Valsa nº 6

Enquanto executava ao piano a Valsa nº 6 de Chopin, Sônia, uma jovem de 15 anos é assassinada misteriosamente. Na condição de morta, seus monólogos mesclados a diálogos imaginários tentam remontar o que antecedeu seu último suspiro. A garota revela uma verdadeira trama de assassinato, e alucinações que confundem o leitor entre o mundo real e o imaginário.


Publicado pela Editora Nova Fronteira, essa peça de Nelson Rodrigues foi escrita em 1951 e divide-se em apenas dois atos. No primeiro deles, nos deparamos com uma personagem que está sozinha, morta e que ao reviver os momentos de sua vida, acaba por personificar as pessoas que viviam ao seu redor. Sônia não possui mais identidade, sua memória tenta reconstituir isso...

"Noiva, eu?
(interpela a platéia)
Mas de quem?
(dolorosa)
Digam!
(interroga uma espectadora)
Eu tenho a face, as mãos, os olhos de uma noiva?
(ajeita os cabelos)
Há uma grinalda, em mim, que eu não vejo? Nos meus cabelos?"

Sônia não sabe quem ela é. Ela havia despertado para a vida, e a sua vida foi abreviada por alguém. Suas perguntas são obsessivas. O espectador/leitor acompanha a viagem do espírito atormentado de uma adolescente em busca de si mesma e de sua vida. e morte. 

A familia de Sônia vivia confortavelmente. A moça tocava piano, recebia visitas médicas em casa, tinha uma paixão por seu namorado. Mas sua aparência jovial e inocência tornam-se motivos para a tragédia se abater sob seu teto... 

Nelson Rodrigues consolidou o gênero modernista no Teatro brasileiro, usando de ironia fina para tecer críticas aos desvios sociais de comportamento. Ele mesclou o cru e o fantástico, valorizando a liberdade de encenação e a linguagem coloquial. Valsa nº 6 é um monólogo intenso, paradoxal e poético-perturbador...




7 comentários:

  1. Nossa, que intrigante essa história, não sou muito de ler mas fiquei curiosíssima para saber o desenrolar da historia de Sonia... Vou ter que comprar...

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  2. Putz! Parece ser um livro muito, muito, muito bom :o O único livro de peça teatral que eu li e gostei pacas foi "O Auto da Compadecida" :D Com certeza eu iria adorar esse. E olha que Nelson Rodrigues é um ícone nessa área literária ;)

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  3. Olá
    fiquei muito curiosa para saber o desfecho da estória,apesar de não ler peça eu gosto muito de suspense/terror.
    Dica anotada!
    bjs !!!

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  4. Que da hora, amo Nelson Rodrigues.
    Adorei o seu post, raramente acho posts com fundos bons na área literária
    Beijos, sucesso

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  5. Só de ler esta breve resenha já dá para sentir a perturbação da moça. Caraca rs. Muito bom. Parabéns.

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  6. Fiquei muito curioso para saber como vai acabar a história. Obrigado pela dica!

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  7. Oi Maria!!
    Que história instigante. Não é meu gênero preferido de leitura, mas tenho aos poucos colocando um livro ou outro de gêneros diferentes para sair da minha zona de conforto! Anotada a dica!!
    Bjs
    https://almde50tons.wordpress.com/

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