangue cheio de navios
que vêm e que se vão a cada instante.
Jorge Carrera Andrade foi um poeta, diplomata e escritor equatoriano. Nascido em Quito, é considerado um dos poetas vanguardistas de seu país. Utilizou-se do folclore equatoriano para compor haikais, mesclando com elementos da fauna e flora em seus microversos. Além de poesia, também escreveu ensaios, uma autobiografia e um diário de viagens. 
  

O Equador é um país andino da América do Sul. Famoso pelo território das Ilhas Galápagos, é cortado ao meio pela linha do Equador, que divide o planeta em dois hemisférios. A lingua oficial do Equador é o espanhol, juntamente com o Quíchua, Shuar e mais outros onze idiomas. É um dos paises com maior biodiversidade do planeta. 


A composição étnica do Equador é de uma maioria mestiça entre povos espanhóis que colonizaram a região e os nativos que já viviam antes da chegada do europeu ao continente. Com relação a religiosidade, o país é de maioria cristã, com predominância do catolicismo, havendo também um forte sincretismo religioso com as crenças indígenas. Dentre as cidades mais populosas, destacamos a capital Quito, Guayaquil e Cuenca. 







A poesia selecionada faz parte do Projeto RotaMundo, em parceria com o blog Poesia na Alma. Neste mês de julho teremos poesias dos países que compõem a América do Sul: Equador, Venezuela e Colômbia. Para encontrar as demais obras, visite nossas redes [Instagram e Youtube]. Para saber quais os poemas escolhidos por Lilian Farias, visite o blog Poesia na Alma e suas redes sociais.

sexta-feira, dezembro 17, 2021

O misterioso Sr. Quinn - Agatha Christie




Certamente O misterioso Sr. Quinn foi uma das leituras mais peculiares que já fiz da Rainha do Crime. Diferente em vários aspectos do que se conhece pela obra de Agatha Christie, a obra traz uma série de contos protagonizados por um personagem [em alguns momentos como coadjuvante] com ares misteriosos, e que vai se desvelando um ser atípico dos mortais à medida em que o leitor avança na sequencia de contos. Qual a verdadeira identidade do Sr. Quinn? Por que ele aparece em momentos propícios a fim de auxiliar o sr. Satterhwaite em suas aventuras tentando auxiliar pessoas desconhecidas que encontra em sua vida?



Ao contrário de outros títulos de Agatha, aqui não temos a presença de Hercule Poirot ou Miss Marple, já tão recorrentes nas histórias policiais da autora. O sr. Satterhwaite possui um espírito solidário, que - embora aristocrático - se envolve em problemas alheios tentando solucionar e dar desfechos à tais eventos. Em vários pontos, quando parece encurralado em conjecturas ou aparentes 'becos sem saída', surge a figura de Sr. Quinn, que parece 'direcionar' o personagem ao caminho correto para desvelar amores desencontrados, resolver pendências relativas a crimes, vinganças e outras situações mal  resolvidas que se formularam no passado dos personagens. 

A cada aparição, seja num metrô, num jantar de amigos ou conhecidos, ou até mesmo em veredas que culminam em penhascos, a figura de Sr. Quinn parece mais etérea. O modo de trajar-se, como as pessoas costumam visualizá-lo, e vários outros pontos acabam por montar uma espécie de quebra-cabeças e é interessante para o leitor se atentar às minúcias que o compõem.

Em suma, O misterioso Sr. Quinn é uma leitura que foge do lugar-comum e entrega um desfecho encantador; e por que não dizer, fantástico? 


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Vielen Dank Auf wiedersehen!


sexta-feira, dezembro 10, 2021

A extravagância do Morto - Agatha Christie

 Publicado em 1965, A extravagância do morto é um dos mais aclamados romances policiais da escritora inglesa Agatha Christie. Com um enredo deveras inteligente, temos o detetive belga  Hercule Poirot envolvo numa espécie de jogo, a convite de sua amiga escritora Ariadne Oliver, que elaborou um roteiro de caça ao assassino, e que será realizado numa quermesse para grã-finos britânicos.



