Um parque de diversões da cabeça - a poética de Lawrence Ferlinghetti
Lawrence Ferlinghetti é o poeta beat mais longevo: estamos em 2020 e ele ainda é vivo, tendo mais de cem anos de idade. Foi contemporâneo de grandes nomes da Geração Beat como Jack Kerouac, Neil Cassady e Alen Ginsberg, e chegou a publicar deste último a sua obra-prima Uivo, que acabou sendo censurada por muitos anos nos Estados Unidos, por ser 'subversiva'. Ferlinghetti foi processado pela publicação.
Ele foi responsável pela publicação da poesia beat através de seu trabalho editorial e sua livraria, em funcionamento até hoje. Gravou trabalhos com artistas de Jazz, pintou quadros além de escrever poemas. Dentre seus trabalhos literários mais famosos, destaca-se Um parque de diversões da cabeça, publicado aqui no Brasil pela L&PM Editores.
Um parque de diversões... possui uma poética envolvente, delicada e um ritmo melodioso, cadenciado. O título é uma referência à obra de Henry Miller, Into the Night Life. Divide-se em três partes: Um parque de diversões da cabeça, Mensagens orais e Retratos do mundo que se foi. Através de seus versos surreais, percorremos uma 'galeria de arte' referenciando artistas e suas pinturas, e alusões a guerra. Em seguida, o leitor se depara com frêmitos psicodélicos, apropriados para recitar em voz alta.
O desfecho pode ser considerado o 'topo da montanha'; o momento em que nos pomos em reflexão acerca da existência, particular ou como objeto social. Notam-se nuances críticas sobre a massificação capitalista e industrial, opostas ao que a contracultura da qual Lawrence faz parte - representa.
E são aquelas mesmas pessoasapenas mais distantes de casae em estradonas de cinquenta pistasnum continente de concretodemarcado por pencas de cartazesque ilustram ilusões imbecis de felicidadeA cena mostra menos carretas para a forcamas muito mais cidadãos mutiladosem carros pintadosque têm placas estranhonase motoresque devoram a América.
They are the same peopleonly further from homeon freeways fifty lanes wideon a concrete continentspaced with bland billboardsillustrating imbecile illusions of hapinessThe scene shows fewer tumbrilsbut more maimed citizensin painted carsand they have strange license platesand enginesthat devour America.
Oi! Eu adoro vir ao seu blog porque tomo conhecimento de um monte de coisa nova. Movimentos de contracultura, ainda mais estrangeiros, não são meu forte. Porém li a poesia do Lawrence em voz alta e simplesmente amei como soou. Agora me sinto na obrigação de pesquisar mais sobre o Beat. Ótimo post. Abs!
ResponderExcluirGente, ele tem mais de 100 anos?! Caramba! Realmente ele tem bastante história para contar e esse livro parece mexer mesmo com nossa cabeça. Achei interessante o nome "parque de diversões da cabeça", ainda mais pelo tema que ele trata no livro.
ResponderExcluirValeu a dica de leitura.
Bjks!
Mundinho da Hanna
Pinterest | Instagram | Skoob
Olá Val, fico impressionado como você tem a arte de nos trazer conteúdos que não conhecemos. Eu por exemplo não tenho tanto contato com literatura beat, mas de tanto que já vi você falando fiquei curioso. E pretendo estudar um pouco o movimento em si, em preve. Vai ficar pros meus projetos de 2021, quando for ler algum autor porta de entrada irei te consultar. No mais, amei seu post.
ResponderExcluirE coloca poeta beat mais longevo nisso! Caramba, ótimo saber dessas curiosidades sobre essa grande figura que deixou sua marca no decorrer da história e ainda vive. Todo tipo de reflexão acerca da existência e esses outros assuntos chama a minha atenção, sem dúvida.
ResponderExcluirOi, tudo bem? Mais de 100 anos? É surreal imaginar isso. Imagina quanto conhecimento sobre tudo ele deve ter... quantos ensinamentos, quanta vivência. Pessoas assim deveriam escrever, transformar em palavras tudo aquilo que aprenderam, vivenciaram ao longo de sua existência. Fiquei pensando no trecho "ilusões imbecis de felicidade". Lembra muito quando andamos por cidades como São Paulo e nos deparamos com centenas de outdoors. Todos querendo nos vender algo. Trazer felicidade. Nos fazer sentir diferente. Mais felizes. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluir