Solitária eternidade...
A essas horas, estava correndo contra o vento, com os cabelos soltos, revoltos, de mãos dadas com você...
A areia branca sob meus pés, e o cheiro das ondas que iam e vinham, me vem ao pensamento neste instante...
Olhávamos um para o outro, em sublime silêncio. O ar ao nosso redor parecia tão leve, sereno. Um momento de paz...
Me senti como se não fosse eu mesmo ali. Éramos nós dois. Um em dois. Dois num único ser...
Você me olhava, com esses olhos tão profundos quanto o mar à nossa frente, sua pele reluzindo ao sol de fim de tarde...
Sorrias para mim... E eu, enlevado por tua suave respiração, deixava-me embalar por seu toque, seu respirar, por sua presença ali, comigo...
Pararia o tempo naquelas horas, viveria a eternidade com apenas este instante... doce e suave eternidade a dois...
Ainda ouço o vento soprando em meus ouvidos, respiro o mesmo ar, agora saturado, seco, sem vida...
O mesmo ar que me pesa nos pulmões, o mesmo ar que toca tua pele agora, tão distante da minha pele... e sinto você vazia de mim...
Por onde andarás...
Não tenho mais areia sob meus pés, não tenho mais os cabelos revoltos pelo vento, não tenho mais o teu sorriso, nem o brilho prescrutador de seus olhos...
Não tenho mais. Nada tenho...
Não sinto mais suas mãos nas minhas...
Mas o vento continua a soprar...
E o tempo passa...
Saudosa e solitária eternidade... em mim apenas...
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Aforismos, devaneios, quotes dispersos e impressões literárias...um baú de antiguidades e pós-modernismo. O obscuro, complexo, distópico, inverso... O horror, o amor, a loucura e o veneno de uma alma em busca de liberdade...
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