Sinfonia para vagabundos, de Raimundo Carrero
Estreando na obra do salgueirense Raimundo Carrero, Sinfonia para vagabundos é uma espécie de ode às noites recifenses, a aura de boemia que a cidade carrega, com suas pontes mal-iluminadas, seus cheiros característicos, e seus transeuntes, que parecem imersos num mar de desolação no cotidiano.
Com uma escrita que possui ares de Thriller e noir, Sinfonia é um livro cru, visceral, poético e denso. Incomoda, tanto na forma de escrever quanto nas reflexões que nos deixa. Carrero dá voz aos mudos imperceptíveis que a sociedade ignora. Vagabundos, poetas, mulheres da noite, bêbados, mendigos que dormem sob marquises de velhos prédios, como Gullar descreveria "pessoas que passam sem falar e estão cheias de vozes e ruínas". Ruínas sociais, mescladas às ruínas da cidade.
Mentes atormentadas, párias da noite que atravessam as madrugadas em busca de qualquer coisa que possa confirmar que ainda estão vivas. Sinfonia para vagabundos mostra um retrato dos zumbis de modernas metrópoles, sonâmbulos que se locomovem como fazendo parte de uma grande máquina que se move pela mão de uns poucos, imersos na ganância, alimentando e sendo descartados quando não mais necessários.
O livro possui um tom romanesco, bucólico, fantástico. Entremeia-se na crueza e vivência 'fantásmica' dos personagens. A cidade e sua miséria por si mesmas se constituem personagens essenciais no livro. São elas que regem a direção dos protagonistas Natalício e Virgínia, e Deusdete.
A sinfonia extraída do sax de Natalício é o conjunto de vozes desafinadas que compõem o universo. O romance é brutal, mágico, entorpecente. Nos atinge como um soco no estômago, enraizando uma sensação de revolta e indignação por vivermos numa realidade que beira o absurdo... Viver numa degradação e decadência sem se aperceber disso...
Oi!
ResponderExcluirEu ainda não conhecia esse livro, achei interessante o enredo. Parabéns pela resenha, me deixou curiosa sobre as reflexões que nos passa, dica anotada. Bjs!
Não conhecia esse livro, mas confesso que fiquei bem curioso para saber da sua história na íntegra, ele parece ter muitas novidades e informações bem interessantes. Anotada a dica.
ResponderExcluirOi! Não conhecei o livro, mas achei interessante essa mistura de tons romanesco, bucólico e fantástico, me lembrou alguns aspectos dos títulos do ultrarromantismo. Acho muito legais essas obrar que retratam a nossa sociedade - e de Recife, que é um lugar tão bonito mas que sabemos pouco sobre aqui no interior de SP. Anotei a dica!
ResponderExcluirBeijos!
Nossa! Fiquei muito interessada neste livro! No seu blog sempre encontro resenhas de livros que acabam por despertar meu interesse, por serem mais profundo, terem aquele apelo mais humano, mais sensível, mais visceral mesmo.
ResponderExcluirQuero ler este livro por abordar assuntos que as pessoas muitas vezes querem evitar, falar de pessoas que estão ali a nossa vista, mas ignoramos, não nos importamos. Quero mergulhar nesta leitura e ser incomodada por ela. Ter aquele choque de realidade tão essencial.
Oi, Maria!
ResponderExcluirEu não conhecia o livro nem o autor, mas achei bem interessante. Me pareceu um pouco com um Fitzgerald brasileiro, com a pegada recifense.
Preciso também comentar que sempre amo as suas indicações. Acabo sempre saindo com várias dicas. Agora foi mais uma!
Bjss
http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/
Olá!
ResponderExcluirNão conhecia esse trabalho do autor mas achei bem interessante a forma como expõe tantos sentimentos e temas que nos coloca pra refletir sobre os caminhos da humanidade.
Adorei que você teve oportunidade de registrar esse encontro.
Beijos!
Camila de Moraes
Gostei de saber que a obra tem um tom bucólico porque sinceramente, isso me interessa demais. Não conhecia o autor nem a obra mas achei bacana a maneira como ele decidiu retratar Recife, por um outro olhar, bastante interessante. Dica anotada!
ResponderExcluirDeve ser uma leitura deliciosa. para os que moram em recife, deve ser maravilhoso reconhecer costumes, pontos turísticos e tradições. para quem ainda não conhece, como eu, deve ser uma maneira de estar lá e e antecipar a toda essa alegria.
ResponderExcluirbeijos
Não conhecia o livro, e infelizmente a premissa não me chamou atenção. Mas achei interessante o fato dele retratar sobre o Recife e suas características.
ResponderExcluirBeijos, Gabi
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