Poirot aceita o convite meio a contragosto, mas quando o assassinato fictício toma ares reais, Hercule precisa usar de seus artifícios investigativos para desvendar quem matou a pobre garota que foi encontrada numa casa de barcos. A princípio, a presença do detetive se explicaria pelo fato dele ser o convidado de honra que iria entregar o troféu a quem descobrisse as pistas que levariam a solução do 'crime'. Além dele e de Ariadne, contamos com personagens que trazem características que os colocariam numa posição de suspeitos, cada qual à sua maneira. 


A casa de campo onde se ambienta a trama tem em seus arredores construções 'modernas' para os padrões daquela classe social participante da festa. Nota-se em diversas passagens a aversão destes com os frequentadores desses espaços modernizados, que simbolizam bem a nova geração que se segue àquela dos anfitriões e convidados. 


Christie faz uma crítica contundente à maneira como a aristocracia inglesa enxerga os estrangeiros, pessoas de cor e de condição econômica inferior à dos ricos, retratando bem uma geração imperialista, não satisfeita com o 'cessar exploratório de colônias africanas' e afins. Há também diversas passagens misóginas, espelhando bem o pensamento daquele período com relação à conduta feminina, nos modos de trajar, andar e se expressar. Agatha expõe os manjados estereótipos usados para [pre]conceituar as mulheres na sociedade inglesa da metade do século XX, recriminando de maneira mordaz tais comportamentos sociais.


Em suma, A extravagância do morto é uma obra que possui um enredo intrigante, com um desfecho que contempla o leitor com satisfação e ainda carrega reflexões pertinentes ao período em que foi escrita. Uma leitura deveras interessante e de narrativa ágil.



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Vielen dank Auf Wiedersehen!

sexta-feira, dezembro 03, 2021

Sem sangue - Alessando Baricco






Minha estreia com Alessandro Baricco se deu de maneira casual, e acabou me rendendo uma leitura intimista e ao mesmo tempo pungente. Sem Sangue é uma narrativa que insere o leitor em dois blocos temporais. No primeiro deles presenciamos um duplo assassinato, que acaba por deixar vestígios: uma testemunha ocular de toda aquela violência movida a causa político-revolucionárias. 
A perspectiva da cena se dá pelos olhos inocentes de uma criatura enclausurada, exposta, indefesa. 

A história nos transporta para décadas após esse acontecimento, e conhecemos um vendedor de bilhetes de loteria, encontrando - casualmente - com uma senhora que muito diz de seu passado. Os fantasmas de ambos são expostos, como chagas abertas a sangrar ininterruptamente. Os diálogos que se sucedem com os personagens são intimistas, porém lancinantes. As lacunas silenciosas que simbolizam as reflexões e viagens à memória de ambos soam mais altas que as palavras verbalizadas. Há uma linguagem corporal que permeia os objetos, o ambiente que os envolve e a sensação é de sufoco a cada revelação, dada de maneira subjetiva, mas que prenuncia as conjecturas do leitor.


Sua trama se desenrola inicialmente - provavelmente - em meados do século XX, deixando em aberto sua ambientação: Na Itália - nação do escritor - nos conflitos envolvendo fascistas e partigiani, ou na Espanha, na guerra entre republicanos ou franquistas. Os personagens podem pertencer à América Latina, em suas guerrilhas em selvas - verdes ou urbanas - quem pode definir? O ritmo alucinante mesclado a narrativa subjetiva deixam esse pormenor em segundo plano. 

O passado, a dor e os vestígios sangrentos de um conflito - ou vários deles - estão sinalizados nas frases breves, aflitas e no desencadear de seu desfecho. Uma obra que certamente vai deixar quem a ler em estado de torpor suspenso...


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quinta-feira, novembro 25, 2021

Mestres da Pintura - Renoir

 


O segundo volume da Coleção Mestres da Pintura com o qual tive contato foi o do artista francês Renoir.

Nascido em Limoges no ano de 1841, foi um dos principais pintores do estilo impressionista. Na obra em questão, temos uma breve biografia com os principais pontos de sua vida, tanto pessoal, quanto artística, e na segunda parte, uma sequência de imagens de suas principais pinturas, além de uma breve explicação acerca delas. 

Pierre Auguste Renoir viveu num período fervilhante do século XIX. Paris é palco das inovações artísticas e em breve se projetaria como a capital das luzes, a Belle Époque, consagrando nomes de outros artistas contemporâneos a Renoir. 

