quinta-feira, junho 30, 2022

╬† O golem - Gustav Meyrink ╬†

 


Considerada uma obra-prima da literatura fantástica, O golem, escrito por Gustav Meyrink é uma publicação da Editora Carambaia. Foi lançado originalmente em 1915, tendo sido um sucesso de vendas. Inspirou filmes, peças teatrais e óperas, além de ter sido referência para autores do gênero de horror-fantástico. 

O golem é uma criatura que faz parte do folclore judaico. É um ser moldado em barro pelas mãos humanas [interessante analogia à criação do Homem]. De acordo com as lendas em torno deste ser mitológico, a criatura existe para defender os judeus e sua comunidade de ataques antissemitas, mas acaba por se voltar contra o rabino que lhe deu vida. 

Repleto de simbolismos, O golem carrega traços de ocultismo e misticismo. Com uma ambientação na cidade de Praga, a narrativa percorre becos escuros e sinuosos, passagens secretas, intrincadas, habitadas e frequentadas por criaturas humanas igualmente soturnas envoltas em mistério, decadentismo e sombras. 






Athanasius Pernath é um mestre joalheiro protagonista da trama. Além dele, outros personagens notórios se fazem presentes em diversas passagens, como uma jovem prostituta, um sábio religioso e sua filha, além de um estudante encarregado de uma vingança. Ao se envolver com tais figuras, o próprio Pernath parece buscar a si mesmo, numa espécie de encontro com o 'eu', da mesma maneira que os demais indivíduos, que parecem perdidos numa atmosfera imersa em questionamentos existencialistas de cunho psicológico. A linha entre o real e sonho é tênue. E Pernath se envereda por estas reentrâncias alucinógenas. 

Uma das adaptações mais marcantes do Cinema Expressionista Alemão tem vaga inspiração no livro. Dirigido por Paul Wegener, O Golem é um dos grandiosos filmes do gênero. 



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quinta-feira, junho 16, 2022

Carta sobre a Felicidade (A Meneceu) - Epicuro

 


Então, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos. A morte, portanto, não é nada, nem para os vivos, nem para os mortos, já que para aqueles ela não existe, ao passo que estes não estão mais aqui. E, no entanto, a maioria das pessoas ora foge da morte como se fosse o maior dos males, ora a deseja como descanso dos males da vida.



 Nascido em 341 a.C. na ilha de Samos, na Grécia, Epicuro iniciou seus estudos com o acadêmico Pânfilo, filósofo platônico. Ao mudar-se para Atenas, vai encontrar-se com os principais filósofos em atividade, como Teofrasto e Liceu. Alexandre Magno falece em 322 e os colonos atenienses acabam sendo expulsos da cidade, incluindo a família de Epicuro. 

A partir disso, se inicia no pensamento de Demócrito. Tenta fundar sua própria escola e conquista alguns adeptos, como Colotes, Pítocles e Heródoto. Conhecido como o filósofo de jardim, por ter adquirido uma casa em sua volta para Atenas com um amplo jardim, onde começa a lecionar para pessoas vindas de variadas regiões. 

Carta sobre a Felicidade é um documento importante onde Epicuro quebra a ideia de que sua filosofia se remete apenas ao gozo dos prazeres mundanos sem moderação. Há testemunhos de que no Jardim de Epicuro, não apenas o mestre, mas também seus discípulos viviam de maneira modesta, consumindo o que cultivavam, sem exageros ou coisas supérfluas. Sendo assim, a comparação ao Hedonismo não se sustenta. Seus valores prezavam pelo bem coletivo e uma maneira de vida comedida. 

Outro ponto errôneo que costuma-se atrelar a Epicuro seria a ideia de que o filósofo imitava Demócrito, considerado pai do Atomismo. De acordo com o pensador do século XIX Karl Marx, em A relação entre a Filosofia de Epicuro e a de Demócrito, do ponto de vista filosófico, Demócrito seria considerado fatalista/determinista. Epicuro repremia essa linha de pensamento, embora aceitasse a teoria partindo do ponto de vista referente ao comportamento da matéria. Carta sobre a Felicidade deixa explícita essa aversão ao pensamento de Demócrito. 

A teoria de Demócrito se embasa na crença de causa e efeito/natureza ou homem. Epicuro buscava preservar a vontade humana e liberdade individual, tanto em sociedade como a prórpia consciência moral. Vários desses aspectos podem ser considerados fortes influências na formação do persamento marxista. 

