╬† A uma taça feita de um crânio humano - Lord Byron ╬†
Não recues! De mim não foi-se o espirito...
Em mira verás — pobre caveira fria —
Único crânio, que ao invés dos vivos,
Só derrama alegria.
Vivi! amei! bebi qual tu. Na morte
Arrancaram da terra os ossos meus.
Não me insultes! empina-me!... que a larva
Tem beijos mais sombrios do que os teus.
Mais val guardar o sumo da parreira
Do que ao verme do chão ser pasto vil;
— Taça — levar dos deuses a bebida,
Que o pasto do réptil.
Que este vaso, onde o espirito brilhava,
Vá nos outros o espirito acender.
Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro,
Podeis de vinho o encher!
Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça,
Quando tu e os teus fordes nos fossos,
Pode do abraço te livrar da terra,
E ébria folgando profanar teus ossos.
E por que não? Se no correr da vida
Tanto mal, tanta dor aí repousar?
É bom, fugindo á podridão do lodo,
Servir na morte enfim p′ra alguma cousa!...
Tradução de Castro Alves
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