Morte na praça - Dalton Trevisan

Cotidianos. Dalton Trevisan tem o poder de tornar poéticos os cotidianos. Trazendo personagens comuns, em situações que beiram o surreal mas que podem ser corriqueiras em nossa própria vizinhança, ou quiçá existência. Morte na Praça foi o último livro de sua brilhante obra que eu tive o prazer de ler, após ter adquirido o exemplar em mais uma edição da Bienal do Livro aqui em Pernambuco. 

Através dos contos que compõem o livro, publicado pela Editora Record, Trevisan tem o papel de dessacralizar a morte, tornando-a apenas um elemento do nosso dia-a-dia, sem estrelismo, glamour ou sofrimento. Apenas como ela é. Morte. As pessoas morrem a toda hora, todos os dias, em todo o mundo. 

Composto de 16 pequenas histórias, conhecemos personagens apaixonados, atormentados, enganosos, ricos ou pobres, homens e mulheres. Nenhum deles escapa a única certeza que temos na vida: a de morrer. A linguagem do escritor é enxuta, sem preâmbulos, mas consegue carregar certo traço de poética pelas imagens descritas em sua narrativa. 


Trevisan é um dos mais famosos contistas brasileiros, natural do Paraná e é conhecido pela alcunha de O vampiro de Curitiba. Não é dado a entrevistas, estrelato e prefere a calmaria e solidão de sua residência na capital paranaense. Já de idade avançada, registra por metáforas e reticências uma intensidade psicológica na atmosfera de seus contos. O silêncio seco que vem em seguida de um ponto final de suas tramas diz muito do impacto que a leitura causa ao leitor. 

Mescla de trágico e grotesco, drama e amor, Morte na praça nos deixa em suspenso; os desfechos nos foram entregues de maneira sutil, desprovidos de sentimentalismo e o impacto é o vazio em nossas consciências. De que nos falta algo. Quando tudo está diante de nós mesmos. A morte descrita no livro não tem ares ritualísticos, não é divina, é apenas... o fim. E reinícios para os que continuam depois da perda...




10 comentários:

  1. Muito interessante, apesar de eu não fazer do tipo de conto. Na verdade eu detesto eu achei interessante esse. Parabéns pela opinião.

    Abç.

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  2. Você colocou muito bem, é a unica certeza que temos na vida... Não conhecia o livro, e apesar de ter a morte como tema, parece uma leitura interessante e bem feita.
    Bjs, Rose

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  3. Oi, tudo bem?
    Eu confesso que ainda não conhecia esse livro e nem o autor, mas achei interessante ele trazer personagens comuns vivendo situações que, apesar de surreais, poderiam acontecer com qualquer um. Além disso, achei bastante diferente a forma como ele aborda a morte, sem muito sentimentalismo ou glamour.
    No entanto, não é o tipo de leitura que me atrai. Além de não gostar muito de contos, a própria temática não é algo que desperta minha curiosidade.
    De qualquer forma, adorei a resenha e fico feliz que tenha apreciado a leitura.
    Beijos!

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  4. Oi tudo bem?
    Parece ser um livro que mesmo que trate de um tema pesado a morte, é bem leve de ser lido, quem sabe um dia darei a chance.

    Beijos

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  5. Definitivamente eu não conhecia esse livro e fiquei bem surpresa pela sua resenha linda, creio que seria uma ótima pedida para mim e me convenceria que eu necessito mesmo lê-lo, ainda mais sobre a vida,o que ali compõe.
    Beijinhos

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  6. Oi, adorei a resenha!
    Embora eu tenha gostado da premissa da antologia, admito que tenho um certo preconceito com esse autor por conta de coisas que escutei sobre ele, que inclusive são exploradas em O Vampiro de Curitiba. Por isso tenho muito medo de ler e odiar, pois obviamente acabarei indo com uma ideia negativa para a leitura. Mas agora fiquei no dilema já que gostei da sinopse desse livro, hahahaha.

    www.sonhandoatravesdepalavras.com.br

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  7. concordo, Trevisan pega o simples e o banal e transforma em algo grande, poético, cirúrgico ao mesmo tempo, é como se o 'pequeno' precisasse sem até o fim ser visto, entendido, degustado.

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  8. Interessante, mas confesso que se não lesse uma resenha como a sua, dificilmente escolheria esse livro ao entrar numa livraria. Acho que uma das coisas mais legais em relação aos blogs é isso, descobrir um interesse que foge do comercial. Belo post, vou conferir esse livro assim que puder!

    Carolina Gama

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  9. Oi Maria!
    eu tenho um caso de amor e ódio com contos. Nunca consigo gostar de um livro inteiro de contos, mas acho que isso é normal. Apesar disso, confesso que o conteúdo desse me chamou a atenção, essa coisa de trágico e grotesco, gosto muito|!
    bjus

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  10. Antes de mais nada essa capa me deu aflição rs
    Não tenho problemas de ler livros sobre morte, mas gore não faz muito meu estilo... até já li alguns, mas sinceramente achei muito nojento.
    Dessa vez passo a dica.

    Debyh
    Eu Insisto

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