quarta-feira, dezembro 02, 2020

Um parque de diversões da cabeça - a poética de Lawrence Ferlinghetti

 


Lawrence Ferlinghetti é o poeta beat mais longevo: estamos em 2020 e ele ainda é vivo, tendo mais de cem anos de idade. Foi contemporâneo de grandes nomes da Geração Beat como Jack Kerouac, Neil Cassady e Alen Ginsberg, e chegou a publicar deste último a sua obra-prima Uivo, que acabou sendo censurada por muitos anos nos Estados Unidos, por ser 'subversiva'. Ferlinghetti foi processado pela publicação.

Ele foi responsável pela publicação da poesia beat através de seu trabalho editorial e sua livraria, em funcionamento até hoje. Gravou trabalhos com artistas de Jazz, pintou quadros além de escrever  poemas. Dentre seus trabalhos literários mais famosos, destaca-se Um parque de diversões da cabeça, publicado aqui no Brasil pela L&PM Editores

Um parque de diversões... possui uma poética envolvente, delicada e um ritmo melodioso, cadenciado. O título é uma referência à obra de Henry Miller, Into the Night Life. Divide-se em três partes: Um parque de diversões da cabeça, Mensagens orais e Retratos do mundo que se foi. Através de seus versos surreais, percorremos uma 'galeria de arte' referenciando artistas e suas pinturas, e alusões a guerra. Em seguida, o leitor se depara com frêmitos psicodélicos, apropriados para recitar em voz alta. 

O desfecho pode ser considerado o 'topo da montanha'; o momento em que nos pomos em reflexão acerca da existência, particular ou como objeto social. Notam-se nuances críticas sobre a massificação capitalista e industrial, opostas ao que a contracultura da qual Lawrence faz parte - representa. 

E são aquelas mesmas pessoas
apenas mais distantes de casa
e em estradonas de cinquenta pistas
num continente de concreto
demarcado por pencas de cartazes 
que ilustram ilusões imbecis de felicidade
A cena mostra menos carretas para a forca
mas muito mais cidadãos mutilados
em carros pintados
que têm placas estranhonas
e motores
que devoram a América.

They are the same people
only further from home
on freeways fifty lanes wide
on a concrete continent
spaced with bland billboards
illustrating imbecile illusions of hapiness
The scene shows fewer tumbrils
but more maimed citizens
in painted cars
and they have strange license plates
and engines
that devour America.


segunda-feira, novembro 09, 2020

Poemas Negros - Jorge de Lima

 Lançado em 1947, Poemas negros, do poeta alagoano Jorge de Lima, é uma obra publicada pela extinta Cosac Naify, contendo ilustrações de Lasar Segall e prefaciada por Gilberto Freyre. Nos são apresentados 39 poemas que transitam pelo engenho de açúcar, pelo navio tumbeiro, pelas paisagens inóspitas do nordeste, bem como referenciando o banzo do escravo africano, e seu lamento dolorido em terras alheias na condição de homem que não tem liberdade.


De cunho modernista, a vivência negra é musicada nos versos do poeta, evocando um lirismo em terreiros de Iemanjá ou Xangô, cunhadas pelo período colonial em que se desvela. Manifestações populares-culturais-religiosas são expressas de maneira marcante e significativa. 


Poemas negros tem o caráter de ode ao cenário do nordeste, ao período da exploração açucareira, à inserção da cultura negra no espaço branco/indígena do Brasil Colônia e serve como um apelo/lamento à dor que os ancestrais desse país sofreram ao serem trazidos para estes lados. 

