[Resenha] Aquele que é digno de ser amado
Quebrar, deixar, romper, partir, terminar, apagar é o que mais me dá prazer faz alguns anos.
Primeiro romance de Abdellah Taïa publicado no Brasil, Aquele que é digno de ser amado é um livro epistolar. Tendo o formato de quatro cartas; em duas delas, o protagonista Ahmed escreve à sua mãe já falecida, Malika, e ao seu amante francês Emmanuel, pertencente a um passado distante de sua vida atual. As outras duas cartas foram destinadas a Ahmed, tendo sido escritas por Vincent [outro amante do passado] e um amigo de infância chamado Labbib.
Você não está mais aqui para guiá-lo, secar as lágrimas dele, economizar dinheiro para ele, caso seja preciso. Não é mais a mestra, a mentora dele. Oura mulher tomou o seu lugar. Nele, no corpo dele, essa mulher se vinga de tudo o que o Marrocos reserva como destino cruel para as mulheres. O Slimane hoje paga caro, caríssimo, pela covardia dos outros homens marroquinos.
As cartas datam de períodos que vão da década de 19910 até 2015. O leitor se depara com relatos envolventes, crus, carregados de amargura, dor e saudades. Ahmed é homossexual e isso é questionado ao longo da obra, bem como sua identidade de árabe que vive na França.
Abdellah Taïa
Apesar da suposta liberdade que o Ocidente lhe trouxe, pois ali ele podia expressar sua sexualidade sem o risco de morrer por isso, essa adesão à cultura do colonizador acaba por arrancar de Ahmed suas raízes culturais, fazendo com que ele se veja num conflito de identidade. Sua relação com a mãe foi difícil. Ter que se exilar num país tão diferente do seu acaba por deixar o personagem imerso em reflexões acerca do seu "eu".
Aos 40 anos, Ahmed enfrenta velhos fantasmas. Através das cartas, o leitor sente a fragilidade e confusão do protagonista. O livro traz à tona questionamentos sobre relações de poder, do colonialismo e sobre o 'ser estrangeiro' em sua própria cultura.
O autor se declarou gay em 2006, sendo o primeiro escritor árabe a fazê-lo. Tornou-se então um ícone de resistência contra a opressão religiosa e política de seu país.
tentei por longas horas recuperar aquela minha energia e a força da primeira vez que te toquei, que te segurei, a primeira vez que te comuniquei o meu calor ao mesmo tempo desejando me fundir completamente ao seu. Eu ainda não me atrevia a te amaldiçoar, a te xingar com todos os palavrões, te quebrar em mil pedaços, te aniquilar no meu coração para finalmente me dar conta, de que eu estava, a partir daquele momento e para sempre, assombrado por você e pelo pouco de si que você me ofereceu.
Olá
ResponderExcluirFiquei extremamente curiosa para ler o livro, porque tem uma temática que gosto de debater que é a perca da identidade de sermos nós mesmos em terras estrangeiras, principalmente em países colonizadores que impõem sua forma cultural e renegam as singularidades de outros povos.
Beijos
Oi, tudo bem? Nossa, adorei a dica. Não conhecia o autor e acho que o mundo precisa cada vez mais de representatividade e de expressar sem medo quem é. Com certeza leria este livro, me interessa demais, pois amo temáticas LGBTQ. Amei! Vou procurar e deixar na wishlist!
ResponderExcluirLove, Nina.
www.ninaeuma.blogspot.com
Olá! Tudo bem?
ResponderExcluirEu não conhecia a obra, tampouco o autor, mas me parece ser uma obra muito rica. Tanto na sua construção, quanto nos sentimentos também. Não sei de a leria nesse dado momento, mas é uma ótima dica.
Beijos,
Blog Diversamente
Olá, não conhecia o livro, gostei muito da indicação, acredito ser uma leitura que vale a pena, vou procurar saber mais a respeito quem sabe consiga ler em breve!
ResponderExcluirVocê quer me dar esse livro? hahahahahahaha gente, eu preciso dessa sua estante. Gostei de ser um livro epistolar, não conhecia o autor e os trechos selecionados com sua resenha me dão a resenha que preciso lê-lo. A editora Nos tem um catálogo impressionante, sou apaixonada. A parte que você traz em sua resenha do conflito de identidade foi a parte que mais me atraiu porque me parece (só achismo) uma ruptura com a romantização que se tem da coisa.