Sêneca e Cícero foram dois filósofos que perpetuaram o pensamento de Epicuro na Antiguidade. Carta sobre a Felicidade trata da conduta do homem que busca alcançar a saúde do espirito. Algumas das características encontradas na obra são a busca pela felicidade, vencer o medo da morte e controle do corpo e espírito. 

Segundo o pensamento Epicurista, 

o que importa não é a duração, mas a qualidade da vida.

O domínio do corpo e espírito não deixam de ser uma forma de se alcançar a felicidade, de prazer, que não deve ser buscado de maneira indiscriminada, pois pode causar dor no processo. E em paradoxo, nem sempre devemos evitar a dor, ela própria podendo resultar em prazer. O homem deve ter a liberdade de escolher seu Destino, controlando a vontade de cometer excessos, chegando enfim ao equilíbrio. 

A edição da Editora Unesp é em formato de bolso, bilíngue [portugês e grego] e entrega ao leitor um texto reflexivo e abrangente no tocante a filosofia dos prazeres moderados. 

De fato, só sentimos necessidade do prazer quando sofremos pela sua ausência.

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quarta-feira, junho 08, 2022

[Ditadura na História] A história das Ligas Camponesas - Zito da Galiléia

 Durante o período da Ditadura Militar que se instaurou no Brasil nos anos 1960, várias instituições e nomes ligados à causa social foram perseguidos, torturados e/ou mortos. Mas o Golpe que culminou em 21 anos de domínio militar não se iniciou apenas naquele ano. Pelo menos uma década antes já dava sinais do que viria a se tornar. 



O movimento camponês ganhou força à partir da organização de trabalhadores rurais, que se sentiam deslegitimados pela classe opressora proprietária dos latifúndios. Buscando melhorias nas condições trabalhistas, além de validar direitos constitucionalizados ao proletariado e suas famílias, surgiu no interior pernambucano a Liga camponesa no Engenho Galileia, situado no município de Vitória de Santo Antão, Zona da mata do estado. 

No presente livro intitulado A história das Ligas camponesas - Testemunho de quem a viveu, o autor Zito da Galiléia acompanhou desde a infância as movimentações trabalhistas ocorridas dentro de seu seio familiar, sendo neto de Zezé da Galiléia, importante figura desse período, e desde cedo militou em prol dos camponeses, enfrentando inclusive a repressão por parte dos políticos ligados à força militar que dominava o país com brutalidade.

A obra perpassa pelo inicio da militância, com a fundação das Ligas, apresentando nomes de pessoas que foram vitimadas pelas ações perpetradas  contra eles e aponta os algozes do conflito. Em vários trechos é possível o leitor se indignar com o tratamento aplicado aos moradores que trabalhavam em latifúndios e que eram expulsos sem direito a nada, além, claro, dos violentos castigos físicos e emboscadas que culminava na morte desses indivíduos.



Trata-se de uma leitura que denuncia os abusos cometidos contra a classe trabalhadora rural daquele período, num relato detalhista e chocante. Desaparecimentos eram frequentes, assassinatos sem solução e em meio a todos esses horrores, uma classe humilde tentando ser ouvida e ter seus direitos básicos garantidos, numa luta contínua contra a repressão dos anos que precederam a Ditadura Militar no Brasil, repressão essa que se tornou ainda mais violenta nos anos vigentes do Golpe. 

O autor ainda mostra a situação de algumas dessas figuras importantes anos depois da reabertura democrática do país. Como a Galileia se encontrou desolada durante 21 anos, e mesmo os governos mais recentes não deram devida importância à região, palco de lutas, opressão e violência. 

Não escute a voz daquele que disser "É preciso sofrer na Terra para alcançar a salvação no céu." Isso é mentira, porque quem assim fala tem a barriga cheia e vida folgada. Nem daquele que falar assim: "O mundo está dividido entre ricos e pobres. É Deus quem quer.". Outra mentira. Quem quer isso é o latifúndio, é a burguesia, é o imperialismo, para viver montado no espinhaço do pobre, bebendo o seu sangue, como a onça ou o morcego, e só deixando os ossos.

O livro conta ainda com algumas imagens de indivíduos envolvidos nas lutas por reforma agrária, pertencentes às Ligas Camponesas e matérias de jornal da época. A história das Ligas Camponesas é um relato essencial para se compreender esse movimento da História pernambucana.




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sexta-feira, junho 03, 2022

Fábulas de La fontaine

 


Fábulas costumam trazer lições de moral. As de la Fontaine são apresentadas com figuras de animais no papel de mestres, sábios a quem devemos nos atentar em seus jogos e ações. A figura do astucioso, ingênuo, perverso, experiente, dentre outras características, são simbolizadas por criaturas pertencentes à natureza, como um leão, um coelho ou mosca. 

Passam-se gerações e as fábulas parecem não perder seu encanto, bem como seu intuito de instruir de maneira suave e subjetiva. Os textos não costumam adentrar-se em preâmbulos infindos, mas expressar de maneira breve uma lição a ser posta em reflexão.

Além de contador de fábulas, Jean de la Fontaine foi poeta. Nascido em 1621, em Château-Thierry, desde criança tinha o hábito de leitura; dentre os autores da Antiguidade, os seus preferidos. Estudou Direito mas ao participar de um grupo literário com jovens autores, começou a escrever seus primeiros poemas.

A mulher com quem veio a se casar também era dada aos grupos intelectuais. Tiveram um único filho, e quando seu pai faleceu, logo se separou de sua esposa, com quem havia casado por influência dele. Frequentando salões de festa acabou por conhecer Molière e Charles Perrault

Os animais de Fontaine e as situações em que eram inseridos em suas histórias eram na verdade críticas a figuras da sociedade em que vivia. Assim, suas histórias tinham a função de tecer críticas a pessoas e problemas do seu entorno. Com o apoio de mecenas, conseguiu publicar dezenas de textos. 

Sua obra não possui um público específico, podendo ser admirado por crianças e adultos. Interessante notar que suas críticas representam aspectos sociais presentes até a atualidade. Inspirado nas fábulas de Esopo e Fedro, deu outro tom à maneira de contá-las usando de narrativas curtas com uma linguagem simples e atrativa. 

A edição da Lafonte conta com 143 fábulas, ricamente ilustradas por Gustave Doré. Dentre os textos mais notáveis destacamos O rato e o elefante, A galinha dos ovos de ouro, A leiteira, Os abutres e os pombos e O asno que levava relíquias



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domingo, maio 29, 2022

O Essencial da década de 1980 - Caio 3D

 


Dane-se. Comigo sempre foi tudo ao contrário.

O essencial da Década de 1980 traz uma série de contos de Caio Abreu carregados de amargura e maldizer. Uma obra escrita com mais amadurecimento em sua produção. Fala acerca dos anos fora do Brasil, da angústia e reflexões existenciais, já recorrentes em seus contos anteriores, porém com mais força e expressividade.

Os dragões não conhecem o paraíso teve sua publicação em 1988. O livro traz crônicas até então inéditas e vários textos dispersos, além de Cartas enviadas para amigos ao longo daqueles anos. Fazendo alusão à trilogia de Henry Miller, Márcia Denser - amiga de Caio - prefacia a edição publicada pela Agir Editora

Alguns dos contos presentes no livro são Sem Ana, Blues, O rapaz mais triste do mundo, Dama da noite, Mel & Girassóis. Dentre as crônicas, temos Caleidoscópio-Caetano. Dentre seus destinatários, é essencial mencionar Paula Dip, Nair Abreu [sua mãe] e Maria Adelaide Amaral. Carregadas de sentimento, pungentes e doloridas, as cartas escritas por Caio lembram seus próprios contos; por vezes beiram o irreal, tal a habilidade do escritor em expressar-se de maneira poética, em suas prosas narrativas... 

Existirmos, a que será que se destina?
A melancolia de Caio era externada através de seus escritos. Solidão, apatia e ao mesmo tempo, uma aura de esperança e resiliência pairam no ar. Eis a sensação de mortificação e fé que nos é entregue em cada linha e parágrafo... 

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sábado, maio 21, 2022

Civilized Girl /Jully Makini #PoesiaRotaMundo



Cheap perfume
Six inch heels
skin tight-pants
Civilized Girl

Steel-Wool hair
Fuzzy and stiff
Now soft as coconut husk
Held by a dozen clips

Charcoal-black skin
Painted red
Bushy eye-brows
Plucked and penciled

Who am I?
Melanesian Caucasian or
Half-Caste?
Make up your mind

Where am I going - 
Forward, backward, still?


