A poesia de Alejandra Pizarnik em Árvore de Diana
Publicada aqui no Brasil pela Relicário Edições, Alejandra Pizarnik possui uma obra curta, devido talvez a sua breve existência, interrompida após uma dose de barbitúricos, pondo fim à sua vida aos 36 anos. Árvore da vida data de 1962, seu prólogo foi escrito por Octavio Paz, amigo da poeta.
Através da poesia que consta Árvore da vida, é possivel ao leitor identificar o estilo de escrita de Pizarnik, que viria a se consolidar a partir dessa obra. Podemos conhecer Alejandra e seus gostos por meio de seus versos, seu interesse crescente nas artes plásticas e sua habilidade em desvelar em poucas linhas suas angustias e inquietações.
agora
nesta hora inocente
eu e a que fui nos sentamos
no umbral do meu olhar.
ahora
en esta hora inocente
yo y la que fui nos sentamos
en el umbral de mi mirada.
Interessante perceber um tema recorrente em seus escritos: o duplo, a figura do outro, espelhada. A personagem que se identifica com o sujeito do poema. A própria Alejandra que modificou o nome. De Flora passa a ser Alejandra, seu pseudônimo com que passa a assinar seus livros. Seu discurso parafraseia Rimbaud para compreender as tragédias de sua vida.
Seus versos carregam uma visceralidade pungente, que representam bem sua vida na Argentina, numa época dada a eclosão de golpes de Estado no país.
tenho nascido tanto
e duplamente sofrido
na memória daqui e de lá.
he nacido tanto
y doblemente sufrido
en la memoria de aquí y de allá.
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