Na estação de trem...


Contando os minutos ela sentou ansiosa no banco da plataforma... àquela hora a estação não tinha tantas pessoas esperando pelo trem... Ela olhava para os lados, consultava seu relógio de bolso, um desses antigos que se acham hoje em dia apenas em antiquários... Ela ganhara do padrinho, falecido a muitos anos, a quem estimava...
Maria Eva não conseguia conter-se e de meio em meio minuto, olhava novamente o relógio... Passou a vista no relógio da estação, levantou e foi até o bilheteiro, na esperança de quem alguém tivesse deixado ao menos um bilhete pra ela, justificando essa demora... Mas o bilheteiro não parecia se importar ou fingia não vê-la... Não podia ser verdade, mais de três horas nessa espera infinda... Ele não a deixaria esperando... não a abandonaria...

Pessoas vão e vem na estação, a plataforma aos poucos se enche de burburinhos intermináveis, conversas sem sentido e desconexas para Maria Eva... e Fabrício não aparece... Mais uma vez o velho relógio é consultado, um último olhar à plataforma é lançado... Lentamente, ela pega sua única mala e embarca no trem, que apita sua saída...
Já em movimento, observa seu reflexo na janela e mal enxerga o próprio rosto, embargado de lágrimas... Lágrimas estas que lhe turvavam a vista...
Fabrício não veio...
A plataforma se distancia ainda mais de sua linha de visão... A chuva cai...
Pôs a mão no bolso, o relógio havia parado... o trem continuava em movimento... suas lágrimas cessaram... No ar pesava apenas aquele vazio...
e um eco de angústia...

engoliu em seco...

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De Bukowski a Dostoievski. Ana Cristina César a Lilian Farias. Deleite-se com a poesia de Florbela Espanca e o erotismo de Anaïs Nin...
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