A vegetariana, Han Kang

 


Um dos grandes títulos publicados na literatura contemporânea da Coréia do Sul, A vegetariana foi escrito por Han Kang. A trama se divide em três partes e é ambientada em Seul. Acompanhamos a história de Yeonghye, artista gráfica que decide parar o consumo de carne depois que teve um pesadelo sobre a crueldade humana manifestada através do abate de animais. Sem comunicar ao marido e outros parentes, estes assistem com relativa relutância e estranheza os novos hábitos alimentares de Yeonghye.

Sua nova maneira de enxergar o mundo, bem como a mudança em sua rotina alimentar faz com que ela passe a ser excluída socialmente e vista como uma aberração, inclusive por pessoas de sua família, que passam a enxergá-la como se fosse um peso a ser suportado. A primeira parte do romance tem como narrador o marido da protagonista, que desde o começo já deixa claro que seu casamento se consumou por conveniência, e o que pensa de sua mulher é que ela é uma pessoa insípida, sem atrativos. É interessante ver nessa representação um casamento de fachada, que parece cumprir seu propósito de ser socialmente aceito numa cultura tradicional. 

Na segunda parte da narrativa, o cunhado de Yeonghye nos possibilita conhecer uma faceta até então escondida do convívio familiar. Sendo um artista plástico, vê na figura da própria cunhada uma possibilidade de gravar um vídeo para um projeto com corpos nus e flores pintadas, devido a uma mancha que a cunhada possui no corpo. A partir dai, se desvela ao leitor uma atração sexual que tem um desfecho surreal, beirando a insanidade mental.

Em sua parte final a narrativa foca em Inhye, que passa a cuidar da irmã, tendo que lidar também com o vendaval que devastou sua família. A história possui uma simbologia curiosa com relação à plantas e o comportamento de Yeonghye, numa espécie de metamorfose, sinalizada em vários trechos do livro. A história lida com temas complexos como loucura, abandono, erotismo e surrealismo. 

Em suma, é uma leitura que proporciona ao leitor vários questionamentos carregados de estranheza e conjecturas sobre as relações humanas. 



Para adquirir um exemplar, compre no link abaixo e contribua com o funcionamento do blog. Viele Danke!



Um comentário:

  1. Muitos veganos relatam isso, que são tratados com estranheza, uma aberração, quase um fardo pela família. Esse livro está em minha lista de leitura, mas preciso do físico, comecei o e-book e não consegui.

    ResponderExcluir

De Bukowski a Dostoievski. Ana Cristina César a Lilian Farias. Deleite-se com a poesia de Florbela Espanca e o erotismo de Anaïs Nin...
Aforismos, devaneios, quotes dispersos e impressões literárias...um baú de antiguidades e pós-modernismo. O obscuro, complexo, distópico, inverso... O horror, o amor, a loucura e o veneno de uma alma em busca de liberdade...

Seja bem-indo-e-vindo[a]!

Witches Hat
Tecnologia do Blogger.