Nascido em 1893, tornou-se médico e chegou a conviver com nomes grandiosos da literatura do período, como José Lins do Rego e Graciliano Ramos, Faleceu no ano de 1953, após a publicação de um de seus poemas mais importantes da Literatura Brasileira, Invenção de Orfeu



Essa leitura foi realizada em decorrência do Desafio 7 livros em 7 dias, e você pode saber mais a respeito dele clicando no vídeo abaixo. Para conferir a resenha de outros títulos, tratam-se das postagens anteriores a este post.



domingo, novembro 08, 2020

Uma antologia de Butler Yeats

 


William Butler Yeats foi um escritor irlandês, vencedor do Nobel Prize em 1923 pelo conjunto de sua obra. Na obra Uma antologia, publicada pela editora portuguesa Assírio & Alvin, o poeta/escritor evoca a tradição irlandesa através de versos sucintos sem exagero lírico. Neste volume, contamos com boa parte de sua obra poética, numa tradução para o português por José Agustinho Baptista

Tratando-se de uma edição bilíngue, Uma antologia conta ainda com uma cronologia acerca da vida de Yeats, que além de poesia, também escreveu peças para o Teatro. Destaca-se em sua bibliografia as obras The wind among the reeds, escrita em 1899, The wild swans at coole, escrita em 1919 e Words for music perhaps, de 1931, sendo alguns dos textos encontrados neste volume. 

Sua narrativa é desprovida de enfeites prolixos, sendo considerado um dos maiores escritores de língua inglesa dos séculos XIX e XX. De poética forte, portentosa e enxuta, Yeats foi um dos grandes nomes irlandeses na literatura universal. 

Amada, não me ames demasiado tempo;
Eu amei tanto, tanto
E fui passando de moda
Como uma velha canção.

Sweetheart, do not love too long:
I loved long and long,
And grew to be out of fashion
Like an old song.



sábado, novembro 07, 2020

Regresso à casa - José Luís Peixoto


 

A embarcação de Ulisses pode ser uma bicicleta ou um táxi, não importa, pode ser um passeio a pé, de mãos nos bolsos. 

Em tempos de pandemia, Peixoto nos presenteia com uma obra em versos que falam sobre confinamento, solidão e memórias evocadas nesses momentos. A lembrança de aromas, família, percepções e vivências, viagens e souvenires. Evoca Ulisses em sua viagem de retorno à pátria, colecionando emoções ao longo da jornada que tem como única finalidade retornar à segurança do lar. 

A casa que o poeta regressa não é necessariamente um lar, no sentido literal, mas uma alusão à literatura, ao poético de seus escritos, após uma lacuna de alguns anos sem publicar poemas. Nessa epopéia-odisséica, voltar para a Ítaca das ideias, dos versos impregnados de paixão, parece uma tarefa simples aos olhos do leitor, mas trata-se na verdade de um relato pungente e introspectivo, que revolve as entranhas de quem o lê, por certamente encontrar-se em condição semelhante; em especial aos aventureiros de espírito livre, que tiveram o prazer do ir e vir negado por uma condição biológica à nível global, que pôs a humanidade do século XXI em estado de lockdown. 

Percorremos o território de Galveias - terra natal do poeta -, China, Tailândia, adentramos em sua casa através de uma janela materializada em nossa mente através de suas descrições íntimas. Viajamos através do espaço-tempo de palavras que se desvelam a cada página em formato de memória, evocação de cheiros e sabores, de livros empoeirados numa estante e chá perfumado, que embala o sono profundo de um cão idoso. 

Ao fim da leitura, sentimos que o retorno à casa é um retorno a nós mesmos, às viagens que também fizemos, aos passeios que planejamos, ao silêncio de nossos quartos, à mesa partilhada com parentes num feriado ou domingo. Não é apenas a casa de José Luís Peixoto, é a morada de tantos outros Josés, Marias, Felipas e Valentinas, Vi[c]tórias e Luíses, Peixotos ou não. Voltar/regressar à casa é um barco velejando à Ítaca/Galveias. Permanecer numa casa em meio ao caos lá fora é parte da aventura de Ulisses...

Acredito que estou aqui, rodeado por mobiliário, volumes de poesia completa nas estantes, um cão velho a dormir profundamente, chá que arrefeceu há muito tempo e se transformou apenas na calma flutuante do seu perfume.






sexta-feira, novembro 06, 2020

A poesia de Carlos Gomes em êxodo,

 





Vencedor do 3° prêmio Pernambucano de Literatura - Poesia, Carlos Gomes estreia com seu livro de poemas, êxodo, publicado pela Editora CEPE. Carlos Gomes já possui um livro de contos intitulado corto por um atalho em terras estrangeiras. Mestre em Comunicação pela UFPE, teve muitas poesias publicadas esparsamente em revistas e sites literários. êxodo, funciona como um compilado de seu trabalho no gênero.