ResponderExcluirOooi!!
ResponderExcluirParabéns pela resenha! Parece ser um livro bem envolvente. Adoro livros que são narrados por cartas, elas nos transportam para o ambiente e época que foi escrita. Sensacional!!
Esse autor parecer ser bem sensível
Oie! Acho que essa leitura é no mínimo interessante. Acho legal quando o autor questiona assuntos como homossexualidade na narrativa, mas realmente não é o meu tipo de leitura, geralmente procuro histórias mais tranquilas e leves para ler. E eu acho que nunca li um livro epistolar, somente a base de e-mails. Não sei se seria a mesma coisa. Mesmo assim vou anotar a dica!
ResponderExcluirBeijo
http://www.capitulotreze.com.br/
Gosto demais desse estilo de leitura e de leitura dessa região do mundo. Te indico O livreiro de Cabul, você irá se surpreender. Anotei a sua indicação, pois geralmente as histórias desse lugar são bem melancólicas por causa da pressão que sofrem do seu governante. E não sei porque também, mas eu devoro esse tipo de leitura de tão interessado que fico. Parabéns pela excelente dica, estarei lendo em breve.
ResponderExcluirCaramba! É realmente um livro histórico esse! Anda mais porque é um marco no povo árabe, que é extremamente conservador, para dizer o mínimo.
ResponderExcluirBjks!
Mundinho da Hanna
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Passei aqui para re-lê esses trechos maravilhosos e vi que não havia marcado esse livro como desejados no skoob.
ResponderExcluir💜
ExcluirNossa, que resenha incrível! Aprendi muito sobre esse livro só lendo sua resenha.
ResponderExcluirAchei tão interessante essas cartas datadas desses períodos e tão intrigante como abordam os assuntos presentes em relatos envolventes de maneira nua e crua. Além de carregados de sentimentos desde amargura ou saudades. Essa é a primeira vez em que leio algo sobre o autor e sou apresentada ao trabalho dele. Gostei realmente de conferir.
Oiii! Uau, que leitura forte, hein?! Cheia de sentimentos intensos! Gostei da proposta, como sempre gosto das suas sugestões, que são bem diferentes das leituras que costumo fazer. E que postura bonita e corajosa a do autor em declarar a sua homossexualidade numa cultura tão bruta quanto ao assunto. Bjs
ResponderExcluirToda visita que faço ao seu blog, me deparo com surpresas muito agradáveis. Parabéns pela escolha dos livros que você resenha, sempre muito pertinentes as discussões contemporâneas.
ResponderExcluirDanke schön.
ExcluirFico feliz em saber que você aprecia o conteúdo que posto aqui 🤗
Não conhecia o livro, mas gostei muito da sua resenha. Me parece um livro muito forte e emocionante e fiquei com muita vontade de ler. Gostei demais da dica e de como você trouxe trechos tão maravilhosamente escritos e carregados de sentimentos.
ResponderExcluirOie, tudo bem? Acho interessante quando uma obra abrange tantos assuntos diferentes. Nos possibilita avaliar não apenas a obra mas também a visão do autor. Com relação a ser gay num ambiente totalmente contra deve ter sido muito difícil, ainda mais na época em que ele viveu. Se hoje muitos países ainda não aceitam essa opção sexual quem dirá naquele tempo. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirA época dele é a nossa. É um autor contemporâneo 😊
ExcluirOiiii
ResponderExcluirNao conhecia o autor e ja te falo que os trechos que voce escolheu para demonstrar um pouquinho da historia aguçou muito minha vontade de ler.
Muito obrigada pela oportunidade de conhecer um pouquinho mais do livro que talvez nunca entraria na minha listinha
Que livro interessante! Ultimamente eu tenho tido ótimas experiências com o formato epistolar, então já fiquei animada de cara. Achei uma proposta muito rica e importante de ser abordada, principalmente pela repressão sofrida e pelos conflitos de identidade que acontecem com o protagonista.
ResponderExcluirTa aí um livro que não conhecia e já quero incluir em minha lista de leituras.
Fique bem e segura!