a poética de Sheyla Smanioto em Desesterro




Sheyla Smanioto entrega ao leitor uma obra pungente, com uma narrativa poderosa, que faz da temática que já beira o lugar-comum - apesar de sua importância em se discutir - um conjunto inusitado de poesia, lirismo e crítica/denúncia social. Desesterro é o grito de Fátimas, Penhas e Marias, sobre a violência sofrida de tantos Tonhos que perpassam o caminho de nós - mulheres - em algum determinado ponto de nossas vidas [infelizmente].

Vai dizer que você não tinha percebido o que vinha?

Sheyla deu voz às mulheres espancadas, entregues à fome e à miséria. A obra foi vencedora do prêmio SESC de literatura em 2015. Possui passagens metafóricas, com imagens fortes entremeadas a frases profundas e de estética apurada. Somos [des]orientados pelos caminhos de sua prosa poética, descortinando horrores, dores, sonho e realidade, um verdadeiro arquétipo sobre uma pátria que confina, esmaga e naturaliza as 'mortes no parto' de tantas mulheres pertencentes à Terra. 

Um relato sincero, comovente, animalesco e cru. Desesterro desfaz o leitor em barro/terra, molda nossos questionamentos enquanto nos estapeia a alma.

3 comentários:

De Bukowski a Dostoievski. Ana Cristina César a Lilian Farias. Deleite-se com a poesia de Florbela Espanca e o erotismo de Anaïs Nin...
Aforismos, devaneios, quotes dispersos e impressões literárias...um baú de antiguidades e pós-modernismo. O obscuro, complexo, distópico, inverso... O horror, o amor, a loucura e o veneno de uma alma em busca de liberdade...

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