Jully Makini é uma poeta e ativista dos direitos das mulheres nascida nas Ilhas Salomão, na Oceania. Natural de Gizo, província central, começou sua carreira ainda nos anos 1980. Algumas de suas obras notáveis são Praying Parents, Civilized Girl e Mi Mere. 



Ilhas Salomão é um país insular da Oceania. Sua capital e maior cidade é Honiara. A distância entre as ilhas que compõem o país é de aproximadamente 1.500 Km. Existem alguns vulcões em atividade mas a maioria das ilhas são na verdade pequenos atóis, de areia e palmeiras. Há uma grande quantidade de répteis e aves, mas os mamíferos são escassos. 




O número de linguas faladas em Salomon Islands é de cerca de 70, mas o inglês é considerado o idioma oficial. Porém, apenas 2% da população fala o inglês, de fato. Outra curiosidade a respeito dos habitantes do país é que cerca de 10% deles possui os cabelos loiros, mas não sendo resultado de miscigenação com europeus, mas devido a uma variante do gene TYRP1

A maioria dos salomonenses é cristã. Há também a presença de crenças indígenas e uma minoria islâmica. Algumas de suas províncias são Malaita, Makira, Temotu e Honiara, onde se situa a capital. 




A poesia selecionada faz parte do Projeto RotaMundo, em parceria com o blog Poesia na Alma. Neste mês de fevereiro teremos poesias dos países que compõem a Oceania: Ilhas Salomão, Samoa e Tonga. Para encontrar as demais obras, visite nossas redes [Instagram e Youtube]. Para saber quais os poemas escolhidos por Lilian Farias, visite o blog Poesia na Alma.



sexta-feira, maio 13, 2022

A vida é sonho - Calderón de la Barca

 


Calderón de la Barca foi um poeta notório do século XVI, nascido em Madri, Espanha. Ainda faz parte da leva de poetas e dramaturgos da Idade de Ouro da literatura espanhola, sucedendo Lope de Vega. Começou a escrever comédias por volta de 1620. Frequentou o meio eclesiástico e possuía uma popularidade que ia além da Corte do rei Felipe IV. 

Em A vida é sonho, Segismundo é o filho renegado de Basílio, rei da Polônia. Assim que nasce, foi encerrado em uma torre e só mantem contato com o mundo exterior graças a um servo de seu pai, Clotaldo, que também serve como uma espécie de guardião. 

A obra é carregada de elementos da fé católica, a efemeridade da vida e sua vaidade. Trata-se de um clássico da literatura barroca. A vida seria apenas um sonho, transitória para a vida eterna; um dogma cristão em que o real e o ilusório se enredam e deixam o leitor/espectador numa aura de incertezas sobre o que se imagina e o que realmente ocorre com Segismundo. 

É possível encontrar resquícios do pensamento hindu, do misticismo persa, do platonismo grego. Segismundo desconhece o que há por trás das paredes da torre, vive numa 'caverna' como a do mito de Platão, em completa ignorância de sua própria vida. A luz é alcançada quando finalmente se dá conta de sua origem. 

A vida é sonho é uma peça barroca que possui elementos trágicos, mesclados a certo tom de humor de seu dramaturgo. É uma das mais famosas obras do teatro popular espanhol. Os recursos de farsa para simbolizar a vaidade da vida fazem parte da estrutura do enredo. 


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sábado, maio 07, 2022

╬† Histórias Extraordinárias - Edgar Allan Poe ╬†

 


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A Editora Companhia das Letras lançou uma edição de Histórias Extraordinárias digna à genialidade dos contos de Edgar Allan Poe. Com um texto de apresentação de José Paulo Paes, traz 18 contos do escritor, além de textos extras assinados por Julio Cortázar, Jorge Luis Borges e Charles Baudelaire. 

Trata-se de um material onde a qualidade se faz visível, desde a parte gráfica quanto na diagramação/conteúdo. Dentre os contos presentes, destaque para O gato preto, O poço e o pêndulo, A queda da casa de Usher e O coração delator: alguns de seus trabalhos mais memoráveis. 

Edgar Allan Poe nasceu em Boston, em 19 de janeiro de 1809. Teve uma vida repleta de dificuldades e até mesmo seu fim foi permeado em mistério. Não  se sabe exatamente a causa de sua morte, depois de ser encontrado numa calçada, em delirio. 

