Uma dia 'Blue'...
Olho pela janela a chuva lá fora... o quarto está aquecido, e aquele estranho roncando na cama, enrolado numa confusão de lençóis e fluídos... Não mais desordenados que meus pensamentos... Essa confusão de acordar todo dia e não saber quem você é... nem a que veio... Isso ainda vai me enlouquecer, ou quem sabe, eu já saiba a resposta e tenha medo de encará-la...
Ele vira, muda de posição... qual o nome dele mesmo? Não lembro... estava bêbada demais a última noite pra lembrar nessa altura do campeonato detalhe tão ínfimo... nomes não são importantes... nunca são... você descobre nomes e o encanto finda... o anonimato é mais excitante...
Vou fazer um café, mas de repente, lembro que a despensa está vazia. Jogo uma roupa qualquer no corpo, pego no guarda-roupa um casaco que ganhei de minha tia, uma das tantas irmãs de minha mãe que moram no interior... tempos atrás ganhei esse casaco, hoje surrado... resquício de um passado longínquo...
Fecho a porta levemente atrás de mim... não que me importe com o sono de um desconhecido que trepou comigo a noite passada... mas... é que deu vontade, assim, meio que de repente, de tomar o café da manhã com alguém me olhando do lado oposto da mesa... Não queria voltar da rua e perceber que ele se fora...
Desço o alpendre e a chuva vai diminuindo, a manhã vai ganhando ares de dia saudável, dia 'feliz'... mas ainda chove aqui em mim, uma tempestade de pensamentos [confusos]... o sol vai se mostrando aqui fora... o frio me consome aqui dentro..
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De Bukowski a Dostoievski. Ana Cristina César a Lilian Farias. Deleite-se com a poesia de Florbela Espanca e o erotismo de Anaïs Nin...
Aforismos, devaneios, quotes dispersos e impressões literárias...um baú de antiguidades e pós-modernismo. O obscuro, complexo, distópico, inverso... O horror, o amor, a loucura e o veneno de uma alma em busca de liberdade...
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