O livro do riso e do esquecimento, de Milan Kundera

O livro do riso e do esquecimento foi o primeiro livro de Milan Kundera a ser publicado na França, em 1978. Ambientado na Tchecoslováquia durante a invasão russa, em 1968, o autor esmiúça cotidianos com uma pitada de amargura e intensidade, beirando o erotismo e o onírico. Dividido em sete partes aparentemente distintas, ao longo da leitura percebemos os enlaces de tais dramas se desvelando ao leitor.

As histórias passam pela juventude desiludida, intelectuais desorientados, líderes políticos envoltos numa aura de pura soberba. O livro com ares de Realismo fantástico faz uma análise sobre a natureza do esquecimento na história, na política, e no 'correr' da vida...

"a luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento."
Temos o próprio Kundera como condutor da narrativa, ao contrário de obras como A insustentável leveza do ser ou A brincadeira. A liberdade do indivíduo durante aquele período no país era ditada por uma coletividade que nada tinha de coletiva ou representativa. 

É possível notar em sua escrita um sentimento de dor pelo abandono de sua pátria. Quando ele fala do esquecimento, ele faz alusão à perda de identidade ocorrida no país devido ao governo ditatorial que se instaurou no episódio que ficou conhecido como Primavera de Praga. 

Ele insere personagens angustiados, que possuem em suas existências feridas algo que beira o incurável. Tamina tenta recuperar as cartas que seu marido - agora morto - lhe escreveu. Mirek busca resgatar na memória um amor pouco atraente. Karel tenta visualizar na figura da amante uma mulher que ele viu despida quando era uma criança.


As sete partes do livro une os destinos individuais dos personagens com os destinos coletivos de todo o povo tcheco. Kundera se utiliza de ironia, fantasia, romance, erotismo e emoção para compor o cenário de Praga durante a 'Primavera'...

9 comentários:

  1. Olá Maria Valéria, gosto de histórias profundas e que me transmitem conhecimento, normalmente evito temas políticos e da época da guerra, mas gosto de conhecer autores e livros novos e tua opinião ficou muito bem escrita, me deu até uma curiosidade de conhecer melhor o livro.
    Bjos
    Vivi
    http://duaslivreiras.blogspot.com.br/

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  2. Admito que desse autor só conhecia o livro "A insustentável leveza do ser" e ainda não havia me chamado atenção, por mais que só tenha lido/escutado críticas positivas sobre. Esse, da resenha, conseguiu me fisgar mais, não sei bem dizer o porque. Acredito que Kundera seja um autor essencial para se ter contato, então anotarei a dica como uma possível futura leitura.

    www.sonhandoatravesdepalavras.com.br

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  3. Eu não conhecia o livro e me interessei demais por ele, gosto bastante das dicas que você sempre traz aqui no blog e esse foi mais uma surpresa que me fez ficar curiosa com a leitura.

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  4. Olá, tudo bem?
    Ainda não conhecia esse título e nem o autor, mas você apresentou um ponto que chamou muito minha atenção em sua resenha, a inserção de personagens angustiados, acho que isso os torna reais aos nossos olhos, sabe?
    Vou anotar a dica e me arriscar!
    Beijos

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  5. Olá!
    Confesso que não seria uma leitura que me atrairia em um primeiro momento mas lendo sua resenha gostei de ver que tem bastante sobre uma cultura que não vejo em.muitas leituras e fiquei curiosa pra conhecer a escrita do autor.
    Quem sabe um dia dê uma chance.
    Beijos!

    Camila de Moraes.

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  6. Oi, tudo bem?
    Amo Milan Kundera! Este ainda não li, mas A Insustentável Leveza do Ser já li duas vezes e é um dos meus favoritos. Com certeza lerei este, adicionei a lista e espero ler em breve, pois tenho ele! Parabéns pela resenha e escolha de autor!
    http://colecionandoromances.blogspot.com.br/

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  7. Olá, tudo bem? Não conhecia o autor confesso, no entanto este livro parece ser maravilhoso. Trazer o cotidiano aliado a sentimentos é uma boa, e gosto bastante de ler coisas assim. Dica anotada <3
    Beijos,
    http://diariasleituras.blogspot.com.br

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  8. A única obra desse autor que li foi A insustentável leveza do ser e só tenho boas lembranças, a maneira que ele escreve é sensacional demais, a escrita é muito fluida. Imagino o sofrimento dele ao descrever sobre a Pátria, vou dar uma procurada!

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  9. Oii! Nossa, parece ser uma obra bastante interessante e envolvente. Eu tenho o livro " A Brincadeira" na minha lista de leitura desse ano e estou ansiosa para conhecer a escrita do Milan, ainda mais agora após ler a sua resenha haha. Obrigada pela dica e espero gostar da leitura. Bjss!

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