A edição possui também algumas ilustrações no início de cada conto. A escrita de Poe cativa pelo detalhismo e imersão psicológica que desperta no leitor. Elementos fúnebres, misteriosos, cenários descritivos que causam uma impressão palpável em que os lê. Criticos de sua época chegavam a acusar Poe de repetitivo, por manter certa monotonia padrão em seus contos. 

De qualquer forma, tornou-se um aclamado contista do gênero de Horror, influenciando autores que vieram posteriormente, além de ser bem quisto entre leitores que apreciam dramas aterrorizantes de cunho psicológico. Certamente é uma edição arrojada para se fazer presente nas estantes/prateleiras de seus admiradores...

quinta-feira, abril 21, 2022

Calls of Youth / Hermana Ramarui #PoesiaRotaMundo

 




Give us birth, my elders.
Stop the colonial web.
Open the door to freedom.
Cut that binding string.
Unity is imprisonment.
Hope for self gover'nt is you.
You have long been imprisoned.
It was not your choice.
Cut the umbilical cord
Our link to foreign womb.
The birth canal is yours
Either to open or to close.
Open it you must, dear elders,
So that I may be born and live.
Or closed it you could
And the ·curse will fall on me.
Let me live as my ancestors did.
Give your grandchildren a life
Different from that which you had.
Stars of national awareness
Are now shining on our door steps.
Submit to the call of our national stars.
Give us freedom our wise ones.
Let our nation be born.
Don't let the stars be eclipsed again.
The period of darkness
Has been much too long.
Don't let the seeds of your wisdom
Escape from our awareness forever.

Hermana Ramarui é uma poeta nascida em Palau, na Oceania. Autora de Palauan Perspectives, publicado em 1984. 


Palau é um pequeno país insular localizado na região da Micronésia, na Oceania. É formado por 8 ilhas principais e vários ilhéus e atóis. Além das culturas da Melanésia e Micronésia, há ainda elementos japoneses mesclados a ela. As línguas oficiais de Palau são Palauano e inglês, embora o japonês, tombiano e sonsorolense sejam idiomas falados pelos nativos. 



O país tem cerca de 21 mil habitantes, muitos descendentes de japoneses e filipinos. Possui 16 estados, entre eles Airai, Koror, Sonsorol e Hatohobei. Esta última conta com apenas 23 habitantes, de acordo com o censo de 2000.


A poesia selecionada faz parte do Projeto RotaMundo, em parceria com o blog Poesia na Alma. Neste mês de fevereiro teremos poesias dos países que compõem a Oceania: Palau, Nauru e Kiribati. Para encontrar as demais obras, visite nossas redes [Instagram e Youtube]. Para saber quais os poemas escolhidos por Lilian Farias, visite o blog Poesia na Alma.



quinta-feira, março 24, 2022

╬† Nosferatu, uma sinfonia do Horror ╬†

 Nesse ano de Centenário do lançamento do filme Nosferatu uma sinfonia do Horror, famoso filme do gênero Expressionista alemão, a Editora Sebo Clepsidra lança uma campanha na plataforma do Catarse, trazendo a novelização do filme escrita por Hughes Chelton, publicada em 1925. 



Dirigido por F. W. Murnau, um dos nomes mais notórios do cinema alemão da década de 1920, Nosferatu foi uma adaptação do romance Dracula, de Bram Stoker. Mas devido a problemas com direitos autorais, acabou sofrendo modificações em seu enredo.







 Graças a essa campanha de financiamento coletivo pela plataforma do catarse, os leitores brasileiros terão acesso a essa leitura incrível, numa edição que promete vir recheada de material extra, de acordo com as metas alcançadas.

Os itens que acompanham o livro vão de postais a ecobag. Outras recompensas podem ser garantidas se os apoios forem aumentando.


