O Realismo Fantástico de Anderson Henrique, em Anelisa sangrava flores...


Recebi de cortesia do autor Anderson Henrique o seu livro Anelisa Sangrava Flores, publicado pela Ed. Penalux. Já tinha me atraído pelo livro há algum tempo, lendo algumas resenhas em blogs, pois o título e a capa do livro me chamaram a atenção. Ainda mais por se tratar de um livro de contos, com a temática de Realismo fantástico, com quem flerto vememquando...

Pois bem, gentilmente Anderson me enviou seu livro, com uma linda dedicatória e logo que me senti apta a embarcar nessas aventuras iniciei a leitura do mesmo. Para minha completa satisfação, foram páginas devoradas em pouco tempo, que me deixaram entorpecida por narrativa tão fluída e sobretudo, intensa. 

O livro conta com 124 páginas, divididas em 13 histórias e um prefácio. Neste, Luciano Prado compara os textos de Anderson Henrique aos de Borges e Cortázar, mas eu não me atreveria a discordar, embora ele não me remeta a esses dois autores [creio que por ter lido tão pouco deles não poderia fazer essa comparação.], mas certamente a leitura me lembrou a escrita de Moacyr Scliar, em vários momentos da leitura... E como sou apaixonada por Scliar, os contos de Anderson me soaram perfeitamente maravilhosos...

O primeiro deles é intitulado Gigante, em que conhecemos a história de Jurandir, que se mostrou grandioso desde seu nascimento e que por causa disso sofreu com algumas situações peculiares. O simbolismo que encontrei naquelas linhas é de alguém que - por se mostrar diferente dos demais, vira alvo daqueles que não enxergam beleza na diversidade e condenam o indivíduo ao isolamento. Mas a força e determinação são maiores que as críticas de outros, e o indivíduo - nesse caso, Jurandir, chega a um estado de elevação existencial, em que a presença da matéria não é o fator principal, mas a essência do ser prevalece, de alguma forma... 

No conto seguinte, que dá nome ao livro, Anelisa teve sua placenta enterrada assim que nasceu, e o vermelho de seu sangue se faz presente [e importante] ao longo de todo conto. Seria uma espécie de metáfora para as várias passagens da vida de uma garota, onde o sangue é elemento vital em sua existência... O elo entre a menina e a Terra, que fazia brotar flores com o contato do sangue da menina, me passou a impressão da mulher como criação de tudo, é a mulher e seu sangue que faz em brotar a vida na Terra. A medida que Anelisa sangra, mais vida surge ao seu redor...

A seguir um dos contos que mais gostei no livro, chamado Uma noite, uma década. Mostra como o Tempo pode ser um elemento [des]importante numa relação afetuosa. O tempo se torna abstrato, sem sentido, quando um homem encontra uma mulher em um quarto de hotel e da relação tempestuosa e avassaladora que surge entre eles, o elemento tempo lhe rouba uma década. Anos se passam e um reencontro acontece e o desfecho desse enlace você só vai descobrir ao ler o conto... 

"certas coisas são imunes ao tempo. - Como assim?- Há circunstâncias na vida que são intocáveis."

Há também a história de Carolina que vira Scarlet e que vira Jordana, José Pasqual e suas previsões, que o fazem desistir de seu cotidiano por acreditar que no dia seguinte o mundo viraria pó, O beijo que dá início a uma relação amorosa entre o narrador e uma bela mulher que surgiu em sua vida, e que da mesma maneira inusitada que surgiu, foi embora... [um dos contos que mais gostei], e temos até um conto sobre seres da noite [vampiros?!], entre vários outros personagens narrados ao longo do livro. É possível o leitor se identificar em alguma das situações descritas, embora de cunho fantástico, e se refletirem em alguns dos personagens. 

Anderson Henrique nos presenteia com textos curtos porém densos, que prendem a atenção, fazendo o leitor segurar a respiração a fim de saber o desfecho de cada história de maneira prazerosa. A diagramação do livro é bonita, com páginas amareladas que não cansam os olhos no decorrer da leitura. A capa condiz bem com o conto Anelisa Sangrava Flores. Em suma, é um livro que merece ser apreciado, mesmo por aqueles que não são familiarizados com Realismo Fantástico. Ouso dizer até que seria um bom começo para conhecer esse estilo literário, e por que não com um autor nacional, não é mesmo?

Anderson Henrique nasceu em 1982, no Rio de Janeiro. Trabalhou como webdesigner, programador e colaborou com sites de cultura. 
Espero que tenham gostado da resenha. Até a próxima, pessoal... ^.~


5 comentários:

  1. Oi Val,
    Realismo fantástico pra mim é a cara de Amanda.
    Amei a tua resenha, eu acho que adoraria fazer essa leitura
    e a capa do livro apesar de simples é muito linda!
    beijos

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  2. Muito interessante Valéria vou dar um pesquisada mas sobre esse estilo, parece ter um tom enigmático bem legal. A proposito ótima postagem bastante expressiva de entendimento ótimo para o leitor.

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  3. Ah que legal, é bom ele ser curtinho assim pra quem não tem muito tempo.
    "Uma noite, uma década" me chamou mais a atenção.
    Um beijo.

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  4. Olá!!normalmente não gosto muito de contos, sempre acho que eles terminam na melhor parte mas esses me interessaram muito principalmente esse da garota quem tem a placenta enterrada, achei muito curioso e original.
    BEIJOSSsss...

    http://sonhosdeleitor.blogspot.com.br/

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  5. Oi Valéria. Passei aqui para dar um oi e agradecer por sua generosidade. Espero que a resenha desperte o interesse em seus leitores.Grande beijo.

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