Ciclo de Convivências literárias de Maio e Resenha de 'Na Escuridão das Brenhas'
Roberto Beltrão e eu... |
No último dia 10 de maio, participei de um encontro com o autor Roberto Beltrão, que escreveu Estranhos mistérios d'O Recife Assombrado já resenhado aqui por mim, junto com sua outra obra, Histórias Medonhas, e nessa reunião' foi discutido o seu novo lançamento, Na Escuridão das Brenhas, publicado também pela Edições Bagaço, aqui de Pernambuco. Acabei indo sozinha, e lá chegando, me encontrei com Bianca, que já me esperava *risos*.
Pois bem, foram postos em pauta a literatura fantástica, de realismo fantástico, o romantismo e o gótico do século XVIII, bem como as vertentes inglesas, francesas e alemãs de tais literaturas. Realmente, foi uma tarde maravilhosa, em que pude conhecer mais um pouquinho de temática que tanto me agrada. Tais elementos que podem ser encontrados no imaginário popular e que inspiram pessoas como Roberto a escreverem bons livros...
No final, consegui comprar meu exemplar de Na escuridão das brenhas e super simpático, o autor autografou meu livro, junto com minhas duas edições d'O Recife Assombrado, que levei ao encontro com essa finalidade.
E vamos às minhas impressões sobre o livro. Na escuridão das brenhas é um livro com sete contos intitulados A curva das cruzes, Maluvida, A lata estampada, Sombrinha, Açude, O cartaz do cowboy e Azul avermelhado. Certamente os que mais me chamaram a atenção foram Sombrinha, A curva das cruzes, A lata estampada e Azul avermelhado.
A curva das cruzes é sobre um rapaz que prestes a casar, acaba se deparando com um acidente de carro na estrada, na Serra das Russas, próxima a Gravatá, a caminho de casa. Encontra um anel de ouro na mão da morta e leva pra casa, pois precisava comprar um anel para pedir em casamento a sua namorada, então nada mais prático que pegar o anel da morta, pois ninguém iria saber desse detalhe... Passam-se os dias, colocaram cruzes no trecho da estrada em memória ao casal morto no acidente, e Palmiro leva sua vida tranquila, preparando o casamento. Mas aí, ele passa a ter visões da morta, como que pedindo o que é seu de volta... Por andar assombrado, o destino acaba levando Palmiro a outra cena de acidente, junto com sua noiva... e o desfecho disso não foi feliz... É um conto arrepiante, e mexe com o popular caso de 'assombração da estrada', muito conhecido aqui em Pernambuco.
O conto A lata estampada trata de um rapaz que vai visitar uma velhinha, conhecida de sua família, que se encontra num asilo. A pobre senhora nunca teve filhos, embora amasse crianças. E começa a contar uma história para ele, explicando o motivo de ter ido embora da fazenda Pilambó, em Caruaru. Dona Nadir começou a ter visões de um menininho na ponta de sua cama, 'pedindo vela'. Depois de muito se 'aperrear' com essa aparição, resolve acender uma vela pra ele no terreno de sua propriedade, rezando pela alma do infeliz. Seus sobrinhos acharam que dona Nadir estava louca e ela acabou internada onde hoje se encontra. Mas ela trouxe uma lembrança de sua antiga fazenda, uma lata estampada com bolas de gude, pião, brinquedos de menino, que ela encontrou no local onde acendeu a vela pra alma da criança. O rapaz, após ouvir essa história assustadora, resolve se despedir, e percebe que a velhinha não está sozinha no quarto...
Esse tipo de 'aparição' é muito comum nas histórias contadas aqui. 'Morto pedindo vela para iluminar o seu caminho no 'além''...
Sombrinha foi meu conto preferido. Trata-se de um homem chamado Arlindo, galanteador, que fugiu da capital por confusão com maridos e suas amantes, se refugiando na cidade interiorana de Catende. Seus dois amigos de bar, Samuel e João Serafim, sabendo que o amigo não 'perdoava' um rabo de saia, falam pra ele, como em desafio, que duvidavam que ele conseguisse conquistar a misteriosa moça que costumava passear pelas ruas desertas da cidade, em noites de sexta-feira. Arlindo não deixa por menos, e aceita o 'desafio'. Acostumado com a vida boêmia da capital, se perfuma e veste bem e sai na noite de sexta-feira a procura da misteriosa mulher... Quando a encontra, logo perde seu 'rastro'. Os dias da semana até a próxima sexta passam lentos, agoniados, e Arlindo não vê a hora de encontrar e abordar a mulher de sombrinha na mão... E eis que finalmente, no dia esperado, ele se surpreende com a própria lhe procura, e acaba lhe arrastando pra um lugar mais apropriado pra se ficar à vontade...
Nesse conto, a figura da 'morta que seduz os homens' é clássica das lendas urbanas.
Em cada conto, Roberto Beltrão busca recriar personagens de assombrações do imaginário popular em histórias que assustam e prendem a atenção [e fôlego] do leitor. Me senti presa em cada descrição detalhada, em cada nuance de medo dos protagonistas, tive alguns sustos [sugestionáveis a esse tipo de leitura] e devorei suas quase 100 páginas de forma intensa, profunda... É aquele tipo de leitura que transporta o leitor para dentro dos personagens, não só do conto em si... Você vivencia o medo, sente a nuca arrepiar e os pelos eriçarem...
Foi um prazer enorme poder conhecer Roberto Beltrão, pois admiro demais o seu trabalho. Decerto, é um dos melhores autores que Pernambuco possui. E que orgulho dessa minha terrinha...
ei beto
ResponderExcluirlevasse um segurança
quanto aos pedaços de mim poderia ter um outro título
rsrsrs não é um segurança, foi um dos rapazes que assistiram a palestra rsrsrs
ExcluirSobre o título, digamos que é porque tudo que escrevo 'sai' de mim, vai 'embora'... é um 'pedaço de mim que vai...' tendeu rsrsrs
obrigada pela visita... ^^
Roberto é uma pessoa ótima mesmo! Adorei o evento e o livro "Na escuridão das brenhas". Os outros ainda tenho que ler.
ResponderExcluirBeijos.
leia, pois são muito bons ^^
Excluirobrigada pela visita.
beijos
Adoro esse tipo de evento. São excelentes.
ResponderExcluirEspero poder ler em breve o livro do autor.
M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de Maio
hehe espero que leia mesmo, é muito bom ^^
Excluirbjs
Tô louca para ler esse livro.
ResponderExcluirSempre morro de inveja de tu nesses eventos hauhauha
mas é uma inveja boa :P
Conversas de Alcova