Vozes do Brasil - Cazuza

Ser marginal foi uma decisão poética.

Agenor de Miranda Araújo Neto foi um carioca que representou bem a musicalidade de seu berço. Nasceu numa família envolta com artistas e a música. Filho único, mimado desde os primeiros anos, demonstrou cedo sua veia poética para composição, embora tenha perpassado por hobbies que nada tinham a ver - aparentemente - com o que veio a se tornar: Cazuza - um rebelde impetuoso, com ares de brega romântico que teve seu destino atrelado à fama graças ao talento e originalidade. 


Um dos maiores artistas da música popular brasileira, foi membro da banda Barão Vermelho no início da década de 1980. Apadrinhado por Caetano Veloso e Ney Matogrosso, logo se viu em carreira solo. Polêmico, trazia a rebeldia dos poetas beats e dos atores hollywoodianos degenerados - à la James Dean - mesclada ao visual que grandes músicos do rock dos anos 1970 ostentavam, como Mick Jagger ou John Lennon. Logo deu um toque abrasileirado ao seu estilo, tornando-o uma figura única no cenário musical carioca pós-anos-de-chumbo. 

Na edição ilustrada da coleção Vozes do Brasil, publicada pela Editora Martin Claret na década de 1990, essa biografia sobre Cazuza apresenta facetas do cantor que até então não eram de conhecimento do público em geral - a salvo os aficionados por sua obra. Com dados discográficos, depoimentos de pessoas que conviveram com Cazuza e que viram o triste fim que ele teve devido à complicações decorrentes da AIDS, doença que acometeu o cantor em meados de 1985 e que o levaram à morte em julho de 1990, deixando uma nação entristecida por ver silenciar uma voz poderosa, revolucionária e doce-agressiva.. 

Depois que eu vi a cara da morte eu mudei muito em coisas assim palpáveis, como perder o medo de andar de avião, mas no básico continuo o mesmo. Não é que eu não tenha mais medo de morrer, é que eu gosto tanto de viver que acho que vai ser um desperdício morrer. [TV Bandeirantes, dez. 88]

De muitos amigos, sorriso largo e enfeitiçador, agarrava-se às causas em que acreditava dando o melhor de si nelas. O avançar da doença não interferiu em sua garra de produzir. Cazuza soube viver intensamente, aproveitando cada momento de seu trabalho. O corpo seguiu n'um trem para as estrelas, mas a alma de um menor abandonado, Exagerado, imortalizou, vagando na lua deserta das pedras do Arpoador...



16 comentários:

  1. Oi!

    Não conhecia essa biografia. Acredito que os fãs e aqueles que queiram conhecer um pouco mais sobre a história de vida desse artista admirável irão gostar da leitura.

    Att,
    Andy - StarBooks

    ResponderExcluir
  2. Deve ser muito bom poder ler e conhecer mais sobre um artista que gostamos muito , adorei conhecer um pouco mais sobre ele , e os fãs com certeza vão amar ainda mais hahahaha

    ResponderExcluir
  3. Não sabia que era esse o nome do Cazuza. Esse livro parece ser ótimo. Cazuza é um grande ícone da música brasileira realmente.

    ResponderExcluir
  4. "Ser marginal foi uma decisão poética." isso me trouxe o "seja marginal, seja herói". Não fazia a mínima ideia dessa coleção da Editora Martin Claret , gostei, e apesar do extraordinário e inquestionável talento de Cazuza, para mim era mais um menino mimado no mundo. Preciso dessa coleção.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. eu confesso que vi poucos titulos dela em sebos, mas qnd vi o dele, peguei logo.

      Excluir
  5. Certamente, já fiquei curiosa também pela edição ilustrada da coleção Vozes do Brasil! Eu ainda conhecia só o básico sobre essa figura carioca que representou bem a musicalidade de seu berço, além de ser um dos maiores artistas da música popular brasileira!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. bem bacana acompanhar a leitura vendo as fotos, fica algo mais tátil..

      Excluir
  6. Oie, tudo bem? Nossa, não tinha ideia da biografia do cantor. Amo saber mais sobre a vida e carreira de artistas que admiramos. Legal saber que ele fez parte do Barão Vermelho, não lembrava disso. Quanto a rebeldia acredito que é sinônimo para a vida que ele teve. Com suas músicas, seu jeito e a marca que deixou no cenário brasileiro. Lembro que fizeram um filme sobre ele se não me engano mas ainda não vi. Um abraço, Érika =^.^=

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. é, tbm penso que ele viveu do jeito que se sentia mais livre, tinha muito a ver com a geração na época tbm

      Excluir
  7. Que edição bonita! Não sabia da existência da mesma.
    Eu conheço Cazuza assim, como o artista que foi (e é), suas músicas, e um pouco de sua história. Fico bem abismada de como a AIDS recolhia em tão pouco tempo e de forma tão cruel, os acometidos pela doença. Antigamente era uma sentença de morte, né?
    Achei muito lindo esse trecho que você ressaltou na sua resenha. Que triste que ele não pôde aproveitar mais toda essa sede e vontade de viver.
    Beijocas

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. e entao.. quando se descobria o diagnóstico, era questão de pouco tempo pra morrer. :(

      Excluir
  8. Oie, Val!
    Eu não conhecia essa edição. Já li aquele escrito pela mãe dele, mais de uma vez inclusive. Eu gosto muito das músicas do Cazuza, apesar de não ter acompanhado tão a fundo sua carreira. Acredito que este seja um ótimo material sobre ele.
    Ótima indicação.
    Bjos

    ResponderExcluir

De Bukowski a Dostoievski. Ana Cristina César a Lilian Farias. Deleite-se com a poesia de Florbela Espanca e o erotismo de Anaïs Nin...
Aforismos, devaneios, quotes dispersos e impressões literárias...um baú de antiguidades e pós-modernismo. O obscuro, complexo, distópico, inverso... O horror, o amor, a loucura e o veneno de uma alma em busca de liberdade...

Seja bem-indo-e-vindo[a]!

Witches Hat
Tecnologia do Blogger.