A fotografia havia surgido, a arte japonesa foi desvelada ao Ocidente,. Em 1874 houve uma mostra conjunta dos impressionistas, considerados por alguns como 'selvagens que não terminavam seus quadros', que imprimiam borrões à tela. Daí a alcunha: Impressionistas.

A natureza é um dos principais temas nas composições impressionistas, trazendo sutis nuances de cores e luz. a luz solar é elemento que predomina nas pinturas, bem como momentos do cotidiano, a despeito de obras mais tradicionais, que retratavam temas imaginários, religiosos e mitológicos. O Impressionismo surgiu como contraponto à esses estilos já consagrados e agraciados pelo público. 

Renoir foi amigo de Monet, e teve influência dele em suas pinturas. Pissarro, Courbet e Corot também fazem parte de suas inspirações artísticas. Em Mestres da Pintura muito da vida pessoal de Renoir se desvela no texto. Casou, viajou para a Argélia e visitou várias cidades italianas. Trabalhou com Cézanne. Foi acometido de pneumonia, doença que contribuiu com sua morte, no ano de 1919. 

Dentre suas telas mais famosas, podemos destacar Mulher com sombrinha, As grandes banhistas, Ao piano e Le moulin de la Galette.









domingo, novembro 21, 2021

A noite - La noche / Heriberto Fernández #PoesiaRotaMundo

É negra a pena
e negro o mar;
e a alma plena
de ânsias de orar.

Oh, a serena
paz do meu lar.
E sinto a pena
funda de andar.

E, enquanto chega
a noite em manto
de escuridão,

a alma se anega
em mar e pranto
de imensidão.

Negra la pena
y negro el mar;
y el alma llena
de ansias de orar.

Oh, la serena
paz de mim hogar,
siento la pena
honda de andar.

Y mientras llega 
la noche en manto
de oscuridad,

mi alma se anega
en mar y llanto
de inmensidad.


Sobre o autor: Heriberto Fernández teve uma curta existência. Nasceu no Paraguai em 1903 e faleceu em 1927, com apenas 24 anos. Morou em Paris boa parte de sua vida. Sua obra desvela a pobreza e miséria dos menos favorecidos. Sonetos a la hermana, Voces del ensueño e Visiones de Égoglas são o seu legado poético. 



O Paraguai é um país sul-americano, e assim como a Bolívia, não tem saída para o mar. Sua capital é a cidade de Assunção. Junto com o espanhol, a língua Guarani é considerada um dos idiomas oficiais do país. Faz fronteira com o Brasil, Argentina e Bolívia. Alguns dos principais pontos turísticos são o Lago Ypacaraí, as ruínas jesuíticas do centros missionários de Trinidad e o monumento a Solano Lopez. 






A poesia selecionada faz parte do Projeto RotaMundo, em parceria com o blog Poesia na Alma. Neste mês de junho teremos poesias dos países que compõem a América do Sul: Paraguai, Bolívia e Peru. Para encontrar as demais obras, visite nossas redes [Instagram e Youtube]. Para saber quais os poemas escolhidos por Lilian Farias, visite o blog Poesia na Alma e suas redes sociais.

quarta-feira, novembro 17, 2021

Mensagem - Fernando Pessoa

 Fernando Pessoa é um dos poetas mais aclamados da literatura Portuguesa. Numa belíssima edição extra do Clube de Literatura Clássica, em que a obra principal escolhida foi Livro do Desassossego, Mensagem foi o título escolhido para complementar o kit, e após finalizar a [re]leitura, resolvi falar a respeito dela por aqui.

Mensagem se divide em três partes, intituladas Brasão, Mar português e O encoberto. Fazendo alusão ao lema de Virgílio - MENS AGitat molEM [A mente agita a matéria], o conjunto de poemas aqui reunidos tratam do passado de Glória das terras lusitanas, bem como do espírito decadente que se instaurou na nação no período em que os 44 poemas foram escritos. 

Com ares nacionalistas, a valorização das virtudes portuguesas seria um ensejo para retornar aos tempos áureos. Os versos que compõem as três partes possuem um ar sebastianista, simbolizando a mitologia cultural do país. A estrutura tripartida conta com uma citação em latim ao dar início a cada uma delas. A edição conta também com várias notas de rodapé, a fim de se contextualizar historicamente os poemas. 

As armas e brasões de Portugal, o período desbravador das Grandes navegações - em que Portugal se destacou como Estado Nacional - personagens como Fernão de Magalhães, Vasco da Gama e o próprio D. Sebastião são representados por Pessoa. 