Corre pra garantir o teu exemplar. 📚 



 Para saber mais detalhes, visite a página do projeto. 
A editora Sebo Clepsidra já é conhecida entre um público leitor que preza por títulos de qualidade, tanto estética como de produção. Nosferatu é uma obra que merece ter espaço reservado na estante de qualquer amante do cinema e literatura de horror.


segunda-feira, março 21, 2022

Utilomar / Kathy Jetnil-Kijiner #PoesiaRotaMundo

 




I dreamt of a dead shark


we were at a family party
my mother asked me to check the oven and
when I opened it
there it was
massive, gray leathered skin, jaw open
like a metal trap

I dreamt of eating a shark
When I woke up I met my mother in the hallway
I told her about my dream
how it felt
foreboding
together we went outside and that’s when we found
the world
flooded

Water
everywhere
Our neighbors wandering outside
morning daze on their faces
homes inundated, families evacuated
sent to sleep on classroom floors at the nearby elementary school

My family is a descendant of the RiPako clan, the Shark clan
known to control the waves with roro, chants
it was said that they turned the tides with the sound of their voice
they sang songs to sharks encircling their canoes, we were connected
to these white tipped slick bodied ancestors carving
through water
we would never
have eaten them


In the Marshall Islands I teach Pacific Literature
Together we read the stories our ancestors told around coconut husk fire

So what are the legends
we tell ourselves today?
What songs are we throwing into the fire . . . what
are we burning?
And will future generations
recite these stories by heart, hand
over chest?

Maybe
In one legend
It’ll start by saying

in the beginning
was water

water from the sea that flooded our homes our land and now
our only underground reservoir
what we call a fresh water lens
shaped like the front of an eyeball, nestled deep in our coral
feeding on rainwater it watches us, burning and angry it is
vindictive
it poisons us
with salt
leaving us dry
and thirsty


Over 6,000 miles away from my island home is the US state of Minnesota
I’ve read that Minnesota, like the Marshalls,
is simultaneously drowning and thirsting
In 2007 24 Minnesota counties received drought designation
While 7 counties were declared flood disasters
In 2012 this time 55 Minnesota counties received drought designation
while 11 counties declared flood emergencies



Climate scientists warn of intensified heat
this heat threatens Minnesota’s great North Woods
a forest nearly 12,000 years old
scientists predict the mixed hardwood and conifer forest
will follow glaciers and retreat north by as much as 300 miles in the next century


I imagine a hardwood tree ancient
and weary, dry
untangling its roots from the soil
before heaving its tree trunk body
to a new home where it will forever mourn
its roots


In this legend,
identify the theme, the moral the message what
have we learned . . .
have we learned
anything?


What is the archetype of a monster and a hero?
can they be one and the same?


Here’s another story of a tree
On one of our atolls known as Kwajelein
There was said to be a flowering tree at the south end
that grew from the reef itself
a utilomar tree
it was said its magical white petals fell
into the water and bloomed
into flying fish


On a lazy Sunday my cousin and I lay side by side
on my aunty’s veranda, sun drying our skin, together
we dreamed an organization dedicated to young people like us
who leapt
blind and joyful
into water
willing ourselves wings
to fly
who dared to dream of a world where both forests and islands
stay rooted
who believe that this world
is worth fighting for


I still nightmare of dead leather sharks


But I’d rather dream
I’d rather imagine our/next generation
their voices turning the tides
how our underground reservoir will drink in their chants
how they will speak shark songs and fluent fish
how they
will leap


petal-soft
beautiful
unafraid
into the water
before blossoming

to fly


Kathy Jetnil-Kijiner é uma poeta e ativista internacional nascida em Ilhas Marshall, um país insular da Oceania. Sua poesia é conhecida pelas questões relacionadas ao Meio Ambiente e condições climáticas, além de migração, racismo e colonialismo.


Ilhas Marshall é um país insular localizado na Oceania. As línguas oficiais são o inglês e o marshalês. Sua capital é Majuro, atol mais populoso dentre as ilhas que compõem o país. A religião predominante é a neopentecostalista, tendo destaque para a Assembleia de Deus e Igreja Unida de Cristo. As ilhas são compostas de 29 atóis e 5 ilhas. Possuem ligações adminitratio-políticas com os Estados Unidos da América, por meio de um acordo realizado em 1986. 


Marshall Islands vem passando por diversos problemas relacionados a efeitos climáticos. A elevação do nível do mar pode fazer as ilhas deixarem de existir nos próximos anos. As autoridades vem estudando uma maneira de preservar a cultura e território, mas uma realocação não seria tão simples de ser realizada.