Dividido em capítulos intitulados Partida, Estrada, Luar, Aurora, rosa-dos-ventos, Maravilhas e Chegadas, o autor brinca com as palavras, fazendo com que cada capítulo dê continuidade ao seguinte, ligando as temáticas que vão desde o amor, a estrada, margem, fome, esperança e sangue, entre outros. 

Como numa estrada, o leitor vai seguindo por entre os versos livres, complexos e ao mesmo tempo tão instigantes, como se no decorrer das páginas houvesse um caminho sendo trilhado. A experiência de ler êxodo, beira o odisseico. 

uma flor das redondezas crescia incorrigível
do sol, da tarde, do dia, do vento
de que ali naquela terra
para a esperança de cores ou natureza
deva ser sempre esse retrato sem poses
a face dos homens, a curva das mulheres
o sangue branco, a pele pedra, os dedos podres
os sons? são todos de animais.


quarta-feira, novembro 04, 2020

Quadrinhos já resenhados no Canal

 Hallo Leute. Através dessa postagem venho indicar a vocês as resenhas de três importantes obras em quadrinhos que já li e recomendei no canal. Para quem ainda não se inscreveu por lá, aproveitem pra se inscrever nesse momento e assim, poder acompanhar as novidades que posto semanalmente. 

Abaixo, segue um pequeno resumo desses quadrinhos, mas se você quiser saber de mais detalhes, é só dar clique no Play... 

Era uma vez na América é uma HQ de Walt Disney, que faz um pitoresco tour pela história americana desde o seu período de colonização. Ambientado nesse período e se estendendo até a Era de ouro de Hollywood, traz as figuras de Mickey, Pateta e alguns outros personagens da Disney como coadjuvantes dessa linha cronológica.


Ainda nesse contexto histórico, partimos em direção à Europa, no período da Segunda Guerra Mundial para conhecer a história de um sobrevivente do Holocausto Judeu. A HQ Maus, escrita pelo sueco Art Spiegelman e de caráter semibiográfico, é uma das obras mais aclamadas do gênero, indispensável àqueles que tem interesse pela temática.



Por último, mas não menos importante, falei recentemente sobre a HQ Do inferno, do quadrinista Alan Moore. Ambientada no período Vitoriano, traz uma versão singular a respeito dos assassinatos cometidos por Jack Estripador, um dos assassinos em série mais famosos da história do século XIX. Caso tenha maior interesse em saber do enredo, basta clicar no vídeo abaixo..



Os links de compra das HQS se encontram nas descrições dos vídeos, mas vou deixar aqui caso achem mais prático clicar... 



segunda-feira, novembro 02, 2020

╬† Poemas macabros - Goethe ╬†


Catalepsia
Chore, menina, aqui, junto ao túmulo do Amor, 
por nada, porventura aqui ele acabou por tombar. 
Mas estará mesmo morto? Não sei bem dizer. 
Um nada, um acaso às vezes lhe traz o despertar.





A dança da morte
Em meio à noite, um guardião se põe a vigiar
os túmulos da sua hospedaria. 
A claridade da Lua tudo faz iluminar
e a igreja parece banhada pela luz do dia. 

Dos jazigos, um após outro, eles se erguem, 
uma mulher e um homem 
com suas longas mortalhas brancas. 

No estica e puxa, todos só querem diversão, 
balançar os ossos em divertida ciranda,
jovem ou pobre, rico ou ancião, 
mas as barras atrapalham quem anda. 
Como a vergonha é sem cabimento, 
requebram-se e, adiante, na direção em que sopra o vento, 
as vestes estão largadas no chão. 

Então a coxa se levanta, a perna se balança, 
de caretas esquisitas há um mundaréu. 
Rilhando, rangendo, a tropa avança 
e os ossinhos fazem um escarcéu. 
Tudo isso é ridículo para o guardião; 
até que, em seu ouvido, sussurra a tentação: 
Vá, pegue um lençol. 