Mensagem é uma obra que bebe por completo dos períodos históricos portugueses, e Fernando Pessoa aplica com maestria e encanto sua composição. Obra mística, suntuosa, Possessio Maris

Tudo vale a pena 

Se a alma não é pequena.





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terça-feira, novembro 09, 2021

Dramaturgias Vol. I - Uma antologia de Teatro vencedora do Prêmio Ariano Suassuna

Vencedor do Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia, importante premiação literária pernambucana, o presente volume I de Dramaturgias nos apresenta os participantes vencedores das diversas categorias do evento, que visa incentivar a escrita dos autores, bem como preservar aspectos da identidade da cultura pernambucana. Como diz o nome, trata-se de uma homenagem a uma das figuras mais proeminentes do Teatro nordestino. 



São dois segmentos a serem premiados, sendo que no de Cultura Popular, as categorias são Mestres e Mestras dos Saberes e Fazeres, e Grupos/Comunidades. E também o segmento Dramaturgia, dividido em Teatro para infância e juventude, Teatro Adulto e Teatro de formas animadas

As peças carregam traços da cultura popular, como rituais religiosos, personagens que simbolizam crenças e o cotidiano do indivíduo nordestino, mitos, festas populares, medicina do povo, culinária local, entre vários outros. As peças contidas nessa edição abordam temas como a Ditadura militar, como a peça em dois atos intitulada A dança ou o Evangelho, de autoria de Alberto Amaral, 2° lugar no Teatro Adulto. 

Outra peça que levou o segundo lugar na categoria Teatro Adulto foi Sina, de autoria de Andala Quituche, que presenteia o leitor com a trama de vida de Mateus e Catirina, com desenvolvimento e desfecho trágicos, envolvendo o leitor a cada parágrafo/diálogo.

Um conto de Marias ou de Maria Flor é uma metáfora cruel sobre abuso na infância. Premiada na categoria Infância e Juventude no ano de 2016, dividida em dois atos - é de autoria de Raphael Gustavo. 

Outro ponto interessante a comentar a respeito do livro é que a cada início de peça, há um pequeno trecho introdutório a respeito dos autores, e a produção gráfica, que remete a Xilogravuras, outro traço forte de nossa cultura artística. 

Em suma, é um livro para ser apreciado em pequenos goles, pois cada peça é única em suas temáticas e linguagens, embora compartilhem de pontos semelhantes em suas construções. 

A voz da História Oficial informa: o Brasil é tricampeão mundial de futebol. O mundo, mais uma vez, curva-se diante do Brasil. Parabéns, campeões! Depois de um título desses, tudo é possível, até um milagre. E milagres acontecem, afinal, Deus é brasileiro, Pra frente, Brasil!

 

sexta-feira, outubro 22, 2021

╬† Os sete dedos da morte - Bram Stoker ╬†

 Quando nos deparamos com o nome Bram Stoker logo nos vêm à mente sua Magnum Opus: Dracula, que seria imortalizada no cinema, e em várias outras áreas da cultura pop. Mas o que alguns desconhecem é que este não foi o único livro do escritor irlandês. Em 1905 é publicado Os sete dedos da morte [The Jewel of seven Stars], uma ficção que traz a história de um colecionador de artefatos egípcios, que se vê diante de um perigo iminente ao ser atacado dentro de sua casa, aparentemente por alguém [ou algo] desconhecido.


Cena do filme Sague no sarcófago da Múmia (1971)
Cena do filme Sangue no sarcófago da Múmia (1971)


Sua filha Margareth logo pede ajuda a um advogado que havia conhecido recentemente e logo ele se junta ao espaço familiar, junto com outros personagens peculiares, a fim de desvendar o mistério, e proteger a vida do senhor Abel Trelawny. Malcom Ross logo se vê enredado numa trama mística, em um ambiente repleto de relíquias arqueológicas, histórias de expedições perigosas e cheias de mistério e cálculos astrológicos de uma cultura milenar.

A obra possui características típicas do período em que foi escrita, como aspectos imperialistas, não apenas na trama em si mas também na caracterização dos personagens apresentados. Há que se levar em conta o contexto histórico da época, mas é difícil não analisar o anacronismo de tais abordagens, numa analogia com nossa era atual. Os capítulos são curtos e ágeis, imprimindo ao leitor a impressão de ter embarcado de fato numa aventura com direito a investigação em paragens britânicas e egípcias.