A poesia selecionada faz parte do Projeto RotaMundo, em parceria com o blog Poesia na Alma. Neste mês de fevereiro teremos poesias dos países que compõem a Oceania: Ilhas Marshall, Estados Federados da Micronésia e Fiji. Para encontrar as demais obras, visite nossas redes [Instagram e Youtube]. Para saber quais os poemas escolhidos por Lilian Farias, visite o blog Poesia na Alma.




segunda-feira, fevereiro 21, 2022

A dream / Louisa Lawson #PoesiaRotaMundo

 



Just as the grey dawning gan faintly to beam
One still summer's morning I dreamt a fair dream.
I thought that my body was tenantless clay,
And friends were preparing to lay it away,
They stood at my bedside, one weeping aloud,
While two with deft fingers placed on me a shroud.
And one who had loved me and knew all my care
Placed flowers about me and braided my hair,
And murmured, " Poor creature, her troubles are o'er,
And they who have vexed her can vex her no more. "
Then tenderly crossing my hands on my breast
She kissed me and blessed me and left me to rest.
The kindest words only about me were said
And restfully thought I, " 'Tis well to be dead. "
I sighed with contentment, so safe did I seem —
Alas, for the sigh! for it banished my dream.

Louisa Lawson, nascida em Nova Gales do Sul, foi uma escritora poeta e sufragista da Austrália. Viveu numa família numerosa que passou necessidade e acabou abandonando a escola antes de concluir os estudos. Casou aos 18 anos com um marinheiro sueco e teve quatro filhos com ele, que viajava devido a sua profissão, deixando a Louisa o cuidado e educação dos filhos. Dentre seus trabalhos mais conhecidos, podemos citar To a Bird, To my Sister, The Hour is coming e Lines Written During a Night Spent in a Bush Inn. Faleceu em 1920, aos 72 anos. 
 

 
A Austrália é o maior país do novíssimo continente, como é conhecida a Oceania. A língua oficial é o inglês, devido ao período em que a região foi uma colônia britânica. A população nativa era comporta de cerca de 250 nações de aborígenes, mas atualmente, boa parte de sua população é composta de estrangeiros. 
 
Sua capital é Camberra, mas Sidney é considerada a mais popular. Vale a pena destacar também Perth, Brisbane e Adelaide. Boa parte do território australiano é desértico, onde habitam espécies de animais que não existem em outras partes do mundo. 
 

 
A Austrália é dividida em seis estados e a ilha da Tasmânia. O personagem Taz de Looney Tunes é baseado num animal da região, o diabo-da-Tasmânia, pertencente à classe dos marsupiais.


 
A poesia selecionada faz parte do Projeto RotaMundo, em parceria com o blog Poesia na Alma. Neste mês de fevereiro teremos poesias dos países que compõem a Oceania: Austrália, Nova Zelândia e Papua Nova Guiné. Para encontrar as demais obras, visite nossas redes [Instagram e Youtube]. Para saber quais os poemas escolhidos por Lilian Farias, visite o blog Poesia na Alma. 

sexta-feira, fevereiro 04, 2022

A vegetariana, Han Kang

 


Um dos grandes títulos publicados na literatura contemporânea da Coréia do Sul, A vegetariana foi escrito por Han Kang. A trama se divide em três partes e é ambientada em Seul. Acompanhamos a história de Yeonghye, artista gráfica que decide parar o consumo de carne depois que teve um pesadelo sobre a crueldade humana manifestada através do abate de animais. Sem comunicar ao marido e outros parentes, estes assistem com relativa relutância e estranheza os novos hábitos alimentares de Yeonghye.

Sua nova maneira de enxergar o mundo, bem como a mudança em sua rotina alimentar faz com que ela passe a ser excluída socialmente e vista como uma aberração, inclusive por pessoas de sua família, que passam a enxergá-la como se fosse um peso a ser suportado. A primeira parte do romance tem como narrador o marido da protagonista, que desde o começo já deixa claro que seu casamento se consumou por conveniência, e o que pensa de sua mulher é que ela é uma pessoa insípida, sem atrativos. É interessante ver nessa representação um casamento de fachada, que parece cumprir seu propósito de ser socialmente aceito numa cultura tradicional. 

Na segunda parte da narrativa, o cunhado de Yeonghye nos possibilita conhecer uma faceta até então escondida do convívio familiar. Sendo um artista plástico, vê na figura da própria cunhada uma possibilidade de gravar um vídeo para um projeto com corpos nus e flores pintadas, devido a uma mancha que a cunhada possui no corpo. A partir dai, se desvela ao leitor uma atração sexual que tem um desfecho surreal, beirando a insanidade mental.

