Balada dos enforcados e outros poemas - Villon

 


François Villon nasceu em Paris no século XV, é considerado um dos maiores poetas de seu tempo, que compreendia o período da Baixa Idade Média. Foi órfão de pai ainda nos primeiros anos de vida, tendo sido criado por Guillaume de Villon, e adotado o sobrenome deste. Chegou à condição de clérigo, mas por causa de uma briga, teve que fugir da capital francesa. Foi membro da corte de Charles D'Orleans, em Blois, e seus escritos poéticos acabaram por ser compilados. 

Foi preso, mas a pedido de Luis XI logo estava em liberdade. Envolve-se em outro conflito em seu retorno à Paris e condenado à morte. Segundo alguns biógrafos de sua vida, foi nesse período que escreveu Balada dos enforcados e outros poemas, em alusão ao destino nefasto que o aguardava dali em diante. Por sorte, teve sua pena modificada para um exílio. Já em 1463 não se tem mais registros de sua vida em lugar algum. 

Na obra Balada dos enforcados e outros poemas há uma compilação de versos escritos presentes em outras publicações, que remontam à sua mocidade. Angústia, morte, tristeza, desespero mesclados a um humor por vezes subjetivo, fazem parte dessa composição poética. Balada dos enforcados - que dá nome ao livro - é considerado um dos poemas mais célebres da poesia francesa. Trata-se de uma canção em que os mortos pedem compaixão aos viventes, suplicando pela caridade tão comum atrelada ao Cristianismo.

O texto foi traduzido por Péricles Eugênio da Silva Ramos. Alguns dos outros poemas encontrados no livro são Balada dos senhores dos tempos idos, Ao tempo em que Alexandre e Lamentações da bela vendedora de elmos. A edição da Hedra Editora conta com várias notas de rodapé, um texto introdutório sobre vida e obra do poeta e alguns termos sobre o processo de tradução. É uma edição bilíngue, dando ao leitor a oportunidade de ler os versos em seu idioma original. 

Em suma, Balada dos enforcados é uma ótima leitura para aqueles que apreciam poemas clássicos, bem como estudiosos das letras francesas do período medievo.

Aqui nos vedes pendurados, cinco, seis:
Quanto à carne, por nós demais alimentada,
Temo-la há muito apodrecida e devorada,
E nós, os ossos, cinza e pó vamos virar.

Vous nous voyez cy attachez cinq, six:
Quant de la chair, que trop avons nourrie,
Elle est pieça devorée et pourrie,
Et nous les os, devenons cendre et pouldre.

9 comentários:

  1. Quero tanto essa edição, todo que sei de seus textos, li na internet, mas não tenho o livro para chamar de meu, você derrubou forninho com essa postagem. Você tem consciência que se enjoar do livro pode me dar? hahahahhahahahaha não custa tentar.

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  2. Para variar, eu não conhecia esse poeta, rsrs. Mas gostei de saber mais sobre ele, especialmente por ele refletir um momento bem sombrio da vida daquela época. Não apenas isso, é uma verdadeira aula de literatura, já que representa um marco na literatura francesa.
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
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  3. já tinha ouvido falar, principalmente quando estava estudando francês eu encontrei essa poesia por acaso kkkk, e ler aqui me lembrou disso, eu só não conhecia a biografia, gostei, me trouxe uma lembrança boa.

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  4. Fantástico que Balada dos enforcados seja uma ótima leitura para todos que sabem apreciar muito bem poemas clássicos, assim como estudiosos das letras francesas desse período também. Achei tudo apresentado muito interessante.

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  5. Não conhecia esse poeta, mas as obras parecem ser maravilhosas, apesar de não ler muitas poesias clássicas, sinto que irei gostar dessa.

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  6. Oi, tudo bem? Não o conhecia mas achei a edição bem diferente. Incentivada por alguns leitores tenho me aventurado em livros diferentes e que me fazem sair da zona de conforto. Recentemente li alguns poemas e gostei bastante da experiência. Creio que uma ou outra sempre nos toca e nos faz refletir. As vezes sinto que o autor está conversando comigo. Surreal! Um abraço, Érika =^.^=

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  7. Ual! O teor desses poemas parecem ser daquele tipo que se conecta com a alma do leitor. Fiquei interessada em conhecer a obra. Aqui em casa temos umas edições da editora que meio que acompanham esse estilo estético da capa.
    Ótimo post, Val. Beijos

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  8. Que primor, eu acho que nunca vi uma resenha ou sequer um comentário no bookstagram, sites e até no booktube sobre o Villon! Como sempre, Val, você só arrasa! E eu não li muita coisa dele, acho que no máximo uns dois poemas que gostei muito. Vou atrás dessa obra dele!

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  9. Eu estudo francês na UFMG, e eu já conhecia o autor! Eu o li no original, não sabia que tinha uma publicação em português. Também acho que a obra simboliza muito de sua vida pessoal, fiquei bem curiosa com essas notas que você comentou.

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