O drama do professor Bird começa ao descobrir que seu filho nasceu com uma anomalia cerebral. A notícia de que iria ser pai já não foi recebida de bom grado, em meio ao marasmo existencial que Bird levava, mesclando porres esporádicos com sonhos de visitar a África. A descoberta da gravidez de sua esposa e posteriormente tal diagnóstico, que colocaria seu bebê numa condição de estado vegetativo fez com que Bird passasse a maquinar um fim para essa criança.
Bird se aproxima dos trinta anos, vive uma vida sem muitas ambições, além dos sonhos que carrega, mas que parecem nunca se concretizar. O ar impessoal de uma Tóquio indiferente ao calor humano contribuem para que Bird se sinta medíocre e anônimo em meio à capital japonesa. Sem conseguir aceitar as responsabilidades da vida adulta e a nova realidade de estar atrelado a uma vida dependente por completo da sua, nos deparamos com um homem atormentado inserido numa narrativa que se aprofunda em questões psicológicas.
Kenzaburo Oe - vencedor do Prêmio Nobel no ano de 1994 - possui uma escrita que angustia e prende a atenção do leitor, que se vê envolto num misto de sentimentos de revolta, pena, compaixão e até mesmo esperança nas relações humanas.
Importante mencionar o fato de que em 1964 o escritor foi pai de um menino que nasceu com uma anomalia cerebral, se assemelhando em dado momento com o personagem de Uma Questão Pessoal. O enredo segue em direção a um desfecho que envolve redenção e amadurecimento por parte do professor. Sombrio, perturbador e de atmosfera claustrofóbica. Uma leitura que nos arremessa para o interior da natureza humana e seus anseios mais angustiantes.
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