Um best-seller dos anos 70: O espelho do diabo, de Jan Alexander.

Bem, acabei flopando na Maratona dos Sem-Bienal e dos três títulos que escolhi, faltou concluir um deles. Mas o livro O espelho do diabo, de Jan Alexander, publicado nos anos 1970 pela Editora Monterrey se mostrou uma leitura instigante e agradável, que prendeu meu fôlego até o último momento... Posso afirmar que foi uma leitura prazerosa e fora do convencional do que as editoras lançam nos últimos tempos. Talvez a atmosfera mágica do período em que o livro foi lançado possa ter influenciado nessa questão...

Mas enfim, vamos às minhas impressões... Irene e Emily são irmãs e apesar de nunca ter deixado transparecer, Emily é apaixonada pelo seu cunhado, Eliot Lewis. Eliot é um homem casado com Irene, rica, mas seu orgulho o impede de usar o dinheiro da esposa para viver de maneira confortável, preferindo viver com seus recursos limitados em um apartamento pequeno, em Nova York. Mas um dia, a sorte do casal muda de forma espantosa, após ele receber um telegrama informando-o que ele é herdeiro de uma mansão no Sul da França, e que ela precisa de reparos, tendo sua tia deixado uma reserva de dinheiro para reformar toda a propriedade. O casal resolve se mudar, após a relutância de Irene, e começar uma nova vida no local.

Emily se sente feliz pela irmã e cunhado, mas com uma ponta de inveja por não poder ir junto, pois ela tenta anular a todo custo os sentimentos que nutre por Eliot. Ele é escritor e acha que o ar francês vai fazer com que sua inspiração produza seu livro. Irene é linda mas possui uma personalidade fútil, ao contrário de Emily, que seria a irmã inteligente mas não tão atraente quanto a irmã...

Enfim eles se mudam para a França e ao chegarem ao local, percebem um clima sinistro na mansão, que realmente está em pedaços. Surge uma figura misteriosa que deixa Irene assustada, mas seu marido não percebe nada de anormal. A mansão estava desabitada há quase meio século, e do nada surge um gato preto rondando no local. Após entrarem em contato com as pessoas do vilarejo, que parecem evitar o mansão, contratam um arquiteto para dar início à reforma... E é ai que os problemas começam a tomar forma... 

A reforma não anda, ocorre uma tragédia na vida do arquiteto e posteriormente ele não pode mais concluir a construção. Surge o misterioso Philipe Gastion, que se oferece para tomar conta da obra, bastante solícito, mas que traz em si uma aura enigmática e sombria que deixa Irene apavorada. Ela antipatiza de cara com aquele homem, e julga tê-lo visto antes, mas Eliot não dá bola aos seus devaneios... A entrada dessa figura em suas vidas vai modificar completamente suas personalidades e ações... Lembrando também que a figura do gato se faz presente em vários momentos do livro, aumentando a carga mística na história...

Emily precisa fazer alguma coisa para impedir que o Mal se aposse de sua irmã e cunhado, e com a ajuda de um vigário local, ela luta contra Gastion, que é a fonte desse mal. Ele seduz a sua irmã, manipula Eliot tornando-o praticamente um zumbi obsessivo pelo seu livro. Ele tem um controle total sobre o casal da mansão, e Emily é a única que pode impedi-lo de concluir seus cruéis desígnios. 

Acho importante frisar uma característica que me incomodou um pouco ao longo da leitura: o fato da personalidade de Irene, antes uma esposa 'recatada' - ter se tornado segundo o autor, uma mulher lasciva e 'messalina', que causa estranheza no marido, quando ela [ainda] o procura para o sexo. De forma gradual, Irene vai se entregando ao charme diabólico de Gastion e seu comportamento é mostrado como sendo negativo, pelo simples fato de ter sua sexualidade aflorada. Mas acredito que para o contexto do livro - uma trama em que forças diabólicas pretendem corromper a pureza humana e apenas com a fé o Mal pode ser impedido - o enredo cumpre muito bem o seu papel, sem se tornar demasiado religioso ou beirando a doutrinação cristã... 

Em suma, O espelho do diabo é uma leitura para aqueles que gostam de um bom suspense mesclado com aspectos sobrenaturais, que envolvam o oculto, sexo, pactos com entidades diabólicas e coisas do tipo. O que certamente me agradou na obra foi a maneira detalhista de como esses fatores ocorreram. Faço ainda uma ressalva quanto ao final: um pouco apressado, apesar de satisfatório. O autor poderia ter deixado o elemento clichê que compõe o 'gran finale' longe da obra, mas ainda assim, vale a pena ser lido. 

9 comentários:

  1. Oii, nunca tinha ouvido falar do livro e ele parece ser daqueles que eu ia gostar e levar pra todo lugar hehe.

    Abraços!
    http://lendocomobiel.blogspot.com.br/

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  2. Oi Val, não conhecia o livro, mas pela sua resenha ele é a cara do terror das décadas de 70 a 90.
    Onde rolava muito essa cristianização das coisas e o mal e a luxúria era sempre atribuído ao diabo.
    Achei interessante, e leria sim, com toda certeza.
    Beijos

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  3. Oi!
    Eu não conhecia o livro, mas como não sou fã de terror não fiquei curiosa sobre a história. Mesmo assim gostei da sua iniciativa de ler um livro que foge dos bestsellers atuais, eu tenho que começar a fazer isso rs
    Beijos
    sobrelivrosesonhos.blogspot.com.br

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  4. Oi Val!! Apesar de ter adorado sua resenha e alguns tópicos que ressaltou, não fiquei interessada na leitura não... Gosto de suspense e gosto de sobrenatural, mas as outras características do livro não me empolgaram. Achei a premissa meio confusa... Mas enfim, quem sabe um dia eu dê uma chance.
    Beijos!

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  5. Gostei do enredo! Acho que por ser dos anos 70, o comportamento sexualizado de Irene é visto até como indecoroso (impróprio e pecaminoso, sendo fruto do mal). Isso me incomodaria como incomodou a você, mas o enredo como um todo acabou me atraindo. Fez-me lembrar de um dos animes que mais amo: Ghost Hunter.

    Beijos!
    http://www.myqueenside.blogspot.com

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  6. Oi
    Apesar de ter gostado da sua resenha, não costumo ler esse gênero de livro
    Beijos

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  7. Valéria, não sou fã de suspense, mas devo dizer que esse sobrenatural envolto na história me deixou muito curiosa.
    Por que só a Emily pode salvar a irmã?
    Já fiquei cheia de questionamentos só com a sua resenha.

    Lisossomos

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Oi Valeria,
    bom sobre o genero eu gosto e muito. Já conhecia o livros e já vi bastante criticas negativas e positivas, só não sei se quero ler, a premissa me chamou atenção, mas sei lá, só tento o livros nas mãos para saber.
    http://odiariodoleitor.blogspot.com.br/

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