Dito e feito! E ele foge ligeiro 
para trás das portas sagradas. 

A Lua ainda brilha num luzeiro 
e anima as danças desconjuntadas. 
Um ou outro, por fim, resolvem dar uma parada 
e, vestidos, em fila, batem em retirada. 
Logo, vupt, já estão sob o gramado. 

Exceto uma ossada, que tropeça e cambaleia,
e nas criptas fica a tocar e se agarrar. 
Já sabe que foi vítima de quem não respeitou 
a coisa alheia. 
Ela fareja, segue o cheiro da mortalha no ar. 
Sacode a porta, mas nela encontra resistência. 
Linda e abençoada, do guardião a residência 
reluz com as cruzes de metal. 

Sem descanso, seus trapos ela precisa reaver. 
Não há muito tempo para refletir. 
Nos ornamentos góticos a criatura está a se prender, 
de pináculo a pináculo vai seguir. 
Pobre guardião, seu destino está selado! 
O estranho avança, acelerado, 
tal uma aranha de pernas longas. 

Empalidece, leva um susto o guardião, 
devolver a mortalha, ah, como ele queria. 
Justamente nessa hora - não há mais salvação - 
num gancho de metal a ponta prendia. 
E logo a Lua não brilha tanto 
e o sino bate firme a hora, seu acalanto. 
Cá embaixo, o esqueleto se espatifa.



 

quinta-feira, outubro 29, 2020

╬† A uma taça feita de um crânio humano - Lord Byron ╬†

Não recues! De mim não foi-se o espirito...
Em mira verás — pobre caveira fria —
Único crânio, que ao invés dos vivos,
Só derrama alegria.

Vivi! amei! bebi qual tu. Na morte
Arrancaram da terra os ossos meus.
Não me insultes! empina-me!... que a larva
Tem beijos mais sombrios do que os teus.

Mais val guardar o sumo da parreira
Do que ao verme do chão ser pasto vil;
— Taça — levar dos deuses a bebida,
Que o pasto do réptil.

Que este vaso, onde o espirito brilhava,
Vá nos outros o espirito acender.
Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro,
Podeis de vinho o encher!

Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça,
Quando tu e os teus fordes nos fossos,
Pode do abraço te livrar da terra,
E ébria folgando profanar teus ossos.

E por que não? Se no correr da vida
Tanto mal, tanta dor aí repousar?
É bom, fugindo á podridão do lodo,
Servir na morte enfim p′ra alguma cousa!...

Tradução de Castro Alves



quinta-feira, outubro 22, 2020

╬† Horror em clipes musicais ╬†

O Horror está representado em diversas facetas, seja na Arte, no Cinema, na Literatura e - por que não? - na Música. Grandes artistas já produziram obras que possuem um ar soturno, fantasmagórico, abusando de efeitos especiais, coreografias e figurinos que simbolizam medos sombrios, situações bizarras e afins num verdadeiro espetáculo iconográfico. Em alguns momentos, podemos não compreender de primeira as simbologias e representações nos clipes musicais, mas um olhar mais apurado consegue identificar esses aspectos.



Esse post tem a finalidade de mostrar alguns dos clipes musicais que possuem representações do Terror/Gótico em suas composições, que vão desde a características de Terror como referências diretas a grandes obras literárias e de seus personagens no gênero. 

Michael Jackson - Thriller

Impossível não lembrar em primeira mão desse grande clássico da música pop dos anos 1980. O clipe Thriller, do Rei do Pop Michael Jackson é uma obra-prima em formato de curta-metragem. Uma produção grandiosa que ficou no topo das paradas de sucesso por muito tempo, sendo considerado o álbum mais vendido na história da música, e que possui um enredo digno de filme de Terror: um casal vai ao cinema ver um filme de monstros e na volta pra casa, passam perto de um cemitério. Nesse momento, o mal aparece naquelas catacumbas e a moça se vê desesperada quando percebe que o seu noivo fazia parte daquela horda de zumbis. 

