quinta-feira, junho 30, 2022

╬† O golem - Gustav Meyrink ╬†

 


Considerada uma obra-prima da literatura fantástica, O golem, escrito por Gustav Meyrink é uma publicação da Editora Carambaia. Foi lançado originalmente em 1915, tendo sido um sucesso de vendas. Inspirou filmes, peças teatrais e óperas, além de ter sido referência para autores do gênero de horror-fantástico. 

O golem é uma criatura que faz parte do folclore judaico. É um ser moldado em barro pelas mãos humanas [interessante analogia à criação do Homem]. De acordo com as lendas em torno deste ser mitológico, a criatura existe para defender os judeus e sua comunidade de ataques antissemitas, mas acaba por se voltar contra o rabino que lhe deu vida. 

Repleto de simbolismos, O golem carrega traços de ocultismo e misticismo. Com uma ambientação na cidade de Praga, a narrativa percorre becos escuros e sinuosos, passagens secretas, intrincadas, habitadas e frequentadas por criaturas humanas igualmente soturnas envoltas em mistério, decadentismo e sombras. 






Athanasius Pernath é um mestre joalheiro protagonista da trama. Além dele, outros personagens notórios se fazem presentes em diversas passagens, como uma jovem prostituta, um sábio religioso e sua filha, além de um estudante encarregado de uma vingança. Ao se envolver com tais figuras, o próprio Pernath parece buscar a si mesmo, numa espécie de encontro com o 'eu', da mesma maneira que os demais indivíduos, que parecem perdidos numa atmosfera imersa em questionamentos existencialistas de cunho psicológico. A linha entre o real e sonho é tênue. E Pernath se envereda por estas reentrâncias alucinógenas. 

Uma das adaptações mais marcantes do Cinema Expressionista Alemão tem vaga inspiração no livro. Dirigido por Paul Wegener, O Golem é um dos grandiosos filmes do gênero. 



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quinta-feira, junho 16, 2022

Carta sobre a Felicidade (A Meneceu) - Epicuro

 


Então, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos. A morte, portanto, não é nada, nem para os vivos, nem para os mortos, já que para aqueles ela não existe, ao passo que estes não estão mais aqui. E, no entanto, a maioria das pessoas ora foge da morte como se fosse o maior dos males, ora a deseja como descanso dos males da vida.



 Nascido em 341 a.C. na ilha de Samos, na Grécia, Epicuro iniciou seus estudos com o acadêmico Pânfilo, filósofo platônico. Ao mudar-se para Atenas, vai encontrar-se com os principais filósofos em atividade, como Teofrasto e Liceu. Alexandre Magno falece em 322 e os colonos atenienses acabam sendo expulsos da cidade, incluindo a família de Epicuro. 

A partir disso, se inicia no pensamento de Demócrito. Tenta fundar sua própria escola e conquista alguns adeptos, como Colotes, Pítocles e Heródoto. Conhecido como o filósofo de jardim, por ter adquirido uma casa em sua volta para Atenas com um amplo jardim, onde começa a lecionar para pessoas vindas de variadas regiões. 

Carta sobre a Felicidade é um documento importante onde Epicuro quebra a ideia de que sua filosofia se remete apenas ao gozo dos prazeres mundanos sem moderação. Há testemunhos de que no Jardim de Epicuro, não apenas o mestre, mas também seus discípulos viviam de maneira modesta, consumindo o que cultivavam, sem exageros ou coisas supérfluas. Sendo assim, a comparação ao Hedonismo não se sustenta. Seus valores prezavam pelo bem coletivo e uma maneira de vida comedida. 

Outro ponto errôneo que costuma-se atrelar a Epicuro seria a ideia de que o filósofo imitava Demócrito, considerado pai do Atomismo. De acordo com o pensador do século XIX Karl Marx, em A relação entre a Filosofia de Epicuro e a de Demócrito, do ponto de vista filosófico, Demócrito seria considerado fatalista/determinista. Epicuro repremia essa linha de pensamento, embora aceitasse a teoria partindo do ponto de vista referente ao comportamento da matéria. Carta sobre a Felicidade deixa explícita essa aversão ao pensamento de Demócrito. 

A teoria de Demócrito se embasa na crença de causa e efeito/natureza ou homem. Epicuro buscava preservar a vontade humana e liberdade individual, tanto em sociedade como a prórpia consciência moral. Vários desses aspectos podem ser considerados fortes influências na formação do persamento marxista. 

Sêneca e Cícero foram dois filósofos que perpetuaram o pensamento de Epicuro na Antiguidade. Carta sobre a Felicidade trata da conduta do homem que busca alcançar a saúde do espirito. Algumas das características encontradas na obra são a busca pela felicidade, vencer o medo da morte e controle do corpo e espírito. 

Segundo o pensamento Epicurista, 

o que importa não é a duração, mas a qualidade da vida.

O domínio do corpo e espírito não deixam de ser uma forma de se alcançar a felicidade, de prazer, que não deve ser buscado de maneira indiscriminada, pois pode causar dor no processo. E em paradoxo, nem sempre devemos evitar a dor, ela própria podendo resultar em prazer. O homem deve ter a liberdade de escolher seu Destino, controlando a vontade de cometer excessos, chegando enfim ao equilíbrio. 

A edição da Editora Unesp é em formato de bolso, bilíngue [portugês e grego] e entrega ao leitor um texto reflexivo e abrangente no tocante a filosofia dos prazeres moderados. 

