Olhos azuis, cabelos pretos... uma obra sensível e intimista de Marguerite Duras

 


Último romance publicado pela escritora francesa [porém vietnamita de nascença] Marguerite Duras, Olhos azuis Cabelos pretos se passa num quarto de hotel, tendo como cenário ao fundo o mar e burburinho de pessoas desconhecidas à caça primitiva de sexo. Um jovem estrangeiro dono de um par de olhos azuis misteriosos e cabeleira negra como a noite sem lua atravessa o vestíbulo e se perde entre a vastidão de pessoas percorrendo aquele saguão...

No quarto do hotel se encontram dois personagens que possuem um elo, uma união incomum e desesperançada. O elo seria a ausência do tal rapaz, que persegue os pensamentos do Homem e da Mulher, protagonistas formais, nus, belos e iluminados pela luz da noite que adentra a janela do cômodo. 

Se encontram estendidos um ao lado do outro na cama, nessa estranha reunião que tem como 'pauta' a ausência do estrangeiro, alheio às suas existências e ao magnetismo/fascínio exercido sobre os dois indivíduos... 

O ausente chega a ser palpável, quase materializado na narrativa de Duras, esteticamente arrojada, considerada por muitos leitores como 'difícil' ou subjetiva demais. Encanta pelo requinte, pelo mistério que carrega, pela introspecção já familiar em sua obra... 

Duras nasceu em Saigon no ano de 1914, no Vietnã. Na época. essa região era uma colônia francesa, a Cochinchina [Indochina. Veio com a família para a França e se formou em Direito, mas a veia para a literatura lhe era aguçada. Há elementos existencialistas presentes no movimento nouveau roman. Duras é conhecida mais popularmente por sua obra-prima O amante, e também por seu trabalho como roteirista do filme Hiroshima, mon amour, dirigido pelo cineasta francês Alan Resnais [pertencente ao movimento Nouvelle Vague]. 

Marguerite Donnadieu [Duras é um pseudônimo] faleceu de câncer aos 81 anos, em 1996. Seu corpo se encontra enterrado no cemitério de Montparnasse, em Paris, onde estão também sepultados figuras célebres da literatura, como Charles Baudelaire, Susan Sontag, Júlio Cortázar, Guy de Maupassant, Samuel Beckett e Sartre, junto com sua companheira, Simone de Beauvoir. 

8 comentários:

  1. Nossa, não conhecia essa história mas adorei a premissa, parece ser aquele tipo de história que bate bem no fundo da alma mesmo.
    Interessante, já tô aqui pesquisando sobre a história, adorei seus comentários!

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  2. Não conhecia essa obra e nem a autora, e apesar da premissa fugir um pouco do que estou acostumada, confesso que parece uma leitura bem envolvente. Gostei de conhecer um pouco mais da obra e estou te seguindo para acompanhar mais dicas assim :D

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  3. Oi, tudo bem?
    Eu não conhecia esse livro ainda e nem a autora. Mas achei a premissa bem diferente e intensa. Não é muito meu estilo de leitura, mas me pareceu que a autora tinha uma escrita subjetiva e soube conduzir a trama de uma forma misteriosa e envolvente. Amei conhecer um pouco sobre a obra e sobre a autora.
    Beijos!

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    1. sim, subjetiva, sutil, nas entrelinhas. bem intimista, algo bem característico dos franceses, lugar de suas origens

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  4. Olá, tudo bem? A obra traz um proposta bem peculiar diferente do que tenho costume de ler, achei muito interessante o cenário escolhido para essa história, não conhecia o livro mais fiquei curiosa para ler assim que possível!

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