Aparentemente, tudo não passa de um sonho, mas aquele olhar em close ao final do vídeo deixa quem assiste naquela eterna dúvida. Você pode até não gostar de MJ, mas com certeza já viu o clipe em algum momento de sua vida... O gênero ganhou grande notoriedade naquele período devido à George Romero, alavancando vários filmes representados nessa temática. Não seria diferente com Thriller, que vai além de um simples clipe musical. É considerado mesmo um curta-metragem, devido à qualidade de seu enredo.



Ramones - Pet Sematary

Pet Sematary faz parte da trilha sonora do filme Cemitério Maldito; este, por sua vez, baseado no livro de Stephen King. Fez bastante sucesso na época em que foi lançado, sendo um dos trabalhos mais populares da banda de punk inglesa. O cenário é um cemitério. Apesar de mórbido, com direito a gelo seco e a banda passeando entre os túmulos, carrega certo alívio cômico. Já falei em outro momento sobre esse clipe aqui nesse post...

 Backstreet Boys - Everybody

Nesse clipe da boy band que teve grande relevância no final dos anos 1990 e um retorno significativo nos últimos meses, Everybody mostra uma representação de baile num castelo medieval, e os cinco membros do grupo se mostram caracterizados por um monstro diferente. Temos A múmia, O lobisomem, Drácula [Bram Stoker], Dr. Jekyll e Mr. Hyde [O médico e o monstro, Robert L. Stevenson] e O fantasma da ópera [Gaston leRoux]. 

Nine Inch Nails - Closer

Mais um trabalho da década de 1990, da banda Nine Inch Nails, Closer é uma verdadeira alegoria de bizarrices embaladas numa melodia hipnótica e desconcertante. Animalesco, sexual primitivo e selvageria compõem essa bela obra-prima da banda estadunidense. 



The Cure - Lullaby

Elementos mórbidos também permeiam o clipe Lullaby, da banda oitentista The Cure. O clipe possivelmente faz referência à paralisia do sono, embora alguns interpretem como um medo absurdo proveniente de abusos na infância - daí a paralisia de Robert, coberto de teias de aranha na cama... 


The Birthday Massacre - Blue

Brinquedos podem ser bem assustadores e no clipe de The Birthday Massacre - Blue - banda canadense de synthPop, isso fica bem evidenciado. Além desse clipe, vários outros elementos melancólicos, mórbidos e que remetem à infância perturbada podem ser encontrados nas letras, melodias, clipes e até no visual artístico dos álbuns da banda...


Espero que tenham gostado da modesta seleção. Até o próximo post...

Post relacionado: ╬† Rock e Horror - Músicas e bandas que se inspiraram em obras literárias de terror ╬†






quinta-feira, outubro 15, 2020

╬† Literatona Halloween ╬†

 Hallo, meus amigos. O post de hoje é para anunciar a Literatona Halloween, evento organizado por mim e pelos canais Lendo e Bebendo, Império Literário, Só mais um Aleatório, blog sobre a Leitura e Biblioteca da Rô. Estaremos, entre os dias 18 e 31 de outubro, conduzindo Sprints de leitura pelo Instagram. Eu farei também pelo Twitter, então me acompanhem nas redes pra interagirem conosco. 

Escolhemos 21 desafios para que você monte sua TBR da maneira mais adequada. Não há obrigatoriedade de escolher os desafios, cada um é livre para usar - ou não - os desafios propostos. Só pedimos que use a #LiteratonaHalloween porque assim poderemos localizar os posts a fim de trocarmos ideias a respeito das leituras.

Outra novidade importante é que disponibilizamos o sorteio de um Vale de até 200,00 pra gastar na Amazon, seja em compra de livros, papelaria ou dispositivos Kindle. As regras para participar do sorteio estão no formulário de inscrição que está anexado aos links dessa postagem. Mais um incentivo pra participar da Literatona, não é? 

Seguem abaixo os links que você precisa clicar pra saber mais detalhes, participar/validar o sorteio, montar TBR, saber o que vamos ler e afins...