De fato, só sentimos necessidade do prazer quando sofremos pela sua ausência.

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quarta-feira, junho 08, 2022

[Ditadura na História] A história das Ligas Camponesas - Zito da Galiléia

 Durante o período da Ditadura Militar que se instaurou no Brasil nos anos 1960, várias instituições e nomes ligados à causa social foram perseguidos, torturados e/ou mortos. Mas o Golpe que culminou em 21 anos de domínio militar não se iniciou apenas naquele ano. Pelo menos uma década antes já dava sinais do que viria a se tornar. 



O movimento camponês ganhou força à partir da organização de trabalhadores rurais, que se sentiam deslegitimados pela classe opressora proprietária dos latifúndios. Buscando melhorias nas condições trabalhistas, além de validar direitos constitucionalizados ao proletariado e suas famílias, surgiu no interior pernambucano a Liga camponesa no Engenho Galileia, situado no município de Vitória de Santo Antão, Zona da mata do estado. 

No presente livro intitulado A história das Ligas camponesas - Testemunho de quem a viveu, o autor Zito da Galiléia acompanhou desde a infância as movimentações trabalhistas ocorridas dentro de seu seio familiar, sendo neto de Zezé da Galiléia, importante figura desse período, e desde cedo militou em prol dos camponeses, enfrentando inclusive a repressão por parte dos políticos ligados à força militar que dominava o país com brutalidade.

A obra perpassa pelo inicio da militância, com a fundação das Ligas, apresentando nomes de pessoas que foram vitimadas pelas ações perpetradas  contra eles e aponta os algozes do conflito. Em vários trechos é possível o leitor se indignar com o tratamento aplicado aos moradores que trabalhavam em latifúndios e que eram expulsos sem direito a nada, além, claro, dos violentos castigos físicos e emboscadas que culminava na morte desses indivíduos.



Trata-se de uma leitura que denuncia os abusos cometidos contra a classe trabalhadora rural daquele período, num relato detalhista e chocante. Desaparecimentos eram frequentes, assassinatos sem solução e em meio a todos esses horrores, uma classe humilde tentando ser ouvida e ter seus direitos básicos garantidos, numa luta contínua contra a repressão dos anos que precederam a Ditadura Militar no Brasil, repressão essa que se tornou ainda mais violenta nos anos vigentes do Golpe. 

O autor ainda mostra a situação de algumas dessas figuras importantes anos depois da reabertura democrática do país. Como a Galileia se encontrou desolada durante 21 anos, e mesmo os governos mais recentes não deram devida importância à região, palco de lutas, opressão e violência. 

Não escute a voz daquele que disser "É preciso sofrer na Terra para alcançar a salvação no céu." Isso é mentira, porque quem assim fala tem a barriga cheia e vida folgada. Nem daquele que falar assim: "O mundo está dividido entre ricos e pobres. É Deus quem quer.". Outra mentira. Quem quer isso é o latifúndio, é a burguesia, é o imperialismo, para viver montado no espinhaço do pobre, bebendo o seu sangue, como a onça ou o morcego, e só deixando os ossos.

O livro conta ainda com algumas imagens de indivíduos envolvidos nas lutas por reforma agrária, pertencentes às Ligas Camponesas e matérias de jornal da época. A história das Ligas Camponesas é um relato essencial para se compreender esse movimento da História pernambucana.




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sexta-feira, junho 03, 2022

Fábulas de La fontaine

 


Fábulas costumam trazer lições de moral. As de la Fontaine são apresentadas com figuras de animais no papel de mestres, sábios a quem devemos nos atentar em seus jogos e ações. A figura do astucioso, ingênuo, perverso, experiente, dentre outras características, são simbolizadas por criaturas pertencentes à natureza, como um leão, um coelho ou mosca. 

Passam-se gerações e as fábulas parecem não perder seu encanto, bem como seu intuito de instruir de maneira suave e subjetiva. Os textos não costumam adentrar-se em preâmbulos infindos, mas expressar de maneira breve uma lição a ser posta em reflexão.

Além de contador de fábulas, Jean de la Fontaine foi poeta. Nascido em 1621, em Château-Thierry, desde criança tinha o hábito de leitura; dentre os autores da Antiguidade, os seus preferidos. Estudou Direito mas ao participar de um grupo literário com jovens autores, começou a escrever seus primeiros poemas.

A mulher com quem veio a se casar também era dada aos grupos intelectuais. Tiveram um único filho, e quando seu pai faleceu, logo se separou de sua esposa, com quem havia casado por influência dele. Frequentando salões de festa acabou por conhecer Molière e Charles Perrault

Os animais de Fontaine e as situações em que eram inseridos em suas histórias eram na verdade críticas a figuras da sociedade em que vivia. Assim, suas histórias tinham a função de tecer críticas a pessoas e problemas do seu entorno. Com o apoio de mecenas, conseguiu publicar dezenas de textos. 

Sua obra não possui um público específico, podendo ser admirado por crianças e adultos. Interessante notar que suas críticas representam aspectos sociais presentes até a atualidade. Inspirado nas fábulas de Esopo e Fedro, deu outro tom à maneira de contá-las usando de narrativas curtas com uma linguagem simples e atrativa. 

A edição da Lafonte conta com 143 fábulas, ricamente ilustradas por Gustave Doré. Dentre os textos mais notáveis destacamos O rato e o elefante, A galinha dos ovos de ouro, A leiteira, Os abutres e os pombos e O asno que levava relíquias



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