A poesia persa de Omar Khaiame - Rubaiatas



Rubaia é uma estrofe de quatro versos. Rubaiatas é um livro de poemas do poeta persa Omar Khaiame, nascido em 1040 [possivelmente em 1062, há controvérsias sobre a precisão de datas], e publicado aqui no brasil pela editora Minerva, diretamente do persa pela tradução de Ragy Basile e Christovan de Camargo. 


A literatura do Oriente Médio, em específico a Persa, não é tão comum em terra brasilis. Dado esse fato, é dito que me foi uma extraordinária surpresa e encantamento me deparar com tais versos. Partindo disso, resolvi compartilhar minhas impressões com vocês, leitores do blog. E espero que vivenciem tal experiência. 


Os poemas que compõem a obra foram cuidadosamente traduzidos para o português, e por se tratar de um idioma sintético, há que se entender o grau de dificuldade desse evento. Ragy Basile trouxe uma interpretação vocabular do texto original, e a partir daí Camargo deu início ao seu intento. 


O Leitmotiv de Rubaiatas percorre o nascimento e a tristeza que se carrega pelo ato, indo à extinção da Humanidade, numa espécie de linha cronológica da vida; a precariedade da existência, o Homem como escravo do Tempo, impossível de fugir ao fadado Destino. 

 

Os versos parecem bailar perante os olhos do leitor, numa cadência constante, sobre as agruras da vida, a perda de fé em Alah e em como o vinho embriaga e adia o inevitável fim. A bebida rubra surge como um bálsamo, que surte efeito por simplesmente remediar o que não pode ser mudado. 


A vida passa efêmera, alucinante, rumando a passos largos para o precipício. Sendo assim, há que se viver o presente como sendo o último de nossas vidas. Carpe noctem, Carpe Diem...


Não há um 'depois', nada se perpetua... A única palpável é a brevidade da vida e sua tangibilidade. Nada mais importa, nada mais existe após o 'fim'. 


Na Antiguidade já era comum o uso de elixires que prometiam o torpor/anestesiamento da realidade dolorida e sofrível. Conceito/costume que se perpetua em diferentes fórmulas, algumas físicas, outras psíquicas. A fuga do real se dá por metáforas e drogas. 


A incógnita do Ser tortura. Há impotência no entendimento da vida.   O etílico surge como evasão à angústia que se abatia em sua mente. E paradoxalmente, é um prêmio aos prazeres do Viver.  


Hedonismo versus Existencialismo. Uma dicotomia entre o trajeto nascer/morrer...


Ó Allah,

se me consideras

escravo desobediente,

rebelado,

onde estão,

dize-me,

Tua benevolência 

e Teu perdão?


Uma só taça de vinho

vale as mil promessas

de tôdas as religiões.


7 comentários:

  1. Nossa, pelos versos que você escolheu, são mensagens fortes mesmo. Eu não sou muito de ler obras orientais, sempre deixo para depois e acaba que não sei nem um terço da cultura do outro lado do mundo. Amei sua postagem.
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
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  2. Oioi! Eu adoro como você indica leituras de vários lugares do mundo dos quais eu nunca pensei que encontraria literatura traduzida. Eu simplesmente amei as temáticas que Omar trabalha. São temas universais, atemporais, capazes de falar intensamente a todos e em qualquer época. Por isso são topos, afinal. Porque o Ser humano, mesmo diferente, é o mesmo. Vou procurar essa leitura, estava mesmo atrás de poesia nova para alimentar a alma em tempos tão difíceis, nos quais a nossa brevidade fica ainda mais óbvia. Abs!

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  3. Eu adorei essa capa! Que livro que já dá aquela vontade de ter, e ler. Bom, confesso que saber que a tradução vem direto do persa também é algo muito interessante e enriquecedor. Eu adoro como seus posts estão sempre me trazendo uma luz diferente sobre o mundo literário. Adorei o poema escolhido.

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  4. Bem diferente de minha zona de conforto, vou pesquisar sobre esse livro, gosto de ler livros diferentes. Amei a resenha.

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  5. Eu adoro muito essa variedade cultural nas suas indicações. Com certeza, costumo conhecer obras inéditas para o pouco que conheço de autores assim. Então, tem sido bem enriquecedor pra mim. Esse é o primeiro livro de poemas
    de um poeta persa, que eu tenho o prazer de conhecer melhor. E saber que a tradução vem direto da fonte, digamos assim, é ainda melhor. Sensacional!

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  6. Oi, tudo bem? O mais incrível da literatura é justamente isso... ter acesso a tantas obras diferentes. De terras longínquas. Numa "situação normal" talvez nunca chegássemos a ler ou quem dirá ouvir falar. Logo quando comecei escolher minhas próprias leituras gostava muito da literatura americana, mas chegou um tempo que decidi ampliar meu horizonte. Fui atrás da literatura britânica, irlandesa, norueguesa, sueca... Esse exercício nos permite uma visão mais ampla do mundo. Além é claro de conhecer autores incríveis. Tenho assistido algumas séries do Oriente Médio tem sido enriquecedor. Um abraço, Érika =^.^=

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  7. Uau , que poema! Como é incrível algo de tão longe vir parar em nossas mãos e fazer tanto sentido para nós né? Eu nunca havia ouvido falar de um livro de poemas persa e com certeza essa é uma grande descoberta para mim , eu adorei suas palavras sobre o livro que parece ser realmente bem profundo e de certa forma pertubar a alma , perturbar no sentido de mexer com a gente , adorei demais!

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De Bukowski a Dostoievski. Ana Cristina César a Lilian Farias. Deleite-se com a poesia de Florbela Espanca e o erotismo de Anaïs Nin...
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