Playlist dos Canais organizadores

Formulário do Sorteio 

Minha TBR Literatona Halloween

Meu Instagram

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Compre na Amazon usando meu link de Associado e ajude o blog/Canal 






quinta-feira, outubro 08, 2020

╬† Poesia Gótica, contos macabros, Teatro demoníaco nos Autores malditos ╬†

Dando continuidade às postagens desse mês de Halloween, hoje eu venho trazer algumas dicas de leitura e também de Cinema de Horror. 

Na Poesia Gótica destaco cinco autores que gosto bastante e que pertencem ao século XIX: Lord Byron, Charles Baudelaire, Edgar Allan Poe e os brasileiros Álvares de Azevedo e Augusto dos Anjos. 

Lord Byron nasceu em 1788, sendo considerado um dos grandes poetas ingleses. Seus poemas chegaram inclusive a influenciar Azevedo e alguns outros escritores brasileiros. Teve uma vida breve, falecendo aos 36 anos de uma febre contraída num campo de batalha enquanto lutava na Guerra de Independência da Grécia. De suas obras mais conhecidas, temos Don Juan e Manfredo, além de vários poemas.


Charles Baudelaire foi um poeta e tradutor francês. Chegou a traduzir contos de Edgar Allan Poe e sua obra mais famosa se intitula As flores do Mal. Nascido em Paris no dia 09 de abril de 1821. Sua obra é precursora do Simbolismo. 


Edgar Allan Poe foi um escritor americano, nascido em Boston no ano de 1819, nos U.S. The Raven é considerado seu poema mais conhecido. Seus contos possuem elementos macabros e psicológicos, tendo uma grande legião de admiradores de sua obra. Os motivos de sua morte até hoje são desconhecidos. Foi encontrado em estado de delírio numa rua de Baltimore, vindo a falecer no hospital alguns dias depois. Destacam-se os contos O gato preto, A queda da casa de Usher, O poço e o pêndulo e A máscara da morte rubra. Esses e demais contos são encontrados em várias edições de Histórias Extraordinárias



Álvares de Azevedo foi um poeta/contista brasileiro. Teve uma vida breve, tendo morrido de tuberculose com apenas 21 anos. Escreveu a peça Macário, os contos que compõem a obra Noite na Taverna e o livro de poemas intitulado Lira dos Vinte anos. Seu estilo literário compreende o período do Ultrarromantismo, considerado um dos grandes nomes da Segunda Geração Romântica, ou Byroniana. Sua obra sofreu influência de Lord Byron, descrito acima nesse post.


Augusto dos Anjos foi um poeta paraibano, considerado Simbolista. Nasceu em abril de 1884, vindo a falecer precocemente com a idade de 30 anos, vitimado por um pneumonia. Pode ser considerado um pré-modernista, por diversas características expressionistas encontradas em sua obra. Sua Magnum Opus se intitulada Eu e outras poesias. 




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quinta-feira, outubro 01, 2020

╬† personagens reais que inspiraram personagens literários no horror ╬†

Hallo Leute! Estamos no mês do Halloween e apesar dessa data não ser oficialmente comemorada aqui no Brasil, não desmotivo e continuo trazendo conteúdo para o blog e demais redes, celebrando à minha maneira. 

A postagem de hoje é para apresentar alguns personagens do Horror na literatura que foram inspirados em pessoas reais. Vamos à pequena lista...



Dracula - o grande vampiro que foi imortalizado na obra de Bram Stoker no final do século XIX foi inspirado numa figura chamada Vlad III da Valáquia, ou como ficou popularmente conhecido - Vlad, o empalador [Vlad Țepeș, em romeno]. 




Dentre as adaptações mais famosas do livro de Stoker, temos a versão de Tod Browning, com o húngaro Bela Lugosi dando vida/morte ao personagem icônico [1931]. Há também uma adaptação de Werner Herzog, Nosferatu - Phantom der Nacht, de 1979.

