O cotidiano e a História, de Agnes Heller

Alguns meses atrás, solicitei o título O cotidiano e a história para resenhar. Não imaginei que levaria tanto tempo para absorver leitura tão densa... Fazia tempo que não me deparava com linguagem acadêmica e foi uma maneira de voltar aos velhos tempos de faculdade...

O livro trata sobre diversas questões acerca do cotidiano na sociedade, a ética no meio social e faz uma verdadeira análise do individualismo que permeia as relações humanas. Natural de Budapeste, Heller foi aluna de Georg Lukács, de quem se tornou assistente e faz referência a alguns de seus estudos ao longo da obra... É integrante da Escola de Budapeste, grupo de pensadores que "dirige-se contra o historicismo subjetivista e versões estruturalistas da filosofia de práxis." 

Considero uma obra difícil, voltada mesmo para leitores do meio histórico-acadêmico-social. Karl Marx é citado em boa parte do texto, servindo de base para a estrutura do mesmo. O capítulo inicial aborda a estrutura da vida cotidiana e seus aspectos no social e individual. Heller afirma que a vida cotidiana não é somente heterogênea, mas também hierárquica. Tal hierarquia vai se modificando de acordo com as estruturas econômicas e sociais de sua época.

"O homem nasce já inserido em sua cotidianidade. O amadurecimento do homem significa, em qualquer sociedade, que o indivíduo adquire todas as habilidades imprescindíveis para a vida cotidiana da sociedade (camada social) em questão. É adulto quem é capaz de viver por si mesmo a sua cotidianidade."

A aceitação do indivíduo no meio social se dá através das ações mecânicas realizadas sobre a alcunha do cotidiano. Das necessidades humanas voltadas para o "Eu", surgem afetos e paixões. Outro ponto importante que acho válido ressaltar é seu pensamento crítico sobre a alienação, em que o homem acaba devorado pelos papéis que desempenha na sociedade, cumprindo de maneira adequada cada um deles... Há um caráter de representação ordenando que o cotidiano se transforme numa ação moral e política...

Heller ainda aborda preconceitos na sociedade, em que o pensamento implica no comportamento do indivíduo. Há uma espécie de dicotomia no preconceito. Por vezes, trata-se de um juízo provisório que se afirma como verdade até o momento em que o homem se vê frente a frente com perspectivas até então ignoradas. Estão presentes ainda na obra considerações sobre o indivíduo e a comunidade em que vive, os papéis sociais vivenciados no cotidiano e a ética no marxismo, onde ela se faz presente. 

"A ética tem seu lugar na concepção de Marx. Procuraremos precisar ainda, em breves traços, qual é esse lugar e o que é que o caracteriza."

Em suma, O cotidiano e a história é um livro de linguagem complexa para leigos mas que pode levantar questões pertinentes sobre o tema apresentado. É, certamente, uma leitura enriquecedora...

8 comentários:

  1. Oiee
    Tudo bom?
    Mesmo tendo sido uma leitura proveitosa para você, infelizmente a temática do livro não me agradou, gosto de histórias leve, para relaxar mesmo.
    Beijos

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  2. Oiee
    Tudo bom?
    Mesmo tendo sido uma leitura proveitosa para você, infelizmente a temática do livro não me agradou, gosto de histórias leve, para relaxar mesmo.
    Beijos

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  3. Oie

    Faz tanto tempo que não leio nada no estilo, desde a época de faculdade. Não sei se hoje teria o mesmo pique, como você falou é uma obra difícil.
    Mas achei excelente a dica e tenho certeza que seja mesmo uma obra enriquecedora!

    Bjs
    Fernanda
    http://pacoteliterario.blogspot.com.br/

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  4. O livro parece ser bem interessante, embora eu não me sinta muito atraída por coisas que envolvem Marx. Ando fugindo de leitura mais acadêmica, principalmente porque tenho tido que ler muita coisa pra faculdade, as vezes essas leituras densas cansam muito a mente.
    Um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/

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  5. Oi Maria. Tudo bem?

    Nossa, leituras assim complexas não curto tanto, mas creio que seja bem legal para os que curtem linguagens assim, mais rebuscadas e tal.

    Xeru.

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  6. Oi, Val!
    Nossa, dessa autora ainda não li nada, mas Lukács é um velho conhecido meu do curso de Letras e eu adorava a teoria do romance dele e semelhante a essa autora, ele também trabalha muito a questão do "eu", não sei se leria Heller em específico, mas, com certeza, fiquei com vontade de reler seu mestre. ^^
    Bjss

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  7. Olá, Maria. Concordo com você que o livro com certeza deve abordar boas questões e que a leitura é enriquecida, esses livros nos trazem grande aprendizado, porém no momento não me interessei pela leitura e não leria o livro. Mas quem sabe futuramente eu me deparo com o livro e queira lê lo?!

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  8. É um tipo de leitura que também demoro um pouco a concluir, por isso sempre que arrisconeu leio junto com outra coisa! Eu gostei bastante, achei a temática interessante, quero conhecer!
    Adorei a resenha!

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