De Profundis - Georg Trakl
De profundis é uma publicação da Editora Iluminuras e reúne a maior parte da breve obra de Georg Trakls, poeta austríaco, nascido em Salzburgo, ainda parte do Império dos Habsburgos em 1887. Aos 27 anos, ceifa a própria vida após ingerir uma dose de cocaína, aproveitando seus conhecimentos em farmácia para pôr um fim aos seus dias.
É considerado um dos grandes nomes da poesia expressionista
do século XIX, e graças ao trabalho de tradução de Cláudia Cavalcanti, o leitor
brasileiro tem em mãos essa obra singular, que retrata tão bem a angústia de
seu criador, ao relatar em versos suas experiências melancólicas e memórias dos
meses que passou em guerra, presenciando morte ao seu redor.
O azul de meus olhos apagou-se nesta noite,
O ouro vermelho de meu coração. Ah, tão quieta ardia a luz!
Teu manto azul envolveu o desfalecente;
Tua boca vermelha confirmou a loucura do amigo.
Die Bläue meiner Augen ist erloschen in dieser Nacht,
Das rote Gold meines Herzens. O! wie stille brannte das Licht.
Dein blauer Mantel umfing den Sinkenden;
Dein roter besiegelte des Freundes Umnachtung.
É interessante encontrar na poesia de Trakl uma espécie de
sinestesia, em que o poeta utilizava descrição de cores para simbolizar
sentimentos e passagens descritas em seus poemas. A melancolia era um dos
aspectos mais representados ao longo de sua obra, bem como a decomposição do
ser e suas implicações. Trata-se de uma poesia dolorosa, pungente, que parece
desprovida de esperança, agonizante.
Um de seus poemas fala sobre a batalha de Grodek, em que
quase cem feridos graves agonizaram, sem que ele nada ou pouco pudesse fazer.
Em meio a desertores sendo mortos a tiros, um dos feridos se mata com um tiro
em sua presença. Os traumas adquiridos com tais experiencias parecem dar mais
força para sua própria tentativa de suicídio, mal sucedida após o episódio, mas
realizada posteriormente, quando finalmente consegue seu intento.
Em 03 de novembro de 1914, Georg sucumbe à uma super dose de cocaína. Era o fim [físico] aos prematuros 27 anos, mas os seus versos se configuram imortalizados na poesia clássica do século XIX/XX.
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