Klaus Kinski






Nascida na Hungria em 1560, Erszébet Bhátory era de família nobre e é considerada uma assassina sanguinária, que - segundo a lenda - tomava banho no sangue de virgens para se manter bela. Perversa e sanguinária, as lendas que permeiam seu nome são inúmeras; costumava torturar seus servos de maneira sádica. 

Ingrid Pitt



Assim como Vlad, Bhátory também é vinculada a lendas folclóricas que tem relação com o vampirismo. Ficou conhecida como A condessa sangrenta, embora não hajam registros que comprovem com exatidão os crimes pelos quais foi acusada. No cinema, ganhou vida graças à atuação de Ingrid Pitt, no longa de 1971, numa produção da Hammer Films. 

Ed Gein


Ed Gein foi um assassino americano, bastante notório por seus crimes de natureza hedionda. Conhecido pela alcunha de Açougueiro de Plainfield, chegou a exumar cadáveres e enfeitar sua casa com restos de suas vítimas. 

Gein serviu de inspiração para três personagens importantes e populares da literatura e cinema: Norman Bates, do livro Psicose, Leatherface, o assassino do Massacre da Serra elétrica e Bufallo Bill, do livro O silêncio dos inocentes, de Thomas Harris. Cada um dos personagens possui características retiradas do histórico de crimes e peculiaridades de Gein...

Bufallo Bill



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terça-feira, setembro 29, 2020

3 obras para descobrir John Lennon


Os Beatles revolucionaram a história do rock. Surgiram em Liverpool e durante as décadas de 1960 e 1970 alavancaram multidões por onde passavam. O sucesso foi instantâneo, e os quatro membros tiveram momentos memoráveis na história da música, sendo imortalizados mesmo quando o líder John Lennon decidiu interromper a carreira ao lado de seus companheiros. 

Há três breves leituras que podem inserir o leitor curioso no universo beatlemaníaco. Obras honestas que desvelam uma faceta de Lennon que muitos desconhecem. Através desse post, venho sugerir essas leituras, que podem ser realizadas até mesmo por quem não é fã da banda, mas sente curiosidade de entender e conhecer um pouco sobre um dos grandes nomes da história da música, e sua trajetória na carreira com os Beatles, solo e seu relacionamento com a artista Yoko Ono, até sua infeliz morte em 1980. 

O pensamento vivo de John Lennon é uma edição da Martin Claret, contendo várias entrevistas e depoimentos do cantor, bem como curiosidades acerca de sua vida profissional e pessoal, além de uma cronologia de sua vida desde o nascimento. 

"Eu pensava de verdade que todos nós seríamos salvos pelo amor." 

Em Homens que mudaram a História, há mais alguns fatos interessantes sobre o astro, algumas fotografias de infância e com a banda, e de seu relacionamento com Yoko, que foi motivo de atrito durante muitos anos entre ele e George, Ringo e Paul. Além da carreira solo como músico, Lennon também publicou livros, foi ativista, pai, teve uma infância difícil [de abandono], perdeu a mãe muito cedo.. entre vários outros acontecimentos que acabaram por moldar o indivíduo no qual se tornou. 

"Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor! Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia." 

O livro-clipping John Lennon por ele mesmo é também uma publicação da Martin Claret, onde encontramos um perfil biográfico, cronologia e a vida do artista a partir da perspectiva de pessoas que conviveram com ele. Trata-se de uma obra ricamente ilustrada. Item essencial na coleção de qualquer leitor de biografias, ou beatlemaníaco. 

As obras aqui mencionadas se completam de maneira indireta. São ótimas opções para quem busca uma leitura breve a título de curiosidade. 
Um belo meio de inserir-se na musicalidade dos anos 1960, através de uma banda que até hoje é reverenciada na indústria musical.

domingo, setembro 20, 2020

Macário, uma peça de Álvares de Azevedo

 Publicada em 1852, a peça Macário, do escritor Álvares de Azevedo, foi uma de suas poucas obras publicadas. Álvares morreu prematuramente, de tuberculose. O movimento literário que vogava na época era o Romantismo, e em sua curta obra permeiam elementos desse estilo.




