12 Meses de Poe [Poema] A cidade no mar / A city by the Sea
"Olhai! a Morte edificou seu trono
numa estranha cidade solitária
por entre as sombras do longínquo oeste.
Lá, os bons, os maus, os piores e os melhores,
foram todos buscar repouso eterno.
Seus monumentos, catedrais e torres
(torres que o tempo rói e não vacilam!)
em nada se parecem com os humanos.
E em volta, pelos ventos olvidadas,
olhando o firmamento, silenciosas
e calmas, dormem águas melancólicas.
Ah! luz nenhuma cai do céu sagrado
sobre a cidade, em sua imensa noite.
Mas um clarão que vem do oceano lívido
invade dos torreões, silentemente,
e sobe, iluminando capitéis,
pórticos régios, cúpulas e cimos,
templos e babilônicas muralhas;
sobe aos arcos templos magníficos, sem conta,
onde os frios se enroscam e entretecem
de vinhedos, violetas, sempre-vivas.
Olhando o firmamento, silenciosas,
calmas, dormem as águias melancólicas.
Torreões e sombras tanto se confundem
que é tudo como solto nos espaços.
E a Morte, do alto de soberba torre,
contempla, gigantesca, o panorama.
Lá, os sepulcros e os templos se escancaram
mesmo ao nível das águas luminosas;
mas não pode a riqueza portenhosa
dos ídolos com olhos de diamante,
nem das jóias que riem sobre os mortos,
tirar as vagas de seu leito imóvel;
pois, ai! nem leve movimento ondula
esse imenso deserto cristalino!
Nem ondas falam de possíveis ventos
sobre mares distantes, mais felizes;
ondas não contam que existiram ventos
em mar de menos espantosa calma.
Mas, vede! Um frêmito percorre os ares.
Uma onda... Fez-se ali um movimento!
e dir-se-ia que as torres vacilaram
e afundaram de leve na água turva,
abrindo com seus cumes, debilmente,
um vazio nos céus enevoados.
As ondas têm, agora, luz mais rubra,
as horas fluem, lânguidas e fracas.
E quando, entre gemidos sobre-humanos,
a cidade submersa for fixar-se no fundo,
o Inferno, erguido de mil tronos,
curvar-se-á, reverente."
Ah que postagem linda Maria, confesso-te que considero até uma homenagem ao cara que nos arrebata os corações e que nos encanta com seu dom, fiquei estasiada diante do que ele quer nos transmitir.
ResponderExcluirBeijinhos
Poe ♥ Esse eu ainda não tinha lido. A gente acaba sempre conhecendo mais os contos do que os poemas, mas Poe era um poeta excelente também.
ResponderExcluir;*
Olá,
ResponderExcluirque poema lindo. Eu não conhecia e gosto quando me deparo com postagens assim, me trazem uma intensidade e uma leveza ao mesmo tempo.
Beijos
www.estilo-gisele.blogspot.com.br
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirVou ter que ser bem sincera e confessar que não gostei muito do poema, mas acho que é porque já não sou muito fã do gênero e tenho um certo trauma do Poe. Meu primeiro contato com uma obra dele foi um desastre, porque acredito que eu não tinha maturidade para ler. Mas aí acabei criando um certo bloqueio.
De qualquer forma, tenho certeza que quem gosta de poema ou aprecia a obra do Poe irá adorar este.
Beijos!
Oie
ResponderExcluirmuito legal o poema, eu nunca li nada do autor mas pretendo quando tiver mais paciência e tempo pois parece uma linguagem que exige mais atenção, mesmo assim adorei
beijos
http://www.prismaliterario.com.br/
Oi! Estou amando participar do desafio e conhecer várias obras do autor que não teria lido se não me dedicasse de verdade rsrs
ResponderExcluirEsse poema não é um dos meus favoritos, mas a forma macabra e melancólica como trata dos assuntos está bem presente.
Beijos! Adorei o post!
Olá,
ResponderExcluirEsse é o segundo texto de Poe que tenho experiência de conhecer.
Adorei o teor sombrio que cerca todas as palavras e fiquei ainda mais curiosa para conhecer outros trabalhos do autor.
LEITURA DESCONTROLADA