Em sua parte final a narrativa foca em Inhye, que passa a cuidar da irmã, tendo que lidar também com o vendaval que devastou sua família. A história possui uma simbologia curiosa com relação à plantas e o comportamento de Yeonghye, numa espécie de metamorfose, sinalizada em vários trechos do livro. A história lida com temas complexos como loucura, abandono, erotismo e surrealismo. 

Em suma, é uma leitura que proporciona ao leitor vários questionamentos carregados de estranheza e conjecturas sobre as relações humanas. 



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segunda-feira, janeiro 31, 2022

Poesia da América #PoesiaRotaMundo - Ano I

Um dos projetos literários mais significativos que executei ao longo de 2021, em parceria com Lilian, do blog Poesia na Alma, foi o Poesia RotaMundo. Iniciado em março, simbolicamente no dia 21, conhecido como dia da Poesia, nosso intuito era publicar mensalmente 3 obras poéticas de autores/autoras de cada continente, tentando seguir o mapa numa espécie de tour ou mochilão poético, percorrendo os países a partir da América, nosso continente. As postagens seriam feitas em nossos blogs, instagrams e Canais do Youtube. 




No decorrer das postagens, minha experiência foi de percorrer os países conhecendo aspectos culturais, sociais e - obviamente - literários de cada nação. E fui me deparando com a beleza de cada país, bem como os seus problemas socioeconômicos, mas acima de qualquer coisa, da produção literária e seus autores. 

Guiana Francesa



Tive dificuldades em alguns países, por terem uma produção poética que não é conhecida do público brasileiro. Um dos grandes desafios desse projeto é ir justamente aos pontos em que os leitores do Brasil não conhecem ou sequer ouviram falar, seja por falta de incentivo de editoras nacionais em publicar tais poetas ou simplesmente por serem versos pertencentes a uma cultura tão distinta da nossa, embora compartilhem do mesmo espaço geográfico que os brasileiros. São nações vizinhas, outras mais distantes, e que muito possivelmente conhecemos apenas pelas breves menções em aulas de Geografia, História ou de alguma outra maneira particular.

San Salvador - El Salvador



Fazendo uma retrospectiva/balanço desse tour, a experiência foi válida e prazerosa. Em menos de um ano de projeto, poucos foram os países que - de maneira alguma, infelizmente - consegui encontrar poesia pela internet. Mas não vou desistir deles. Em algum momento, haverá uma 'repescagem' a fim de contemplar essas nações. E se por ventura não conseguir em um momento futuro, que essa ausência sirva de crítica ou reflexão sobre a produção literária estrangeira 'menos popular' que não chega aqui. 

Os países que foram postados no blog foram: Canadá [Margaret Atwood], Belize [Ion Cacho], Honduras [Arturo Martínez Galindo], Panamá [Homero Icaza Sánchez], Antígua e Barbuda [Althea Prince], Dominica [Phyllis Shand Allfrey], Santa Lúcia [Derek Walcott], Argentina [Francisco Luis Bernárdez], Paraguai [Heriberto Fernández], Equador [Jorge Carrera Andrade] e Guiana [Martin Carter].

Postados no Canal do Youtube: Estados Unidos [T. S. Eliott], Guatemala [Rafael Arévalo Martinez], Nicarágua [Salomon de la Selva], Cuba [Cíntio Vitier], Bahamas [Marion Bethel], República Dominicana [Manuel del Cabral], Trinidad e Tobago [Nicholas Laughlin], Chile [Pablo Neruda], Bolívia [Ricardo James Freyre], Venezuela [José Ramón Medina] e Suriname [Trefossa].

Maracaibo - Venezuela



Postados no Instagram: México [Guadalupe Amor], El Salvador [Hugo Lindo], Costa Rica [Mía Gallegos], Jamaica [Linton Kwesi Johnson], Barbados [Kamau Brathwaite], Haiti [René Depestre], Uruguai [Mario Benedetti], Brasil [Álvares de Azevedo], Peru [César Vallejo], Colômbia [Porfírio Barba Jacob] e Guiana Francesa [León-Gontram Damas]. 

Nossa próxima viagem vai seguir por terras muito distantes. Por ilhas paradisíacas que por muito tempo foram consideradas longínquas, denominadas de  Novíssimo Mundo. Você arrisca dizer qual continente iremos percorrer poeticamente falando? 

Barbados