Percebe-se a tentativa de Stoker em conduzir uma trama que envolve também elucidações científicas entremeadas com aspectos de caráter místico. A ciência estava dando passos importantes naquele período, e é possível encontrar outras obras da época abordando o tema em suas narrativas. 

Publicada pela Editora Nova Fronteira, a coleção Mistério e Suspense tem o objetivo de levar ao público leitor histórias envolventes do gênero a um custo acessível. Além do cuidado na parte visual, as edições contam com um belo trabalho de tradução de títulos já consagrados da literatura clássica de Horror. É possível encontrar tais edições, bem como de sua primeira sequência de seis títulos, em bancas de jornais e lojas Americanas.


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quinta-feira, outubro 21, 2021

Soneto / Francisco Luis Bernárdez #PoesiaRotaMundo

 


Soneto

Si para recobrar lo recobrado
Debí perder primero lo perdido,
Si para conseguir lo conseguido
Tuve que soportar lo soportado,
Si para estar ahora enamorado
Fue menester haber estado herido,
Tengo por bien sufrido lo sufrido,
Tengo por bien llorado lo llorado.
Porque después de todo he comprobado
Que no se goza bien de lo gozado
Sino después de haberlo padecido.
Porque después de todo he comprendido
Que lo que el árbol tiene de florido
Vive de lo que tiene sepultado.


Soneto


Se para recobrar o recobrado
Deve-se perder primeiro o perdido,
Se para conseguir o conseguido
Tive que suportar o suportado,
Se para estar, agora, enamorado
Foi mister haver sido ferido,
Tenho por bem sofrer o já sofrido,
Tenho por bem chorar o já chorado.
Porque depois de tudo hei comprovado
Que não se goza bem o já gozado
Senão depois de havê-lo padecido.
Porque depois de tudo hei compreendido
Que o que a árvore tem de já florido
Vive do que têm já sepultado.


Francisco Luis Bernardéz nasceu em 1900, na capital argentina. Sua lírica carrega inspiração religiosa e amorosa. Algumas de suas principais obras são Orto [1922], Bazar [1922] e Poemas de carne y hueso [1943]. Faleceu em 1979.



A Argentina é um pais pertencente ao sul do continente americano. Sua capital é Buenos Aires, bastante visitada por turistas do mundo inteiro, que apreciam os pontos turísticos e a efervescência cultural do país. Alguns dos locais mais famosos da Argentina são a Casa Rosada, sede do governo argentino, Ushuaia, cidade da província Tierra del Fuego, as estações de esquí em Bariloche, Teatro Colón e o cemitério de Recoleta. Evita Perón, atriz e líder política, está enterrada nesse cemitério.

Cementério de la Recoleta

Patagônia argentina


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sexta-feira, outubro 15, 2021

╬† Especial Vampiras - Catarse ╬†

 


Hoje eu trago uma novidade do Sebo Clepsidra, em parceria com a Editora Wish.. A campanha de financiamento coletivo das edições Carmilla, de Sheridan le Fanu, e A morta apaixonada, de Teophile Gautier está indo de vento em popa e já ultrapassou a meta principal. Sendo assim, metas estendidas estão sendo liberadas, tornando o projeto ainda mais incrível por trazer melhorias em sua execução. Serão materiais extras, um design gráfico ainda mais caprichado e conteúdo para os apoiadores, com várias opões de apoio. 

Nada como trazer essa dica de Financiamento para vocês no mês do Halloween. Afinal, tratam-se de duas obras clássicas da literatura, que influenciaram posteriormente várias obras ambientadas no universo vampírico. 

Carmilla foi publicada em 1871/1872 e traz um grande apelo homoerótico em sua composição. A morta apaixonada data de 1836, trazendo a história de uma vampira que se 'apaixona' por um padre no dia em que ele se ordena. 

Para saber mais informações a respeito desse projeto, visite a página do Catarse. Ambos os livros serão ilustrados por Caroline Murta. A campanha se encerra em 16/11/2021. 

Espero que tenham gostado da indicação. Já conheciam estas obras? Se ainda não tem no acervo, é uma boa oportunidade de ter duas belas edições na coleção.