A sensível narrativa de Benedetti em Primavera num espelho partido...
Mario Benedetti é um dos escritores mais importantes do nosso vizinho Uruguai. Primavera num espelho partido é um romance que aborda a vida de personagens inseridos num contexto da ditadura militar uruguaia. Santiago teve participação na Guerrilha urbana e acabou condenado ao exílio numa prisão interna do país. Sua mulher - Graciela - teve que se mudar para a Argentina, levando com ela a filha do casal, Beatriz. Junto com mãe e filha, o sogro desta também seguiu na mudança. E aos poucos a família tenta se reestruturar numa terra estrangeira. Já para Santiago, é difícil conseguir se manter são enquanto encarcerado, e distante de sua família...
As vozes dos personagens são intercaladas, e até a pequena Beatriz tem participação na narrativa. A estrutura narrativa criada por Benedetti - ele próprio um exilado - mesclam-se de maneira harmoniosa e repleta de profundidade. Graciela se vê envolvida com um outro homem, outrora companheiro de seu marido, agora preso. O romance se encaminha pelas veredas de um triângulo amoroso sem perder em momento algum a temática principal de crítica político-social que dá vida à obra.
A cela é a morada de Santiago, e pra ele o tempo nunca parece se movimentar. Mas Graciela está livre, precisa seguir em frente, com uma criança para cuidar e educar. Esporadicamente ela recebe cartas de Santiago, enviadas da prisão. É possível encontrar observações pessoais do próprio autor inseridas na narrativa, uma espécie de depoimento sincero sobre suas vivências como exilado político, trazendo ao leitor aspectos das contradições humanas e suas mais pungentes emoções.
Primavera num espelho partido é uma leitura emocionante, que nos põe em reflexão. Apresenta uma ótima contextualização de seu tempo e meio, comprovando a importância da valorização de um autor no naipe de Mario Benedetti. Para jamais negligenciar ou esquecer...
"Às vezes os jovens têm uma coragem à prova de bala e, no entanto, não possuem um ânimo à prova de desencantos. Se pelo menos eu e outros veteranos pudéssemos convencê-los de que sua obrigação é só a de continuarem jovens. Não envelhecer de saudade, de tédio ou de rancor, mas continuar jovens e não como resíduos de rebeldias passadas. Como jovens, quer dizer, como vida."
Não conhecia esse livro. Deve ser angustiante vendo sua família se obrigando a seguir em frente em uma situação de exílio político!
ResponderExcluirNão conheço esse livro, mas gostei bastante da premissa. Ainda mais sendo algo histórico e aqui do lado, já que estamos no mesmo continente desse cenário que nos é apresentado.
ResponderExcluirParabéns pela resenha. Bjks!
Hanna Carolina
Não é um tipo de leitura que chama muito minha atenção não, pois eu meio que fujo de temas envolvendo política, dramas, e triângulo amoroso hahahaa. Brincadeiras à parte, acredito que a obra deve ser muito importante pra literatura mundial. E sua resenha perpassa alguns pontos que podem ganhar àqueles que curtem obras do gênero.
ResponderExcluirParabéns! Abraços
Carol, do Coisas de Mineira
Conheço o autor e sua fama merecida, mas não tenho o livro, infelizmente, a narrativa do ponto de vista do exilado dá sempre pano para manga, é sempre muito a dizer e refletir. O trecho que você selecionou, sobre os desencantos, além de realista, me deu a sensação de melancólico, mas como não li a obra e só fico na vontade de roubar sua estante, não posso afirmar kkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirAprecio tramas bem elaboras assim, que nos propõe reflexão. Gostei bastante de conhecer essa obra do autor aqui. Porque nunca li algo de um autor do Uruguai! E acho super interessante a leitura dessa obra nos proporcionar a quebra dessa fronteira, através dos livros. Muito intrigante, que seja um romance cujo vai abordar a vida de personagens que foram inseridos num contexto da ditadura militar no Uruguai! E suas considerações da obra nos atraem para ler também.
ResponderExcluirNão sou muito ligada em escritores da América Latina, mas a história me pareceu muito boa. Aprendemos pouquíssimo sobre nossas nações vizinhas e é uma pena. Por isso o livro me pareceu bem interessante, justamente pelo contexto histórico!
ResponderExcluirOi, tudo bem? Não conhecia o autor mas achei incrível a proposta. Gosto muito de livros que passeiam por períodos históricos, que mostram quais as consequências de guerras na vida das pessoas. Acho que nunca li nada sobre o Uruguai. Me chamou bastante atenção. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirEi, essa pareceu ser uma trama bem profunda e com muitas reflexões dentro dela. Achei legal o fato do autor colocar suas notas pessoais com a própria experiência sendo exilado. Parabéns pelo texto 👏👏👏
ResponderExcluirAcho tao legal as suas postagens. sempre trás assuntos e livros fora da linha e que a leitura é super necessária para a sociedade
ResponderExcluirBjos
Renata Avila
www.entrandonumafria.com.br
Não conhecia o autor e até fiquei com vergonha de dizer isso aqui. Adoro obras bem contextualizadas e que abrangem várias visões de personagens ao longo do seu desenvolvimento. Acho q o resultado fica muito mais rico e envolvente.
ResponderExcluirAdoro conhecer escritores de outros países, e esse ano espero entrar em um turismo literario, amei demais este quote final que você separou!
ResponderExcluirParabéns pelo seu trabalho
Bjs Aruom Fênix
Blog Leituras de Aruom