Resenha: Caninos brancos, de Jack London



A resenha de hoje é de mais uma obra de Jack London ao blog. Já havia falado sobre outro livro seu nesse post, em que conhecemos a história de Buck, um cão domesticado que por um acaso do destino precisa sobreviver num ambiente inóspito e acaba voltando ao seu estado primitivo, atendendo ao chamado da natureza. 

No caso de Caninos Brancos, a história é inversa. Conhecemos Lobinho, que futuramente terá o nome de Caninos Brancos, um filho de loba que se vê capturado pelo homem e precisa perder seu instinto selvagem e se domesticar, de forma a conviver com o Homem. Confesso que li com certa expectativa e fiquei surpresa ao final do livro. A narrativa de London é fantástica, faz você incorporar o personagem [nesse caso, o lobo] e sentir todas as suas inquietações. A maestria de London ao descrever os monólogos mentais de Caninos Brancos me deixou extasiada. 

O começo do livro conta o período antes do nascimento do protagonista que dá nome ao livro. Nas terras geladas do norte, dois homens tentam cruzar essa área tão cruel e perigosa, enfrentando todo tipo de perigos e dificuldades, até serem [ao menos um deles] resgatados com vida por outras pessoas. A jornada árdua, no frio, em meio a fome, com os cães que puxavam o trenó perecendo no caminho, é difícil para esses indivíduos, e em meio a esse caos, uma loba que perseguia os homens com seu bando, a fim de se alimentar, acaba tendo filhotes. Um deles 'vinga', e se torna nosso protagonista...

"eram apenas homens que penetravam nas paragens onde só reinam a solitude, a irrisão, o silêncio - aventureiros insignificantes, empenhados numa aventura colossal, opondo-se à força de um mundo tão remoto, hostil e inanimado como os abismos do espaço." 

A história é dividida em cinco partes, e em cada uma delas, conhecemos uma etapa na vida dos lobos, no nascimento de Lobinho, e de como ele se transforma em Caninos brancos, bem como seu destino final, numa propriedade civilizada, em meio a humanos, dos quais ele sempre desconfiou em vida. Um ponto notável a ressaltar, é de quando ele encontra seu último dono, e a relação que daí se forma, gradual e profunda entre ambos... 

Por meio do instinto, Caninos Brancos vai descobrindo a natureza a sua volta, perde sua mãe, aprende a se defender dos animais que desejam comê-lo ou matá-lo, dos homens que o machucam, e nessa jornada rumo a civilização/domesticação, ele cada vez mais se encontra distante de sua verdadeira essência, mas sua lealdade com o dono é quase palpável. 

"Só muito tempo depois abandonou o refúgio. Tinha aprendido muito. As coisas vivas eram carne. Serviam para comer e eram boas. Mas as coisas vivas, quando bastante grandes, podiam causar dor. Era melhor comer coisas vivas pequenas, como as perdizes recém-nascidas. No entanto sentia a picadinha da ambição, o secreto desejo de travar outra luta com a perdiz mãe. Mas o falcão levara-a. Talvez houvesse outras. Iria procurá-las."

Alguns trechos me deixaram bem afetada, entristecida, pensando sobre a vida desses animais selvagens... O final do livro me trouxe uma perspectiva feliz. Ele não tem um desfecho cruel. Confesso que chorei emocionada... O livro foi presente de páscoa do meu amor [obrigada, Minho], que sabe da minha paixão por Jack London [e não tem ciúmes dela *risos*] desde que li O apelo da Selva. Em breve, lerei O lobo do mar, e espero gostar dele tanto quanto dos demais que li. Caninos Brancos me cativou, me emocionou e com certeza entra para a lista de meus livros preferidos...

Jack London

4 comentários:

  1. Classicão, né Val?
    Já ouvi falar do livro, mas nunca o li. Interessante observar a expectativa da vida dos animais selvagens por esse ângulo. Sou louca pra assistir ao filme, mas até agora também não o fiz, vou acrescentar na minha playlist nunca mais assisti nada pra fugir da zona de conforto.
    Eii, Minho é um namorado de ouro hein, vive dando livros de presentes, rsrsrs Eu até agora só ganhei um do meu A Tormenta das Espadas de R.R. Martin, espero ganhar mais agora no dia das mães, hauhauha

    Beijos, Verdinha *--* Conversas de Alcova

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    1. sim sim, Krid ^^
      eu vou ver o filme assim que puder. :D
      hahaha verdade, ele sempre me dá livros de presente, e sempre acabo gostando de todos que ele me dá.
      Espero que o dia das mães seja recheado de livros pra vc .-.
      bjs

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  2. Já li a história do Buck e adorei. Tenho muita vontade de ler outra coisa do Jack. Vou colocar Caninos Brancos na minha lista.

    Beijos,
    Carissa
    www.carissavieira.com

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    Respostas
    1. quando tiver a oportunidade, leia mesmo. Esse livro me surpreendeu. London é perfeito demais :D
      bjs

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Aforismos, devaneios, quotes dispersos e impressões literárias...um baú de antiguidades e pós-modernismo. O obscuro, complexo, distópico, inverso... O horror, o amor, a loucura e o veneno de uma alma em busca de liberdade...

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