Ode sobre a melancolia e outros poemas

 John Keats foi um poeta inglês, pertencendo ao período Romântico como sendo uma das figuras mais emblemáticas de seu tempo. Tendo falecido com apenas 25 anos, vitimado pela tuberculoso, não deixou uma obra extensa, embora seja de suma relevância na poesia britânica. 

Ode sobre a melancolia e outros poemas é uma publicação da Hedra Editora, e com tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos, compila vários poemas do escritor, incluindo os seus mais famosos, como Ode a um rouxinol, Ode sobre a indolência, Hino à tristeza e Ode sobre a melancolia, que dá nome ao livro.

Dói-me o coração, e aflige meus sentidos

Um torpor de sono, como se eu tivesse

Bebido da cicuta ou esgotado há um só instante

Um lânguido narcótico e descido para o Lete:

Não é porque eu inveje a tua boa sorte,

Porém porque me alegro a ver-te assim feliz

Que tu, arbórea Dríade das asas leves,

Em nesga melodiosa

De um verdor de faias e de sombras incontáveis

A plena e fácil voz celebras o verão.


My heart aches, and a drosy numbness pains

My sense, as though of hemlock I had drunk

Or emptied some dull opiate to the drains

One minute past, and Lethe-wards had sunk:

'Tis not through envy of thy happy lot,

But being too happy in thine happiness, - 

That thou, light-winged Dryad of the trees

In some melodious plot

Of beechen green, and shadows numberless,

Singest of summmer in full-throated ease.

Ode to a Nightingale, 1819. 


A edição é bilíngue, e através dos versos originais podemos sentir a força, o vigor de seus versos, tendo influência de grandes autores ingleses em sua produção, como John Milton e William Shakespeare. Conceitos como Beleza e Verdade estão presentes em sua obra, bem como a ideia de amores irrealizáveis. 

La belles dame sans merci é considerado um dos poemas mais célebres da poesia inglesa; Ode sobre uma urna grega traz cenas de violência  numa urna que viaja no tempo, apresentado cenas em que a realidade é idealizada. Hyperion é sobre os Titãs vencidos por Júpiter, e nele vemos influência do épico de Milton no tom e formato dos versos. Ode a um rouxinol [inserida nesse post] fala sobre o canto do pássaro, a tristeza do mundo e a transcendência da mortalidade através do seu canto, beirando o sonho, irreal. 

A obra conta ainda com uma introdução apresentando a trajetória do poeta, desde seu nascimento e origens, até sua morte em Roma, no ano de 1821. Há também várias notas de rodapé a fim de tornar a experiência de leitura mais proveitosa, contextualizando os poemas. 

Em suma, Ode sobre a melancolia é leitura para os amantes da poesia inglesa, dos escritos clássicos e que referenciam a Cultura greco-romana. 

Para adquirir um exemplar da obra e ajudar o blog, clique aqui.


 

5 comentários:

  1. Oioi! Eu fiquei curiosa pra saber se o tradutor explicou as escolhas de tradução que fez. Tenho alguns muitos pés atrás com tradução de poesia. Fora isso, parece ser uma leitura excelente e a oportunidade de conhecer melhor um poeta que (tenho a impressão) não é tão conhecido por nós. Ótimo post. Abs!

    ResponderExcluir
  2. Eu gosto muito de edição bilíngue! Estou conhecendo agora esse poeta inglês, cujo pertence ao período Romântico como sendo uma das figuras mais emblemáticas de seu tempo, como você mesma mencionou aqui. Curto bastante poesia inglesa e fiquei interessada nessa obra e na temática.

    ResponderExcluir
  3. conheço a obra por nome mas nunca a li, e dos contos conheço o ode ao rouxinol, lembro de ter lido no ensino médio mas não me recordo de como foi a experiência, sua resenha me lembrou de como estou distante de obras do gênero e desconheço muitos artista;

    ResponderExcluir
  4. Oi, tudo bem? Nossa, com apenas 25 anos? Muito novo não?!? Sempre que vejo uma vida indo embora tão cedo me lembro do Heath Ledger. Ele era um ator simplesmente incrível, muito talentoso. Mas acredito que tenha um propósito isso. Tendemos a ver suas melhores obras, elogiar seu trabalho, e de alguma forma suas obras são passadas de geração em geração. Não conhecia esse autor mas achei tocante suas palavras. "me alegro a ver-te feliz..." Sensação de que observamos a quem amamos distante de nós. Um abraço, Érika =^.^=

    ResponderExcluir
  5. Eu realmente não sou íntima da poesia. Até queria me entender melhor com o gênero de verdade. E me esforço!
    Achei muito triste saber que o autor morreu ainda tão jovem. Que perda. E ele era muito bom em se expressar, tirando como exemplo o trecho publicado. Adorei conhecer sobre ele. Abraços

    ResponderExcluir

De Bukowski a Dostoievski. Ana Cristina César a Lilian Farias. Deleite-se com a poesia de Florbela Espanca e o erotismo de Anaïs Nin...
Aforismos, devaneios, quotes dispersos e impressões literárias...um baú de antiguidades e pós-modernismo. O obscuro, complexo, distópico, inverso... O horror, o amor, a loucura e o veneno de uma alma em busca de liberdade...

Seja bem-indo-e-vindo[a]!

Witches Hat
Tecnologia do Blogger.