Dividida em dois atos, no primeiro deles o personagem homônimo chega de viagem e se instala em uma taverna [hospedaria bastante comum na época], e pretende pernoitar por lá. Mas entra em cena um segundo personagem, que se diz Satã, e que pretende levar Macário a uma cidade repleta de devassidão. 

Muitas horas depois, Macário é despertado de um sono profundo pela taverneira, e acredita que sua viagem e diálogo com Satã tenha sido mero fruto da imaginação em seus sonhos; porém, eles encontram pegadas negras no chão do quarto. Mas não são pegadas comuns; mais parecem com as de um animal, como uma cabra. Pegadas queimadas indicando uma visita demoníaca durante sua estadia.

Partimos para outro cenário; dessa vez, Macário se encontra na Itália. Eis o início do Segundo ato. Existem vários personagens, de índole melancólica, apaixonados pela idealização de um amor casto, virginal. Penseroso é um amigo de Macário, e se encontra enlevado pelo espírito do amor. Mas depois do contato com Macário e até mesmo do próprio Satã, que retoma suas 'atividades', tragédias começam a acontecer, e as almas dos rapazes se entregam à devassidão...

O Romantismo tinha como características ideais utópicos, amores trágicos e personagens melancólicos, com ares escapistas. Tais elementos simbolizam bem os personagens e tramas de Álvares de Azevedo, não apenas em Macário, mas nos contos que compõem Noite na Taverna e na poesia de Lira dos vinte anos. 

Álvares foi um sentimentalista, inspirado na obra Byroniana, e pertenceu à Segunda Geração do Romantismo no Brasil, durante o século XIX. 

Para adquirir um exemplar da obra, clique aqui e ajude o blog. 


 

sexta-feira, setembro 18, 2020

O Teatro de Ferreira Gullar: Um rubi no umbigo


Ferreira Gullar foi um poeta/escritor maranhense, e Um rubi no umbigo foi a mais recente leitura dele que fiz. 

A trama é permeada de humor ácido e situações tragicômicas, que de maneira ferina inserem uma alfinetada no corpo da sociedade brasileira.

Everaldo está endividado, não sabe mais como pagar o aluguel e sustentar sua mulher e filho. Vitor tem uma herança estranha deixada em seu umbigo, por sua avó, mãe de Doca, sua mãe. De repouso por ter passado por procedimentos médicos, Everaldo passa a ver a jóia enterrada no umbigo de Vitor como uma possível saída para o pagamento de suas dividas, mas isso pode custar a vida do rapaz.

Doca é a típica mulher submissa que teme a figura autoritária e preguiçosa do marido. Vitor é um jovem frustrado com o emprego numa loja de pregos, descontente da pobreza a qual esta inserido e que pensa em "rotas de fuga" ilegais a fim de escapar da miséria. Everaldo é o pai de família que reclama da sogra morta, que pede dinheiro emprestado a agiotas e desconta no filho e na mulher os desastres financeiros aos quais se submete. Despedido do emprego por desviar dinheiro, planeja enrolar a quem deve através de um golpe que ele considera esperteza; o já conhecido ditado 'confiar nos ovos que ainda não saíram da galinha' é uma boa expressão para definir tal intento... 

Escrita em 1970, Um rubi no umbigo foi escrita em meio à Ditadura militar, episódio nefasto de nossa História política que fez o próprio escritor se exilar do país, embora ele já tenha se envolvido com o Teatro alguns anos antes. 

Vitor é a figura que simboliza a discórdia. A mãe rejeita a ideia por temer pela segurança do filho. Há um paradoxo compondo a vida do rapaz: vida por dividas pagas, morte pela retirada em si do objeto que lhe foi encravado a fim de salvar sua vida. Nesse movimento cíclico, o rubi brilha, a despeito de seus arredores, infestado de personagens divididos entre desespero e esperança...

O desfecho possui ironia, bem como o proprio desenvolvimento. Um rubi no umbigo entrega ao leitor uma complexidade disposta num enredo fluído. 

Pura caricatura da vida carioca, onde se ambienta a trama, e que expõe como ferida aberta os males sociais do cotidiano de uma classe pobre e miserável.