O planalto e a estepe - Pepetela

 Na obra O planalto e a estepe, do escritor angolano Pepetela, conhecemos a história de Júlio, desde seus primeiros anos em seus país de origem, acompanhando sua jornada rumo a Europa, onde vai estudar Medicina. Desiludido, ainda mais pelo fato de que outros estudantes africanos tendem a não levá-lo em conta por ter olhos claros e pele branca, acaba abandonando o curso e parte para o Marrocos. Lá, ele se envolve com jovens revolucionários, mas os que tem a pele mais escura partem para o combate de fato. Os de pele mais clara são enviados para estudar em Moscou. E lá, ele opta pelo curso de Economia.


O grupo de Júlio acaba sendo monitorado por uma mulher chamada Olga. Estudando a língua russa, Júlio tem progressos e acaba ganhando a afeição da mulher. Mas os próprios estudantes europeus tratam o rapaz com desconfiança, não sabendo quais as suas intenções em estar naquele espaço. Logo, ele faz amizade com outros africanos: um congolês, um tanzaniano e um senegalês [Jean-Michel, Salim e Moussa, respectivamente]. 

A medida em que a amizade entre os rapazes vai se intensificando, o angolano Júlio começa a se questionar sobre a importância de estar ali, sobre a revolução em si, entre outros pensamentos que permeiam suas conjecturas. Posteriormente, uma moça mongol ingressa no curso de Júlio e a partir desse ponto, a vida dele vai ganhar um novo significado. Mas a cultura de Sarangerel é muito distinta e reservada. O amor que surge dali vai passar por desafios gigantescos. 

A relação entre os dois amantes pode trazer consequências graves para o plano político, explicando-se o porquê de amigos e pessoas pertencentes aos grupos políticos recusarem interceder pelo casal, por medo de um rompimento nas relações amigáveis entre as nações envolvidas, gerando um conflito internacional.

O pano de fundo do romance é a luta pela independência de Angola. Mesclando ideologias políticas, romance e questões sociais como o racismo, um dos pontos mais interessantes do livro de Pepetela é a maneira como ele trata da construção de identidade do indivíduo, levando em conta os aspectos que abordam também o colonialismo. 

O planalto e a estepe é uma viagem pela história de Angola, passando por países como a Mongólia, Argélia, Rússia e Cuba. Não se baseia unicamente em um amor impossível, e o autor soube conduzir o fio com maestria, entremeando as temáticas com uma boa construção de personagens e vivências. 

Certamente uma das leituras mais impactantes que fiz nos últimos anos. Artur Carlos Murício Pestana dos Santos foi uma verdadeira descoberta nas letras Angolanas... 

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10 comentários:

  1. Muito interessante como vamos conhecer a história de Júlio através dessa obra do escritor angolano, onde seguimos acompanhando os primeiros anos de Júlio em seu país de origem, além da jornada dele rumo a Europa e também como ele se envolve com jovens revolucionário e tudo mais. Gostei por ser uma viagem pela história de Angola, passando por todos esses países.

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  2. Oi, tudo bem? Não lembro de já ter visto esse livro mas achei interessante a abordagem dele. Amo livros que trazem como pano de fundo períodos históricos que ainda não estudei ou que esqueci ao longo dos anos. Sobre Angola não sei quase nada e já fiquei curiosa para ir pesquisar mais detalhes. Semelhante quando conheci Outlander e fui pesquisar sobre a Escócia. Gostei bastante das suas considerações. Um abraço, Érika =^.^=

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  3. Oie, Val! Que leitura interessante. Confesso que nunca li nenhuma outra obra que aborde esse mesmo combinado de temas fortes, como por exemplo o racismo, a política e até o romance. Na verdade, nem mesmo a luta pela independência da Angola me é familiar. Acho que esse eh mais um motivo para incluir esta leitura em minhas listas futuras! Bjos

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  4. Nossa, Val... que temática intricada e séria. Deve ser uma leitura bastante envolvente e importante. Achei interessante as teias que o autor usou para tecer essa obra. Ótima indicação... embora, me sinta bastante fora daquela tal zona de conforto.
    Beijocas

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  5. Acredito que essa leitura seja bem interessante, e bem proveitosa para ser aplicada em sala de aula. Dica anotada.

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  6. nunca li obras de autores ou que se passam e falam da cultura africana, e confesso que quando vejo resenhas como a sua eu fico curiosa e penso no que estou perdendo.

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  7. Eu gosto muito como o Pepetela faz isso de mesclar questões sociais, políticas e ideológicas com o romance de maneira bem fluida. Adorei suas impressões, Val!

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  8. Não sabia que a Leya publicava livro do Pepetela, tenho alguns deles já separados para leitura pelo appubook, versão ebook. Identidade do indivíduo em meio a independência da Angola é pano para manga, deve ser uma leitura extraordinária.

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  9. Preciso muito conhecer o trabalho autor, recentemente adicionei mayombe em minha lista de compras para a faculdade, adorei conhecer mais uma obra que o envolve por aqui.

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  10. Olá
    Uma das coisas para me segurar num livro com certeza são personagens bem construídos, isso realmente faz toda a diferença na história. Gostei também da mistura de assuntos como ideologia, e questões da sociedade.

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