quinta-feira, fevereiro 29, 2024
Feliz ano Novo, de Rubem Fonseca
quinta-feira, fevereiro 22, 2024
Nossos Ossos, Marcelino Freire
Heleno é natural do interior de Pernambuco mas vive em São Paulo há muitos anos. Seu namorado fazia programas e foi morto, sendo deixado no IML da cidade sem que ninguém de sua família reclamasse o corpo. Coube a Heleno o papel de transportar o defunto de volta para sua terra natal, a fim de ter um enterro decente dado por seus familiares.
A partir dessa premissa, a trama se desenrola por meio de flashbacks, em que o leitor vai conhecendo a aventura de Heleno, ao sair de sua pequena cidade interiorana rumo à capital paulistana, bem como os percalços que passou desde se encontrar com Carlos, o amor de sua vida, até o regresso às suas origens, após deixar o corpo do jovem em Poço do boi.
quinta-feira, fevereiro 15, 2024
A poesia de Alejandra Pizarnik em Árvore de Diana
Publicada aqui no Brasil pela Relicário Edições, Alejandra Pizarnik possui uma obra curta, devido talvez a sua breve existência, interrompida após uma dose de barbitúricos, pondo fim à sua vida aos 36 anos. Árvore da vida data de 1962, seu prólogo foi escrito por Octavio Paz, amigo da poeta.
Através da poesia que consta Árvore da vida, é possivel ao leitor identificar o estilo de escrita de Pizarnik, que viria a se consolidar a partir dessa obra. Podemos conhecer Alejandra e seus gostos por meio de seus versos, seu interesse crescente nas artes plásticas e sua habilidade em desvelar em poucas linhas suas angustias e inquietações.
agora
nesta hora inocente
eu e a que fui nos sentamos
no umbral do meu olhar.
ahora
en esta hora inocente
yo y la que fui nos sentamos
en el umbral de mi mirada.
Interessante perceber um tema recorrente em seus escritos: o duplo, a figura do outro, espelhada. A personagem que se identifica com o sujeito do poema. A própria Alejandra que modificou o nome. De Flora passa a ser Alejandra, seu pseudônimo com que passa a assinar seus livros. Seu discurso parafraseia Rimbaud para compreender as tragédias de sua vida.
Seus versos carregam uma visceralidade pungente, que representam bem sua vida na Argentina, numa época dada a eclosão de golpes de Estado no país.
tenho nascido tanto
e duplamente sofrido
na memória daqui e de lá.
he nacido tanto
y doblemente sufrido
en la memoria de aquí y de allá.
quinta-feira, fevereiro 08, 2024
A briga dos dois Ivans - Nikolai Gogol
Ivan Ivanovitch e
Ivan Nikiforovitch são dois amigos de longa data e sua amizade é admirada pela
população do vilarejo onde vivem, no interior da Ucrânia. A história se passa
nas primeiras décadas do século XIX. Apesar das diferenças entre os dois, eles
mantêm uma relação cordial, respeitosa, até que em um belo dia as coisas mudam
de maneira drástica.
Um chama o outro de raposa velha, devido a uma discussão boba
que tem como motivo uma recusa em trocar uma arma por uma porca e dois sacos de
areia. A troca de xingamentos toma proporções jamais imaginadas pela vila onde
moram e pelos próprios envolvidos, que nas semanas seguintes passam a depreciar
um ao outro, abalando as estruturas e convívio social até então intocáveis.
Escrita por Nikolai Gógol em 1835, essa novela intitulada A
briga dos dois Ivans carrega em sua narrativa ares de comédia pastelão, revelando
ao leitor a veia cômica de Gogol, tão bem empregada em sua obra. Ele usa de cinismo
e desvela a natureza hipócrita da sociedade, ilustrando bem a condição
burocrática de seu tempo.
Nikolai Gógol nasceu em 1809, em um vilarejo no centro da
Ucrânia [antes pertencente ao Império Russo]. Seus livros possuem características
do Realismo, e abordam temáticas sociais a respeito da condição humana,
moralista e prisioneira de convenções. Dentre suas obras mais famosas,
destacam-se Almas mortas, O capote e Taras Bulba.
quinta-feira, fevereiro 01, 2024
De Profundis - Georg Trakl
De profundis é uma publicação da Editora Iluminuras e reúne a maior parte da breve obra de Georg Trakls, poeta austríaco, nascido em Salzburgo, ainda parte do Império dos Habsburgos em 1887. Aos 27 anos, ceifa a própria vida após ingerir uma dose de cocaína, aproveitando seus conhecimentos em farmácia para pôr um fim aos seus dias.
É considerado um dos grandes nomes da poesia expressionista
do século XIX, e graças ao trabalho de tradução de Cláudia Cavalcanti, o leitor
brasileiro tem em mãos essa obra singular, que retrata tão bem a angústia de
seu criador, ao relatar em versos suas experiências melancólicas e memórias dos
meses que passou em guerra, presenciando morte ao seu redor.
O azul de meus olhos apagou-se nesta noite,
O ouro vermelho de meu coração. Ah, tão quieta ardia a luz!
Teu manto azul envolveu o desfalecente;
Tua boca vermelha confirmou a loucura do amigo.
Die Bläue meiner Augen ist erloschen in dieser Nacht,
Das rote Gold meines Herzens. O! wie stille brannte das Licht.
Dein blauer Mantel umfing den Sinkenden;
Dein roter besiegelte des Freundes Umnachtung.
É interessante encontrar na poesia de Trakl uma espécie de
sinestesia, em que o poeta utilizava descrição de cores para simbolizar
sentimentos e passagens descritas em seus poemas. A melancolia era um dos
aspectos mais representados ao longo de sua obra, bem como a decomposição do
ser e suas implicações. Trata-se de uma poesia dolorosa, pungente, que parece
desprovida de esperança, agonizante.
Um de seus poemas fala sobre a batalha de Grodek, em que
quase cem feridos graves agonizaram, sem que ele nada ou pouco pudesse fazer.
Em meio a desertores sendo mortos a tiros, um dos feridos se mata com um tiro
em sua presença. Os traumas adquiridos com tais experiencias parecem dar mais
força para sua própria tentativa de suicídio, mal sucedida após o episódio, mas
realizada posteriormente, quando finalmente consegue seu intento.
Em 03 de novembro de 1914, Georg sucumbe à uma super dose de cocaína. Era o fim [físico] aos prematuros 27 anos, mas os seus versos se configuram imortalizados na poesia clássica do século XIX/XX.
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